7.12.04

FÁBIO MACHADO DE MATOS

Doces figuras, um acidente estúpido, como são os acidentes, levou embora ontem, pra sempre, um grande parceiro meu, Fabinho.

Conheci o malandro há muitos anos, nós dois procurando estágio, fomos de cara um com a cara do outro, o Flamengo nos serviu de amálgama, no tempo em que o Flamengo era um time vencedor.

E fizemos tantas merdas juntos, numa equação que misturava o futebol e as mulheres, mas tanta merda, que nem 100 anos serão capazes de apagar o sorriso do cara de dentro de mim.

Não é possível não citar o Aldir, nem é possível não dizer de novo que é ele, Aldir, meu porta-voz numa porrada de coisas: é na saudade que tudo o que amei sobrevive.

Fabinho casou, teve dois filhos, tornou-se um vencedor no mercado de trabalho, e tudo isso era tão incompatível com os roteiros que vivemos juntos, que estávamos afastados fazia tempo.

Nos limitávamos a alguns telefonemas e emails, com as nossas histórias sempre como pano de fundo. E ríamos muito, e nos divertíamos muito nesses poucos momentos.

Eternizados em mim.

Sou eu me acumulando de saudades. Um beijo, malandro.

23.10.04

VIAGEM À NATAL, RN

Doces figuras, eu e Dani, a Sorriso Maracanã, a mulher que me ensinou a sorrir, passamos uma semana em Natal (RN), e quero fazer não-tão-breve relato da viagem, cheia de emoções indizíveis e de passeios memoráveis.

Já partimos daqui com o roteiro pré-definido. Iríamos pra Natal, onde chegaríamos à noite, iríamos no dia seguinte pra Praia da Pipa, lá passaríamos três dias, voltaríamos pra Búzios, a 20km de Natal, pra ficarmos na casa de uns amigos - sobre os quais falarei mais à frente - por dois dias e fecharíamos a viagem em Natal, onde comemoraríamos, inclusive, o aniversário da Dani, no dia 15 de outubro, retornando ao Rio no sábado, dia 16.

Quando anunciei a viagem, Glória, morando em Natal, docemente ofereceu sua casa em Búzios e pousada em seu "modesto" apê em Natal. Farei pequena digressão para ampla compreensão de todos.

Glória é mãe de uma ex-namorada, estamos entre 1988 e 1991. Casada com Delson, mãe de Pepê e Tico (além de Andréa), Glória sempre esteve na mais alta conta comigo. Atenciosíssima, carinhosa, durona sem conseguir esconder a doçura, Glória foi "apresentada" à Dani, antes de partirmos daqui, como uma craque que nos surpreenderia no quesito hospitalidade. Dancei.

Glória foi mais. Como foram mais Delson e Tico, que era um "tiquinho de gente" quando do nosso convívio, e pra quem fiz uma canção de ninar que dizia "por que você tem que crescer?".

No quesito hospitalidade os três barraram os cinco estrelas de Natal, transformaram em bosta o selo "Roteiros de Charme" e superaram galacticamente a grife "Relais & Chatêaux".

Quando nos receberam em Búzios, numa deslumbrante casa na careta da praia - e que praia! - Glória, Delson e Tico mostraram as credenciais: engradados de cerveja, garrafas de Smirnoff, queijinhos, frios, pãezinhos, pizzas, patês, muito côco, caju a rodo, pencas de banana, dezenas de redes espalhadas pela casa, a atenção do caseiro Chico e da mão-direita Rose, um canil dominado por Zyg e Anuck, com a ninhada (Duna, Zyg Filho, Zara e Dimba) e que destruíram uma saia da empolgada Dani que aventurou-se pelo interior do canil (maior que nossa apartamento na Tijuca) e a suíte principal do solar, com ar condicionado, janelão com vista pro mar e uma pia com uma bancada de mármore onde jogávamos boliche antes de dormir, de tão extenso.

E quando nos receberam em Natal, em seu apartamento ("bonzinho", como disse a modesta Glória), mais credenciais: duas craques no comando da cozinha, Nara e Adriana (que bebe muita cerveja e Montilla), Ronaldinha, uma cadelinha que nos dará Glorinha, a fêmea que está por vir, e um almoço de despedida com direito a frango ao molho pardo, caranguejo e mais que tais.

Isso sem falar no próprio apartamento, que tem um cômodo maior que nosso apê de novo (uma rouparia!) e uma cozinha auxiliar (?), com doze pias e quatorze tanques. Ah, e mais cerveja.

Encontrá-los no primeiro dia, em Natal, já foi pra mim extremamente emocionante. Tico está com quase dois metros de altura, demonstrando que minha canção de ninar foi em vão. Delson, com quem revivi o prazer de uma cerveja juntos, passou ligeiramente mal nos primeiros 20 minutos e tirou o time de campo: para efeitos históricos, ficou também emocionado e preferiu sair a pagar mico na nossa frente.

Levei de presente pra eles o "Heranças do Samba", obra-prima de Aldir Blanc, Hugo Sukman e Luiz Fernando Vianna, bebemos ali umas dúzias de chope e partimos pro hotel, depois de jantarmos, os dois, no recomendando trailler de um suíço maluco, Chef Peter, que conheceu Natal há seis anos e nunca mais voltou pra terra gelada onde nasceu.

Na manhã do dia seguinte partimos pra Pipa. Nosso agente de viagens nos alocou num cinco estrelas, confundindo nossa origem. Nosso quarto-chalé abrigaria fácil mais cinco pessoas. Tinha fogão, geladeira, freezer, piscinas, uma vista deslumbrante e pouco uso de tudo fizemos.

Partimos pra Pipa. Linda, mas muito invadida por turistas europeus. Nos dois dias, conhecemos as praias, todas maravilhosas, Praia do Amor, Praia dos Golfinhos, Praia do Village, Praia da Pipa.

Jantamos as duas noites numa descoberta nossa, o restaurante "São Sebastião", comandando pelo Renato e pelo Pietro, dois cariocas que trocaram o stress da cidade grande pelo paraíso na Pipa. O restaurante foi indicado por um nativo, fica longe da muvuca e da vitrine caríssima da rua principal (uma réplica da Rua das Pedras, de Búzios, RJ). Tem um comovente altar onde fica a imagem de São Sebastião, dezenas de velas acesas, a casa toda de estuque, e lá comemos camarão com banana e outras delícias que minha memória, obnubilada pelas cervejas e pela garrafa de cachaça cedida pelos anfitriões, não registra. Mas é o lugar pra se comer na Pipa. Deixei comovido registro no Livro de Ouro do restaurante e derrubei Renato com a declaração.

Decidimos encurtar nossa estada na Pipa. Atendendo conselho da Glória, contratamos um buggy para nos levar, pela praia, pra Búzios. Chegamos em Búzios na terça-feira. Glória, Delson e Tico nos receberam como já contei. Andamos pela praia no primeiro dia, tomamos uma cerveja na Barraca do Fabrício, e depois fomos de carro até Tabatinga, onde eles nos levaram pra comer pastel de cação e moqueca no Nugrau, nome do bar em homenagem à temperatura da cerveja.

Lá protagonizei minha primeira tirada de onda, uma mania compulsiva durante nossas viagens.

Como em Buenos Aires. Entramos numa loja, no bairro da Boca, berço do Boca Juniors, pra comprar uma camisa de presente pra um sobrinho. O dono da loja, e eu respondendo em português:

- Quieres una camisa de Maradona?

- Quem?

- Maradona. Diego. Dieguito.

- Não sei quem é. É jogador?

- Maradona, señor! Dios! Diego Armando Maradona.

- Em que time ele joga? Não conheço.

Quando Dani viu o homem mexendo na cintura e chamando os seguranças, saímos da loja.

Pois bem. O dono do Nugrau vem à mesa com os pastéis. Eu pergunto se ele tem pimenta. Ele pergunta se quero leve ou forte. E eu digo que quero a mais forte. Ele sorri e volta com uma garrafa exalando cheiro ainda no meio do caminho. Eu pingo três gotas da pimenta sob o olhar atento do homem. Mordo o pastel. E mando:

- O Sr. trouxe a de cheiro, quero a mais forte da casa.

O atendimento foi péssimo daí em diante. Voltamos pra casa e sozinhos vivemos uma noite nababesca. Sem detalhes.

No dia seguinte andamos à vera. Saímos andando de Búzios, fomos à Pirangi do Sul, atravessamos o rio Pirangi a pé (maré baixa), passamos por Pirangi do Norte, Prainha e Praia do Cotovelo, abastecendo no caminho na Barraca do Fabrício e na Barraca do Romildo, que nos contou hilariantes histórias de sua vida, toda passada ali, naquele canto do Rio Grande do Norte, município de Parnamirim. Quando voltamos o Rio Pirangi era caudaloso e revoltoso. "Seu" Fabrício, o dono da barraca da outra margem, atendeu nosso chamado com as cangas e assovios e foi nos buscar de jangada.

Almoçamos em sua barraca a comida caseira de Dona Neci, caranguejos, peixe frito, arroz, salada e macaxeira. Chegamos mortos em casa, e caminha.

No dia seguinte, Glória, Delson e Tico nos sequestraram logo cedo. Eu já bebia Coca-Cola com vodka quando saímos para conhecer uma lagoa deslumbrante, Lagoa de Tabatinga, água docinha, barraquinhas à margem, onde comemos lagosta, camarão, bebemos cerveja, botamos mais ainda o papo em dia, caminhamos um pouco mais em Búzios quando voltamos e caminha cedo de novo, que em Natal às 17h30min já é noite.

Às sete horas da manhã de sexta-feira, aniversário da Dani, os três foram nos buscar em Búzios, já que tínhamos marcado um passeio monstruoso durante todo o dia, presentão que a Glória deu a Dani. Mais um de seus gestos de matar.

O "bugueiro", Márcio, nos esperava às 8h. Conhecemos as dunas, Genipabu, Lagoa de Pitangui, outro paraíso, Lagoa de Jacumã, Pitangui, Porto Mirim, Porto Mirim, Muriú, e o Cabo de São Roque. Em Muriú almoçamos lagostas gigantescas.

E nas dunas, novo capítulo das lendas. O primeiro: ao passarmos por uma duna absurdamente profunda, onde o carro não poderia ir, Dani pediu pra parar. E desceu tudo dando cambalhotas estranhíssimas pra gargalho frenético do Márcio, que disse... "Menina, quando amigos seus vierem a Natal, peçam pra me procurar e dizer que são amigos da moça da cambalhota... tenho mais de 20 anos de profissão e NUNCA vi ninguém fazer isso!".

Ponto pra nós.

O segundo: Márcio fez a tradicional pergunta antes do passeio pelas dunas:

- Vocês querem com ou sem emoção?

Eu, plácido:

- Toda do mundo.

Como o dono do Nugrau, Márcio sorriu de canto de boca. Fez piruetas de embrulhar o estômago, quase looping com o buggy. Parou. Virou-se pra trás:

- E aí?

- Foi como se eu estivesse engarrafado na hora do rush na Rio Branco, malandro. Queremos mais.

Márcio puto roncou o motor do buggy. Deu pinote, cavalo de pau, levantou poeira, quase atolou o carrinho tentando mostrar serviço:

- E agora, carioca?

- Tu só pode estar de sacanag...

Nem esperou eu terminar a frase. Pisou fundo no acelerador. Eu, com o coração entre a língua e o palato, vi as dunas de cabeça pra baixo, comi areia, tomei uma chicotada de um galho de árvore, quase vomitei, peguei meu globo ocular num átimo com a mão direita, quando Márcio freou bruscamente e perguntou gargalhando:

- E agora?

- Ô malandro, subir dez andares de elevador é mais emocionante.

Ele seguiu o passeio, mudo por 20 minutos. Voltamos à Natal já quase no final do dia.

Paramos pra beber uma cerveja num buteco chamado Azulão, onde a Velha Guarda potiguar se reúne. Isso porque o Márcio não aceitou um gole durante o passeio, cravando uma frase pra história quando lhe ofereci a primeira:

- Quero, não, Edu. Eu nunca ligo o motor pra esquentar o carro, só pra viagem longa.

Fomos pra casa e de lá pro trailler do suíço. Jantamos eu, Dani, Glória, Delson, Tico, Pititinga, Adoni e Antônio, seu filho de 3 meses.

Pititinga é Isabele, ex-namorada de Fefê, a quem amei rever.

Voltamos pra casa e o dia seguinte, dia da partida, foi de compras pra Dani, que acompanhanda da Glória, gastou uma fortuna em coisas f-u-n-d-a-m-e-n-t-a-i-s na vida de uma pessoa: uma colcha, um vaso de enfeite pra casa, uns rendados, uns bordados, uma bolsa, coisinha pra mais de 500 reais.

Fiquei em casa na soberba varanda do apartamento bebendo com Delson e Tico, que não bebe (por enquanto... assim como fui o mentor do primeiro porre do Pepê, seu irmão, o serei com ele quando vier ao Rio).

Chegaram Andréa e Lupa, a quem não via há mais de dez anos. Chegaram com Tiago, 1 ano e meio, o segundo neto da Glória, em idade ainda incapaz de perceber a glória que é a avó.

