7.2.06

E QUE VENHA A LENDINHA


"É preciso, antes de mais nada,
que você, Gláucia, me entenda.
O filho é de vocês, mas é ele que é a Lenda.
E como disse meu irmão paulista,
como sempre genial,
craque como um Pelé
(um artista):
filho de Lenda, Lendinha é!!!"


Na foto, tirada em Búzios, no dia do aniversário da Sorriso Maracanã, no ano passado, nos domínios da Fumaça (saudade sua, querida!), três pessoas bastante especiais. À esquerda ela, a razão dos meus sorrisos, Dani. À direita, Gláucia, que deu cores novas à vida do meu irmão que está no meio, bendito fruto entre as mulheres, Marcelo Alves Vidal, Vidalzinho, a Lenda!

Como eu sou (juntamente com outro irmão, o Szegeri) cada vez mais adepto do escancarar da alma, cada vez mais partidário da falta de pudor para dizer em alto e bom som o quanto amamos os que nos cercam, afinal a Morte está sempre por perto e sabe-se lá se pronta para o convite fatal, vou hoje, de público, de pé no banquinho imaginário, copo de chope com bastante pressão numa das mãos, falar sobre essa alegria estupenda que invadiu-me ontem quando o Vidal, como um Dom Pedro na sacada do Paço Imperial, disse depois de pedir silêncio: "Eu e Gláucia vamos ter um filho.".

Fiquei grávido também.

Amigo de mais de vinte anos, parceiro de copo, cúmplice, confidente, o Vidal é daqueles homens comoventes. Quietão, na dele, muitas vezes, eufórico noutras tantas, é dotado de um humor particular, tímido que só, e eu digo, sem medo de errar, que pouca gente sabe tanto do que lhe vai na alma quanto eu. O vi chorar poucas vezes (ao contrário dele, coitado, que já me viu chorar oceanos) e sei, sempre, quando o malandro se segura pra manter secos aqueles olhões verdes que ontem, durante o anúncio, marejaram de leve.

Pequena pausa, que eu acabei de me lembrar de curioso episódio. Eu estava há poucos dias com a Dani. E disse a ela, numa madrugada:

- Quero que você conheça o Vidal. Agora. Vamos até a casa dele.

- Agora? - disse a Dani apontando o relógio, quase uma da manhã.

- Agora! - e bati o telefone pra ele.

E lá fomos nós, e Vidalzinho de pijama, cerveja já servida, potinhos de amendoim na área, nos esperando na sala. Era o Vidal cioso da minha alegria depois de um período de dor, quando vacas tentaram, sem êxito, destruir meu pasto. Recebeu a Dani com um abraço tão bonito que eu terei de nascer e renascer quinhentas vezes para lhe retribuir esse específico gesto (talvez somente agora ele saiba o que representou, pra mim, aquela cerveja naquela noite de setembro de 1999).

Mas eu tentei.

Foi o Vidal encontrar a Gláucia e eu fui, sempre (ou tentei ser, estamos sempre sujeitos ao equívoco), um homem determinado a ser doce, gentil, generoso, nos gestos e nas palavras, com ela, uma mulher que mudou, de guinada, a vida do malandro. Notem bem que não faço qualquer juízo de valor pelo que passou. Mas pelo que se passou na vida do meu mano depois da Gláucia.

Ontem, quando os dois, carinhas de bocó, anunciaram a chegada da Lendinha, engoli em seco (mentira, engoli litros de puro malte naquele átimo de segundo) e não fui capaz, por pura inabilidade, de lhes dizer de minha alegria, de meu orgulho, de minha intensa felicidade. Tentei, mas acho que em vão, dizer-lhes isso chamando Valmir e Heloísa para o brinde coletivo. Tentei dizer-lhes isso quando bati o telefone, eufórico, pro Szegeri. E fui patético quando os constrangi com a frase bisonha, "o padrinho sou eu e pronto!".

Esqueçam, esqueçam isso.

Já sou, desde já, o mais apaixonado dos tios da criança que vem por aí.

Isso me basta.

Com todo o meu amor, meus queridos Vidal e Gláucia, a mais forte torcida por nove meses serenos, tranqüilos, e que a Lendinha venha com saúde, com muita saúde. Vai ser bonito demais poder dizer "eu vi nascer essa Lenda"!!!!!

Eu disse "com todo o meu amor", daí a Dani, na foto, com vocês.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que vocês continuem a ser esse casal maravilhoso, agora muito mais felizes com o filhote.
Valeu Vidalito!!!