Esteve ontem, no Estephanio´s, o Diabo, um amigo do Fefê dos tempos de EPCAR, em Barbacena, onde ambos estudavam. Fui um susto só quando o vi.
Por duas singelas razões.
A primeira: não o via há anos, muitos anos, provavelmente há uns 15 anos.
A segunda: o Diabo é feio pra burro. E o susto por sua feiúra superou, em muito, o susto pelo reencontro.
Vou tentar discorrer sobre sua feiúra contando um episódio real ocorrido ontem mesmo.
Apresentei o Diabo à Maria Paula. E notem o diálogo elucidativo.
- Maria Paula, deixa eu te apresentar a um amigo... Diabo, Maria Paula, Maria Paula, Diabo.
A Maria Paula gargalhando horrores.
O Diabo, acostumado às mais bizarras reações de seus convivas, abaixou a cabeça e esperou pelo que vinha.
- Querido... - disse a Maria Paula entre soluços - O Halloween foi semana passada!
Tive de explicar a ela que ele não estava de máscara.
- Arrã. Acredito. - disse a Maria Paula pondo a mão no rosto do Diabo tentando arrancar a máscara de borracha.
- Pô! Tá machucando! - foi o que disse o pobre Diabo (expressão que encaixa-se com perfeição ao feio em questão).
E chegou a Guerreira.
E a Maria Paula:
- Guerreira, vem cá!
E foi a Guerreira, aos galopes.
- Guerreira, esse é o Diabo. Diabo, Guerreira.
A Guerreira abriu a bolsa - estava bêbada, de cambalear - e estendeu um dente de alho que guarda, disse ela, para combater o mau olhado. E sorriu a Guerreira.
Ela sorriu. O Diabo chorava.
Fui ao balcão com o Diabo. E disse ao Magrão:
- Dois chopes, Magrão. Na pressão.
Veio o Magrão com os dois chopes na mão. Diante de nós, olhou-nos pela primeira vez. E deixou cair os dois chopes. Com aquele sotaque do nordeste que lhe é peculiar, gritou:
- Cruz credo! Vade retro cramulhão!
A Beth, gerente, virou-se pra ver o que acontecia.
E desmaiou.
Fefê se aproximou. Cochichou alguma coisa no ouvido do Diabo que fez que "sim" com a cabeça.
Sai o Fefê e volta em poucos minutos. Vem da dispensa com um troço na mão que a princípio não reconheci.
E enterra na cabeça do pobre Diabo um saco, daqueles vermelhos, de batata.
- Tá melhor assim. Pode ficar, então.
Ficamos ali, os três de papo, o Diabo com uma certa dificuldade para beber com aquela coisa enfiada no rosto. E eu fico assistindo o papo dos dois, discorrendo sobre os tempos da EPCAR. E eis o melhor momento, que divido com vocês.
O Diabo foi expulso da ECPAR no último semestre. Eis a razão.
Os alunos, todos, contou-me o Fefê, pulavam os muros da escola em busca de diversão na noite de Barbacena. E comiam gente que era uma beleza. As manicures, as floristas, as mocinhas do catecismo, uma festa. Menos o Diabo, coitado.
Era o Diabo apontar numa calçada e a multidão atravessava a rua vaiando o menino que, àquela altura, completava quatro anos de jejum.
Até que uma noite o Diabo teve um plano, vejam que coerência, diabólico.
Esperou a turma voltar da farra e fez um sinal, com a mão, pro Anselmo, um cadete quase tão feio quanto ele, famoso pelos porres que tomava numa birosca na pracinha da cidade. Sabia que o Anselmo, além de feio, era pobre de marré de si. Além de feio e pobre tinha um jeito assim, meio fresco. Era o que neguinho dizia: "O Anselmo bebe pra burro mas não come ninguém". "O Anselmo queima a rosca". "O Anselmo? Hummm... sei não!".
Fez a proposta.
Daria ao Anselmo, em dinheiro vivo, o correspondente a cinco meses de soldo em troca de um boquetinho.
O Anselmo, bêbado como um gambá, duro como um famélico, topou.
Fariam muito silêncio, combinaram.
Saíram do rancho e tomaram a direção da lavanderia. Diabo com uma lanterna pra iluminar o pau, foi o que ele disse.
Deu-se a coisa.
Diabo abaixou as calças.
E quando, nu, estendeu o troço pro Anselmo, viu o plano do silêncio ir pro cacete.
Anselmo ria e gania como um lobo. E gritava olimpicamente:
- Porra, camarada... além de feio como um diabo (nasceu ali o apelido) ainda tem o pau pequeno! Pau pequeno! Piruzinho!
Foram flagrados pela direção da Academia do Ar que reuniu-se no dia seguinte para o estudo das sanções cabíveis.
Anselmo, por seu histórico de órfão pobre fora perdoado, pegou 3 semanas de cadeia.
Diabo foi sumariamente expulso.
Disse o próprio Diabo, ontem rindo do lance, que o melhor foi a frase do Almirante Cochrane no portão da saída no dia de sua despedida:
- Não vou te mandar pro quinto dos infernos porque seria redundância! Vá pro Diabo que te carregue! - e gargalhou o Almirante antes de bater o portão.