Uma puta viagem, em todos os sentidos possíveis e imaginários. Perdoem o longo relato, proporcional às emoções da visita.

Até.

3.10.04

30 ANOS DA BETINHA

Doces figuras, a Betinha, musa do bom Szegeri, completa 30 anos hoje, festejados ontem, em um furdunço com 10h de duração, na Rua Alice, em Laranjeiras, em uma sensacional casa alugada apenas para o evento.

A Betinha é uma unanimidade. Não fosse, e eu não lhe teria feito a dedicatória no livro que lhe demos eu e Dani, parafraseando Aldir Blanc, "mostre-me um que não seja torcedor do Clube de Regatas Betinha e eu apontarei, convicto: ali vai um filho-da-puta".

Quase 200 pessoas passaram por lá. Seresteiros de Conservatória e a StefiBand animaram a festa.

Quer dizer, quase 200 pessoas e um quadrúpede, que acreditando no sucesso da investida, dizia pras mulheres que era um "heterossexual tarado", logo depois de lançar elogios às mesmas. Uma mistura de falta de educação, falta de classe, excesso de grossura. Típico de um homem que é nada e pensa que é capaz de tudo.

Foram derrubadas 19 grades de cerveja, 3 garrafas de Black Label, uma de Ginjinha, pernil com limão, azeitona calabresa, salaminho, amendoim, pães variados.

Betinha, cuidadosa com a supreprodução, contratou uma carrocinha da Geneal, a exemplo da Fumaça contratou a equipe de garçons do Vilarino, e montou uma mesa pros erês, onde borbotavam balas Juquinha, Tofel, Soft, jujubas, pirulitos e afins.

Onze engradados foram reservados pro enterro dos ossos hoje à tarde, onde não compareci por razões óbvias.

Depois de me esbaldar na festa, depois de servir uísque e cerveja pro Edu, meu xará de pouco mais de um ano, filho da Tatá e do Fernando, que assistiam a tudo assustados mas sem poder de reação diante da sede do moleque, depois de assistir o Zé Colméia levar pro carro um pedaço de provolone do tamanho de um paralelepípedo, depois de testemunhar o retorno de Dalton e Alê (o vigésimo num espaço de 2 anos), depois de ver mais uma atuação de Exu Meliante, parti pra quadra da Vila Isabel com a Dani na companhia do Márcio Branco e uma amiga, cujo nome não me lembro por razões óbvias.

Destaque da noite na quadra da Vila Isabel, historinha real: Mestre Mug chegou recentemente de uma viagem à Noruega, para onde foi com a bateria da azul-e-branco. Trouxe algumas amostras grátis de uns tubos de pasta de caviar. Sua mulher desfez as malas. Dias depois, durante o jantar, a mulher diz docemente... "Puxa, Amadeu, a pasta de dente que tu trouxe da Noruega é uma bela duma bosta!".

Até.

21.9.04

MAIS UMA LENTILHA

Doces figuras, na sexta-feira passada, 17 de setembro de 2004, aproveitando a virada da meia-noite, oferecemos, eu e Sorriso Maracanã, uma Lentilha Carneada para cerca de cinqüenta amigos que atenderam nosso comovido convite a fim de comemorarmos 5 anos vivendo juntos, e eu sempre disse contente que minha nêga é uma rainha porque não larga o batente, mas sou eu que me garanto na cozinha e somos Flamengo doentes.

Para não cometer a grossura de outrora, vamos enumerar os presentes (e se você não está na lista, lamento profundamente... a revimos várias vezes), a ordem é presumivelmente por ordem de chegada até onde a memória permite: Betinha, Beth, João Vitor, Mauro & Silvinha, Sogrinho, Mico, Luiz Humberto, Lelê Sorriso Via-Láctea, Alê, Manguaça, André, Pierre & Bianka, Marcelo Cândido, Maria Paula & Dedeco, Marcy, Guerreira, Sheyla, Nice, Zé Colméia & Vinagre, Fefê & Brinco, Tetê, Alex, Vidal & Gláucia, Tatu & Sueli, Marquinho, Moniquinha & JP, Cachorro & Cris, Fofolete, Fumaça, Deyse, Banana & Beto, Gi & Zé, de Porto Alegre!

Os presentes que chegaram com presentes, aos quais agradeço daqui de novo: Flavinho, com duas garrafas da surpreendente cachaça Santa Rosa; Miguel, com seis taças de vinho; Duda, com uma do alambique de tirar o fôlego; Giulia, com duas canecas gigantescas para o café da ressaca; papai e mamãe com bolinho e uma tábua para frios; vovó com jogos americanos; Lara & Mariana com uma garrafa de vinho do porto envelhecido e o destaque absoluto da noite na categoria: Sônia, minha amada Manguassônia, que entrou no Estephanio´s com um pé de pau-brasil!, lindo, e com o seguinte cartão, que faço questão de transcrever, que quase me matou e acabou com a noite: "Edu e Dani, resolvi comprar uma plantinha para vocês. Mas que dúvida terrível: o que? Olha daqui, olha dali e vi esta linda muda de Pau-Brasil e não tive dúvida. Arrumem um cantinho para plantá-la e cuidem dela com amor e carinho para que cresça cada vez mais e viva por muito tempo. Na verdade, o que eu realmente quero é que isso aconteça com vocês. Beijos, Sônia. PS: e com a nossa amizade também, + beijos." É ou não de matar de alegria?

Foram devastados os seis quilos de lentilha escoltada por 12 quilos de carne, lingüicinhas, paio, carne seca, lombo, costelinha, folhas de louro, muita salsa. Em euforia industrial, fiz confissões inconfessáveis a diversos convidados, dentre eles o mais assustado, de longe, o Tatu, que acompanhado da Sueli não acreditava no que brotava de mim com franqueza extrema. Não sei se o fenômeno deveu-se à redondeza da data, 5 anos, mas foi extremamente doce receber presentinhos, quase que todos, por quê, meu deus?, atinentes à prática da birita.

Isso foi na sexta-feira. Ainda nessa semana pretendo contar sobre o sábado, quando houve show da StefiBand e ensaio da Vila Isabel, e o domingo, quando a Guerreira abriu os portais de sua casa para uma Tripa à Moda do Porto, preparada por sua pobre mãe que teve de aturar, mais uma vez, a escumalha da Tijuca, num almoço em homenagem à Tetê.

Até.

13.9.04

UMA FESTA UNIBANCO

Doces figuras, quem foi, foi, quem não foi pode, desde já, arrepender-se de forma torpe. Maria Paula, doce figura conhecida nessas plagas do Buteco, freqüentadora também do Buteco do Edu real, faz anos depois de amanhã, 15 de setembro, mas resolveu comemorar a data com uma festa no dia 11 de setembro em sua mui modesta cobertura no Leblon.

O dia era, como já disse, 11 de setembro, data na qual foram derrubadas as torres gêmeas por terroristas fanáticos. Não sei se foi mera coincidência ou se foi proposital, mas nesse mesmo dia torres de engradados de cerveja foram violentamente derrubadas por uma horda de hunos bárbaros que invadiram seu apartamento. Pobre, Maria Paula.

Eu tenho como certo que foi a última festa que ela promoveu em sua casa. Vamos aos detalhes para que fique tudo claro.

A festa estava marcada para começar às 17h. Betinha, uma moça, digamos, um tanto quanto hiperbólica, resolveu marcar uma pequena concentração em sua casa às 13h, para a qual fui convocado com o desafio de preparar camarão frito no azeite com alho, coentro e colorau português. Para lá rumamos eu, Dani Sorriso Maracanã, Fefê, Brinco, Flavinho, Guerreira, Marcy, Lelê Sorriso Via-Láctea, Mauro e Ruivinha.

É preciso fazer pequena pausa para descrever uma cena patética. Eu, mantendo minhas tradições tijucanas mais-que-arraigadas, saí de casa com a Dani de táxi (jurei nunca mais dirigir quando for beber) portando uma mochila com roupas, escovas de dente e afins, e uma bolsa de palha (a indefectível marca da Tijuca) contendo pequenos apetrechos de cozinha.

Fomos convidados para dormir na casa da Maria Paula, o que aceitamos de pronto. A cena era bizarra. Partimos da Tijuca como se estivéssemos indo para a Região dos Lagos. Na casa da Betinha, o que era para ser uma simples concentração com camarãozinho e uma cervejinha, transformou-se numa festa. A anfitriã, que dormira na véspera às 6h da manhã, nos recebeu com largo sorriso, abraço confortável e - pasmem - uísque, ginjinha (bebida portuguesa feita com ginja, uma fruta), cerveja em toda a extensão da geladeira e vinho branco. Preparei sete frigideiradas (numa frigideira linda que mais parece o Maracanã visto de cima, enorme, que acabei ganhando de presente no final do furdunço) até que soou o gongo às 17h para que rumássemos para o Leblon. Ruivinha e eu tomamos banho (separados, diga-se), em mais um momento tijucano clássico, e partimos todos calibradíssimos para a festa da Maria Paula.

Lá chegando, Pierre comandava o som num bate-estacas insuportável. Maria Paula contratou um staff de primeira que preparava crepes em velocidade e quantidade industriais. Talvez me esqueça de alguns nomes, mas zanzavam pela cobertura de incontáveis metros quadrados, além de todos os que estavam na Betinha, Pierre, Simone, Giulia, Sérgio Barreto, Cícero, Fumaça, Paulo Henrique, Manguaça, Mauro, Zé Colméia, Vinagre, Duda, Deyse, Tom, Garrett, Fernanda, muita gente. E o Dedeco, que merecerá, mais à frente, um capítulo à parte.

Havia um contraste nítido na festa. De um lado, os convidados bem nascidos, chiques, discretos, elegantes e sóbrios da Maria Paula. De outro, bem mais populoso, a escumalha da Tijuca (há os que não moram na Tijuca, mas que têm a alma vagabunda desse adorável bairro da zona norte da cidade), a choldra, a plebe ignara que não escondia a satisfação de estar naquele local fausto.

Fiquei descalço nos primeiros quinze minutos. Guerreira galopava entre os convidados, Fefê dava chope para um bebê de meses de idade, afilhado da Maria Paula, para absoluto choque de seus pais, Dedeco (mais detalhes à frente) checava cada aposento do apartamento em nítido deslumbramento, Brinco comia crepes de todos os sabores sabendo que a creperia funcionaria até às 21h, Pierre voltou a fazer declarações de amor pra mim e pra Dani (prontamente retribuídas), Lelê Sorriso Via-Láctea dançava de braços abertos lembrando um helicóptero e quebrando os copos dos incautos mais sóbrios.

Às 22h ela gritou, uhuuuuu, dez da noite ainda e já estou bebaça!, e os mais educados começaram a ir embora.

Decidi, não sei ainda a razão, acompanhar cada convidado do elevador até a portaria. Numa das levas partiram Pierre, Fernanda e uma moças em direção a uma boate no Centro da cidade.

Pierre me anunciou, tô a fim de pegar a fulana (não lembro mesmo seu nome). Pus a garota dentro do elevador e comecei, você vai com eles, dance com o Pierre, ele dança muito e outras besteiras do gênero. A coitada mandou, Pierre, eu só vou dançar se você abrir uma roda no meio da pista pra mim, e eu de voleio, ele só vai abrir um buraco no meio da pista se você liberar sua roda pra ele. Finíssimo.

Números clássicos se repetiram ao longo da noite. Mauro dançou semi-nu no terraço, Marcy traçou mais um gringo, cantei árias em altíssimo volume, e às 3h30min, com a casa já vazia, eu e Dani fomos para o quarto de hóspedes e Maria Paula e Dedeco para o aposento principal do palacete.

Tínhamos que acordar relativamente cedo porque a Maria Paula decidira continuar a festa no domingo com um churrasco.

Às 11h eu estava de pé. Eu, Dani e Maria Paula tomamos cerveja da manhã, enquanto escutávamos Dedeco, o novo namorado da Maria Paula, roncando de forma torpe no quarto.

Eis a cena bizarra daquela manhã. Dedeco abre a porta enfiado num robe de seda e avistando a faxineira disse em tom solene, ovos mexidos e Proseco, por favor. Deslumbrado, o Dedeco.

A faxineira mandou-o à merda e ele voltou para o quarto.

Maria Paula foi ao quarto para acordá-lo.

Eu e Dani escutamos gritos e grunhidos enquanto Dedeco cantava ô ô ô kiss me quick fora do tom. A campainha tocou e Dani abriu a porta. Era Fefê com Brinco, Guerreira, Marcy, Yayá e João Vitor, para suprema felicidade da Maria Paula que a-d-o-r-a criança.

Os dois saíram do quarto. Fefê invadiu o ninho de amor e de quatro farejou o colchão de forma torpe. Não vou repetir o que ele disse, mas foi algo impagável. Flavinho recebeu dezenas de telefonemas e chegou depois com picanha, lingüiça, farofa, salada de batatas, asa de frango, coxinhas, maços de cigarro, carvão e afins.

Fumaça chegou depois com um pote imenso de vidro com batata a calabresa preparada pela Incêndio, sua mãe, e era um presente para mim. Liguei comovido para Incêndio para agradecer o mimo.

Logo depois chegou a maluca da Betinha com mais camarões, alho e colorau. Fefê comandou a churrasqueira, eu mandei ver na frigideira com os camarões, e derrubamos 3 engrados de cerveja.

