31.1.07

BALCÃO DE NEGÓCIOS, BALCÃO DE EMPREGO

Francamente, como diria meu eterno e saudoso Governador Leonel de Moura Brizola... Os trinta e três atentados cometidos pelo jota, apontados na coluna à direita, no menu do blog, não deixam dúvida: trata-se do maior vendilhão do jornal O GLOBO, que tem diversos vendilhões entre seus empregados, nenhum tão eficiente quanto o homúnculo.

Mas o homúnculo é o homúnculo. E ele se supera dia após dia. Vejam isso.

É ou não é um nojo?

Valendo-se de um espaço como o que tem à disposição no Segundo Caderno d´O GLOBO, o jota oferece emprego ao medíocre garçom do Bracarense.

Antes, breve pausa. Vocês sabem que eu sou preciso do início ao fim. Por isso pedi a um amigo meu, cuja identidade omitirei, que procurasse saber a verdadeira história por trás da demissão do Chico. Sim, demissão. Conhecendo o jota como eu conheço, mentiroso como ele só, eu sabia que o Chico não havia pedindo as contas porra nenhuma. E eis, meus poucos mas fiéis leitores, o email que recebi desse amigo a que me referi:

"Tarde de sábado, 23 de dezembro, Bracarense lotado de ninguém (ou seja, “aqueles” mineiros, paulistas e que tais, que ficam fotografando o bar), como de hábito ultimamente.

Um garçom da melhor categoria, Tadeu, monta uma mesa de pé, na beira da calçada, para uns 10 malandros daqueles – leia-se, chance ímpar de ele colaborar com o caixinha coletivo da rapaziada, uma vez que o Chico, sozinho, levava um caixinha particular dele, sempre turbinada pelos já citados ninguéns.


Tratando os indivíduos com insuspeitíssima delicadeza, e já de posse de uma bandeja recheada de tulipas e caldeiretas, nosso bom Tadeu é abordado, em pleno balcão, pelo Chico, que lhe cobra satisfação e distância dos clientes de sua “carteira própria”.

Como esperado, todos - eu disse todos - os garçons e atendentes voltam-se contra o Chico, que, pelas costas, dá um tapona na orelha do bom Tadeu; resultado: tomou porrada até dizer chega, e ambos foram para o chuveiro, de imediato, suspensos por vinte dias.

Consultado por interessados, afirmei que a não demissão tornaria praxe esse tipo de episódio, em especial em tempos de vacas magras, quando é mais interessante ficar em casa sem trabalhar.

Resultado: RUA para ambos, e torço para que o bom Tadeu consiga breve recolocação; ele é dos nossos."


Como o jota não tem sequer cacoete de jornalista, evidentemente que não procurou saber da verdade. E se procurou - do que duvido - a omitiu, como sempre. Repetindo: Chico foi demitido. Sumariamente demitido. Ponto pro Bracarense, que se livra, assim, de um medíocre elevado à categoria de celebridade graças a elementos como Manoel Carlos e o jota, que sempre que pode dá um jeito de falar no cara, como aqui e aqui, pra só citar dois exemplos.

Quero encerrar por hoje com uma, digamos, previsão quase-óbvia.

Em questão de dias o homúnculo anunciará, com destaque, a contratação do medíocre garçom sumariamente demitido do Bracarense por um desses bares-de-merda volta e meia exaltados por sua coluneta, tão medíocre quanto.

Até.

30.1.07

A MÃO ESQUERDA


Eu não sei exatamente como começar. Mas vou tentar. Não sem antes dizer que hoje pela manhã, antes de sair de casa, pedi desculpas à Dani por meu destempero e ela me disse, conclusiva, mas com aquele sorriso que quase me mata:

- Você é dodói demais...

É que ontem à noite, assim, como quem não quer nada, ela me perguntou:

- Você viu "A Mão Esquerda", do Fausto?

Eu nem a olhei. Respondi de costas mesmo, blasè:

- Não. Por que?

- Sumiu.

Deu-se o caos.

Eu já suava em bicas (estávamos no ar-condicionado). Fui à estante, como um louco. Ela interrompeu minha busca:

- Já procuramos em tudo...

- Procuramos quem?

- Eu e a Leinha...

- E?

- Sumiu.

Agora serei direto em meu patético apelo.

