23.2.05

VOLTA REDONDA


20 de fevereiro de 2005 entrou, definitivamente, para a história da cidade de Volta Redonda.

Como o 09 de Novembro de 1988, quando três operários foram covardemente assassinados pelo Exército Brasileiro, comandado pelo General José Luiz Lopes da Silva, um boçal truculento que terminou por ser premiado pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso que o nomeou Ministro do Superior Tribunal Militar. O Exército Brasileiro, autorizado pelo Juiz Moises Cohen, outro covarde, invadiu a Usina Siderúrgica de Volta Redonda, a até então estatal CSN, para reprimir uma greve legítima que pleiteava direitos que por fim foram integralmente atendidos no final de novembro, quando a greve corajosa terminou. Vale lembrar que o Exército Brasileiro atendida ordens do Presidente José Sarney e contou com o reforço do Batalhão do Rio de Janeiro, então governado por outro escroque, Moreira Franco.

Pausa.

As duas datas marcam a cidade, sem dúvida. Uma cidade operária, com um bravo histórico de lutas, uma cidade com o povo sempre à esquerda da esquerda, corajoso, que viu, quando da privatização vergonhosa da CSN, levada a cabo por Itamar Franco, ruirem anos e anos de conquistas sociais.

Demissões em massa, perto da casa dos 20.000 funcionários.

Fornecedores locais, de Barra Mansa, de Resende, faliram.

Benjamim Steinbruch, o novo "dono" da CSN, comprada com dinheiro do BNDES que jamais foi pago, até aquele momento maior acionista do Grupo Vicunha, à beira da falência, tornou-se dono de Volta Redonda.

Não é piada: graças às benesses de uma privatização vergonhosa, o Sr. Benjamim, muitíssimo bem assessorado por advogados à frente de bancas biliardárias que mancham a honra do advogado, tornou-se proprietário, dono, xerife, de toda uma cidade.

Levantamentos feitos ao longo dos anos que se seguiram à venda da CSN, um dos orgulhos de Getúlio Vargas, demonstraram que junto com a entrega do patrimônio da CSN, a Usina Siderúrgica Nacional, Benjamim detém mais de 20 quilômetros quadrados da cidade de Volta Redonda, terreno suficiente para a construção de mais CINCO siderúrgicas do mesmo porte da gigantesca CSN.

Ruas inteiras da cidade (mais de 150), postos de gasolina, clubes que agitam a vida social da cidade (Umuarama, Aero Clube Náutico, Clube do Laranjal e Fotofilatélico), fazendas, casas e mais casas, é tudo do Sr. Benjamim Steinbruch, que tornou-se dono de tudo depois de uma patética batida de martelo num desses leilões imundos que entregaram o patrimônio nacional em troca de moeda podre.

Eu não tenho muita paciência para discutir esse tema, privatização, com mais ninguém. Tomo como verdade a lição que aprendi lendo "O Brasil Privatizado", do saudoso e igualmente corajoso, como o bravo povo de Volta Redonda, Aloysio Biondi.

O "desmonte do Estado", promovido pelo maior filho da puta que já esteve à frente do Governo Brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, entregou de bandeja, cumprindo ordens espúrias jamais bem explicadas ao povo brasileiro, litros de sangue e suor que ajudaram a construir o patrimônio público brasileiro.

O silêncio vergonhoso que sempre pautou o assunto na chamada grande imprensa - que de grande não tem nada - obteve êxito ao fazer grande parcela da população entender como um benefício as privatizações que acabaram com a "mamata do estatismo".

Telebras, CSN, Light, Vale do Rio Doce, Banerj, Embraer, Rede Ferroviária, todas entregues.

Como bem disse Biondi em seu livro, a questão não é ser contra ou a favor das privatizações. O centro de tudo é entender como foram feitas as privatizações dessas empresas no Brasil.