Na véspera, durante a festa, fora as caipirinhas e as cachaças, foram detonados 7 engradados.

Como no domingo éramos apenas 10 (eu, Dani, Guerreira, Marcy, Maria Paula, Dedeco, Fefê, Brinco, Flavinho e Betinha), ultrapassamos a média.

Ligamos para o Szegeri, depois o malandro ligou de volta para que falássemos com a Iara, eu chorei de forma torpe, ligamos para o Comandante, Marco ligou da Itália e eu cantei durante 10 minutos em italiano, houve um momento de catarse coletiva quando Fefê, Yayá, Brinco, Dani, Guerreira e Betinha choraram sem qualquer razão aparente, Dani fazia acrobacias com fitas coloridas, a vizinhança em choque a tudo assistia usando binóculos, lunetas e outros instrumentos ópticos, e a festa atingiu a marca de 30h ininterruptas, quando Marcy cunhou a frase: isso é uma festa Unibanco.

Saímos de lá a meia-noite.

Creio, francamente, que a Maria Paula jamais cometerá tamanho descalabro novamente.

Dedeco dormiu lá novamente. Que l-i-n-d-o.

Até.

10.9.04

A DOCE IARA AGORA É MINHA TAMBÉM

Doces figuras, já são quase cinco anos vivendo com a Dani.

E já são seis os afilhados, que, como diz o meu irmão Szegeri, são a maior prova de carinho que alguém pode dar a um amigo.

Pela ordem: Mariana Blanc, amiga querida, uma das pessoas a quem, além de carinho, devoto eterna gratidão, em 1999, na quadra do Salgueiro, em meio ao som dos tamborins da vermelho-e-branco, deu-me a Milena, a dona dos mais lindos cílios do planeta e leitora compulsiva de deixar muito marmanjo no chinelo, como afilhada. Diga-se que cada vez que ela me olha com aqueles olhos-desenhados-à-mão e me chama diiiindo, eu tenho taquicardias violentas.

Veio depois o anúncio feito pela Magali e Ricardo durante um jantar no Fiorino. Maga anunciou que estava grávida e que seríamos, eu e Dani, os padrinhos. É preciso dizer que naquele momento fui ao banheiro chorar como órfão. No dia em que a Ana Clara nasceu, 16 de dezembro, enquanto Magali paria, Dani me oferecia café, bolo, pipoca e cerveja na calçada em frente ao hospital pra me acalmar, onde alaguei, sensivelmente, o Humaitá. Assustei um pouco os avós paternos da Ana, pessoas muito mais recatadas e educadas que eu, quando invadi o quarto com uísque debaixo de um braço e tamborim repicando na outra mão.

O terceiro anúncio veio dos Estados Unidos. Alfredinho, o número 3. Os pais do Alfredinho nem me conhecem, mas isso é o que menos importa. Alfredinho , o Batata, veio ao Brasil com a avó materna em dezembro do ano passado, nos entendemos perfeitamente e eu o espero ansiosamente já que ele está voltando, de novo, em dezembro próximo. Notem que figuraça. Quando de sua última visita, com a avó, os pais nos EUA, eu perguntava, Alfredinho, como está o papai sem você?, e ele, com aquele português de bebê, futito, traduzindo, fodido. O Batata é dos meus.

O quarto, uma surpresa. Vizinhos de porta, Ana e Júlio, convocaram a mim e à Dani pra uma conversa no final do ano passado. Pensei logo que fosse esporro, já que eu e Dani não somos, digamos, vizinhos corteses ou discretos. Mas não. Eles nos deram Raphael, não escondemos o choque com a notícia mais-que-inesperada e tudo o que consegui dizer foi, vocês vão se arrepender tremendamente, vejam vocês que incentivador. Raphael é um tremendo encrenqueiro, é o melhor amigo humano da Pimenta, toca a campainha aqui de casa centenas de vezes ao dia e a Pimenta retribui, latindo vorazmente cada vez que passa pela porta de seu apartamento. Já está ensaiando dizer dindinha, e Dani quica cada vez que o encontra no corredor.

O quinto, outra grande surpresa. Buba da Vila e Lu nos entregaram a Dhaffiny. Já contei muito aqui sobre eles, quando contei sobre o "Chá de Beber" que oferecemos quando ela nasceu, ao pé do Morro dos Macacos. O Buba é um dos maiores corações que conheço, a Lu é dulcíssima e a garota tem tudo pra ser uma craque, atestando que pelo fruto se conhece a árvore.

A sexta. Meus irmãos, Fernando e Cristiano, não têm filhos. Mas há alguns anos encontrei um terceiro irmão.

Fernando Szegeri, um caso clássico de irmão siamês, alma vagabunda como a minha, devoções semelhantes, lágrimas abundantes a cada encontro, esteve no Rio na semana passada para trabalhar. Isso foi o que ele disse.

Fernando veio mesmo para o Encontro da Confraria no Bar Getúlio e esticou a semana inteira.

Bebemos e festejamos a graça do encontro em dimensão siderúrgica.

Na quarta-feira fomos ao Clube Guanabara, na careta da Baía de Guanabara, Pão de Açucar no cenário, com Dani, Betinha, Guerreira, Maria Paula e Manguaça. Um timaço.

Lá pelas tantas, num lance cujos detalhes prefiro omitir, Fernando e eu, abraçados e chorando emocionados, chamamos a Dani pro abraço. E ele decretou: vocês são padrinhos da Iara.

Bem, pra quem conhece o Fernando e a dimensão do amor que o malandro tem pela "mulher mais linda do mundo", que é como ele se refere a ela, sabe o tamanho do presente, sabe a intensidade do gesto e a honra do título.

Ás 4h da madrugada, no Bar Getúlio, lembramos de um pequeno detalhe: a mãe, a Buba do Pará, a Railídia, dona de um sorriso pau a pau com o sorriso da Dani, não havia sido consultada.

O que não foi problema. Ligamos pra SP e acordamos Railídia. Foi Fernando quem falou com ela. O malandro jura que Railídia aprovou. Mero detalhe.

No dia seguinte Dani entregou ao Fernando uma estrela azul gigantesca para que fosse levada de presente pra nossa mais recente afilhada.

É Iara, a doce Iara, quem aparece na foto abraçada à estrela. Um abraço forte como esse, um beijo imenso como a estrela, é o que mando daqui, do Buteco, pra ela, pro pai e pra mãe que, deus do céu, se arrependerão em breve da escolha.

Até.

30.8.04

FINAL DE SEMANA OLÍMPICO

Doces figuras, a maratona começou na sexta-feira e encerra-se hoje à noite, quando a Confraria S.E.M.P.R.E. reúne-se no Bar Getúlio para mais um Encontro.

Encerra-se, não. Faz uma breve pausa.

A pequena pilha de bolachas foi flagrada algumas horas antes do fechamento da conta de sexta-feira no Bar Getúlio, imensa mesa onde estavam além de mim, Dani, Ruivinha, Betinha, Guerreira, Maria Paula, Sérgio Barreto, Deyse, Duda e Manguaça.

Lances da noite: após o fechamento da terceira conta da noite, chamei o Baiano e disse, porra, Baiano, trinta chopes? Não foi isso, não...

Diante da voz pastosa, Baiano manda, diga lá, quantos foram?, e a Dani de prima, uns cinqüenta.

Exu Meliante baixou no Catete e na mesma médium que o recebera em Araçatiba.

Com leve participação minha no atabaque.

Sábado o dia prometia. Festa de aniversário da Fumaça, que merece um parágrafo.

Há festas e festas. Fumaça foi de um esmero comovente com a sua. O tema? Botequim. Fumaça contratou a peso de ouro garçons do Vilarino que desfilavam pelo terraço na Urca com torresmo, sanduíche de pernil, empadinhas, batatinha calabresa, cerveja Original doendo nos dentes de tão gelada, Betinha cometeu a insanidade de aparecer com uma garrafa de Black Label fechada que eu e Pierre, ele mesmo, o Namor, derrubamos em menos de uma hora.

Pierre que aliás, derramou-se em declarações de amor a mim e à Dani, talvez retribuindo o telefonema que eu lhe dera na noite anterior, aos berros dentro do Getúlio, gritando quando todos os dedos indicadores do mundo apontarem em sua direção lhe acusando, serei a única voz em sua defesa, quando as Torres Gêmeas forem novamente erguidas e novamente derrubadas e te acusarem pela tragédia, serei teu defensor, e outras merdas do gênero.

Destaques da festança, a melhor de 2004, antes mesmo do ano acabar: Incêndio, a mãe da Fumaça, que recebeu de mim o apelido no instante em que me foi apresentada. Uma figuraça, e a autora de várias das comidinhas do buteco. A polícia que apareceu pouco depois das 22h com o síndico, desesperado com o barulho produzido pela StefiBand, contratada pela Fumaça.

Baixaram os tiras na área, averiguaram do que se tratava, os dois foram tirados pra dançar por duas convidadas que manterei no anonimato e o síndico sumiu alucinado quando Fefê atacou de eu vou chamar o síndico, Tim Maia! Tim Maia!, com solo genial do Rogerinho.

Tubarão ainda acompanhou o pentelho até o elevador e desceu com ele e mais a Brinco, e foram os dois, até o andar do imbecil desferindo golpes violentos de capoeira contra o mala. Amanhã conto mais, sobre o domingo.

Até.

25.8.04

VARGAS (1954-2004)

Doces figuras, quando comemorarmos a passagem dos 100 anos da morte de Getúlio Vargas, quando comemorarmos os primeiros 50 anos de vida do Bar Getúlio, eu, Dani, Fefê, Brinco e Betinha, ainda vivos, poderemos dizer orgulhosos que estivemos na inauguração desse buteco que nasceu com cara de tradicional, numa noite recheada de momentos épicos.

Comandado por Wilson Flora, o Baiano, o Bar Getúlio recebeu, fácil, mais de 300 pessoas na inauguração.

Poucos foram os que conseguiram lugar sentado, o que no nosso caso deveu-se à ação da Brinco, que chegou cedinho pra garantir o privilégio.

Alguns dos personagens da noite pareciam contratados pelo Baiano com o objetivo de tornar tudo mais hilariante. E tome chope.

Um casal recolhia em sacos plásticos daqueles azuis, o que era servido aos convidados: carne seca acebolada, bolinhos de aipim, carne assada, coxinha de galinha, tudo guardado dentro de uma sóbria pasta carregada pelo coroa.

A mulher, depois de 3 chopes, passava de mesa em mesa dizendo, come, filho, é hoje só que amanhã não tem mais boca livre. E tome chope.

Um outro casal entrou no bar portando uma gigantesca bandeira do Brasil e o bar inteiro, de pé, cantou o Hino Nacional, o Hino à Bandeira e o Hino da Independência. E tome chope.

Paulo Caruso cantou a Internacional uma meia dúzia de vezes. Mais chope.

Dani, animadíssima, vestiu a máscara veneziana que ganhou de presente naquela noite e eu, gastando meu italiano, tentava traduzir receitas do livro que ganhei pro Fefê.

O que é basilico?, perguntou Fê.

E eu, dando uma de Dani, a poliglota: Fê, não tem o vinagre balsâmico? Pois tem o vinagre basílico.

Ao que Betinha, no chão de rir, grita que basilico é manjericão. Chope.

Jaguar, Lan, Zé Luiz do Império, Moacyr Luz, a turma do Bar da Dona Maria (que, se usar o critério qualidade, tem tudo pra trocar de bar), Antônio Pedro, Marceu Vieira, Luizinho dos Drinks, um bando de entendedores do riscado conferiam de perto o parto do Getúlio.

Em breve, a S.E.M.P.R.E. estará lá pra conferir de perto o que conferi in loco.

Sob a batuta do Baiano, que joga nos gramados mais vagabundos há anos e entende do negócio, o Getúlio tem tudo pra acabar com a suposta hegemonia de falsos butecos que existem aos montes na zona sul. Aos montes.

A rima é sugestão proposital.

Pelo que se viu, nasceu um clássico no Rio de Janeiro na noite de 24 de agosto de 2004.

Estávamos lá, diremos daqui a cinqüentinha. Saravá.

Até.

19.8.04

19 DE AGOSTO É DIA DE LELÊ

Doces figuras, hoje, 19 de agosto, faz aniversário uma figura queridíssima, amada, uma morena-mulata dona de um sorriso, já disse isso aqui, arrebatador, cuja presença é capaz de transformar o mais fúnebre e pranteado velório em alucinado desfile de bloco de carnaval.

Vejam o que são esses dois sorrisos desse calibre juntos, o da minha Dani, a Sorriso-Maracanã, e o da Lelê, a aniversariante (Szegeri, como poderíamos chamá-lo?).

O flagrante é de autoria do Cachorro, que está para o Estephanio´s assim como Augusto Malta está para o Rio Antigo.

Ergo daqui, então, meu copo cheio de Original em homenagem a Lelê, que sabiamente comemorará a data hoje no Estephanio´s ao som da maior banda da atualidade, longe da mídia por razões inexplicáveis.

Sábado o furdunço prossegue em sua cobertura no Grajaú, onde Lelê reproduz autêntico buteco sob a batuta da Sônia, grande Sônia, Manguassônia pros íntimos.

