17.2.06

PAJELANÇA


"Coração independente,
coração que eu não comando...
Vives perdido entre a gente
teimosamente sangrando,
coração independente..."


(Amália Rodrigues - Alfredo Duarte)


Na foto, tirada por mim, Mauro, Inês e Dani, minha Sorriso Maracanã, no Bar do Mineiro, em Santa Teresa, 03 de dezembro de 2005. Eu disse 03 de dezembro e preciso lhes contar que no dia 02 de dezembro estivemos os quatro no Trapiche Gamboa até bem depois da meia-noite, quando aportamos no Capela, na Mem de Sá, na Lapa. Estávamos, Mauro, eu e Dani, empenhados em mostrar à Inês, portuguesa de quatro costados morando atualmente em Boston, o Rio de Janeiro e seus encantos (mesmo quando chove).

E por que Pajelança como título?, sou capaz de ouvir daqui as perguntas. E vou explicar.

Há semanas que o Buteco anda carregadíssimo. Emoções em demasia, à flor da pele, um tanto de tristeza que vem dessa beleza das descobertas que os encontros e os desencontros proporcionam, e eu achei que seria bom fechar a semana com uma certa dose de humor. Assim o farei, portanto (vocês não perdem por esperar...).

Vamos à pajelança, eis que tenho uma certa intimidade com os índios. Vamos evocar coisas boas, pôr a maré pra cima, varrer a angústia que me assolava (ainda assola, penso, mas hoje quero espantá-la) e rir. Porque vocês hão de rir com o que virá (vocês não perdem por esperar, quero repetir).

Como eu disse fomos ao Trapiche Gamboa na noite de sexta-feira. E Mauro apresentou Inês a mim e a Dani. E a Inês foi de uma doçura imensa, tremenda, e nunca é demais repetir que, como eu tenho feito, fez questão de expor a todos seu bem-querer, vejam aqui (cliquem sem medo no link, abrirá noutra janela, tenho aprendido truques para lidar com blogs). Vai daí que ficamos no Trapiche até bem tarde. E bebemos consideravelmente. E a fome nos disse "olá!" a certa altura. Eu e Mauro, com sede de mostrar o Rio à moça dissemos em côro:

- Cabrito no Capela!

E lá fomos nós.

Daí vejam vocês do que é (e do que foi) capaz um tijucano olímpico como eu.

Constrangendo nitidamente a pobrezinha da Inês, exigi que ela fizesse um filminho:

- Quero cantar para homenageá-la! - disse com um copo de chope na pressão na mão.

Notei, segundos após o meu pedido, um olhar da Inês em direção ao Mauro e à Dani pedindo aprovação. Ambos, amplos conhecedores de meus hábitos, disseram que sim com a cabeça como quem diz "não o contrarie, faça o filme". E Inês fez.

E vejam, meus amigos, o que se deu.

Notem bem, ao ver o vídeo, eis a surpresa (como anda muderno o Buteco!), algumas coisas bastante patéticas.

Para homenagear a Inês não escolhi um samba, o que seria óbvio já que estávamos na Lapa, no coração do Rio de Janeiro. Escolhi um fado tristíssimo, e que diz muito do que me vai na alma nesses tempos superlativos.

Notem como soa ridículo o sotaque que imito! E minha grossura olímpica, lá pela altura dos 25 segundos de filme, quando a Inês apenas solfeja me acompanhando e eu, mão à frente, digo "Vira a câmera! Você tá cantando!" (mamãe não perdoará essa escassez de educação...).

Notem o talento (pigarros) do Mauro batucando (eu disse b-a-t-u-c-a-n-d-o) sem nenhum ritmo no acompanhamento mais bisonho para um fado.

E notem, mais, o diálogo patético no finalzinho...

Digo eu, orgulhoso (de quê?):

- É isso?

E ela:

- É! Lindo! Super aprovado! - num carregado sotaque lusitaníssimo.

E eu, bem cavalo, sem nenhuma classe, devolvo:

- Super o quê?!

Notem que o filme acaba ali, num corte feito pelo susto com a minha, digamos, tijucanice.



