4.7.06

IDI-JOTA

Antes de mais nada quero lhes dizer que estou com minha câmera digital no conserto, razão pela qual não poderei publicar aqui, como sempre faço em nome da precisão, a nota imunda que este escroque a quem chamo Jota publicou hoje em sua coluneta no jornal O GLOBO que, francamente, mais se assemelha, ultimamente, a um balaio de ratos. Eu não quis dizer gatos, não. Ratos mesmo.

Vamos à nota, na íntegra:

"ATESTA QUALIDADE

Ronaldo, ex-Fenômeno, de agora em diante apenas "O Gordo", está em baixa, mas sua namorada, a magérrima Raica, alavancou a vida de modelo com a relação. Disse sim, no fim de semana, para o pedido de Mario Testino. Vão fazer um ensaio, possível capa, para a "Vogue" francesa. Ser fotografado por Testino é uma espécie de ISO 9000 no mundo da moda."


Não interessa, para o que quero lhes dizer, o que escreveu o lamentável Jota sobre a Raica, atual namorada de Ronaldo, muito embora seja irresistível dizer que esse comentário "a magérrima Raica" deixa evidente a preferência do jornalista (sempre gargalho quando escrevo jornalista ao me referir a esse elemento).

O que me interessa - e tenho tido discussões homéricas com o Szegeri sobre o tema, e concordamos sempre, por isso peço sua intervenção nos comentários - é a forma desrespeitosa, a desconsideração, a maneira desonesta como refere-se a um ídolo da seleção brasileira.

Ronaldinho Fenômeno

Eis aí uma das gritantes diferenças entre o povo argentino e o povo brasileiro (aí incluída, evidentemente, a classe dos jornalistas): se algum jornalista argentino se referisse dessa forma ao Maradona estaria morto, linchado, no mesmíssimo dia, por uma turba enfurecida que defende seus símbolos, lato sensu, com a própria vida se necessário.

E notem que o Maradona foi ao fundo do poço, foi dominado pelas drogas, envolveu-se em inúmeras confusões com Deus e o mundo. Ele sim, engordou a ponto de de se deformar, e jamais - eu disse jamais - foi alvo de qualquer outro gesto que não o gesto de carinho, de apoio incondicional, de gratidão (gratidão sim, por que não?), tanto do povo como dos jornalistas esportivos, incapazes de derrubar ou pôr pra baixo o maior ídolo do futebol argentino.

Pequena pausa: um dos troços mais lindos que li na blogosfera a respeito do Maradona está aqui. Eu não consigo, confesso, ler esta carta sem chorar à chafariz da Praça Paris. Destaco o seguinte trecho (que arrisco traduzir), e notem, por favor, a diferença do que vai na alma dessa senhora, Mirta Berttoti, (recomendo o blog, sempre muito bom!) e do que vai na alma (risos) do Jota:

"Dentro de muitos anos, os filhos dos filhos de Sofi vão viver em um país muito melhor que este que temos agora. Estou segura. E nada vai registrar que eras um fanfarrão e um boca-suja. Nos livros se vai dizer de você apenas o importante, que aqui nasceu um dia um "negrito" que jogava bola mais que todos, e que era capaz de levantar um povo triste e deixá-lo louco de alegria, de fazê-lo feliz inclusive nas épocas mais negras. Para que não se morra isso, rezo.

Para que te cures, para que possas descansar de todo o esforço de haver sido único e que tu tenhas tempo para ser um tipo comum. Para que possas ver teus netos, abraçá-los, e contar a eles quem foste tu. Deve ser muito lindo envelhecer, mirar os olhos de um neto e dizer a ele com o coração desperto: "Sabes quem eu era? Eu era Diego Maradona!" E estar vivo para contar isso."


Enxugo os olhos e sigo em frente.

Quer dizer, não sigo.

Já disse o que tinha que dizer.

Maldito seja esse infeliz que assina - ironia das ironias - uma coluna chamada "Gente Boa". Tudo o que ele não é.

E salve, pra sempre, Ronaldo Fenômeno.

Permitam-me, apenas (desculpo-me desde já), um pequeno desabafo à Tijuca:

- Ô, Jota... "ex-Fenômeno" e "O Gordo" é a putaquetepariu!

Até.