Íntimos que são poucos, muito poucos. Pra bom entendedor, meio cabrito basta.

Até.

17.8.04

E JÁ QUE FALEI EM LONGEVIDADE...

Doces figuras, partimos no sábado pra Volta Redonda, eu, Dani, Fefê, Brinco, Zé Colméia, Dalton e Manguaça com um único objetivo: comemorar os 70 anos do legendário Comandante que bebe com a sede e a a resistência de um imberbe de 20.

Como se faz nos grandes eventos, vamos aos números do churrasco do Comandante:

85 quilos de carne, 5 quilos de paleta de cordeiro, 10 quilos de batata, 10 quilos de farofa, 8 quilos de arroz, 10 litros de molho à campanha, 900 garrafas de cerveja, 3 litros de uísque, mais de 10 garrafas de cachaça, 5 garrafas de batida feita pelo Mozart, 1 Prefeito (o Prefeito de Volta Redonda esteve presente), 1 candidato a Prefeito, mais de 200 convidados e algo em torno de 199 bebuns (apenas Ana Clara, minha afilhada com quase 2 anos, manteve-se sóbria, apesar da mamadeira com maracujá e pinga que eu lhe dei na hora do lanche).

Como se vê, a Sociedade Edificante Multicultural dos Prazeres e Rituais Etílicos se fez presente.

Szegeri ligou-me para transmitir o beijo do Comandante, Malavota continua sumido e o Vidal não pôde ir. Pigarro. Riso preso. Parágrafo.

Bebemos muito, como é de se imaginar.

Após a festa, fomos todos acolhidos na mansão de Diana Amara Pureza, mais conhecida como Mamaia, que, mantendo uma tradição de há anos, deu-me de presente uma forma de pizza em pedra sabão na hora da despedida, no domingo.

A festança continuou na manhã de domingo, quando partimos da Mamaia em direção à Feira da Vila. Comandante acompanhou-nos em mais de uma dúzia de cervejas com queijinho e lingüicinha frita, ofertas de um mão-aberta Dalton.

Vida longa ao Comandante.

Ele, ao lado do Zé Szegeri e da dona Emília, confirma a teoria que liga a biritinha à longevidade.

Até.

10.8.04

O SEGREDO DA LONGEVIDADE

Doces figuras, a semana que passou foi produtiva, se é que me entendem.

Na quarta-feira parti para Volta Redonda a fim de prestar breve assessoria ao Comandante que está organizando uma festa à altura de seus 70 anos.

O programa era simples e curto. Eu chegaria lá por volta das 14h e viria de volta de ônibus, o carro ficaria na oficina do Cabeça para pequenos reparos, na quinta-feira pela manhã.

Mas o Comandante não é um anfitrião que tolera visitas sem pompa.

Comandante armou junto com Walter Motta, na casa dessa grande figura que é o Walter, uma pequena noitada.

Presentes as mesmas peças impagáveis da última vez em que estive lá: Cléo e sua irmã, que não sabem o que fazer pra nos deixar à vontade, Um Delegado (é esse mesmo o apelido do Marquinho... UM DELEGADO), Santiago e Eduardo, dois dos maiores papos que descobri nos últimos tempos e o violão do Luizão.

Comandante e Walter Motta, que somados têm respeitáveis anos de estrada e incontáveis litros pelo caminho, armaram de ter cerveja Original durante toda a noite, e comemos torresmo, camarão frito, queijo com óregano, escondidinho e muita cachaça, coisa leve pra uma noite de quarta-feira.

Fomos pra casa e ainda derrubei uma garrafa de vinho tinto com o Comandante, à mesa da cozinha, que durante duas horas me deu lições de vida que guardarei pro resto da minha.

E voltei de ônibus no dia seguinte pensando muito em tudo o que Comandante dissera.

E fiquei delirando, lembrando da relação daqueles coroas que encontrara na noite anterior, todos bebendo de bem com a vida, brindando e erguendo o copo com impressionante bom humor, imaginando se haveria alguma relação entre beber freqüentemente e viver longevamente.

E no sábado, doces figuras, eis que materializou-se à minha frente uma figura incrível e impressionante que dizia SIM à minha teoria.

Fomos, eu e Dani, à feijoada de aniversário da Duda. O endereço? Rua Conde de Bonfim, uma portaria mais estreita que o desejável para alguém balofo (ERA o meu caso).

Um apartamento. Imaginei, antes de chegar à campainha, o conforto que seria uma pequena multidão espremida de pé tentando comer feijão, farofa, couve, carnes, arroz...

E eis que entro num troço de sonho. O pé direito não é visível a olho nu. À frente da porta, logo após a sala, uma chácara encravada na Tijuca. Terra. Árvores. Goiabeiras. Um pé de cacau. Uma tartaruga caminhando no meio do mato. Verde, muito verde, e eu comecei a fazer caipirinha em ritmo industrial ao lado da Nena, uma mulher porreta que cozinhava e bebia com o mesmo talento.

Daí que no meio da tarde, depois de alguns pratos e de mais de meia dúzia de copos pedi à Duda que me apresentasse a dona da casa. "É minha avó... Emília. 93 anos."

O tom da voz me fez imaginar uma senhora pacatíssima, dormindo. Sorri aquele sorriso pastel dos bebuns e disse "ela está aí?".

"Bebendo".

?????

Queridos, fui até a mesa e lá estava Emília, como uma Rainha, cercada por duas filhas, um copo até a boca com Dimple 15 Anos ("ela não admite mais beber nem 12 anos", confessou-me uma neta). "Quatro doses por dia", disse alguém.

Fui obrigado a pedir ao Mut (o melhor fótógrafo do Estephanio´s) que registrasse o momento glorioso.

Depois de beijar dona Emília, tomado pela emoção, multiliquei por 5 o efeito das caipirinhas, pedi o autógrafo da Nena num pano de prato (que está em meu ombro na foto) e voei pra casa.

O pano de prato está comigo para os babacas de plantão que duvidarem.

Até.

8.7.04

MULHER, FUTEBOL E BOTEQUIM

Doces figuras, finalmente foi-se o tenebroso junho, que fechou com a derrota do Flamengo para o Santo André no Maracanã. Grande mês. PQP.

Assiti ao jogo na companhia do Dalton, do Flavinho e do Dedeco.

Conosco, Alê, Manguaça, Duda e Brinco. Eis o problema.

O jogo comendo, a tensão no ar e começam as pérolas que cruzavam a mesa como mísseis.

DUDA (aos 5 minutos do primeiro tempo): "Gente, gente... o que é Ibson? É do Flamengo?"

MANGUAÇA PARA ALÊ (6 minutos do primeiro tempo): "Ai, esse jogo tá um saco... você gostou do final de Celebridade?"

BRINCO (antes dos 15): "Pra que lado o Flamengo ataca?"

DUDA (aos 22, gemendo lânguida): "Dedeeeco... qual a diferença entre escanteio e córner?"

Diante do silêncio do Dedeco, justificadamente emputecido com aquilo, BRINCO emenda rindo muito, como de praxe: "Escanteio é quando o Flamengo cobra aquele lateral com o pé e córner é quando é contra nós"

Intervalo, 0 a 0.

Começa o segundo tempo da final. Gol do Santo André. Todos irritados, nervosos e tensos.

DUDA de primeira: "Calma, gente... no jogo da volta a gente vira..." BRINCO: "É... que tensão... em que lugar desse campeonato o Flamengo está?"

Dois a zero Santo André.

MANGUAÇA: "Alê, você gostou da atuação do Márcio Garcia no último capítulo?"

Final do jogo. Prostração geral. Desânimo.

DUDA: "Dedeeeeeco... o jogo de volta é na quarta-feira que vem?"

Dedeco deu-lhe um merecido murro e partimos.

Até.

1.7.04

UMA PEQUENA HOMENAGEM A DUAS FIGURAS QUERIDAS

Doces figuras, quero daqui, do Buteco, levantar um brinde em homenagem a duas pessoas queridíssimas que, nesta semana, dentro desse tenebroso mês de junho que já se foi, me deram, cada qual a seu modo, alegrias bastante intensas.

Dois biólogos, uma estranha coincidência.

A moça primeiro. Val, morando atualmente em Denver, nos EUA, longe do Brasil e de seu filho Davi, estudando, sofrendo todos os revezes que sofre um brasileiro no estrangeiro, a distância dos amigos, da língua, mandou-me email comovente cujo trecho reproduzo:

"Você continua a me emocionar com o seu "Boteco do Edu"... e eu já chamava ele assim, antes de você mudar o nome oficialmente... acho perfeito... Juro que quando tiver um tempo, deixarei meu registro lá... Mas posso te adiantar uma coisa: ler o "Boteco do Edu" já faz parte das minhas estratégias de sobrevivência aqui... Você me faz mais feliz por me sentir próxima do meu Brasil, da Cidade Maravilhosa, do chopp geladinho (mofado como diz o Fefê) e do clima de amizade e companheirismo que só quem é brasileiro conhece... Como diria o poeta: "Os Estados Unidos é bom, mas é uma merda. O Brasil pode ser uma merda, mas é BOM!" Bom demais... Beijos saudosos de tudo e todos, Val."

Eis uma das razões pela qual vale a pena manter o Buteco de pé, aberto, funcionando a mil. Beijo grande, Val!

O rapaz. Mauro Rebelo, meu irmão, que esteve também fora do Brasil por mais de 2 anos estudando, voltou há pouco e esteve muito próximo de tomar a decisão de voltar, graças à incompetência e sordidez dos governos que lhe postergavam o pagamento de sua bolsa, tornando inviável sua permanência no país. Acontece que o malandro, nesta semana, enfrentando dezenas de feras de sua área, disputando uma vaga (isso mesmo, UMA vaga) para Professor da UFRJ, cravou 10 do início ao fim das avaliações e abocanhou o concurso.

O que não me causou nenhuma espécie.

Atrás daquela quilha gigantesca, esconde-se um geniozinho. Beijo, meu irmão!

Até.

30.6.04

Ô, SEMANA!

Doces figuras, decidi, depois de enviar extenso email pro Szegeri na noite de ontem contando meu sufoco de semana passada, que por sua vez me respondeu um curto e objetivo "publique!", dividir com vocês algumas passagens verídicas, algumas trágicas, algumas cômicas, mas todas reais, não é demais repetir, que coroaram a penúltima semana desse junho brabo.

Soube da notícia do Brizola na segunda-feira passada, 21/06, porque o Szegeri me telefonou pra avisar. Mauro estava aqui em casa, no Buteco, e testemunhou o baque. Minha sogra também telefonou, Maria Paula, mamãe, papai, o telefone não parou e eu passei a não atender, telegramas chegaram, flores, e o porteiro interfonou pra saber se eu era parente do Leonel.

Mandei-o à merda e fui dormir.

A terça-feira foi péssima. Contrariando uma promessa que havia feito quando vi pela TV a quilométrica fila do velório do Ayrton Senna, plantei-me na Álvaro Chaves, em frente à entrada social do Fluminense, para despedir-me do velho caudilho.

Quase quatro horas na fila e três maços de cigarro, afinal era o último dia fumando, uma trágica coincidência da programação do remédio caríssimo que comprei para conseguir largar o desgraçado.

Voltei pra casa em frangalhos.

A quarta-feira não foi melhor que a terça. Primeiro dia longe dos bastonetes nicotinosos, obsessivamente grudado na TV acompanhando Brizola no Rio Grande do Sul, e nem o jogo do Flamengo foi capaz de me animar no final do dia, quando cheguei no Rio-Brasília pra encontrar Lelê, Fábio, Marquinho e Alê de olhos inchados.

Vitória do Flamengo, apito final e tomei o rumo de casa.

Quinta-feira? Péssima. Acompanhei o funeral em São Borja pela TV, dormi quase que o dia inteiro. Estava me sentindo levemente mal. Piorei muito quando a Dani chegou em casa com a notícia que estava indo pra SP a trabalho no dia seguinte pela manhã, às 8h, voltando apenas pro almoço no sábado.

Começou aí, queridos, o ápice da tragédia da semana.

Minha noite foi caótica. Atentem para o sonho: estou numa sala que não reconheço, sentando a uma mesa oval, e a meu lado quem? Leonel Brizola. Fala o Brizola: "Sabe, Eduardo, na verdade, francamente... (segurando os óculos por uma das hastes)... eu deixei de fumar quando sofri uma grande decepção... no dia em que perdi a legenda do PTB... E hoje, tristíssimo e decepcionado com minha morte, decidi que vou voltar a fumar!" E eu, de prima: "Que bom, Governador! Eu deixei há poucos dias, se o Sr. voltar eu lhe acompanho!" O velho Briza abre uma gavetinha à sua frente, retira dois cigarros, acende o meu, acende o seu e ficamos de papo horas sobre política. Acordo assustadíssimo.

Dani está de malas prontas. Vou levá-la. No caminho lhe conto sobre o sonho. Dani ri e diz que por causa disso é que não quero filhos. Não suportaria outra criança me roubando espaço. Diz que o sonho é previsível pra alguém como eu, que eu sou uma criança, um bebêzão, mas eu a interrompo: "Seja como for eu vou dormir na mamãe hoje. Não vou dormir sozinho. Tenho medo do Brizola aparecer pra mim e me oferecer um cigarro." Dani ri, salta do carro, diz que é pra eu ir mesmo pra casa da mamãe, ainda mais que eu me queixara de um estado levemente febril assim que acordei. Volto pra casa e decido no caminho que vou dormir em casa mesmo.

