13.4.06

FERNANDO JOSÉ SZEGERI, O MITO

"Szé, O Impronunciável, também conhecido pela alcunha de Zé do Guéri Guéri (apud Nei Lopes) é uma criatura capaz de chegar num botequim às oito, beber todo o estoque de tudo que não o morda antes e ainda emitir opiniões inteligentes de madrugada, a caminho da rodoviária (e olhem que esta é apenas uma das histórias que testemunhei). Sabe-se lá para que em que mundos, em que estrelas se escondem os litros consumidos. Nascido por mero acaso em São Paulo, é mais carioca que 99,999999% da população do balneário. No café da manhã, bebe três doses de pandeiro, misturadas a quatro piadas de português e arrematadas com seis comentários sobre a bunda da mulher que acabou de passar. Existência saudável, esta do Szé."

(Fernando Toledo)

Eduardo Goldenberg e Fernando Szegeri


Vejam vocês que hoje, segundo as contas feitas pelo buscador do próprio blogspot (e que segundo as minhas contas, de memória, estão subfaturadas), falarei do meu irmão Szegeri pela octagésima oitava vez. Mas ele merece, obviamente. Não merecesse e não teria gasto com ele o abraço flagrado pelas lentes da Betinha em novembro do ano passado, durante seu casamento com a Stefânia, aliás, diga-se, o maior e melhor casamento que já testemunhei (bate, de longe, um grã-fino, no Jockey Club de São Paulo, ao qual também fui). Não merecesse e eu não teria cravado em sua testa o carimbo: meu Otto! Não merecesse e eu não gastaria fortunas em ligações quase que diárias para seu celular, uma espécie de oráculo que recebe minhas mais variadas consultas e nas mais variadas horas.

E por que falarei dessa pompa hoje novamente?

Simples, e explico.

Fui ler, já resignado (acostumado com a escassez de movimento na Barca de Caronte...), o excelente blog de minha comadre Mariana Blanc, o Cartas de Hades. E qual não foi minha surpresa!

Estava lá o texto novo, chamado "Caríssimo Szegeri".

A princípio, roí-me de ciúmes.

Mas que coisa essa!, pensei eu. O que tem a Mariana que recorrer ao MEU personagem quando lhe falta assunto?!, prossegui bradando como uma criança contrariada.

Mas isso durou, creiam, alguns segundos.

Fernando Szegeri e Dani Sorriso Maracanã


Logo abateu-se sobre mim uma certeza acachapante, como a beleza do Branco (que o Szegeri acha que é do Mauro, muito mais bonito que o Branco na sua opinião): o Szegeri, o meu Otto, Fernando José Szegeri, é um mito. Notem na foto acima, por exemplo, o tamanho do Maracanã no instante do abraço, o orgulho, a felicidade (devo dizer que nesse dia, no dia de seu casamento, o Szegeri foi mais abraçado que o Carlos Alberto e o Pelé, juntos, na Copa de 70, disputado ferozmente por todos os convidados).

Mas mais que um mito (e o texto da minha comadre apenas corrobora essa verdade) ele é um homem semi-santo a quem todos querem recorrer. Aliás (talvez isso explique o fato!), ele já foi, imaginem vocês, coroinha. Pra mim, foi acólito, eis que de coroinha, geralmente um menino bobo cujo principal papel é lustrar os sapatos e fazer a bainha da batina dos padres, o meu irmão paulista nada tem! E, dizem, roubava a cena durante as missas, humilhando o sacerdote, que se sentia um pequeno diante da autoridade szegeriana e era vaiado pela multidão de beatas impressionadas com a desenvoltura daquele menino (!) dentro da Casa de Deus. Até hoje fala latim como quem respira (um dia quebro o sigilo de nossa correspondência e lhes mostro emails imensos, todos em latim, eis que tenho, precisamente, nesse momento, 3.114 mensagens enviadas pelo gênio arquivadas).