Eu não empresto livros em nenhuma hipótese, e empresto ao "nenhuma" a ênfase szegeriana. Não é que eu desconfie do caráter do sujeito a quem emprestaria o livro, em absoluto. Mas é regra pétrea esse troço de emprestar o livro e o livro nunca (szegerianamente de novo) voltar. Simples. O sujeito lê, guarda na intenção de um-dia-eu-devolvo e fica por isso mesmo. Tenho eu a impressão, levíssima e quase que inocente, de que foi isso o que aconteceu com meu exemplar de "A Mão Esquerda". Dani, minha Sorriso Maracanã, um ser humano infinitas vezes melhor que eu, mais generosa, mais tudo o que há de bom, uma pessoa com extremíssima dificuldade de dizer não, emprestou o livro. E seguiu-se a pétrea regra. Ela emprestou. Leram o livro. E ele está em algum lugar, em alguma estante, lido por mim cinco ou seis vezes, com a dedicatória que o Fausto me fez e eu estou aqui, tristíssimo, amputado, procurando por ele nos mais improváveis lugares (perguntei ao motorista do ônibus que me trouxe ao trabalho se ele estava com meu livro, já catei em todo o escritório, em todas as gavetas... e nada).

Eis a razão pela qual tento, espero que não em vão, localizá-lo por aqui.

Se está com você, pelo amor de todos os deuses, escreva-me. Não medirei esforços para buscá-lo hoje mesmo.

Até.

29.1.07

INCOMPETÊNCIA É ISSO AÍ!!!!!

Eis que pouco depois de tecer rasgadíssimos elogios à transparência do sorriso da minha garota e à capacidade de ver a grandeza do mesmo demonstrada pela deputada Manuela Dávila sou obrigado a voltar aqui, ao balcão do Buteco para, uma vez mais, gritar:

- Como são burros! Como são incompetentes! Como são azêmolas, em sua grande maioria, os empregados do jornal O GLOBO que se dizem, coitados, jornalistas!!!!!

E isso por que?

Um empregado do jornal, coleguinha de redação do jota, da ACR e de outros mais constantemente denunciados por mim, preguiçoso que só ele, incapaz de um único telefonema para averiguar o assunto sobre o qual ficou incumbido de tratar, incapaz de levantar o rabo da cadeira diante do computador (esses incompententes têm o Google como única fonte...) e correr atrás da verdade, chamado Luiz Ernesto Magalhães (não o conheço), assinou nota intitulada "Próximo fim de semana já terá grandes blocos".

nota publicada no jornal O GLOBO de 29 de janeiro de 2007

E o que diz a nota mal escrita?

Que o bloco SEGURA PRA NÃO CAIR, do qual fui um dos fundadores, desfilará no próximo domingo.

O bloco SEGURA PRA NÃO CAIR não desfila desde 2005. Em 2006 já não desfilou. E não desfilará em 2007.

Mas pra esses caras, que não sabem PORRA NENHUMA (aos gritos, como deve ser), que deveriam ter vergonha de se dizerem jornalistas, o bloco está, ó, prontinho pra desfilar. Não tenho a menor dúvida de que foi o Google que contou pra ele.

Ou - bem possível - o preguiçoso empregado d´O GLOBO fiou-se na informação do guia de blocos da cidade editado pelo vereador Eliomar Coelho. Sua assessoria, tão preguiçosa quanto os yuppies do jornaleco, desde o ano retrasado recebe emails meus dando conta da extinção do bloco.

E não é com eles. O bloco foi anunciado no guia do ano passado. E no desse ano também. Tsc.

Tá feia a coisa, como diz o Simão.

Muito feia.

Até.

TRANSPARÊNCIA É ISSO AÍ!!!!!

Vou ser brevíssimo, que o dia hoje está daquele jeito!

Ontem à noite estive com a Dani na Lapa. Sendo mais preciso, chegamos à tarde, depois de uma belíssima manhã de domingo na praia, para almoçarmos no Cosmopolita. A nos acompanhar, o legendário Borgonovi - no curso da semana conto histórias do malandro - e Pedro Altman, ambos egressos de São Paulo.

O objetivo era assistirmos aos shows de Martinho da Vila e Beth Carvalho, no encerramento de mais um dia de atividades da Quinta Bienal da UNE. Fomos convocados - conto esse detalhe em nome da precisão - pelo Julio Vellozo, também de São Paulo, que tem, isso foi facilmente percebido, mais poderes entre a estudantada brasileira do que pastores-níquel entre fiéis dizimistas. Um troço de louco. Não havia um estudante, uma estudante, ninguém, capaz de dar um passo sem antes perguntar a ele, Julio Vellozo, que caminho tomar. Dito isso, em frente.