Com todas as luzes da casa acesas. Quando chego em casa, tomo um banho, nossa prendadíssima secretária me prepara um café, me arrumo e vou pro trabalho. No meio da tarde começo a me sentir mal. A febre parece maior e minha garganta começa a doer de forma lancinante. Corro pra casa de táxi. Ponho o termômetro e o bicho marca 38 graus. Ligo pro celular da Dani, que já está em SP, e choro copiosamente me queixando das dores e da febre. Ele pede que eu vá pra casa de minha mãe. Não é possível. As dores estão por todo o corpo. Ela me dá umas dicas, me faz uns mimos, me manda beijos, tchau, e eu desligo chorando mais.

Acendo todas as luzes da casa, tomo um banho, sento-me e ligo a TV: "Povo brasileiro, eu que venho de longe...". É ele discursando, numa programa em sua homenagem. Troco de canal: "Lá lá lá lá lá Brizola, lá lá lá lá lá Brizola...", outra homenagem, desligo a TV.

Termômetro, 39 graus. Ligo pra Dani chorando de novo que me pede paciência, que está chegando cedo no sábado.

Ligo pra Magali, sua irmã, médica. Digo, aos prantos, que estou com 39 graus, quase delirando, digo que estou com medo de morrer, que minha garganta está fechando e Magali me receita pequeno kit: Voltaren, Novalgina, Fonergin, Aspirina. Pede que eu tome 40 gotas de Novalgina e ligue pra dar notícias em meia-hora, quando a febre deverá baixar bem.

Meia-hora depois, termômetro: 39,5 graus. Vou morrer, tenho certeza. Calafrios, dor de cabeça, ligo pra Magali que fica muda, nitidamente assustada.

Depois de pensar um pouco me pede que tome um banho entre o morno e o frio de uns 10 minutos, me agasalhe bem e deite. Chamo a Pimenta, minha cocker-spaniel amada, e deito-me com as luzes acesas. Não dormi. Ouvia o interfone tocar, o telefone, barulho na porta, comecei a perceber que estava mal quando me flagrei cantando Boi da Cara Preta pra Pimenta. Magali ligou e disse a nova temperatura, 38,5 graus. Ela delira como se fosse final de Copa do Mundo porque a febre baixou 1 grau. Eu morrendo e minha cunhada vibrando com isso. Não me lembro a que horas dormi, mas acordei com Dani a meu lado. Sonhara novamente o mesmo sonho.

Sábado tínhamos um compromisso, eu e Dani, na casa da Magali no final do dia. Dani, precavida, eu ainda com febre, me vestiu como seu eu fosse pro Alaska jantar dentro de um iglu. Calça jeans, meias de lã e bota cano alto. Uma camisa de malha, sobre ela uma camisa manga comprida de algodão e sobre ela um colete de lã. No pescoço um cachecol de tricô colorido. Ridículo. Parecia um espantalho. E a festa não era junina.

Lá encontro o Comandante, que não esconde a surpresa com meus trajes e com meu estado. E eu tristíssimo digo a ele que pela primeira vez não beberemos juntos pois estou com febre e me sentindo mal. Ele pergunta o que estou fazendo pra febre baixar. Quando digo Novalgina, ele rola de rir escada abaixo me arrastando pela mão e pede que preparem uma caipivodka de limão no capricho pra mim. Bebo uma. Bebo duas. Bebo três. Suando feito uma capivara, sou obrigado a trocar de roupa e Comandante solicita nova tomada de temperatura à junta médica que estava na festa e que já havia, inclusive, diagnosticado amigdalite e receitado antibiótico para começo à meia-noite.

Termômetro: 36,4 graus. Comandante em direção aos médicos: "Novalgina é a puta que os pariu!"

Brindamos novamente, bebi a quarta e voltei pra casa.

Até.

28.6.04

DE VOLTA

Doces figuras, e o BUTECO reabre depois de uma semana de ressaca. O virtual, porque o Buteco do Edu permanece fechado por razões de saúde.

Depois da semana enlutada que passou, uma amigdalite acompanhada de febres quase-aquerentadas me persegue até o momento.

Mas é preciso voltar nem que seja para anunciar que ainda nesta semana vou publicar aqui a entrevista, a primeira entrevista do BUTECO DO EDU, já que há uma série programada, com o grande jornalista e romancista, o grande boêmio e poeta, esse grande cidadão que é o FAUSTO WOLFF.

No sábado retrasado, eu, Fernando Toledo e Gustavo Dumas, dirigidos pela Betinha (ela mesmo, fãs alucinados!), batemos um belo papo com o Fausto, cercados de bolachas da Brahma, pratos de lentilha, carré, e muito bom humor, no Bar Brasil, na Lapa.

Estou transcrevendo a entrevista e em brevíssimo a publicarei.

Um detalhe: Fausto falou longamente sobre o Brizola, sem saber que estávamos há menos de 48h da partida do velho caudilho. Brizola morto, amígdalas infeccionadas e doendo pra burro, febre intermitente, Flamengo em penúltimo lugar no Brasileiro na zona de rebaixamento... ô junho desgraçado!

Até.

22.6.04

BRIZOLA E O SONHO IMPOSSÍVEL

"Sonhar mais um sonho impossível...
Lutar quando é fácil ceder...
Vencer o inimigo invencível...
Negar, quando a regra é vender.
Sofrer a tortura implacável,
Romper a incabível prisão,
Voar no limite improvável,
Tocar o inacessível chão.
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo, cravar esse chão,
Não me importa saber, se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz.
E amanhã, se esse chão que eu beijei for meu leito e perdão.
Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for,
vai ter fim, a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor...
Brotar do impossível chão."

E agora?

Uma silenciosa e perturbadora dor, arranha e rasga minha alma no dia de hoje e desde ontem à noite. Brizola, meu velho Leonel Brizola, adeus.

14.6.04

UM FINAL DE SEMANA PRA ENTRAR PRA HISTÓRIA

Doces figuras, conforme anunciei durante toda a semana passada, fomos eu, Dani e Fefê, passar o final de semana em São Paulo, sob a custódia do bom Szegeri, meu irmão, mais-que-nunca irmão do meu irmão, e o relato que farei, de toda a viagem, será certamente amplo e longo, mas incapaz de traduzir 1% das emoções que lá vivemos.

Vamos por partes, até mesmo para que eu possa falar com detalhes sobre cada um dos bares e butecos que visitamos. Na foto, de minha autoria, essa grande figura que é o Zé Szegeri e essa mulher que me embriaga com esse sorriso-maracanã alucinante (a foto estava publicada no antigo Buteco).

QUINTA-FEIRA: eu desembarquei sozinho em Congonhas às 15h20min, temperatura na casa dos 20 graus, resgatado pelo Szegeri. Zarpamos direto pro REI DAS BATIDAS, um buteco nos arredores da USP. Lá derrubamos seis ampolas de Brahma, todas geladíssimas. Iniciando a partida magistralmente, Szegeri chamou um dos garçons e pediu pasta de gorgonzola com fatias de pão francês, que não estava no cardápio. O garçom sacou no ato que Szegeri era das antigas (a iguaria não constava do cardápio desde 1995) e nos tratou a pão-de-ló. Por volta das 18h partimos pro SEM SAÍDA, onde bebemos mais duas garrafas de Brahma e uma dose da lamentável cachaça Claudionor, apresentada a mim pelo Szegeri como um néctar, mas que me pareceu mais próxima do álcool Pring, isso porque não me recordei de marca mais ordinária. Enquanto estávamos lá, a Bia telefonou. Marcamos então, para dali a meia-hora no GENÉSIO. Bia apareceu com uma amiga, Patrícia, mas já nos encontrou em estado avançado. Derrubados pelas notícias das mortes de Rosinha de Valença e Ray Charles, fomos capazes de beber dezesseis chopes na caldeireta, comprar de um vendedor de revistas todos os exemplares que o mesmo portava, pedir autógrafo pra Alaíde Costa em nome do Isaac, seu fã número um, e rumar pra casa sabe-se lá de que jeito. No chatô da gloriosa Rua Armando Brussolo, ainda mandamos pro saco duas ampolas de Brahma e, para que todos percebam o estado em que nos encontrávamos, comemos pão com ricota temperada com ervas finas, que eu detesto, mas que estava particularmente horrível. Nesse momento cheguei a temer por um convite feito pelo Szegeri para que comparecêssemos à Parada do Orgulho Gay de São Paulo, já que com ricota ninguém pode. Às 23h30min nos dirigimos para os quartos. Com a roupa do corpo.

SEXTA-FEIRA: às 9h eu já estava de pé. Encontrei o pai do Szegeri, o glorioso Zé Szegeri, na cozinha, já com seu copo de vodka com Dolly Cola à frente, cigarro aceso, rádio ligado na Jovem Pan, aquele sorriso e aquela sabedoria, nitidamente afiado e nos melhores dias. "Bom dia, Zé... não precisava o Fernando se deslocar do quarto para que eu dormisse lá..., isso é sacanagem", disse eu para ser agradável, e ele me interrompendo: "Sacanagem eu também acho, mas o problema é dele. Se fosse o meu quarto eu não sairia", e dito isso deu-me um abraço daqueles. Percebi que ele estava nos cascos. Mas era apenas o início. Fernando levantou-se, bebemos umas duas cervejas e Zé começou a preparar a moela para mais tarde. Saímos de casa por volta das 11h e fomos pro BAR DO CLÁUDIO, outro buteco onde o Szegeri joga em casa. Fui apresentado aos donos, pai e filho, "seu" Lourenço e o Cláudio. Têm, os dois, orgulho do bar, que fica numa agradabilíssima esquina, e que comandam com esmerado talento há quase 50 anos. Azulejos cor de rosa nas paredes, um balcão raríssimo de se ver todo em mármore, alto, vitrines de vidro, e a cerveja (foram seis) estava polar. Szegeri sugeriu que comêssemos o bolinho de carne do "seu" Lourenço. E que bolinho, que bolinho! Devastamos os quatro que vieram à mesa. Fritos, têm no interior, bem no miolo, pimentão e cebola, e comidos com pimenta são um verdadeiro tesouro. Mantendo minha tradição que começou em SP no Bar Léo (cujo canapé reproduzi no Buteco do Edu), chamamos o Cláudio à mesa para nos dar a receita. Patati, patatá, coisa e tal, decorei tudo. Na hora da despedida, Cláudio chamou o pai, que estava na cozinha, e disse a ele que éramos mais dois a sair do bar com sua receita. "Seu" Lourenço mandou aquele sorriso com legenda: "Tentem fazer, vocês jamais vão conseguir". Eu lhe repeti a receita, ele fez um ou outro ajuste e quero dizer, que o Szegeri seja meu portador, que servirei o bolinho aqui no Buteco do Edu com o nome em homenagem a um homem que foi capaz de recusar uma fortuna oferecida por um banqueiro paulista em troca do balcão do buteco dizendo "se o senhor gostou muito, saiba que está falando com alguém que gosta bem mais que o senhor". Em breve, portanto, ao lado do Canapé do Léo, servirei o Bolinho Lourenço. Partimos daquele grande lugar às 15h em direção ao aeroporto para resgatarmos duas das maiores paixões da minha vida: Dani e Fefê. Quarteto formado, partimos pro BAR LÉO com um objetivo definido: mostrar pros dois que o Canapé do Léo servido no Buteco do Edu é muito, mas muito superior ao "original", caso clássico de criatura dando olé no criador. Para que você tenham uma idéia da sede de anteontem trazida na bagagem dos dois, ficamos no Bar Léo das 17h às 20h e lá bebemos cinqüenta e cinco chopes, uma dose de schnap (aguardente alemã), comemos bolinhos de carne (que não fizeram nem cócegas no bolinho do "seu" Lourenço), canapés e um sanduba apenas razoável, gerando uma conta de R$200,00. Bom começo. Fomos pra casa onde o grande Zé nos aguardava com a moela (e o décimo sexto copo de vodka, agora com caju), que cheirava desde a Marginal. Bebemos algumas garrafas acompanhando a moela magistral. Roupas trocadas e partimos pro Espaço CUCA, onde o Szegeri e a Railídia comandam uma roda de samba das 23h30min às 4h30min. O bar que abastece a rapaziada é comandado pelo Zé, que prosseguiu bebendo sua vodka ininterruptamente. Lá conhecemos Dani Boaventura, algumas de suas amigas, Fefê dormiu solenemente a partir das 2h (efeitos da despressurização do avião), e partimos às 5h, depois de pagar a despesa pro Zé com um cheque meu (detalhe que fará sentido mais à frente). Szegeri, nos homenageando, mandou sambas da Vila Isabel e do Salgueiro, e Railídia, também num lance lindíssimo, cantou "Saudades da Guanabara" para "três cariocas queridos que estão aqui". Antes de irmos embora, Dani perguntou à Rai onde ela comprara o xale que vestia. Sem pensar, Railídia pôs o xale nos ombros da Dani, quando Szegeri mandou mais um apelido que já pegou: "Railídia, a Buba do Pará"! Sem condições de dirigir, Szegeri entregou a direção ao pai. Em casa, algumas doses de Rum cubano, uma ou outra Brahma, e às 7h estávamos todos acomodados.