Até.

13 comentários:

∫nês disse...

Aiiiiiiii!
Liiindo DEMAIS!!!
Super aprovado, sempre, sempre, sempre!

Aiiiiii, que saudaaaaaade!
Rio! Vocês todos! eEssa foto linda (com a Sorriso Maracanã, só podia 'né?)!!

Possa, fiquei mesmo emocionada. Nada me teria alegrado mais nesta noitada no laboratório.
Aiiiiii... só me apetece dizer Ai (que é o que digo quando o que sinto se sobrepõe 'as palavras).

Acho que foi por vontade de Deus que nasci apaixonada pela Cidade Maravilhosa mas, uma visita polvilhada com todo o vosso bem querer ajudou, tornou essa convicção ainda mais forte.

Obrigada Edu.

Um beijo transtlântico para ti e para a Dani!

Anônimo disse...

Até que não desafinou :-)

Mas prefiro você escrevendo.

Anônimo disse...

Caro Edu, vamos combinar que para cantor, você é um ótimo escritor!

rsrsrsr

Denise

Anônimo disse...

Denise eu discordo de você! O Edu estava meio alto como ele mesmo disse. Desafinar ele não desafinou rs rs rs rs rs Mas riu demais para uma canção tão melancólica.

Anônimo disse...

Edu essa vai em homenagem aquele seu amigo não lembro o nome dele agora, o que me chama de locutor de futebol.

SEN-SA-CIO-NAL a novidade!! Põe sempre um video novo aqui que dá mais graça ainda ao buteco.

Anônimo disse...

Fala, Edu! Tudo bem, meu caro?

Depois de algumas semanas, acessei novamente seu blog - andei lendo outras coisas na internet. Uma delas foi o conteúdo do site da Câmara e do Senado em período de convocação extraordinária. A improdutividade é desanimadora. Tratava-se de uma pesquisa aqui do trabalho.

Voltando ao seu blog, fui verificar esta pérola da modernidade informada abaixo. Uma beleza! O fato é que nessa época, essas carioquices (constatantemente expostas em seu blog) me chamam muito a atenção. É o carnaval começando a tomar conta de mim. Bares e restaurantes como Mineiro, Capela, Costa etc. fazem parte da agenda carnavalesca, assim como os blocos.

Enfim, sexta-feira que vem desembarcamos aí (eu e a Ju) para os festejos do Momo. Espero encontrá-lo já no dia seguinte, no Bola Preta.

Abraços, Augusto

juliana amaral disse...

caríssimo,
eu, como profissional da voz, posso dizer sobre minhas tamancas: já achava seu timbre de uma beleza retórica, inflexão dada aos discursos; e agora, cantando fado (apesar do acompanhamento in-de-ci-frá-vel), é realmente espetacular. E nesses tempos superlativos (vou ficando lisonjeada pela incorporação), nada mais apropriado: "se não sabes pra onde vais, por que não páras de correr". Que bom que vamos nos ver logo logo. Beijos e té já, ju.

Anônimo disse...

A-D-O-R-E-I!
Revelando mais um de seus talentos.
Beijo!

Anônimo disse...

A la Danuza, "sen-sa-ci-o-nal"! rs

Anônimo disse...

Além do magistral desempenho do gajo, algo que me chamou a atenção foi a incrível semelhança, neste vídeo, entre vossos cupinchas Mauro e Augusto. Parabéns pela incorporação de novas tecnologias.

Anônimo disse...

Edu,
depois de ler seu, ou melhor, agora meu livro... afinal comprei e paguei! sempre visito o buteco, h0oje ri muito vendo seu espetáculo. Cara realmente vc é péssimo cantando, fechou a semana muito bem! valeu pelas garagalhads.. inté

Anônimo disse...

Edu,

bom mesmo é o espanto do cara da mesa do fundo, e o acompanhamento do Mauro. Hehehe!!!

Anônimo disse...

oi. Andei pesquisando blogues que falassem de Candomblé e encontrei o seu. Sou da Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira, espero a sua visita.