PS: você também ficou com raiva? Você também marejou os olhos lendo a carta de Mirta Bartotti para o Maradona? Então diga isso ao Jota! Exija respeito! Proteste! Aqui, ó!

9 comentários:

Anônimo disse...

Concordo sobre a escrotidão do Jota. Discordo sobre o Ronaldo. Foda-se o Ronaldo! Não teve postura, nem digo de craque, sequer de atleta, pois alguém que quer honrar seu país numa Copa do Mundo não chega com 95 quilos na competição. Só chegou porque se sabia imexível. Outra coisa, Edu, e aqui finalizo minha participação nesse lero-lero que começou no Sodói: eu conheci o João Saldanha, não fui amigo dele, mas fui colega, conversei muitas vezes com o cara, fiz matéria pautada por ele, sou fã do cara desde guri, torcemos pelo mesmo time, conheci a família dele, e principalmente vibrei quando João Sem Medo meteu a mão na bacia para tirar 22 FERAS que não amarelariam em campo depois do fracasso de 1966.

Cometeu algo que pareceu a muitos uma injustiça. Sentou o cacete no Pelé, que há tempos não dava o ar da graça, parecia acabado para o futebol. Chamou Pelé de cego e o caralho. Bem, aí aconteceu o melhor: Pelé ficou puto, ficou mexido, ficou brabo e voltou a jogar bola. Já com Zagalo como técnico (a propósito, Edu, Zagalo eu respeito muito mais do que ao Ronaldo e ao Parreira), Pelé brilhou numa constelação. Louve-se o Zagalo também por ter tido peito de escalar Gerson, Tostão e Rivelino juntos no meio campo, o que na época soou herético.

Enfim, se o João Saldanha não tivesse começado aquela bosta toda, escalando feras que depois viraram as formiguinhas do Zagalo, não sei se a seleção brasileira teria dado a volta por cima, pois em 1970, antes da Copa começar, falava-se mesmo era da Alemanha, da Itália etc.

Nós tínhamos um complexo de inferioridade que o Saldanha, mais do que ninguém, ajudou a curar.

Pois então saiba, Edu, e se não souber pergunte ao teu pai, DUVIDO que ele não ateste isso:

Parreira, Ronaldos e companhia (e não apenas os laterais macróbios) IAM OUVIR MUITO, MUITO, MUITO MAIS do Saldanha do que ouviram dos atuais comentaristas!!!!

Eu disse MUITO, MUITO, MUITO MAIS!!!

Saldanha assinaria embaixo tudo o que Fernando Calazans, Juca Kfouri e, sobretudo, José Trajano (pra mim, o SALDANHA dos dias atuais) disseram antes e durante a Copa.

E tenho dito, porra!

Faça as gracinhas que quiser, pois.

Sobre essa Copa, torcerei contra a Alemanha, para quem essa Copa foi armada. Hoje sou Itália. Amanhã sou o time que vencer: Portugal (Felipão é teimoso, mas não se dobrou aos esquemas da CBF) ou França.

Szegeri disse...

Zé Sérgio, tenho discordado cabalmente das suas posições aqui e no Sódói. Faz parte, e quanto maior a amizade e o bem querer, maior a liberdade de se discordar, pelo menos eu assim acredito e acho que você também.
O que mais me irrita é a tua defesa corporativista de jornalistas que julgo não pelas cachaças que tomo com eles no butiquim, mas pelo que escrevem. E pelo que escrevem se mostram e se perdem, como o senhor Clóvis Rossi, hoje, por exemplo, que confessa não ser torcedor do Brasil.

Acho profundamente infeliz a tua comparação do grande Saldanha com o Sr. José Trajano, que pode ser boa gente, pode ser do butiquim como nós, pode ser uma profissional correto, mas faz uns dez anos que não vejo dar uma opinião que se aproveite, que faça diferença. Não basta ser América.

Szegeri disse...

Edu, quanto ao Jota, acho que há pouca coisa a acrescentar. Sinceramente, depois do que escrevemos eu e você, cada um no seu canto e sem ler o outro, o texto sobre Maradona emociona e machuca demais. Em espanhol, não consigo passar da segunda linha.

