16.5.05

O MAXILAR DA BANANA

Contei-lhes há uns dias sobre a hérnia do Szegeri. E hoje quero lhes contar sobre o maxilar da Banana.

A Banana, para que eu possa refrescar a memória dos que já a conhecem e para que eu possa apresentá-la aos que dela nunca ouviram falar, é, das amigas que a Dani me apresentou, a minha preferida. Somos antagônica e radicalmente diferentes, mas a Banana é divertidíssima, e encontrá-la é sempre uma oportunidade para desopilar o fígado. Eu sou o catavento, a Banana é o girassol, e aí está uma definição perfeita.

A Banana tem um pequeno probleminha, e soube disso há dias, pela Dani. É que bati o celular pra ela na sexta-feira. E ela atendeu: "Hã?!... Hã!... Hã...".

Eu esperando o "alô" tradicional e um "hã" soturno invadia meu ouvido. Não passamos disso. Eu perguntei se estava tudo bem, se ela podia falar, e nada, só um "hã" intercalado por ofegantes respirações. Tomei-me de pânico. Bati o telefone pra Dani, que preocupou-se, como era de se esperar.

E ao chegar em casa, à noite, Dani me passa o relato enquanto rolava no chão de rir.

Eu interrompera uma reunião da Banana, alta executiva de uma multinacional. Banana, seu diretor, o vice-presidente da empresa e mais ninguém. Banana expondo o planejamento para o segundo semestre desse ano, táticas agressivas, planos de ações, quando seu maxilar, que há anos mantinha-se no lugar, despenca.

Imaginem a cena! Imaginem a cena!

Banana, enquanto esperava uma resposta de seu diretor, com os cotovelos apoiados na mesa de mármore, atendeu-me. E não conseguia passar do "hã" que me afligia.

Fez sinal com a mão que ia ao toalete - eis outra diferença fundamental entre nós, Banana nunca vai ao banheiro - e diante do espelho, com seu salto agulha, passou a quicar num pé só a fim de encaixar o maxilar. Assombrados, o diretor e o vice-presidente tentavam adivinhar a razão daquele som de bate-estacas dentro do banheiro, ritmado, ininterrupto, até que, num golpe, volta-lhe o queixo ao lugar devido. E volta a Banana à mesa de reunião.

E não falou-se no assunto.

E Dani contou-me mais: quando conheceu seu parceiro, cujo nome omitirei por razões éticas, é outro que ocupa altíssimo cargo n´outra multinacional, Banana bebeu demais e partiram, ambos, para um motel de primeira em São Conrado. Diante da performance espetacular do cara, Banana disse, tacinha de champagne na mão, que aquele furor todo a deixara de queixo caído.

O cara, gaúcho, sem compreender a expressão - de queixo caído - disse um "é mesmo, guria?", e Banana emendou, "quer ver?". Ao dizer que sim, nuzão, fumando um recostado no travesseiro, Banana vai ao toalete e quica furiosamente, dessa vez pra despencar o maxilar.

E volta ao quarto, à meia-luz, com o queixinho, ó, dependurado, na altura dos bicos dos seios.

Cravou-se, ali, a paixão fulminante. Moram juntos hoje, no Leblon - onde mais poderia morar a Banana? - e ele vira-e-mexe diz, orgulhoso... "olha... ela me ama praca... queixo caído por mim."

Até.

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