23.10.06

SEM ELA

E lá vêm os poetas, de novo, me socorrer. Sem ela, sem amor, é tudo sofrimento, pois ela é o amor que eu sempre procurei em vão. Pra quê tanta luz, luminosa manhã? É demais pros meus anseios. De repente em minha vida, já tão fria e sem desejos, esses festejos, essa emoção...

Dani, primeiro de maio de 2006

Tem dia que é assim. Eu atropelo os conselhos que mandam evitar a exposição em demasia, eu esqueço que basta dizer isso a ela, baixinho, em seu colo, e eu passo a querer mais é pôr a boca no mundo e escrever o mais bonito bilhete de amor, a mais ridícula carta de amor, pública, devassada, visível.

Pode ser que seja fruto da fragilidade pós-bala perdida que estilhaçou o vidro de nossa janela, pode ser que seja em razão de sua volta depois de três semanas de viagem, pode ser que seja conseqüência do susto da notícia de hoje cedo, da morte do pai de uma amiga de muitos anos, pode ser tudo isso junto.

Mas pode ser que não seja nada disso, e seja apenas o amor, vivo, intenso, o amor que não arrefece, o amor que só cresce, o amor que me fez comprar flores para encher a casa na sexta-feira passada, quando fui buscá-la no aeroporto com pressa de adolescente aguardando a primeira namorada.

Pode ser que seja por causa da visão de seus olhos, pequeninos, na noite de ontem, depois de um dia inteiro de cerveja, pedindo colo. Pode ser que seja por causa desse frio na barriga que persiste depois de mais de sete anos vivendo juntos, contrariando as previsões que não me servem, de que quimicamente (estaria comprovado, dizem os tolos sem a minha sorte) essas reações não duram mais do que um ano. Pode ser que seja por causa dessa respiração e desses suspiros que são inevitáveis quando vejo sua fotografia, e daí sinto seu cheiro, e daí eu corro os olhos pro relógio contando as horas e os minutos no afã de encontrá-la e aninhá-la nos meus braços.

Vocês que me perdoem, meus poucos mas fiéis leitores, mas hoje estou num desses dias.

Com butterfly, que é como ela chama esses frios na barriga que me percorrem também a espinha. Com o coração disparado, com uma vontade absurda de dar a ela o sistema-solar e o fundo do mar, a minha caixa de lápis-de-cor, o meu Flamengo, o meu Salgueiro, a Tijuca e o Rio de Janeiro. Com uma estranhíssima vontade de chorar, com uma crescente vontade de atravessar o Alto da Boa Vista e cair em seu colo, o lugar mais seguro do mundo, e beijar a mais bonita boca que jamais existiu, e dar a ela minhas lágrimas, meus soluços, meu amor e minha alma.

Pra todo o sempre, amém.

Até.

3 comentários:

Unknown disse...

Edu: Você é um poeta no sentido profundo do termo. E nem sei quem tem mais sorte nessa história: você ou a Dani. Quanto às tuas palavras para minha Luana, só tenho a agradecer com minha eterna gratidão de amigo. Hoje, durante o penúltimo debate, tomarei uma Brahma bem gelada em teu nome.

Anônimo disse...

E já estou eu aqui chorando de novo... Acontece toda vez que vc fala assim do seu amor pela minha amiga querida...

juliana amaral disse...

eita... coisa bonita é essa tua devoção, de orgulhar. e a juliana chorando aqui, ó, no meio da repartição. beijo em saudade.