28.4.06

NO TRAPICHE GAMBOA

Ontem fui tornar pública a chegada dos meus 37 anos no Trapiche Gamboa, de longe um dos mais agradáveis bares da noite carioca, comandado pela Claudinha que nos recebeu, a mim e à Dani, por volta das oito da noite, e vejam o tamanho do Maracanã estampado na carinha feliz da Dani, a mulher que me ensinou a sorrir (e eu não aprendi direito, notem que com meu sorriso o meu rosto, em todas as fotografias, assemelha-se a uma cabeça mal cortada de isopor com um risinho tosco).

Dani no Trapiche Gamboa, 27/04/06


Às oito e meia teria início o show da Fabiana Cozza, a quem incensei pesadamente diante de meus amigos, sempre incrédulos graças ao que eles chamam "exagero do Edu". Mas quebraram a carinha. Assisti, feliz por ter sido o amálgama do encontro, o queixo caído do Toledo (na foto, abaixo, com o Janot), a baba escorrida do Janot, as declarações apaixonadas do Lula, o embevecimento do Vidal, a cara assombrada da Lelê Peitos, e as lágrimas abundantes que escorriam dos olhos do Dalton, meu irmão e cada vez mais meu irmão, que só conseguia apontar e perguntar pra mim "o que é isso?", assim, alucinado.

Janot, eu e Toledo, Trapiche Gamboa, 27/04/06


Falei no Dalton e preciso dizer que até que ontem eu estava bem, bebericando minha Original devagarinho, intercalando com garrafas de água mineral, comportadíssimo, e inclusive sem o celular para evitar aqueles telefonemas clássicos da madrugada, geralmente pro Szegeri. Mas o Dalton, tal qual um Zé Pelintra, ficava de assédio etílico pra cima de mim. Daí bebi tequila, cachaça, outras doses que não reconheci, e pronto. Fiquei virado, pedi o celular da Maria Paula emprestado e danei de ligar pro Szegeri (não sei quantas vezes). Ah, o Dalton. É o que mamãe chamava, quando eu era pequeno (quanto tempo faz...), de má companhia.

O Szegeri, inclusive, é tão mito, mas tão mito, como vira e mexe eu digo, que parecia ser o aniversariante. As pessoas vinham chegando e antes mesmo de um "parabéns, Edu!", "feliz aniversário!", essas frases de praxe, perguntavam ansiosas cravando-me as unhas no braço como gaviões:

- Cadê o Szegeri?

- O Szegeri já chegou?

- A que horas chega o Pompa?

E isso ia me deprimindo de forma olímpica. Eu ali, ansiando por manifestações de afeto, sendo atropelado violentamente pela ausência do meu irmão paulista.

Mas falei nas ausências, e quero dizer que a Fumaça bateu o telefone de Maputo pra me dar beijo ontem. Sempre carinhosa, esteve mais-que-presente no Trapiche. Fiquei bem feliz de ver, por lá, a Incêndio e o Bombeiro, na foto abaixo.

Oswaldo (Bombeiro), eu e Terezinha (Incêndio), no Trapiche Gamboa, 27/04/06


E vejam como é o mundo, que dizem ser do tamanho de um ovo. Eu acho cada vez mais que o mundo é do tamanho da gema de um ovo de codorna. Apresentei papai e mamãe ao Bombeiro e a Incêndio. E pronto. O Bombeiro foi calouro do papai na Escola Nacional de Química, e ficaram ali, os dois, lembrando daquele tempo.

Estava também a Lelê Peitos, e que foi originalíssima. Não chegou de mão abanando, expressão grosseira que neguinho usa pra dizer "chegou sem presente". Chegou com meu livro nas mãos, orgulhosíssima (Lelê é uma das personagens dele), e cravei a dedicatória declarando, explicitamente, o que sempre digo: é, ela, uma das minhas preferidas. A Sorriso Via-Láctea, como bem a definiu o Szegeri (sempre ele, vejam que não consigo largá-lo).

Lelê Peitos e eu, Trapiche Gamboa, 27/04/06



eu e Duda, Trapiche Gamboa, 27/04/06



eu e Vinagre, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Dani e eu, Trapiche Gamboa, 27/04/06




Alex e Dani, Trapiche Gamboa, 27/04/06



mamãe, eu e papai, Trapiche Gamboa, 27/04/06


Papai, aliás, protagonizou hilário momento ontem à noite, que gerou uma frase espetacular do Fefê:

- Edu, eu tenho certeza de que nós vamos, cada vez mais, quanto mais o tempo passar, rir muito com tudo o que o papai faz...

A Fabi (eu, o íntimo) a certa altura tomou-se de encanto e danou de cantar os afro-sambas do Vinicius e do Baden, pontos lindíssimos, o atabaque comendo o couro, as palmas marcando o ritmo, e papai me cutuca apontando pro próprio braço arrepiadíssimo, os olhos vidrados, vermelhos, e diz baixinho:

- Acho melhor eu ir embora!

E foi.

Quem também apareceu, sumido há anos graças aos desencontros que a vida promove, foi o Lula. Quando fui apresentá-lo à Dani, ele disse:

- Eu, o Vidal e o Edu estudamos juntos há... - pigarreando.

Eu disse:

- Uns dez anos!

O Lula relinchou de rir e me consertou:

- Dez? Há dez eu já tinha saído da faculdade! - e riu mais - Uns vinte, no mínimo. Não, não! Vinte e cinco!

Acho que foi nesse instante que os trinta e sete anos desabaram na minha cabeça. Doeu pacas.

