17.5.06

17 DE MAIO

Hoje, 17 de maio, faz anos a formosa, minha mãe. Ergo, então, o copo à sua saúde torcendo para que ainda possamos fazer isso juntos por muitos anos. E vamos ao que me corrói desde ontem.

De mim pode-se dizer quase tudo: que sou antipático, mal humorado, parcial, exagerado. Não que eu acate ou mesmo aceite, eis que depois da chegada da Sorriso Maracanã em minha vida deixei a antipatia e o mal humor no pasto que vacas tentaram destruir. Parcial eu sou mesmo. Exagerado, jamais. Mas admito que falem, admito. Avaliação, afinal, cada um faz a sua. Agora, francamente. O que não admito em hipótese alguma é ouvir dizerem que eu não sou solidário com os que amo. Ah, isso não. E explico.

O Szegeri, por exemplo. O Szegeri é um sujeito a quem eu amo. Alma afim, irmão siamês, o Szegeri é, para mim, o amigo necessário. Tenho, aliás, já lhes disse isso, ligado diariamente para o Pompa a fim de lhe ouvir desde conselhos graves a até mesmo um simples e paulista "bom dia". Faz-me bem. Vejam um dos textos de ontem, por exemplo. Estava eu discorrendo sobre uma matéria qualquer publicada recentemente, quando, já quase no final do texto estaquei: não há o Szegeri, ainda. E tasquei, ali, na quadragésima linha (número redondo, pomposo, como ele bem merece), seu nome solto... Szegeri. Fechei o texto feliz com a sensação de dever cumprido. Mas enfim, vou ser objetivo.

Fernando Szegeri em Pouso da Cajaíba, 27 de março de 2005, foto de minha autoria


Estava ontem, no meio da tarde, assoberbadíssimo, diante do monitor, trabalhando, preparando petições, quando tocou o som do OutlookExpress comunicando a chegada de uma nova mensagem. Fui checar. Email do Szegeri. E email do Szegeri é sempre um acontecimento. Queixava-se, meu bom amigo, de algumas coisas que em absoluto interessam a vocês. Respondi, com certa pressa, sua mensagem e, minutos depois, novamente a sineta toca. Novo email do Pompa. Não vou aqui, ao contrário do que já fiz em outras ocasiões quando isso mostrou-se necessário para ampla compreensão dos fatos em análise, quebrar o sigilo da correspondência na íntegra, mas apenas um parágrafo do taciturno e lúgubre email do Pompa:

"Obrigado, querido. Acho que estou com um certo complexo de rejeição, depois de ter sido o ÚNICO da minha seção a não ser convidado para o almoço de despedida de uma colega."

Notem bem. Antes de mais nada é preciso dizer que somente quem o conhece e tem a capacidade de ouvir sua voz dizendo "NUNCA" quando lê um "NUNCA" desses, em caixa alta, num de seus emails, é capaz de rir, mesmo diante da tragédia anunciada.

Eu imaginei a cena e fui um abatido dali em diante.

Todos os colegas do Pompa cochichando na repartição. Trocando bilhetes. Olhares. E isso desde cedo. Até que há o badalo do sino ao meio-dia. E os funcionários se atropelam em busca da roletinha da saída e fica ele, o bom Szegeri, ali, sozinho, em meio a processos, prontuários, pareceres, encarando a triste sensação do abandono. E com fome.

Voltei ao email e minha dó aumentou. O Pompa mandou-me o tal email ao meio-dia e oito minutos. Ou seja. Oito minutos após a humilhação a que foi submetido pela vaca com quem trabalhava (se o almoço foi para a despedida da vaca, o verbo no passado é adequado) meu irmão estava fazendo do teclado e do monitor seus confessores e de mim seu confidente.

Tivesse eu dinheiro sobrando e teria partido em direção ao Santos Dumont, tomado o primeiro vôo para São Paulo, um táxi para a repartição onde trabalha o Pompa e esperado a vaca e seus coleguinhas voltarem do almoço. E invadiria, como um huno, a saleta onde o encontraria faminto, com olhos desgostosos e a alma pisada.

Para saltar num abraço e num urro:

- Vamos, Fernando Szegeri! Vamos almoçar no Pasquale! - e olhando pra vaquinha - Vamos que essa vaca não te merece!

Faria isso, ou algo do gênero.

Parcialíssimo.

E aí ele daria pulos como esse da foto. De alegria e de orgulho de mim.

Até.

10 comentários:

Anônimo disse...

Cadela filha da puta!!!!!!

Anônimo disse...

Não estou, evidentemente, me referindo ao Peperoni

Eduardo Goldenberg disse...

ZÉ SERGIO: liguei há pouco para a repartição. Atendeu-me o Pompa. E soube, infelizmente, que a vaca e/ou cadela de fato não mais trabalha lá. Fez o almoço-despedida ontem e não voltou mais. O que até certo ponto é bom. Pensei seriamente em colocar meu plano em ação.

Anônimo disse...

Edu esse texto aí entra fácil para sua antologia. E por falar em antologia quando vem seu novo livro? Você escreve melhor a cada dia.

Szegeri disse...

"Antologia" é o estudo das antas???

Anônimo disse...

Não, é o estudo dos antônimos. O verbete referente a antas é antalogia ou tapirologia.

Anônimo disse...

Edu,

coloco-me desde já no rol dos solidários ao nosso Fernandão. E digo mais: se o referido cumpadre tivesse acionado a falange comunista que fica apenas duas ou três ruas abaixo da repartição, teria almoçado em companhia digna de bandeijão da Scania nos áureos tempos grevistas do ABC.

Abraço

Szegeri disse...

É sempre alentador ter a presença culta de um Dinda por perto.

Ô FH, não vem com essa de anônimo que eu te manjo!

Edu, isso aqui tá mais buteco do que nunca: todo mundo falando ao mesmo tempo, meia dúzia de assuntos diferentes e, principalmente, ninguém entendendo nada!

Eduardo Goldenberg disse...

SZEGERI: quem é esse anônimo aí? Esse "Fernandão" denuncia, não?

Anônimo disse...

Grande momento. Como disse o Szegeri (ou Pompa?), está a maior zorra no balcão do buteco, Edu. Como você queria mesmo né? Abração. Tô sempre aqui, mesmo que caladão.