25.7.06

FLAMENGO JOGA AMANHÃ...

... e eu quero muitíssimo que haja mais um baile no Maracanã.

O mais-querido, se hoje não tem Rubens, Dequinha e Pavão, se hoje não tem Zico, Adílio e Adão (outros três craques "absorvidos" pela letra do samba de Wilson Batista e Jorge de Castro), tem a seu lado a maior torcida do Brasil, a mais apaixonada, que faz com que a expressão Nação Rubro-Negra seja viva, seja exata, seja verdadeira.

Dela eu faço parte e às vésperas do segundo Flamengo e Vasco pelas finais da Copa do Brasil 2006, tenho, de novo, 9 anos de idade ao lado de meu pai e de meu irmão, ambos vascaínos, e estou nas cadeiras azuis do maior do mundo, de frente para as cabines de rádio, vendo o Zico cobrar o escanteio do meu lado direito e um Rondinelli, Deus da Raça, cabeceando pra dentro do gol dando o título de campeão carioca de 1978 para o Flamengo.

Flamengo, 1978
(de pé: Cantarele, Cláudio Coutinho, Alberto Lequelé, Manguito, Toninho, Eli Carlos, Moisés, Junior e Nielsen. Agachados: Nelson, Rondinelli, Ramirez, Marcinho, Adílio, Tita, Cleber, Zico e Carpegiani)

Antes de continuar quero contar episódio curiosíssimo passado no Estephanio´s na quarta-feira passada durante o Flamengo e Vasco.

À minha direita, um casal em uma mesa.

Coisa de uns quinze minutos de jogo e o sujeito, rubro-negro, esbravejando, dando murros na mesa, chutando o pau da cadeira. Diz a namorada a certa altura, lânguida (numa atitude impressionantemente descabida naquele cenário, o verdadeiro anti-carinho):

- Calma, . A Copa do Mundo já acabou... Nem é a Seleção Brasileira...

E riu, como uma idiota, em direção à assistência.

Pra quê?

O sujeito resoluto e transtornado batendo ainda mais forte no tampo da mesa:

- E daí, porra? E daí que acabou a Copa, caralho? - dizia os palavrões com a boca repleta - Eu torço mais pro Flamengo do que pra Seleção, ligada?

A namorada resignou-se e o casal foi embora, batendo boca, no primeiro segundo do intervalo.

Mas nesse diálogo reside muito do que quero lhes dizer e do que me vai na alma hoje, às vésperas da grande final.

Um homem, às vésperas de uma grande final, e mesmo às vésperas de um amistoso, um homem apaixonado por seu clube, está sempre descalço, sempre de calças curtas, sempre de camiseta, sempre com a bandeira do clube numa das mãos enquanto a outra, fechada, dá o ritmo do grito de guerra.

A paixão pelo clube é irracional, ao contrário da paixão pela seleção do país.

A paixão pelo clube é imemorial.

Por isso nós criamos marcos. Fixamos lances.

Para não enlouquecer na busca desenfreada pela razão que explicará, eventualmente, o que nos alucina de forma quase que doentia às vésperas de uma grande final.

Amanhã eu quero justamente, de novo, vivo, aquele sopro que senti me devastando no instante do gol do Rondinelli.

Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito.

Que bonita imagem.

Amanhã torcerei pelo Flamengo.

Anônimo disse...

Aí você disse uma verdade inapelável e, como Diria o tricolor Nelson Rodrigues, uma dessas verdades eternas: torce-se muitíssimo mais pelo Clube que pela Seleção.

E não é que não haja identificação com o escrete nacional. Isso há e há muito, como, aliás, ficou provado nas intermináveis e engraçadíssimas discussões no Só dói. Mas o fato é o seguinte: eu, por exemplo, sou um palmeirense doente e de babar na gravata. E sou Palmeiras antes de ser um espermatozóide. Meu pai ainda estourava cravos em frente ao espelho e eu já ia ao estádio.

Tudo por que? Porque meu avô era palestrino/palmeirense. Meu pai idem. Aliás, um parêntese: Edu, compreendo e concordo que ser humano nenhum neste planeta deva ser vascaíno. Mas não entendo como um filho trai o pai na maior sem-cerimônia no quesito "agremiação futebolística". Em uma palavra: na minha família daria expulsão de casa. Meu avô, finado avô, diria algo assim a meu pai, e meu pai também a mim: "Não, você não é obrigado a torcer pelo Palmeiras, pois sou um sujeito de inclinações democráticas. Tanto que, democraticamente, te ofereço o Palmeiras ou a rua. Faça jus a seu livre arbítrio".

Fato é que time é time e isso justifica tudo. Para terminar com uma novíssima: "o sujeito muda de roupa, de emprego, de mulher e, alguns, até de sexo. De time, não. De time,ah, ninguém muda.

Abraço,

Borgonovi