Essa é apenas uma das razões pela quais o Szegeri merece o respeito de um homem com a erudição, a cultura e a importância de um, por exemplo, Nei Lopes, que jamais respondeu a um simples "bom dia, Nei!", dito por mim. Vão tomando nota!

O Szegeri joga nas onze. Senão vejamos (aproveitei um tempinho vago para separar para vocês, meus fiéis leitores, provas inequívocas de que é, o bom Szegeri, um mito).

O Szegeri é funcionário público, já lhes contei. E quando discute-se, seriamente, o papel do funcionário público, a imagem deturpada que a população tem desses abnegados, é ele, o mito, quem concede entrevistas para aclarar as dúvidas que assolam um pobre mortal.

Mas ele é, também, produtor cultural. E dá banhos quando discorre sobre qualquer assunto, como convém a um verdadeiro produtor cultural. Pixinguinha? É com ele mesmo!

Direitos autorais. A indústria que nivela por baixo o que ela, indústria, chama de cultura nacional. Assunto tormentoso. Quem domina? Ele, o meu Otto, que escreve freqüentemente no jornal da AMAR.

Vocês hão de se lembrar. Eu sempre disse que o Szegeri é um velho, tem centenas de anos de vida, já nasceu barbudo, peludo, gordo e já funcionário público.

Betinha e Fernando Szegeri


Na foto acima é a Betinha, musa confessa do meu irmão, quem sorri de alegria ao lado do mito.

Mas então. Pensem em algo bem antigo. Assim como, discos de 78 rotações por minuto. E pensem em, por exemplo, Francisco Alves.

Francisco Alves morreu em setembro de 1952, carbonizado, vítima de um acidente com seu Buick (que antigo! que antigo!) na Rio-São Paulo. Eu disse 1952. O Szegeri nem no saco do velho Zé Szegeri estava.

E quem?, quem?, quem prestou-lhe homenagem em 2002 na passagem do cinqüentenário do Chico Viola? Ele, meus amigos. Fernando José Szegeri, vejam que não minto! Notem o que vai escrito na matéria!!!!! O Szegeri nem vinte anos tinha (que mentira! que mentira!) e já freqüentava as reuniões do antigo (que coerência! que coerência!) Clube da Seresta...

Mas há mais! Há mais!

Fernando Szegeri e seu pai, José Szegeri


Vejam que belo instantâneo de pai e filho, meu mano Szegeri e seu pai, esse outro portento que é José Szegeri! Voltando.

Notem como é burro o eleitor brasileiro. Burro. Um asno!

Ele, o mito, candidatou-se nas eleições de 2004 para o cargo de vereador pela combalida cidade de São Paulo.

E 15 (eu disse quinze!), apenas 15 eleitores cravaram o número daquele capaz de modificar tudo! (eu sei quem foram os 15: José Szegeri, Paula Szegeri, Dona Cecília, Railídia, Robson, Stefânia, Roberta Valente, Fernando Borgonovi, Marcão, Julio Vellozo, Roberta Valente, Capitão Leo, Augusto, Ju e Marcy - esse último voto eu cabalei) Duvidam? Pois além de funcionário público, produtor cultural, saudosista e comunista o meu irmão é candidato! Ele também é candidato!

Como se não bastasse isso tudo, meu irmão é cantor. Comanda com uma voz daquelas de antigamente (é óbvio!) o excepcional conjunto Inimigos do Batente.

Fernando Szegeri e José Sergio Rocha


Nessa aí de cima, é José Sergio Rocha quem se orgulha pela pose ao lado do mito. Pausa para pequena confissão.

Além de funcionário público, produtor cultural, saudosista, comunista, candidato e cantor, o Szegeri é um piadista de mão cheia. E chama o pobre do Zé Sergio de "Velha Coroca", dia desses explico o por quê.

É ainda membro da Sociedade Edificante Multicultural dos Prazeres e Rituais Etílicos. É o único homem que eu conheço, na vida, que já tomou a Ponte Aérea apenas pra comer uma porção de iscas de fígado acebolado, voltando pra São Paulo no mesmíssimo dia poucas horas depois.