SÁBADO: sem dúvida, o grande clássico do final de semana aconteceu no sábado, se bem que no domingo o jogo foi de arrepiar como vocês verão. Acordamos todos ao meio-dia. Zé, impassível na cozinha, já estava no quinto copo de vodka, dessa vez com suco de laranja. Uma máquina, o velho Zé. Partimos todos pro PIRAJÁ, o buteco que se orgulha de ficar na "esquina carioca" de SP (todos não... o Zé ficou em casa fazendo o de sempre). Trata-se de uma solene bobagem, mas os cuidados que cercam o bar fazem dele, sem sombra de dúvida, uma boa pedida. Nas paredes, os manuscritos de "O Bêbado e a Equilibrista" e "Som de Prata", respectivamente letras de Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro, fotos de cariocas ilustres, a bandeira do Salgueiro, o cardápio do Zicartola, um Rio de Janeiro em documentos escorrendo pelo chão. Derrubamos 23 caldeiretas e não comemos nada já que passamos antes numa padaria. Partimos de lá às 17h para deixar a Dani no teatro onde assistiria a uma peça com o Sérgio Barreto, que estava em SP, e que bateu um bolão como se verá. Durante a peça, eu, Fefê e Szegeri fomos a dois butecos. No primeiro, ALMEIDA´S, comemos vaca atolada e bebemos quatro cervejas. Szegeri, tentando me desmoralizar, serviu Claudionor pro Fefê que a comparou a água-raz, para meu delírio. De lá fomos pro PORTELLA, que serve comida baiana, e onde batemos um arrumadinho com mais cerveja. Buscamos Dani e Sérgio e fomos pro AMIGO LEAL, uma dissidência, digamos assim, do Bar Léo. Ali, no AMIGO LEAL, o ápice. Sérgio Barreto, batendo, como disse, um bolão, mandou pra dentro quatro caipirinhas e duas doses de cachaça, pra delírio do Szegeri, que o achou uma grande aquisição. Dani, a mulher que me ensinou a sorrir, bebeu com elegância sem perder o prumo ou o rumo, e quem apareceu no meio da noite, convocada pelo Szegeri, foi a Dani Boaventura. Vamos a alguns lances da partida. É preciso dizer, antes, que o bar parou pra assistir nossa performance. Sabe-se lá por qual razão, o assunto descambou para o esdrúxulo do dia-a-dia. Dani Boaventura, médica, contou a seguinte pérola, em resumo: "Outro dia lá no hospital, chegou uma mulher com um rotweiller entalado dentro dela". Indagada sobre mais detalhes, Dani prosseguiu: "É que o cão, quando cruza, tem o pênis inchado para o encaixe perfeito na cadela... hummm... nesse caso, na parceira... e... só desincha quando ele ejacula." Fefê, numa folha-seca: "Porra, a mulher devia ser uma merda. Nem o rotweiller gozou!". Urros e ganidos pelo bar, eu guinchando no chão. Sérgio Barreto, animado com o número, contava piadas deixando a patuléia sem ar. Veio à tona o assunto padrinhos, afilhados, esses troços. Szegeri pede a palavra: "Quero lhes dizer (olhos marejados) que o atestado maior do meu fracasso pessoal é que nunca ninguém me deu um filho para apadrinhar.". Fefê, de letra: "Quero me comprometer... quando eu tiver um filho você será o padrinho dele!". Os dois se abraçaram chorando enquanto o Szegeri urrava "eu sei que é mentira, mas isso foi lindo!". Aproveitando o ensejo da data, Dani Boaventura sacou da bolsa um presente pro Szegeri. Um livro sobre o Pará, com dedicatória que li em voz alta. Num rompante inexplicável, passei o livro de mão em mão, e todos escreveram declarações de amor pungentes pro Szegeri. Sérgio, por exemplo, convidou Szegeri para conhecer a Tetê e sua comida. Fefê escreveu e assinou o que jurara minutos antes oralmente. E Dani Boaventura não compreendendo nada daquilo. Um pequeno detalhe: quem conhece o Sérgio já se familiarizou com um estranho hábito do cara, a auto-imolação. Ele, quando ri, tem a bizarra mania de espancar-se a si próprio. Empolgados e num movimento coletivo sem nenhuma explicação plausível, todos os seis componentes da mesa, para espanto visível de garçons e clientes, em diversos momentos da noite, se espancavam de maneira torpe. E deixamos o AMIGO LEAL às 23h, deixando pra trás 42 chopes, algumas caipirinhas, doses de cachaça e canapés. Em direção à pizzaria BRÁS. Lá, figuras, um equívoco. Eu e Szegeri, encrenqueiros de mão cheia, tentamos armar um pequeno levante sem-bandeira, sem êxito, já que os mais sóbrios nos convenceram de que estávamos sem nenhuma razão. Mas um lance há de ficar pra história: Dani deixou cair no chão um pedaço de pizza (maravilhosa, por sinal). Com um guardanapo a recolheu e fez uma bola uniforme com a pizza e o guardanapo de papel. Sérgio Barreto: "Cadê a pizza que estava aqui no chão?". E a Dani: "Tá aqui, Sérgio, já peguei.". "Deixa eu ver", disse o Sérgio. E para espanto de todos, Sérgio comeu a primeira almôndega de pizza de que se tem notícia. Com papel. Partimos às 2h, e em casa nos abastacemos de mais Rum e Old Parr, e fomos deitar perto das 4h. É preciso dizer que Exu-Meliante baixou no Sérgio durante a noite.

DOMINGO: doces figuras, mais surpresas nos aguardavam no último dia. Às 11h estávamos de pé. Zé, na cozinha, já sorvia desde às 7h, sua vodka com uva. Decidimos que iríamos visitar a Railídia para que Fefê e Dani pudessem conhecer a Iara, filhota do Szegeri e da Rai, uma coisinha doce que atesta, de cara, a origem que tem. Dessa vez Zé foi conosco. Lá chegando, Rai, que não cabe em si de tanta doçura e generosidade, levou-nos ao fogão onde nos aguardava um panelão de frango no tucupi. Fefê decidiu mostrar um de seus talentos e preparou litros e litros de capivodka de folha de tangerina, detonando uma garrafa inteira de Smirnoff, e valendo-se da tangerineira frondosa no quintal da casa da Rai. Ela, que é conhecida como a "cachaceira da Barra Funda", serviu-nos da Maré Alta, de Paraty. Garrafas e garrafas de Brahma foram saqueadas da geladeira. Bebemos tanto que em determinado momento eu poderia jurar que vi uma samambaia num xaxim andando pela casa. Dani, enternecendo meu coração baleado pelas 72h de maratona, brincava no sofá da sala com a doce Iara. Partimos às 13h30min para deixar Dani no aeroporto. A Sorriso-Maracanã, com carradas de razão, não iria nos acompanhar até a madrugada, quando partiríamos eu e Fefê, de ônibus. Para começar a sessão despedida, emocionante, Zé me entregou o cheque com que lhe pagara na sexta-feira a despesa da roda de samba escrito no verso: "Dani, Edu e Fefê, a presença de vocês vale muito mais do que um pedaço de papel. Amigo Zé.". Coisa de cracaço. E Dani partiu, deixando saudades, eu sou um incorrigível, e já choramingava sua falta em meia-hora, quando tomei um esporro do Szegeri. Fomos beber (por que dizer isso de novo?) no FUAD, um buteco também de esquina, mas o frio, na casa dos 10 graus, e o vento, nos expulsaram na quarta cerveja. Fomos então pro PÉ PRA FORA. Recebidos pelo Claudão, misto de gerente e mestre-de-cerimônias, bebemos caipivodka mista, batida de côco, Fefê derrubou três doses cavalares de Macieira (uma delas de cortesia), cerveja Brahma, Bohemia preta, Bohemia de trigo, e Claudão fechou o bar uma hora e meia depois do previsto, com muita classe, presenteando a mim e ao Fefê com dois lindos copos de cerveja. Ali choramos de novo pela graça de estarmos juntos, Zé chorou (segundo Szegeri pela segunda vez na vida) de saudades, Fefê jogava feito Maradona, comemos coxinha de galinha, empada de palmito, torresmo, e fomos pra casa. Para espanto nosso, Zé prontificou-se a fazer uma dobradinha. Eu, Fefê e Szegeri bebíamos e chorávamos na sala, Rum, Old Parr, cerveja, ouvimos discos de vinil e Fefê chorou só por causa do chiado que não se ouve mais. Juramos amor eterno ao que amamos, espancamos seres imaginários que detestamos, quando fomos chamados à cozinha pelo Zé, com a comida pronta. A dobradinha estava divina, mas devido ao alto grau em que se encontrava o cozinheiro, o arroz mais se assemelhava, na aparência e na textura, a um prato de Cremogema. Partimos em direção à rodoviária. Fefê e Zé foram no trajeto trocando pequenas gentilezas impublicáveis, para delírio do Szegeri, que repetia, "eles se amaram!". Quando chegamos no estacionamento da rodoviária, Fefê viu um Lincoln estacionado e ameaçou destruí-lo. Foi detido pelo sábio Zé, já que eu e Szegeri armávamos ajuda para o saque.

Enfim, figuras, é, seguramente, o mais longo texto do BUTECO. Mas que fique como registro de um final de semana antológico. Registro, quero repetir, incapaz de transmitir o que somente quem lá esteve sabe.

Até.

9.6.04

ATOCHA A TOCHA

Doces figuras, "otoridades" se superam e me impedem de descansar.

É o segundo texto que mando depois de jurar solene descanso até segunda-feira. Mas não é possível calar diante de uma babaquice olímpica como essa. Percebam se eu estou muito crítico ou se é tudo muito surreal e revoltante.

Eis matéria publicada n´O GLOBO de hoje: "Diária de R$ 1.622 em hotel cinco estrelas, de frente para a Praia de Copacabana, com direito a café da manhã e uso do fitness center. Cama king size, banheira, dois aparelhos de TV 29 polegadas, canais a cabo, CD player e frigobar recheado de iguarias. Todas essas mordomias não estão sendo postas à disposição de um popstar internacional ou de um craque de futebol. A grande estrela esperada no quarto do Hotel Marriott é a tocha olímpica que, a dois meses da Cerimônia de Abertura dos Jogos de Atenas, tornou-se centro das atenções e tem sido tratada como celebridade por onde passa. As regalias começaram no último dia 25 de março, quando a chama olímpica foi acesa em Olímpia, na Grécia. O avião Zeus, responsável pelo transporte do símbolo olímpico pelo mundo, em trajeto que passará por 33 cidades de cinco continentes, também recebeu cuidados especiais. Além da pintura com o emblema dos Jogos-2004 e dos arcos coloridos, comissários de bordo foram treinados especialmente para fiscalizar a chama durante todos os vôos. Autoridades de Aviação Civil tiveram que conceder uma autorização especial garantindo que a tocha será transportada sem oferecer riscos de acidente. A tocha, que chegará ao Rio às 6h45m de domingo, para sua primeira passagem pela América do Sul, percorre 48 quilômetros por dia, em média, e ficará no hotel de domingo para segunda-feira, antes de ir para o México. O tratamento cinco estrelas não pára por aí. A Assembléia Legislativa (Alerj) aprovou mensagem da governadora isentando de ICMS quem prestará serviços na passagem da tocha, incluindo transporte, comunicação e importação."

Eu sei que mamãe vai ficar muito triste, porque toda vez que sou um pouco menos doce recebo reprimendas por email. Mas isso não é possível. Que coisa idiota! Um quarto com diária de mais de R$1.600,00, regalias, camareiras, e uma equipe de comissários de bordo treinados (não é possível, leio, releio e continuo não acreditando) para "atender" a tocha durante o vôo de vinda para o Rio de Janeiro.

A governadora do Rio, esse ser acéfalo que é Rosângela Matheus, ou Rosinha Garotinho, ainda isenta de pagamento de impostos os pajens da menina em chamas.

E a porra da tocha vai ficar no tal hotel em Copacabana com televisão, frigobar, sauna, e ainda há uma foto no jornal, que não encontrei para publicar aqui, com a porra da tocha (não consigo chamá-la de outro nome) deitada na cama, encostadinha no travesseiro.

Eu imagino a cena.

A camareira, cadeiruda, gostosa, entra no quarto pela manhã para ver se a tocha quer que lhe seja servido o café da manhã no quarto. A tocha lá, quieta, na dela, aquela chaminha fraca, denunciando o sono ainda a lhe entorpecer.

Vira-se a camareira, abre a porta com cuidado para não acordá-la quando ouve a voz vindo da cama: "Ô gostosa... chega aqui... deixa eu me atochar aí em você...".

E a camareira, embriagada com aquele clima no hotel, seguranças na porta, a imprensa excitadíssima esperando a tocha aparecer na varanda, políticos no foyeur aguardando a cerimônia dos cumprimentos, tira a roupa, senta na porra da tocha que, ainda acesa, causa queimaduras de terceiro grau no útero da incauta que goza olimpicamente e bate seu próprio recorde na modalidade "orgasmo pirotécnico", alcançando o índice para as próximas olimpíadas.