No livro, estão expostos, em carne rasgada à mostra, os processos todos viciados e com cartas marcadas, moedas podres, juros larga e sacanamente subsidiados, impressionantes preços mínimos, contas mentirosas, dívidas - vejam o absurdo! - assumidas pelo governo, tarifas recalculadas antes das vendas e uma impressionante avalanche de suspeitas contra o modelo brasileiro de privatização.

Pausa.

Mas estou a falar de Volta Redonda.

Atentem para o teor da nota oficial divulgada pela CSN:

“A empresa respeita a manifestação das pessoas envolvidas, mas não pode deixar de zelar pelo seu patrimônio. Esses imóveis estão sendo usados a título gratuito e é de competência da empresa prestar contas a acionistas. A legislação vigente está sendo rigorosamente respeitada”.

É de dar nojo, engulho, ódio.

A legislação, que esses porcos branem ao vento para justificar sua sanha capitalista sem limites, é a mesma que foi estuprada, violada, violentada, desrespeitada e ignorada quando do início do processo de privatização da CSN.

O Sr. Benjamim Steinbruch, como bem diz a nota, está preocupado em "prestar contas a acionistas".

Que se fodam os acionistas, sinceramente.

Desse cidadão, hoje dono da cidade, nada se pode esperar.

Mas antes, o Governo Federal, que fez disso uma das bandeiras de campanha, tem de prestar contas ao povo brasileiro e, neste caso, em particular, ao povo de Volta Redonda.

Espero, francamente, que com a mesma gana que o povo voltaredondense saiu às ruas para festejar o título da Taça Guanabara conquistado em 20 de fevereiro de 2005, com a mesma raça que encheu mais de 150 ônibus em direção ao Maracanã, esse povo combata de forma virulenta, consciente e organizada, esse assalto que os "donos" da CSN e seus acionistas querem perpetrar na cidade.

As notificações, assinadas por um portentoso escritório de advocacia de São Paulo, já começaram a chegar, concedendo prazo de 90 (noventa) dias para desocupação dos terrenos, dos clubes, das casas, dos postos de gasolina.

As notificações, certamente, balizarão ações envolvendo a posse de tudo isso.

Que não haja um Juiz covarde como o que legitimou o massacre dos trabalhadores em 1988.

E que o povo honre o apelido da cidade, Cidade do Aço, e massacre, agora sim, quem merece uma resposta e um enfrentamento à altura.

Até.

Posted by Hello

5 comentários:

Anônimo disse...

Grande texto! Não seria demais pleitear que o governo Lula honrasse minimamente os auspícios da esquerda que ajudou-o a subir ao poder, e passasse a rever de maneira decente os contratos de privatização. Essa história de subsídios maternais com o dinheiro público, em benefício privado, começou com os incentivos à indústria automobilística, na década de 50, passsou pelos mega-projetos amazônicos da década de 70, até desaguar nessa vergonha imunda perpetrada por Ali-FHC e o sem número de ladrões. Que continuam por aí, aliás, e querendo voltar a todo custo. Os severinos da vida saberão ajudar - e cobrar -na hora certa. Que nojo.
Viva a (re)Volta! Vamos resistir. Em armas, se preciso.

Anônimo disse...

Obrigada meu amor!!!

Anônimo disse...

A história é tão absurda que parece mentira. Realmente vergonhoso.
Betinha

Anônimo disse...

Só um detalhe: não foi o FHC quem comandou a privatização da CSN. Foi o Itamar Franco.
E mais: a questão das terras tem mais causas ocultas do que parece. O Steinbruch é um daqueles judeus que nos causa ódio a Hitler, por não ter feito o serviço direito.

Anônimo disse...

Olha, só é mais nefasto e asqueroso do que a maracutaia de Volta Redonda o comentário racista imundo desse covarde anencéfalo acima transcrito. Sinceramente, há que se perquirir se o provedor não tem formas de identificar o IP desses pústulas que comodamente escondem-se no anonimato da rede, para que se possa tomar providências adequadas. Identifique-se, escroto, se tiver um pingo de vergonha na cara.