3.2.06

RABADA, PASSO A PASSO



"Mamãe, você vai gostar
tô levando uns amigos pra conversar...
Eles vão com uma fome que nem me contem
Eles vão com uma sede de anteontem..."

(Chico Buarque - adaptado para domingo)


Fui ontem ao centro da cidade comprar uma panela de primeiríssima e um pote grande, desses de plástico, para preparar a vinha d´alhos para a rabada que acontece domingo na casa de Isaac e Mariazinha, meus pais, que prontamente aceitaram ceder a casa para palco do furdunço que vai fazer tremer o Alto da Boa Vista (Buba cancelou o almoço, que seria em sua casa). Dona Aída atendeu-me com seu sotaque lusitano e uma simpatia comovente, e pensei na hora: bom sinal!

Vão acompanhando aí o preparo do prato (o almoço é domingo e começou a ser feito ontem à noite). Nessa primeira foto, os quatro quilos de rabada já nadando nas quatro garrafas de vinho tinto, um litro e meio de água, cebolas cortadas em quatro e muitas folhas de louro.


Daí entraram dez dentes de alho, inteiros, um maço de salsinha e um maço de cebolinha.

O aroma da cozinha estava inebriante e Dani é testemunha da minha excitação diante do quadro verde, das cebolas já pegando a cor, eu já bicando um uísque me preparando fisicamente pra domingo (o papai, coitado, ficou de oferecer o malte à gentalha e vai se arrepender).

Escolhi com paciência grãos de pimenta do reino preta e os lancei na alucinante paisagem.

Ah, sim! Vamos aos eleitos (escolhidos pela notória adoração ao prato): além de mim, da Dani, de papai e mamãe, obviamente, desfrutarão da rabada o Fefê e a Brinco, o Vidal e a Gláucia, a Manguaça e a Sônia, o Dalton, a Maria Paula e o Zé Colméia.

E eis aí a maravilha a segundos de entrar na geladeira, onde descansará até a tarde de sábado, sendo mexida três vez por dia pra remexer os ingredientes e tornar mais agressiva a absorção dos temperos. A vinha d´alhos passará, então, por uma peneira, o caldo vai ser reservado para o preparo da polenta, a rabada terá de ficar sequinha para entrar na tal panela de ferro fundido que comprei e na segunda-feira lhes conto tudo, timtim por timtim.

Para os aficcionados na arte de cozinhar (e eu cada vez mais gostando de cozinhar pra batalhões de pessoas, daí o investimento de hoje), vale a visita à lojinha onde trabalha Dona Aída, na Rua Buenos Aires, quase na esquina da Rua Uruguaina.

Até.

8 comentários:

Anônimo disse...

Ai que delícia... Mal posso esperar... Beijos!

Anônimo disse...

E quando que os seus leitores fiéis vão merecer um convite pra provar dessas delícias?

Szegeri disse...

Quando??? 32 de fevereiro à tardinha...

Anônimo disse...

Meus caros Cesar e Szegeri , gostaria de informa-los que amigos de meus filhos , são meus amigos e por essa razão......para um bom entendedor , uma palavra basta....falei e disse......

Eduardo Goldenberg disse...

Sim, meu pai, mas o Cesar Nascimento não é meu amigo. Quando muito, é um comentador contumaz no Buteco. Não é o Cesinha Imperador, já chequei (sinceramente, Cesar Nascimento, não tenho a menor intenção de convidá-lo para comer nada do que preparo, ao menos por enquanto, já que eu não jogo pra platéia).

No mais, o Szegeri tem completa imunidade e autoridade para se dirigir a qualquer um de qualquer maneira no Buteco. Ainda que discordemos, vez por outra, com o peso da agressividade imposta.

E só mais um adendo. O Szegeri é meu irmão, mais que amigo meu. Logo, seu filhó é.

Anônimo disse...

Um segundo caso Vanessa? Esse blog está dando de dez a zero em muita ficção que ando lendo hahahaha

Anônimo disse...

poxa, Edu, o Cesar só está sendo gentil contigo o tempo inteiro... vai lhe negar uma rabada, hein?

Anônimo disse...

O César Nascimento queria uma rabada e levou uma "patada". Mas pode ser melhor uma pata do que um rabo, como é melhor uma "empatada" do que uma "enrabada", assuntos de alta indagação filosófica sob os quais não pretendo discorrer.