É dose.

Até.

8.6.04

FUXICO

Doces figuras, de fato eu não tinha nenhuma pretensão de mandar mais nenhum texto até segunda-feira próxima, já que, como lhes contei há pouco, estou indo para São Paulo neste feriado com Dani e Fefê. Mas acabo de chegar do Estephanio´s com uma história verídica digna de nota. Fefê contou que a Brinco, a moça que ocupa o cargo disputado por 11 entre 10 mulheres, e que vende bijuterias, visitou hoje à tarde um cliente seu cujo apelido é Melissa. Não preciso dar mais detalhes. Eis o resumo do diálogo entre os dois, após a venda:

M: E aí, Brinquinho, tá namorando?
B: Tô (risos... que a Brinco ri de rigorosamente tudo)
M: Hummmmmmmm (revirando os olhinhos), me conta... quem é o bofe?
B: ´cê não conhece, o nome dele é Fernando...
M: Hummmmmmmm, nome gostooooooso... (lambendo os beiços)
B: É (risos), ele é muito gostoso também (gargalhadas)
M: Ai, mona, vocês vão passar o dia dos namorados juntos, vão? (de soslaio)
B: Infelizmente não. Ele vai pra São Paulo na sexta-feira.
M: Sozinho?
B: Não. Vai com um dos irmãos encontrar um amigo lá.
M: Huuuummmmmmmmmmm... Um amigo? (risos com as mãozinhas nas bochechas)
B: Que foi?
M: Você não vai?
B: Não, por que?
M: Não vai por que?
B: Ele me disse que é programa só pra eles, que vão beber o dia inteiro...
M: (interrompendo) Huuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!!!
B: Que foi, Mê? (nitidamente irritada)
M: Nada, fofa. Nada não... Eu também vou.
B: Com ele?
M: Não (risos), mas (risos), será que vou encontrá-lo lá? (risos)
B: Que que ´cê tá falando, Melissa? (sem nem esboço de sorriso)
M: Fofa, domingo acontece a oitava Parada do Orgulho Gay de Sampa, meu amor...

Melissa está internado no Souza Aguiar depois de atacada por um martelo, uma benção, uma tesoura e um aú no olho, dados pela furiosa Brinco de Ouro, do Grupo Cultural Sete Mares. Iê!

Até.

BREVÍSSIMO RECESSO NO BUTECO

Doces figuras, o Buteco do Edu vai entrar em recesso, breve, mas vai.

Tanto o real quanto o virtual. Isso porque, aproximando-se o feriado de Corpus Christi, este que vos escreve irá fazer uma visita a São Paulo, mais precisamente a um dos freqüentadores assíduos do buteco (o real e o virtual), o grande Fernando Szegeri, que mantém publicação cuja visita é indispensável, a "Sodói".

Vou na companhia da Dani e do Fefê. Zé Colméia está para acertar sua ida também, mas por enquanto nós três estamos confirmados, o que já é o bastante para uma sensível modificação no consumo de bebidas alcoólicas na paulicéia. Conseqüentemente, o Buteco do Edu ficará fechado, já que o mesmo só funciona na presença do dono e do cozinheiro, que são a mesma pessoa.

A grande novidade que marcará a reabertura do buteco é que, em brevíssimo, aos domingos, serão promovidas as domingueiras matinais.

Lelê, autora da pérola 04 do texto "PIADAS REAIS AO VIVO" (publicado em 31/05/2004 aqui mesmo), estreará o evento, que será chamado, também, de "Domingo é do Mengo", já que pretendo abrir o estabelecimento nos domingos de jogos do mais-querido. Uma espécie de concentração. Como aos domingos, e isso tem sido uma constante quase insuportável, acordo com uma sede de anteontem, a novidade promete.

Este Buteco, então, ficará sem atualização até segunda-feira.

Deixo com vocês a letra de um partido-alto composto descompromissadamente por mim, que estou levando na bagagem para mostrar ao bom Szegeri que será o juiz capaz de dizer se a coisa presta ou não. Inclusive ele é parceiro na letra, já que o mote é de sua autoria. Eu tenho quase certeza de que o samba não presta, mas a letra me diverte. Ei-la:

O Paulinho da Viola vai ter que me perdoar:
não sou eu quem me navega, quem me navega é o bar!

É no bar aonde ancoro todo dia ao fim do dia,
é no bar que rio e choro de tristeza ou de alegria.
Se o buteco é minha igreja, o balcão é meu altar.
Não sou eu quem me navega, quem me navega é o bar!

O Paulinho da Viola (...)

Lá no bar tudo é sagrado, lá encontro a redenção
me redimo dos pecados, me embriago de ilusão.
Se o garçom é meu pastor nada me faltará!
Não sou eu quem me navega, quem me navega é o bar!

O Paulinho da Viola (...)

O Estephanio´s é a minha preferida catedral.
Bebo chope e caipirinha em quantidade industrial.
Bebo sem nenhuma pressa até o dia clarear!
Não sou eu quem me navega, quem me navega é o bar!

O Paulinho da Viola (...)

Até.

5.6.04

DE NOVO, E PELA ÚLTIMA VEZ, ELA

Doces figuras, como o Buteco se propõe a tratar de gente, eu havia prometido a mim mesmo nunca mais citar a figura desprezível da Ana Cristina Reis, que, sabe-se lá como, conseguiu a editoria do Caderno Ela, igualmente desprezível, e talvez aí resida a grande sacação dos diretores do Jornal O GLOBO.

Mas como aqui mesmo no Buteco, escrevi breve texto sobre um de seus artigos no qual ACR menospreza os trabalhadores sem-terra, se diz, ridiculamente, uma sem-vinho, sem-piscina e sem-sandália-italiana-de-strass, não resisti a reproduzir para vocês trechos do artigo publicado hoje no mesmo caderno.

Percebam, leitores, como ACR cai em contradição (quando fala dos vinhos), como ACR é fútil (passou duas noites em Buenos Aires assistindo "Celebridade") e como ACR é odiosamente preconceituosa (quando compara os pedintes argentinos e brasileiros).

É, prometo de novo, agora publicamente, a última vez que lanço luzes sobre essa alma soturna e escura. Eis os trechos: "No último sábado, estava de cachecol e cashemere, céu azul sobre a cabeça, vinho à mesa, folhas de outono à volta, sentada num café na Recoleta vendo o tempo e os portenhos passarem. É, eu não tenho ódio dos argentinos. Mas por pouco não mudo de idéia na última hora." Ela não era uma sem-vinho? E vai beber logo na Recoleta, o mais caro e mais pernóstico bairro de Buenos Aires? Tsc.

Mais: "Pedinte por pedinte, prefiro os de Buenos Aires no inverno: usam gorro, luvas e casaco.". Mostra-se, de novo, preconceituosa, odiosamente preconceituosa. Tsc.

Segue ACR: "Compreendo nossa rixa com os portenhos num ponto: eles não são mesmo simpáticos.".

É incrível. Estive em Buenos Aires com a Dani, o Zé, a Gi e a Guerreira no ano passado.

Impressionou-nos a extrema simpatia dos argentinos, a receptividade, o sentimento da unidade da América Latina, ainda mais que lá estivemos logo depois da eleição do Lula, que eles enxergavam, como eu, como uma guinada em direção ao favorecimento das camadas mais pobres, e às vésperas da eleição na Argentina, quando o povo era claro ao manifestar seu desejo de mudança nos rumos de sua política econômica.

Como ACR odeia pobre, talvez isso explique a razão de sua impressão torta.

A antipática, para dizer o mínimo, é ela. Tsc.

Mais: "Todas essas profundas considerações, faço-as agora, sóbria. Porque lá, curtindo o friozinho e a companhia de minha irmã, a única preocupação era saber qual seria o vinho da próxima refeição.".

Como bebe a "sem-vinho"... Tsc.

Seguindo: "Por duas vezes, ficamos no quarto vendo “Celebridade”. Em boa companhia: vinho, queijos e frios.".

Programaço, o de ACR. Mil vezes tsc.

Bem, doces figuras, eu não resisti - e é a última vez, quero repetir - a mostrar a vocês quem é essa ACR, editora, a que ponto chegou o jornalismo (salco exceções que se contam numa mão, ainda existe?) brasileiro.

Ah, em determinado do artigo que intitulou "Ah, o amor", ACR diz que, apesar da antipatia dos portenhos, ela não temeu ser cuspida na cara por um deles por força de uma lei que proíbe o argentino de cuspir na rua.

Cuspo eu, daqui, então.

Até.

4.6.04

NOVO NOME

Doces figuras, ontem estiveram no Buteco do Edu o Fefê e a Brinco, para uma noite mineira.

Eu, Dani e os dois, passamos das 21h à 1h entre incontáveis garrafas de Original, costelinha de porco com couve, queijo com ervas, lingüicinhas de vários gêneros e bitolas, croquetes de carne preparados pela Brinco, e as fotos dessa efeméride serão postas aqui na segunda-feira.

Encantado, cada vez mais encantado com o estabelecimento de seu irmão mais velho, Fefê sugeriu que déssemos novo nome pra revista: BUTECO DO EDU.

Sugestão acatada, como vocês podem perceber.

O endereço fica mantido em respeito à minha suprema ignorância para transferir textos, arquivos e fotos. Mas a revista agora chama-se, mesmo, BUTECO DO EDU. Em homenagem ao Fefê.

Faço daqui, pra encerrar o expediente nessa sexta-feira, convocação para o jogo de domingo pelas eliminatórias, Brasil x Chile. Como no Estephanio´s, aos domingos, acontece a melhor roda de samba da cidade, com o grupo "O RODA", que vai das 18h às 22h, o palpite certeiro é comparecer e esticar pra assistir, de lá, ao jogão das 22h30min.

Até.

3.6.04

DEDECO NO BUTECO

Doces figuras, ontem o Buteco do Edu recebeu, com pompa e cirscunstância, o Dedeco, que passa assim a integrar a estreita lista dos laureados.

Nota fiscal da noite, iniciada às 19h, pela ordem do serviço:
- 03 garrafas casco escuro de Original
- uma porção de copa com limão
- uma porção de amendoim
- uma porção de azeitonas pretas temperadas no azeite com pimenta calabresa
- 01 garrafa de Bohemia de trigo
- 01 porção de canapés de carne crua com pimenta do reino, sal, cebola e salsinha
- 02 garrafas de Bohemia preta
- 01 Canapé do Léo, de novo, de longe, o destaque da noite.

Foi, devo lhes confessar, um sufoco convencer o Dedeco a deixar o buteco e rumar pro Estephanio´s para assistirmos ao jogo Brasil e Argentina.

O que acabamos fazendo, na agradabilíssima companhia de Fefê, Isaac, Flavinho, Zé Colméia, Mauro, Miguel Salgado, Vidal, Cachorro, e mais uma pá de gente que lotou a esquina do bar.

Cheguei ao bar com uma bomba lançada pelo Fernando de Castro: em depoimento à justiça italiana, Galvão Bueno, ouvido durante investigações sobre o acidente fatal que matou Ayrton Senna, confessou reiteradas vezes que pouco tinha a acrescentar ao deslinde da questão, embora fosse, e disse isso sempre de boca cheia, "o amigo mais íntimo e próximo do piloto".

Diante dessa afirmação e com dados sobre o quão desagradável é o locutor da TV Globo, peritos começam a trabalhar firmemente a hipótese de que, na verdade, Ayrton Senna cometeu suicídio.

Fecha o pano.

Até.

31.5.04

PIADAS REAIS AO VIVO

Doces figuras, na foto de autoria do Cachorro, o maior fotógrafo que conheço pessoalmente, eu em nova fase capilar e Dani (a foto estava publicada no antigo Buteco). Não é exatamente publicada atendendo ao pedido do leitor Fábio Machado que sugeriu a publicação de fotos das mulheres citadas aqui. Como na medida do possível pretendo resguardar a imagem dessas moças de quem não tenho autorização para isso, segue essa, minha com a mulher que me ensinou a sorrir e a quem persegui durante mais de dez anos, já que com ela não terei problema algum. Fica então registrado o sorriso-maracanã para ilustrar esse texto que irá contar algumas piadas que presenciei pessoalmente, todas com testemunhas.

É preciso dizer, antes, que Dani é coordenadora de um curso de inglês.

PIADA 01: Essa é conhecidíssima, mas vale a pena contar de novo. Fui a São Paulo com a Dani, no início de 2000, visitar a Bia, doce amiga que mora por lá. Telefonei para o bom Szegeri com a intenção de marcar um encontro para bebermos e para que pudéssemos, eu e Dani, conhecer Railídia, sua mulher. À época. Marcamos um ponto de encontro onde eles passariam de carro. Entramos no carro e eu parti para as apresentações. "Fernando, essa é Dani, Dani, esse é meu irmão Szegeri". Beijinhos trocados. Virei-me em direção à Railídia no banco do carona. Deu-me um branco e não lembrei-me de seu nome. Ficou no ar, assim: "Dani, e essa é a (...)". Ela, simpaticíssima como sempre, percebendo minha gafe, estende o rosto pra Dani e manda: "Rai-lídia", assim, bem pausadamente. E a Dani, de voleio: "Hi, Dani". Depois de 10 minutos rolando de rir dentro do carro, seguimos pra porranca.

