4.2.05

REMINISCÊNCIAS DO CARNAVAL


Doces figuras, inspirado no mais recente texto do "Sodói", capitaneado por meu irmão Szegeri, eis que desafiei-me a puxar pela memória a fim de voltar às primeiras imagens do Carnaval carioca gravadas e guardadas em mim.

Eu era um menino, muito moleque, e sou capaz de ouvir a voz de mamãe a embalar-me antes de dormir...

"Vem cá, Brasil
deixa eu ler a sua mão, menino,
que grande destino reservaram pra você,
fala Martim Cererê,
lá lá lá lá láuê,
fala Martim Cererê..."

"... seu nome corria chão,
na boca de toda gente...
Que grilo é esse?
Vou embarcar nessa onda,
é o Império Serrano que canta,
dando uma de Carmen Miranda..."

"Tengo, tengo, Santo Antônio e Chalé,
minha gente,
é muito samba no pé!"

Tenho ainda registradas as imagens de mamãe diante da TV, olhos marejados, as mãos apertando as minhas, vendo o Salgueiro desfilar na avenida colorida, muito mais colorida para os olhos de um menino. A sala da casa lotada de amigos, muitas almofadas no chão, muita cerveja nas mãos dos adultos, e a paradinha do Mestre André era comentadíssima, e a voz do Jamelão elogiadíssima, e o desfile varava a noite e eu teimava em não dormir, ansiando pelo chamado de papai.

É que sempre papai nos levava, a mim e ao Fefê, para a Avenida Presidente Vargas, para que tirássemos fotografias nos carros alegóricos do Bafo da Onça e do Cacique de Ramos. Era o ápice de nosso Carnaval, que incluía ainda os bailes nos salões do América, nós dois vetidos de índios, esparadrapos no rosto, cocar de penas brancas, tanga, descalços.

Estava injetado em mim, definitivamente, o vírus da alegria carnavalesca.

E um amor, uma devoção entre o susto e o respeito, o conforto e o deboche, a segurança e a identidade, com os índios.

Bom carnaval a todos.

Até.

Posted by Hello

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