10.6.06

PORTUGAL, A SAGA - PARTE V

Porto, 30/05/06, terça-feira

Acordamos às 9h. Descemos para o café-da-manhã no hotel, de uma simplicidade franciscana. Pães (dois tipos), manteiga, geléia, café, leite e água. Antes das 10h estávamos na rua. Nosso primeiro destino foi a Livraria Lello, que fica na Rua das Carmelitas, 144. Inaugurada em 13 de janeiro de 1906, fazendo portanto 100 anos, a Livraria Lello bateu, em matéria de beleza e imponência, a Livraria El Ateneo, em Buenos Aires, valendo frisar que meu campo de observação é mínimo.

A bem da verdade sua história remonta a 1881, quando foi fundada a Sociedade José Pinto Souza Lello & Irmão, mais tarde designada Lello & Irmão. O edifício, no estilo neogótico, é de autoria do engenheiro Xavier Esteves. Seu interior chama a atenção pela decoração em gesso pintado imitando madeira, pela escada de acesso ao piso superior (Dani ficou doida com sua beleza), assim como pelo gigantesco e belíssimo vitral no teto.

Dani na escada da Livraria Lello


Um dos donos recebeu-nos à entrada. Indagado sobre a possibilidade de fazermos fotografias no interior da livraria, sorriu e respondeu:

- É proibido proibir!

Deliciei-me. Sentei-me, folheei alguns livros, lá dentro passamos uma meia-hora mágica.

Saindo da livraria compramos alguns postais para mandar para alguns amigos no Brasil cujos endereços lembrávamos. Descemos até a Ribeira e atravessamos a Ponte Luís I em direção à Vila Nova de Gaia. Almoçamos num pé-sujíssimo. Eu comi tripas à moda do Porto e Dani arroz com lulas, tudo acompanhado de um jarro de 1 litro de vinho branco. Depois do almoço, ainda à mesa, escrevemos os postais, postos na caixa dos correios logo em seguida.

vista da Ponte Luís I


Tomamos a direção da cave da Cockburn´s, uma dica do Próspero, que tem uma amiga, Gina Monteiro, trabalhando lá. Tínhamos hora marcada às 14h30min. Como chegamos 20 minutos mais cedo, entramos na cave da Barros, Almeida & cia., bem em frente, para uma visita bem rápida. A Iza nos levou para um curto passeio, bem simpático. Foi possível conhecer a fábrica onde acontece o engarrafamento e alguns barris, com destaque para um com um vinho lá guardado há 100 anos (tomem nota mental disso!).

Fomos à Cockburn´s. Fomos atendidos pela Raquel que nos levou por um passeio de aproximadamente uma hora de duração. Igualmente incrível. Fomos à cave subterrânea (garrafeira), onde repousava, por exemplo, uma única garrafa de 1863. Fiz várias fotos no local, todas bem legais, onde é possível captar o clima do lugar, frio, úmido e cheio de surpresas a cada corredor.

a única garrafa de 1863


No final do passeio compramos duas garrafas, duas taças especialmente desenhadas para a degustação do vinho do Porto, ocasião na qual conhecemos a Gina, e voltamos à rua. Passamos em várias caves, e, tijucanamente, nas pagas não entrávamos. Fomos na Quinta do Noval e fomos servidos pela Isabel, tadinha, que assistiu a um comício meu, revoltado com a venda de quase todas as caves para americanos, ingleses ou franceses (o nojo é tanto que, por exemplo, grande parte delas tem sites apenas em inglês com, no máximo, opção para o francês).

Para que eu me acalmasse depois do efusivo discurso, paramos num buteco bem sujinho à beira da entrada Ponte Luís I, e lá a Rulanda nos atendeu, oferecendo-nos 3 doses de um vinho do Porto oriundo de uma quinta ainda em mãos portuguesas.

Tomamos a direção do hotel, ligeiramente tontos... Bebemos vinho do Porto demais! Mas... Paramos, de novo, na Cervejaria Sá Reis, onde encontramos o Sr. Bessa. Dessa vez nos sentamos. Pedi uma porção de feijão fradinho (deliciosa, com cebola, vinagre, azeite e muito alho), um rojão (carne suída temperadíssima), pães, alguns copos de vinho, pagamos a conta, compramos pães fresquinhos na padaria ao lado e fomos para o hotel. Tomamos banho. Dormi durante o banho da Dani, meia-hora. E rua!

Tomamos a direção da Sé do Porto. No caminho entramos numa loja de bebidas e - pasmem! - encontramos uma garrafa de Velho Barreiro por 9 euros e 95 cêntimos! Chegamos à Sé. Um edifício construído no século XII, em estilo românico, e de lá tem-se uma visão belíssima de toda a cidade. Chegamos a ver, de lá, o pôr do sol (próximo às nove da noite) e depois descemos de novo até a Ribeira por uma escadaria para que pudéssmos ver a Igreja de São Lourenço. Na escadaria, um susto: uma horda de viciados fazendo de tudo. Eu, que tenho mais medo de maconha do que de barata (e aquilo não era maconha), fiquei branquíssimo, só retomando a CNTP minutos depois da cena deprimente. Chegamos à Ribeira, passando antes pelo muito bonito Palácio da Bolsa, onde pudemos entrar muito rapidamente em razão do horário, já fechado para visitas.

Catedral da Sé


Atravessmos a Ponte de novo em direção à Vila Nova de Gaia. Passeamos pela beira do cais e voltamos à Ribeira, e a noite estava lindíssima, as mesmas sensações de susto e de deslumbramento da véspera.

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Demos novo telefonema aos nossos amigos para agradecer a bela visita à cave da Cockburn´s. Tornamos a parar no Sr. Bessa. Mais dois copos de vinho branco na pressão.

No hotel, prosseguimos o piquenique, escavando mais um bocadinho o Serra da Estrela. Fomos deitar pouco depois das 23h.

Todas as 55 fotos do nosso quinto dia estão aqui.

Até.

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