A certa altura o Julio faz um sinal em nossa direção, deixando evidente que quer nos apresentar uma pessoa. Chegamos pra perto.

Nesse exato instante eu já a havia reconhecido.

E disse o Julio:

- Manuela, esse é o Edu... E essa é a Dani, Manuela, mulher dele...

Pequena pausa. Nesses tempos em que achincalhar político é o troço mais fácil e corriqueiro do mundo, neguinho tem dificuldade de perceber o trigo no meio do joio.

Manuela Dávila

E a Manuela Dávila, única deputada federal do PCdoB, do Rio Grande do Sul - ave, Leonel! - não é trigo apenas por ser linda, com uma cara franca, um jeito aguerrido que acabou por levá-la à Brasília. Não. Tem olhos de ver. Vejam se não.

Feita a apresentação, Manuela cochicha algo ao pé do ouvido do portentoso Julio. Julio, por sua vez, sorri. E diz em nossa direção...

- Manuela... Essa é a Dani Sorriso Maracanã... - e riu, antes de prosseguir... - Edu, Dani... ela acabou de me dizer aqui... ´que sorriso o dela!, que sorriso!´.

Minha garota é demais.

Nem a belezura dos Arcos da Lapa, aquela tremenda lua por cima, foi capaz de ofuscar seu brilho. E a moça dos pampas, ó, sacou tudo.

Até.

26.1.07

MAIS UM PRESENTE IRRETRIBUÍVEL

Eu já perdi a conta de quantas vezes disse, aqui mesmo, no balcão do Buteco, que uma das maiores lições que recebi - e aprendi, e apreendi - de meus pais foi a que me ensinou a cultivar o sentimento da gratidão. Essa, e não outra, a razão que me fez escrever, em setembro do ano passado, um texto chamado "Os Presentes Irretribuíveis", que pode ser lido aqui.

Pois ontem, 25 de janeiro de 2007, recebi mais uma irretribuível prenda.

Pausa: escrevo "prenda" e me bate uma aguda saudade dos queridíssimos Inês, Crespita, Eurico, Próspero e Cidália. A eles, meu carinho transatlântico. Dito isso, em frente.

Rodrigo Folha Seca, um dos sujeitos mais carinhosos de que se tem notícia - o homem é tátil como eu - bateu-me o telefone ontem:

- Edu! Deixaram um presente pra você aqui na Folha Seca... Vem buscar!

Eu, curiosíssimo, fui. Aliás, ninguém mais curioso que eu. Ninguém. Estivesse eu em São Paulo, em Manaus, em Porto Alegre, e eu seria um homem em estado de nervos à espera da passagem aérea que me traria para o Rio de Janeiro, mais precisamente para a Rua do Ouvidor. Eu posso, inclusive, do alto da minha experiência no assunto dizer em altíssimo som: curiosidade não mata. Ou eu já seria um fóssil.

Eis que chego à livraria Folha Seca esbaforido e já entro atropelando clientes:

- Cadê? Cadê? Cadê?

Esqueço-me - confesso - de cumprimentar o Bruno, a Dani, o próprio Rodrigo.

E ele, Rodrigo, ciente de que nada me desviaria do foco, estende em minha direção um embrulho, lindíssimo, que eu destruo com a fúria de uma criança de cinco anos de idade ansiosa pelo presente de Papai Noel.

Antes, porém - fingindo fleuma, confesso - abro o cartão pregado no embrulho. Leio. E quase-morro. Ei-lo:

cartão

No verso, minha caricatura, obra do Bruno, braços direito e esquerdo da Dani e do Digão, discípulo confesso do mestre Loredano. Ei-la:

caricatura de Eduardo Goldenberg, por Bruno Cesar

E só então, já explodindo de felicidade, deparo-me com a garrafa de White Horse, devidamente aberta naquele mesmo instante, celebrando o comovente brinde naquele meio de tarde.

Disse-me o Rodrigo, o Carinhoso, fazendo festinha na minha mão, valendo-se de um de seus bordões:

- Gostou, velhinho?

Eu disse:

- Muito mais do cartão... muito mais do cartão...

A eles três, daqui, diante do balcão imaginário, ergo o copo com espessa espuma, jurando eterna gratidão por mais uma indizível página da minha já não tão curta vida.

Até.

25.1.07

MAIS MERDA NA KOMBI DO JOTA

Faz anos hoje meu (mais) velho pai, Isaac Goldenberg. É a ele que rendo as homenagens hoje, de pé no balcão imaginário do Buteco, o que não me impedirá, evidentemente, de logo mais à noite, render-lhe as homenagens pessoalmente, que ele sempre as merece.

