25.4.06

25 DE ABRIL

E há 32 anos, a Revolução dos Cravos, em Portugal. E lembrando da data, lanço uma curiosidade que não sei se é do conhecimento de todos. Trasnscrevo, primeiro, a letra original de Chico Buarque, para a canção "Tanto Mar", alusiva à data, vetada pela bruta e burra censura brasileira.

Nem sequer posso desconfiar a razão do veto.

Importa é que a segunda versão, gravada no Brasil, é muito mais significativa. E os imbecis a liberaram. Vá entender.

Em 25 de abril de 1974, há 32 anos, acontecia, em Portugal, a Revolução dos Cravos

Tanto Mar
(Chico Buarque)

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim


* Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

E eis a segunda versão, de 1978.

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim


Até.

3 comentários:

Szegeri disse...

A primeira letra era de um Chico animado e esperançoso, louvando a festa da Revolução. A segunda, três anos após, já revela a decepção com os caminhos tomados por ela. Talvez a censura não fosse sempre assim tão burra...

Eduardo Goldenberg disse...

SZEGERI, meu Otto, gênio indispensável... Discordo de você. Aliás, ouso fazê-lo, já que só mesmo um insano para desautorizar sua voz carregada de sabedoria.

A segunda letra, na minha visão, talvez seja eu o burro, justamente por apontar esse desvio de caminhos e pregar o desejo de prosseguir na mesma intenção, é ainda mais explícita.

Anônimo disse...

viva ao 25 de abril