Até.
Por duas singelas razões.
A primeira: não o via há anos, muitos anos, provavelmente há uns 15 anos.
A segunda: o Diabo é feio pra burro. E o susto por sua feiúra superou, em muito, o susto pelo reencontro.
Vou tentar discorrer sobre sua feiúra contando um episódio real ocorrido ontem mesmo.
Apresentei o Diabo à Maria Paula. E notem o diálogo elucidativo.
- Maria Paula, deixa eu te apresentar a um amigo... Diabo, Maria Paula, Maria Paula, Diabo.
A Maria Paula gargalhando horrores.
O Diabo, acostumado às mais bizarras reações de seus convivas, abaixou a cabeça e esperou pelo que vinha.
- Querido... - disse a Maria Paula entre soluços - O Halloween foi semana passada!
Tive de explicar a ela que ele não estava de máscara.
- Arrã. Acredito. - disse a Maria Paula pondo a mão no rosto do Diabo tentando arrancar a máscara de borracha.
- Pô! Tá machucando! - foi o que disse o pobre Diabo (expressão que encaixa-se com perfeição ao feio em questão).
E chegou a Guerreira.
E a Maria Paula:
- Guerreira, vem cá!
E foi a Guerreira, aos galopes.
- Guerreira, esse é o Diabo. Diabo, Guerreira.
A Guerreira abriu a bolsa - estava bêbada, de cambalear - e estendeu um dente de alho que guarda, disse ela, para combater o mau olhado. E sorriu a Guerreira.
Ela sorriu. O Diabo chorava.
Fui ao balcão com o Diabo. E disse ao Magrão:
- Dois chopes, Magrão. Na pressão.
Veio o Magrão com os dois chopes na mão. Diante de nós, olhou-nos pela primeira vez. E deixou cair os dois chopes. Com aquele sotaque do nordeste que lhe é peculiar, gritou:
- Cruz credo! Vade retro cramulhão!
A Beth, gerente, virou-se pra ver o que acontecia.
E desmaiou.
Fefê se aproximou. Cochichou alguma coisa no ouvido do Diabo que fez que "sim" com a cabeça.
Sai o Fefê e volta em poucos minutos. Vem da dispensa com um troço na mão que a princípio não reconheci.
E enterra na cabeça do pobre Diabo um saco, daqueles vermelhos, de batata.
- Tá melhor assim. Pode ficar, então.
Ficamos ali, os três de papo, o Diabo com uma certa dificuldade para beber com aquela coisa enfiada no rosto. E eu fico assistindo o papo dos dois, discorrendo sobre os tempos da EPCAR. E eis o melhor momento, que divido com vocês.
O Diabo foi expulso da ECPAR no último semestre. Eis a razão.
Os alunos, todos, contou-me o Fefê, pulavam os muros da escola em busca de diversão na noite de Barbacena. E comiam gente que era uma beleza. As manicures, as floristas, as mocinhas do catecismo, uma festa. Menos o Diabo, coitado.
Era o Diabo apontar numa calçada e a multidão atravessava a rua vaiando o menino que, àquela altura, completava quatro anos de jejum.
Até que uma noite o Diabo teve um plano, vejam que coerência, diabólico.
Esperou a turma voltar da farra e fez um sinal, com a mão, pro Anselmo, um cadete quase tão feio quanto ele, famoso pelos porres que tomava numa birosca na pracinha da cidade. Sabia que o Anselmo, além de feio, era pobre de marré de si. Além de feio e pobre tinha um jeito assim, meio fresco. Era o que neguinho dizia: "O Anselmo bebe pra burro mas não come ninguém". "O Anselmo queima a rosca". "O Anselmo? Hummm... sei não!".
Fez a proposta.
Daria ao Anselmo, em dinheiro vivo, o correspondente a cinco meses de soldo em troca de um boquetinho.
O Anselmo, bêbado como um gambá, duro como um famélico, topou.
Fariam muito silêncio, combinaram.
Saíram do rancho e tomaram a direção da lavanderia. Diabo com uma lanterna pra iluminar o pau, foi o que ele disse.
Deu-se a coisa.
Diabo abaixou as calças.
E quando, nu, estendeu o troço pro Anselmo, viu o plano do silêncio ir pro cacete.
Anselmo ria e gania como um lobo. E gritava olimpicamente:
- Porra, camarada... além de feio como um diabo (nasceu ali o apelido) ainda tem o pau pequeno! Pau pequeno! Piruzinho!
Foram flagrados pela direção da Academia do Ar que reuniu-se no dia seguinte para o estudo das sanções cabíveis.
Anselmo, por seu histórico de órfão pobre fora perdoado, pegou 3 semanas de cadeia.
Diabo foi sumariamente expulso.
Disse o próprio Diabo, ontem rindo do lance, que o melhor foi a frase do Almirante Cochrane no portão da saída no dia de sua despedida:
- Não vou te mandar pro quinto dos infernos porque seria redundância! Vá pro Diabo que te carregue! - e gargalhou o Almirante antes de bater o portão.
Até.
Um comentário:
Bota foto do Diabo!
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