Dito isso, em frente.

Quero que vocês acompanhem comigo, detalhadamente, o trigésimo terceiro atentado cometido pelo homúnculo. Dirão vocês - e isso só me ocorreu agora!:

- Mas por que a palavra atentado?

Explico.

Porque o jota atenta contra a inteligência do leitor. Porque o jota atenta contra o bom jornalismo. Porque o jota atenta contra a ética. Porque o jota atenta contra a cidade do Rio de Janeiro. Porque o jota é um terrorista em potencial. Com a arma que tem nas mãos - uma coluna diária no lixo que é O GLOBO - violenta, dia após dia, as mais caras tradições do carioca, e fatura horrores com esse terror. Vejamos se estou errado.

publicado no Segundo Caderno de O GLOBO de 25 de janeiro de 2007

No dia 09 de janeiro, portanto há apenas 16 dias, o empregado d´O GLOBO publicou uma nota, como mostrei aqui, anunciando a inauguração de um restaurante japonês, o Nakombi, do qual Roberto Talma - segundo a mesma nota - é um dos sócios.

E o que escreve hoje, o homúnculo?

Merda, pra variar. Mas sejamos mais precisos...

Faz ostensiva e vergonhosa publicidade nas barbas dos editores do jornal, que não têm - isso é impressionante! - coragem de impedir prática tão nojenta.

Leiam vocês mesmos.

Até de uma marca de chinelos o empregado d´O GLOBO leva algum. Não é possível que não.

Até.

23.1.07

CURTINHA É SÓ A NOTA

Curtinha é só a nota, pois a nota que gera nota após nota de curta não deve ter nada. Pra bom entendedor meia palavra basta. E vamos a mais um atentado cometido pelo inigualável jota, em sua coluna de ontem, 22 de janeiro de 2007, dia em que o mesmo retornou de férias.

Tudo bem que Antônio Pedro Figueira de Mello tenha sido nomeado diretor de operações da TurisRio. Não se discute, aqui, se tal nomeação merecia ou não menção na imprensa. Sejamos complacentes (e sendo complacente estou sendo o anti-Edu, mas sejamos...).

Mas vamos ao aposto explicativo que o jota usou:

nota publicada no Segundo Caderno de O GLOBO de 22 de janeiro de 2007

Quer dizer... o homúnculo conseguiu, na referida nota (imunda, como de costume), fazer propaganda de três estabelecimentos comerciais que atentam contra a carioquice.

É, sejamos precisos, o trigésimo segundo atentado cometido pelo empregado de O GLOBO.

E se você acha que eu exagero, se você acha que eu marco em cima demais, se você acha que o jota não é tendencioso e que tudo não passa de uma simples coincidência... Dê uma olhada nisso aqui, de julho de 2006. Trata-se de mais uma imunda nota (como sempre) do empregado d´O GLOBO, exaltando a mais fresca loja de cachorro-quente da cidade, justamente do cidadão recentemente empossado diretor da TurisRio.

Até.

22.1.07

LIVRARIA FOLHA SECA - 3 ANOS

E eis que no sábado, 20 de janeiro de 2007, dia de São Sebastião do Rio de Janeiro, a Rua do Ouvidor, aquele canto mágico da cidade, foi testemunha uma vez mais - e eu junto, graças a todos os deuses - de um momento que nos dá, aos cariocas de boa cepa, a certeza de que vivemos na Cidade Maravilhosa, maiúscula.

Os igualmente maiúsculos cariocas Rodrigo Ferrari e Daniela Duarte receberam pouco mais de 300 pessoas para comemorar, aproveitando o ensejo da festa do padroeiro, o terceiro aniversário da mais carioca das livrarias da cidade, a livraria do meu coração, a Livraria Folha Seca.

Não vou, aqui, dizer quem estava, quem não estava, para não cometer injustiças que seguramente viriam a reboque da falta de memória.

E vou repetir, aqui, o que eu disse a muito gente durante a festa: não havia um mísero jornalista cobrindo aquela celebração, prova impressionante da força do povo carioca que resiste às carradas de pessimismo que nos impingem os jornais, as revistas, a imprensa em geral. Foram horas de festa. Muita bebida. Um feijão servido a centenas de pessoas - pequena pausa para dizer que o feijão foi feito com tempero e carinho na medida certa pela Joana. E nenhuma briga. Nenhum tumulto. Nada além de uma tremenda manifestação coletiva de orgulho.