E ainda arruma tempo pra ser um pai exemplar (da minha sereia Iara) e marido nem tanto (perdão, mano!), das antigas, daqueles que saem do banheiro com roupão felpudo, chinelões, machista, chorão, um gênio, um gênio, um gênio!

Tenho muita sorte de tê-lo comigo.

Stefânia e Fernando Szegeri


Fechando o texto de hoje - enorme, mas que fica aqui até segunda-feira, depois do feriadão - essa outra pequena obra-prima da Betinha, que foi a única sóbria capaz de fotografar tudo, do princípio ao fim.

Até.

7 comentários:

Anônimo disse...

Conheci Fernando José Szegeri, mas só de vista, numa certa vila de casas na Rua Júlio Veloso, em Madureira, onde mora a Surica. Carioca típico, suburbano dos bons, bebedor dos melhores, pensei. Depois o vi em outros lugares só freqüentados, mais de dez anos atrás, por iniciados. Um dia, numa festa da Agenda do Samba e Choro, Paulo Eduardo Neves me chamou a atenção para um cara que, segundo ele, havia recém-chegado de São Paulo para a festa e comprado nada menos do que 100 cartelas de cerveja. O sucesso da cantina já estava garantido. A festa já estava paga. Na foto em que apareço, eu, "o pobre do Zé Sergio", evidente que não lembro do que Szegeri falava, mas foi com certeza algo inteligente, pois é só isso que sai da boca desse figuraço. Não consegue, por mais que tente, dizer uma asneira sequer! Fala muita merda, é óbvio, mas um tipo de merda erudita. Das fotos todas que vi, no entanto, minha favorita é a do nosso chapa com aquele outro figuraço, meu xará e pai da peça. Concordo com o Edu: foi um senhor casamento e o melhor chope que bebi na vida.


PS - Antes que eu me esqueça, Velha Coroca é a puta que os pariu!

Eduardo Goldenberg disse...

Velha Coroca (ou Dinda, você escolhe):

Curioso é que eu, lá pelos idos de 1999, careca de ir ao Cafofo da Surica, decidi ir ao samba na casa da tia Doca com a Sorriso Maracanã.

O que fiz sem saber como chegar?

Fui até a vila onde fica a Surica atrás de informações.

E dirijo-me a um malandro que carregava um engradado de cerveja na calçada, indo em direção a vila. Chamado, ele se vira.

E quem era, Dinda? (ou Velha Coroca, você escolhe)

Justo ele. O Szegeri. Não tínhamos a intimidade de hoje, não nos reconhecíamos irmãos como hoje.

Mas jamais esquecemos esse epsiódio.

O malandro jamais deixou de me sacanear:

Puta, Edu... lembra que tu foi pedir informação justo pra um paulista em plena Madureira, malandro?

Esse é o meu irmão Szegeri. Outra lenda viva.

Anônimo disse...

Irmã coruja que sou, nem tenho muito o que comentar...
A não ser a sorte de ter esse mito como meu irmão que tanto amo!
Beijo pra vc,Edu, meu mano-postiço.

Szegeri disse...

Mano querido, as conclusões:
1) Tu mentes mal pacas...
2) O teu buscador da Internet é o melhor do mundo!
3) Te digo pra não persistir nos erros (a audiência, olha a audiência!)
4) Temos a habilidade suprema de quebrar as disposições inarredáveis um do outro (com o perdão dos teus diletos leitores!)

Beijo grande!

P.S. extensivo ao Dinda Coroca, outro mentiroso colossal, daqueles que só se encontra lá pros lados da Abolição, e à mana Fó, contraditada nos termos da lei.

Iaracs disse...

gostei das fotos

postado por iara

Iaracs disse...

gostei das fotos
hehe

Iaracs disse...

eu não sou tão filha coruja assim mas meu papai é um dos melhores do mundo!!!!