O que talvez o Zé Sérgio e muita gente insista em não ver é que as escrotidões todas comentadas por você aqui e por mim alhures são todas vinhos da mesma pipa. Todas oriundas de pessoas que detém prerrogativas de falar às massas num canal de mão única, usando das concessões públicas ou sob o manto protetor da liberdade de imprensa. E que via de regra atrapalham bastante o Brasil (se é que agora você me entende...).

De qualquer maneira, você não devia ter divulgado o email da figura aqui. Você que advogue de graça pra mim depois.

Eduardo Goldenberg disse...

Zé Sérgio... por partes, Coroca, por partes.

Não creio que o Saldanha diria as besteiras que o Calazans disse (que sempre me pareceu mais centrado do que foi durante toda a Copa, estava eu enganado), achei mais-que-infeliz sua comparação entre o João e o Trajano (corroboro as palavras sempre certeiras do Pompa) e mais...

Acho que o Saldanha, como treinador, aí sim, teria muito mais moral com o time do que o Parreira pareceu ter. E no vestiários, durante os treinos (eu disse treinos, coletivos, e não apenas rachão), ele gritaria. Daria esporro. Desceria a lenha.

Não um jornalista.

Todos, sem exceção, fariam cocô nas calças, de medo, na posição do Parreira.

Você, inclusive.

Eduardo Goldenberg disse...

Szegeri, Pompa querido: mande-me o email que você dá a entender que enviará para esse pulha.

Ele não teria nem terá coragem de processar quem quer que seja.

Há, afinal, a tal "liberdade de imprensa", que eles (você melhor os definiu) estupram à vontade.

E alguém, pô (nem que apenas nós dois), tem que apontar o indicador pra mostrar que alguém percebe o quanto de merda vem deles.

Gostei desse "vem deles". Sei do cacófato. Mas para falar de vendilhões até que pegou bem.

Anônimo disse...

Edu é um nojo completo o que esse jota escreve. Obrigado por mostrar pra nós, de fora do Rio, quem é esse cidadão.

Anônimo disse...

Szegeri, não sou corporativista, nem um tiquinho. Escrotos existem por toda a parte, mas nenhum dos que citei considero escroto. E não considero porque não são.

Edu, Calazans é um dos profissionais de imprensa mais centrados que existem, e quando digo imprensa não me refiro apenas aos cadernos de esporte.

Repito que tanto ele quanto os demais que citei são do bem, compraram e ainda compram brigas sérias com os tubarões do futebol e duvido muito que tenham rabo preso.

Desculpem, meus amigos, mas eu saberia. Da mesma forma como sei quem não presta na profissão que abracei há exatos 33 aninhos, ainda que hoje dela eu esteja afastada, pois não considero que assessor de imprensa pratique jornalismo (a maioria dos meus colegas acha o contrário).

Quanto ao senhor Parreira, já estive entre aqueles (foram os jornalistas do Rio que mais deram força a esse senhor, quando surgiu, saibam disso) que o admiravam, mas hoje até da integridade dele não tenho tanta certeza.

Fui.

Anônimo disse...

Ninguém disse que no jogo da França o Ronaldo esteve bem, com certeza melhor que a turma da geriatria. Se a bola chegasse nele, faria outros gols. Se jogasse outra partida estaria melhor ainda. E não precisa me lembrar que o SE não existe em futebol.
Pusilânime foi o Parreira, que não bancou a barração dos mascarados e recordistas quando todos sabiam que o Cicinho e o Gilberto estavam melhor. Não fez acompanhamento da situação física dos atletas nos clubes. Não assumiu que o time jogava mal e viu que não havia saída de bola, pedindo para o Adriano voltar na intermediária para ajudar. Marcou aqueles amistosos ridículos contra o times piores que os do rachão no aterro. E, porra, não marcou o Zidane. Há alguma coisa mais óbvia do que não deixar ele jogar solto. Aquilo é Copa do Mundo, se eu tomo um chapéu em pelada não quebro ninguém, mas na Copa é o mínimo.
Só tem uma coisa boa em tudo isso: acabou de vez essa estória de Parreira e Zagalo na seleção.

Anônimo disse...

Caríssimo Dudu, aquele jogo do dia 1º de julho de 2006 foi um combinado dos amigos de Zidane (Brasil) 0 X 1 França. Por isso, a estrela maior foi o mestre Zizou. E tenho dito.
Bruno Gaya