PIADA 02: Ainda da Dani. Ela estava no Estephanio´s e dirigiu-se ao Toninho, o piloto da cozinha: "Toninho, querido, prepara um caldinho de feijão pra mim?". Bem, o Toninho fala mal o português, e mandou de volta: "A senhora quer com tudo? Torresmo, salsinha, alho?". E Dani: "Whatever". Ele entrou na cozinha e saiu de lá, logo depois, com o caldinho coberto por grossa camada de orégano.

PIADA 03: Encontro Dani no centro da cidade no fim da tarde de uma sexta-feira. Encostamos no balcão de um pé-sujo na Rua do Carmo e ela disse ao camarada do lado de dentro: "Moço, quero beber algo fortinho... não quero cerveja...". Ele manda de volta: "Capirinha, batida, capivodka...". E a bilíngue diz: "Kind of". A pérola: "Desculpe, senhora, só temos Smirnoff e Orloff.".

PIADA 04: Essa é da Lelê, minha queridíssima Letícia, morena-mulata de sorriso arrebatador, garantia de alegria quando está presente, mas que deu, nesse epsiódio, uma de loura em matéria de piadas no imaginário popular. Lelê me convocara para ajudar na organização de seu aniversário cujo tema seria "buteco". Ela queria de tudo um pouco: jiló, tremoços, caldinho de feijão, pernil assado, carne assada e afins do mesmo gênero. Fomos ao supermercado e durante as compras ela diz: "Ai, Edu, o que você acha de comprarmos ovos de codorna?". E eu: "Lelê, já tenho tanta coisa pra fazer, tanto trabalho pela frente, acho que não ´tô´ a fim de cozinhar dúzias e dúzias de ovos de codorna...". A inacreditável resposta mandada depois de segundos de espantoso silêncio: "A codorna não põe aqueles ovos já prontos?". Nem consegui responder.

PIADA 05: Última de hoje (vocês não têm noção da quantidade que tenho guardada para contar aos poucos), essa de sábado, no RioScenarium, na Lapa, durante o aniversário do Miguel Salgado. A atração da noite foi o excelente conjunto Pau da Braúna. Bebíamos animadamente durante o show, eu, Dani, Dalton, Alê, Lelê, Manguaça, Buba, Lu, uma pá de gente. Alê, copo de gim tônica numa das mãos, cigarro aceso na outra, vira-se pra mim apontando pro palco com o copo e lança: "Edu, qual deles é o Paulo Braúna?".

Fecha o pano.

Até.

29.5.04

E O BUTECO ABRIU DE NOVO (e recado para dois leitores)

Doces figuras, não havia previsão para abrir esta semana. Betinha, como contei em 24 de maio, foi a última a vir ao Buteco do Edu, na sexta-feira da semana passada. Ocorre que ontem, também sexta-feira, quando cheguei do trabalho, por volta das 20h, encontrei Dani, Pierre e Arthur sentados à mesa com uma Original à frente. Foi, na mesma medida, uma surpresa e um presente.

Primeiro porque são raríssimas as vezes em que chego em casa depois da Dani, que trabalha, é preciso dizer, muito mais que eu. E encontrá-la, com aquele sorriso-maracanã em minha direção, é quase fatal.

Arthur e Pierre trabalham com ela. O primeiro é um belo praça, caladão, na dele, mas quando pega do violão vira um pequeno monstro. Tirando os profissionais, eu nunca vi alguém, por exemplo, tocar Guinga com tamanha maestria. E tem uma namorada, a quem ainda não conheço, que, é ele quem conta, o transforma num aprendiz quando manda Guinga & Aldir, tocando a cantando. Ou seja, para brevíssimo estou tratando de convidá-los para uma noitada no buteco que promete.

O segundo, Pierre já é conhecidíssimo, depois que publiquei emocionado relato de meu afogamento, quando ele salvou-me a vida. O texto chama-se FERIADO DE PÁSCOA.

Mais que conhecido, é saudado pelos que me querem bem (são poucos, eu sei, mas são fiéis) como um verdadeiro herói, embora ele, muito modesta e humildemente, recuse o título alegando exagero de minha parte (Szegeri, querido, exijo seu comentário sobre o fato, você que nadava a naufragava a meu lado, a fim de que não restem dúvidas sobre o mérito do cara).

Impossível não lembrar do dia em que vovó, depois de ter lido o relato da quase-tragédia, conheceu Pierre pessoalmente, lá no Estephanio´s. Olhos marejados, as mãos trêmulas, tomou das mãos do malandro e as beijava agradecendo pela salvação de seu neto mais velho. Pierre, que estava ligeiramente alcoolizado, não respeitou a brancura dos cabelos de vovó e mandou na lata: "Mentira dele, eu não o salvei porra nenhuma". E dessa vez foi vovó que foi salva pela Dani, que tratou de consertar o estrago causado pelo simples "porra" solto assim tão de perto.

Também é um belo praça. Melhor: mais que um praça, o cara é uma cidadela. Dono de uma integridade visível pros que têm olhos de ver, é tomado de uma ira santa toda vez que presencia uma injustiça e isso é, convenhamos, você que me conhece, a minha cara. Mais uma bela aquisição que a vida me deu. E é teimoso como uma paca, outra característica eduardiana.

Ontem mesmo, pouco depois do Arthur ter partido, quando ficamos só os três derrubando Originais noite adentro, Pierre tornou a falar do assunto eximindo-se de qualquer mérito no episódio. Calibradíssimo, subi na cadeira e fiz comovente discurso exaltando as três pessoas pelas quais nutro gratidão eterna (pela ordem dos gestos): Mauro Rebelo, Mariana Blanc e ele próprio, Pierre.

Fui pouco gentil quando o fiz jurar nunca mais desconstruir minha versão dos fatos, mas acho que o convenci. Tanto que, salvo engano, o percebi também ligeiramente emocionado com a fúria, a voracidade e a veracidade de meu pronunciamento feito de improviso.

Um grande sujeito, sem sombra de dúvida (Szegeri, exijo seu comentário de novo: alguma vez você soube de uma bola-fora minha nessas avaliações pessoais? Obrigado, querido. É lindo vê-lo como colaborador espontâneo da OPINIÃO).

E já que falamos em buteco, mais precisamento no Buteco do Edu, tentei resistir mas não segurei a onda.

Quero responder a dois leitores que se manifestaram no espaço destinado à voz dos mesmos, dando palpites sobre MEU buteco. Vamos lá. O primeiro:

"Edu, não há chance nenhuma de um simples mortal ir ao buteco? Porque você não cria um sorteio para os que querem visitá-lo? Gostaria muito de poder conhecer pelo menos o canapé comentado, seria uma forma de premiar os fãs do gênero e seus leitores. Fica a sugestão. Roberto Romualdo - enviado em 25/5/2004 07:30:00"

Que bom, Roberto Romualdo, que a sugestão fica. Mas que fique com você já que dela não farei uso. Que fique bastante claro: não há nenhuma chance de você vir a meu buteco. Simples mortais, e eu sou um deles, estão sempre por aqui. Mas não creio que esse adjetivo se aplique a você, sinceramente. Se você quer conhecer "muito" o Canapé do Léo sugiro que você vá a São Paulo e, no Bar Léo, prove do mesmo. Não chega aos pés do que é servido aqui, mas vai dar pro gasto. Pra finalizar: não tenho a menor intenção de transformar essa revista numa espécie de programa de auditório para premiar quem quer que seja. Um grande abraço. Se você é mesmo fã do gênero e meu leitor, compreenda meu estilo e não fique magoado.

O segundo:

"Afinal de contas (e de uma vez por todas): o botequim é na sua casa, certo, Eduardo? Por que você não pensa seriamente na proposta do Roberto Romualdo? Seria uma forma de podermos trocar, você não acha? E você poderia conhecer mais de perto os leitores e leitoras de seu blog. Adriano Santos - enviado em 27/5/2004 15:12:00"

Adriano, você está certo e, ao contrário da grande maioria dos brasileiros, fato comprovado por inúmeras pesquisas, tem capacidade para interpretar textos. O buteco é na minha casa. Quanto a pensar seriamente na proposta do Roberto Romualdo, francamente, lendo minha resposta a ele você será capaz, usando desse seu talento, de entender que não pretendo minimamente pensar, que dirá seriamente, em sua (dele) proposta pífia. E não, eu não acho que trazê-los ao meu buteco seja uma forma de "podermos trocar". Trocar o quê, cara pálida? Não entendi e de verdade não quero entender, por favor, nem se dê ao trabalho de explicar. Pra finalizar, eu não tenho um blog, tenho uma revista. E os leitores a quem eu quero conhecer, obrigado pela sugestão, eu acabo conhecendo. Obrigado, querido.

Até.

27.5.04

DOIS MESES, UMA BELA MARCA

Doces figuras, é sem nenhum tempo para escrever e com muita satisfação que segue essa pequena nota apenas para marcar a passagem dos primeiros dois meses de vida da OPINIÃO, que foi ao "ar" em 24 de março de 2004. Mais de 3.000 visitas me parece um belo número. Obrigado a todos vocês, aos que espalharam e divulgaram o endereço. Amanhã, havendo tempo, escrevo mais e respondo a esses dois gênios que estão sugerindo visitas a meu buteco. Segure-me, Szegeri!

Até.

24.5.04

MAIS SOBRE O BUTECO E OUTRAS NOTAS

Doces figuras, o Buteco do Edu abriu na sexta-feira passada, com garbo, pra receber, mais uma vez, a Betinha.

Mesmo com conjuntivite, Betinha jogou bonito.

Eu, ela e Dani entramos em campo às 21h.

Cervejas Original abriram a partida, e amendoim, azeitonas calabresa e finíssimas fatias de presunto parma escoltaram as louras. Abrimos, logo depois, uma garrafa de espumante, servida com fatias de pão aquecidas no forno com queijo de cabra fresco, temperado com pimenta do reino e ervas. Os gemidos de prazer foram ouvidos na vizinhança e o interfone não parou, com gente querendo saber se poderia participar da orgia enogastronômica. Todos foram barrados. As oportunidades para conhecer o buteco, confesso, são raras, escassas e perdê-las pode ser fatal.

A Fumaça, por exemplo: estava escalada para a partida da sexta-feira passada, mas um imprevisto a impediu de comparecer. Perdeu, devo confessar publicamente, uma oportunidade ímpar de degustar o que há de melhor em matéria de serviço. E como os convites são raros, escassos, e atendem a um rodízio estabelecido pelo dono do buteco, sabe-se lá quando a moçoila irá voltar a ser escalada.

Voltando ao menu. Após as torradas com queijo de cabra e o espumante, o chef fez chegar à mesa um "risotto alla zaferano", um autêntico risoto de açafrão, devidamente escoltado por uma garrafa de vinho tinto nacional da melhor qualidade. Mais gemidos, e a partida estendeu-se até às 3h da manhã, quando Dani, depois de isolar o quarto de hóspedes para evitar a propagação da conjuntivite, acomodou a Betinha.

Buteco completo é isso. O cliente come, bebe, regala-se e ainda dorme no mesmo ambiente, sem se preocupar com táxi, direção e com a volta pra casa. Dito isso, faço questão de mensurar a proporção que vem tomando o buteco.

Ontem, no Estephanio´s, quando Celsinho apareceu depois de longa ausência, estavam Vidal, a Lenda, Flavinho, Dalton, Dedeco. Flavinho, com justificado orgulho, contava para os demais presentes, sem conseguir esconder a baba que lhe escorria do canto da boca enquanto discursava, baba de apetite aberto, imagino, as qualidades do buteco.

Os adjetivos empregados para o Canapé do Léo: inigualável, insuperável, aparência estética impecável, e outras verdades, devo confessar, que geravam na platéia insuspeitada inveja.

Celsinho pediu a palavra e de copo em riste gritou: "Corroboro tudo!". Uma mentira, já que o malandro ainda não esteve no buteco. Mas isso dá uma dimensão exata da cobiça pelo convite.

Dedeco e Marquinho são os próximos da lista. Pra fechar a nota do dia ainda sob o mesmo tema: um sujeito comparece com a mulher num buteco que freqüento. Senta-se à mesa e eu do balcão, bebendo com o dono, observo. Chama o garçom e pede duas doses de Fogosa, uma cachaça de Salinas, MG. Brinda com a mulher e dá o primeiro gole. Dirige-se ensandecido ao balcão com os dois copos e diz ao dono: "Francamente. Isso não é cachaça. Está aguada.". Senti o clima do otário.

O dono, muito solícito, entrega a ele a carta de cachaças da casa e pede ao freguês, literalmente, que escolha outra. Ele aponta pra Rochinha e pede duas doses, voltando cheio de pose pra mesa.

Tasca um beijo na mulher e o garçom lhe serve duas doses da mesma cachaça, a Fogosa. Eu, de cotovelo no balcão, acompanhando a performance do canastrão. Leva o copo ao nariz. Sorri pra mulher, que o imita. Dá o primeiro gole. Levanta, súbito, e volta ao dono do bar. Estende-lhe a mão e diz: "Agora sim, companheiro. Isso é uma verdadeira cachaça!".

Até.