Vidal, eu e Lula, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Dalton e eu, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Fefê, eu e Brinco, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Dani, Moniquinha e Banana, Trapiche Gamboa, 27/04/06


Aliás o Fefê também quase me mata. Vou quebrar o sigilo da dedicatória que fez no livro que me deu, "Um homem chamado Maria", perfil de Antônio Maria, um de meus mais queridos personagens:

"Meu irmão, eis o perfil do homem que tratou de desenvolver habilidosa malícia com as palavras e que vivia em constante estado de poesia. Que coincidência!! Parabéns, te amo, Fê"

Outra espetacular presença foi a do Mauro, mais um dos irmãos que a vida me deu. O Mauro chegou com duas mulheres. E em menos de uma hora todas, rigorosamente todas as mulheres que estavam no Trapiche, toda a assistência, as garçonetes, as cozinheiras e até mesmo as desencarnadas que freqüentam a Gamboa, babavam por ele. Não é à toa que o Szegeri (ele, de novo) diz sempre:

- Beleza acachapante não é a do Branco. É a do Mauro!

eu, Mauro e Fefê, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Itamar, eu e Ruivinha, Trapiche Gamboa, 27/04/06



eu e Guerreira, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Marquinho, eu e Mariana Blanc, 27/04/06


Ah, sim! E os presentes? Espetaculares, espetaculares! A Banana, por exemplo, deu-me um Sundown, fator 15, da Johnson&Johnson. E dirão vocês, "mas um Sundown?", assim, achando o troço ridículo.

É que há algumas semanas encontramo-nos na praia, eu e a Banana. Fui passar o protetor solar a certa altura. Tirei da bolsa meu Sundown 15, 150ml.

E a Banana imita o gesto. E da bolsa tira seu Sundown 15 também. Só que 200ml.

Pausa para um cochicho no ouvido do Szegeri:

- Querido, note como seu irmão está cada vez pior...

Daquele momento em diante, na praia ensolarada e de céu azul, nublei-me por dentro. Senti-me humilhadíssimo, tal como deve se sentir o menino de pau pequeno diante do amigo bem dotado no chuveiro do vestiário. Fiquei, ali, tristíssimo (pedi emprestado seu Sundown), perguntando onde eu poderia encontrar um daqueles, o preço, essas coisas.

E deu-me, a Banana, um 200ml lacradinho ontem. Fiquei tããããão feliz... Nova pausa, novo cochicho:

- Szegeri, a tendência é piorar?

Lula, Maria Paula, Vidal e Gláucia, Trapiche Gamboa, 27/04/06



eu e Rodrigo, Trapiche Gamboa, 27/04/06



Fabiana e eu, Trapiche Gamboa, 27/04/06


Ganhei também o DVD duplo do filme "Vinicius", e acho que verei um pedacinho todos os dias. Livros. Bebidas. CD´s. Mas nada que se compare ao carinho, ao amor, aos amigos que são a fonte permanente geradora de cada vez mais carinho e cada vez mais amor tornando a vida um troço cada vez mais bonito.

Foi comovente receber o telefonema da Fumaça, de Maputo, da Inês, de Boston, do Cris, de Clermont-Ferrànd, de tantos queridos amigos longe do Rio mas sempre perto de mim.

Vocês leram o mais recente comentário da Juliana Amaral, a doce Ju, no Buteco? Disse ela a certa altura:

"Querido meu, hoje acordei de manhã cedo pensando nas palavras que colecionaria pro seu primeiro presente. Aliás, coisa linda que é a palavra, o presente. E daí lembrei desse aqui, quase tolo (como têm de ser os presentes), tão infantil (como é a delícia de ganhar o presente) e tão infinito (como quer ser o afeto que se dá de presente). Então lá vai. Abra o laço de fita vermelho, desembrulhe o papel de seda azul, e leia devagar, pra aproveitar cada pedacinho. Junto dele, meu carinho. E à noite o samba será pra você, seu outro presente."

Bom. Cheguei em casa ontem e fui ouvir os recados deixados no celular.

E ouvi, olhos cheios d´água, o meu "outro presente" da Ju, cantando justo o que havia me chegado por escrito, no cartão do Fê (ele, o Szegeri, mais uma vez) e da Stê:

"Tudo em volta é só beleza
Céu de abril e a mata em flor
Mas assum preto, cego dos óio,
não vendo a luz, ai, canta de dor..."


PQP, queridos. Isso é a tal beleza que dói e que vinicianamente percebo me pesando nos ombros.

Daí tinha também outro recado da Inês, da Luana, dona dos olhos verdes que vivem deitados no meu coração, de uma porção de gente que faz toda a diferença.

Bom, depois de um bom tempo escrevendo curtinho, e como diria o meu mano Szegeri (ele!, ele!, ele!), eis a saga de ontem.

Até.

PS: eu já estava tão fora de órbita a certa altura, que não lembrei de fotografar outro pomposo ser humano, o Lara, que chegou com aquele sorrisão clássico e uma garrafa de licor de marula que vou detonar em casa, com ele e com o Dalton, acabei de decidir.

3 comentários:

VanOr disse...

Ah, que festa linda eu perdi! Fico feliz que seus 37 tenham sido celebrados sob o signo da alegria. E põe alegria nisso!

Anônimo disse...

Edu, amigo e afilhado:

Que porre, hein? Você esqueceu tudo, não lembra nada do que ocorreu. Isso é triste até porque dois episódios me envolveram diretamente: fui até sua mesa para cumprimentá-lo e recebi como resposta "Você por aqui, Tom Cruiser?". O outro fato - eu nem ia falar sobre isso, mas já que comecei a falar, não tem mais jeito - foi o pequeno empréstimo que lhe fiz na ocasião, módicos três mil reais para pagar a conta. Deixa pra lá.

Anônimo disse...

Bom ver tanta alegria e tanta gente querida (Mariana, Marquinhos, Rodrigo, Janot) na sua festa. Perdi!