E aquele ambiente de alegria só terminou quando raiou o dia.

Exatamente como cantou outra carioca máxima, Beth Carvalho, como vocês poderão ver no video abaixo.

Mas antes de encerrar, quero lhes contar um troço bonito que me dá a certeza de que aquela livraria é mais, é muito mais que um livraria, um simples ponto comercial. É o bunker da paixão do carioca por sua cidade, assentamento sobre o qual a força que mantém viva essa paixão desmedida se consagra. A Beth escreveu belíssima declaração - de amor - no livro de presenças da festa. Lembro-me, apenas, da primeira frase, que diz tudo:

"Nunca é tarde para se conhecer o paraíso.".


Até.

20.1.07

SIMAS, PRECISO DO INÍCIO AO FIM

Quero confessar, de público, que poucas vezes li relato tão preciso quanto esse, que transcrevo, na íntegra, imediatamente abaixo. Escrito pela caneta danada do mano Simas, do imprescindível blog Histórias do Brasil, o texto é expressão fiel da verdade. E uma espécie de declaração de princípios meus, escrita - eis o mais bonito - não por mim, mas por alguém que me conhece como poucos. Eis uma das razões pelas quais eu anseio, como criança, pelo dia em que estaremos, eu, Simas, Rodrigo Folha Seca e Szegeri, juntos, numa mesma mesa.

SAUDADES DO CAVALCANTE´

A senha para o início da operação João Bosco tinha sido dada pelo telefonema do Digão:

- Rio-Brasília chamando. Rio-Brasília chamando. Câmbio...

- Tô descendo. Chego em cinco minutos.

E lá fui eu me encontrar com a quadrilha, ou melhor, com a equipe escalada para a entrevista com o capeta de Ponte Nova, parceiro do Aldir e pai do Chico. A primeira impressão foi um horror. Digão e Edu Goldenberg, em decisão ditada, certamente, por algum encosto que zanzava sem rumo desde que fora vítima de uma sessão de descarrego na Igreja Universal da Avenida Suburbana, apareceram vestidos da mesma maneira, com camisas do Flamengo da época do Rondinelli. Um horror.

E lá fomos nós, de carona no Brizolamóvel do Edu, deixando a boa e velha Tijuca rumo ao desconhecido, um bar qualquer da zona sul perto da casa do João. Edu, em estado de desvario, gritava para o Leo Boechat:

- Não entro no Belmonte! Não entro no Belmonte! Vamos achar um pé-sujo nessa merda de zona sul.

O Digão, animador, respondia:

- Tá foda, Edu, tá foda.

Eu, por minha vez, batia numa única tecla:

- Vocês estão de sacanagem com essas camisas. Vai dar azar, essa porra.

E rumamos, após longa peregrinação, ao bar e botequim Rainha do Mar, na Marquês de São Vicente, não sem antes o Edu ter sugerido fazer a entrevista no bar da clínica São Vicente, onde o Vinícius enchia a cara quando era internado. Digão argumentou com lógica cristalina, afastando a idéia do Eduardo:

- Edu, o risco é internarem a gente. Vão internar a gente.

O João Bosco, comunicado do local da entrevista, gostou e avisou que chegaria em breve.

Queridos, não mencionarei rigorosamente nada sobre a entrevista. Aguardem o Buteco do Edu. Foi surpreendente e, sobretudo, emocionante. Eu quero é relatar fatos posteriores.

O Digão, prudente, foi direto pra casa da Joana, pertinho do botequim. Eu e Leo Boechat entramos no jurássico Brizolamóvel, guiado por um Goldenberg em estado, digamos, alterado, e partimos para o aconchego sacrossanto do lar.

Eis que, num certo momento, alguém sugeriu (e creio ter sido a voz do encosto) uma saideira. Como estávamos na porta do Mistura Fina, foi ali mesmo que o barco bêbado atracou. Fomos ao balcão e, enquanto generosas doses de Red desciam, o Edu iniciou um discurso contundente:

- Que saudades do Cavalcante!! O Cavalcante era o maior. Me tratava como um rei. Quem conheceu o Cavalcante? Em que ano morreu o Cavalcante?

Impressionadíssimo, achei que o Edu estava falando sobre um personagem de um filme do Zé do Caixão que é ressuscitado ao som do bordão:

- Erga-te, Cavalcante!!

Mas não...o Cavalcante, no caso, fora maitre do Mistura Fina no início dos anos noventa, quando o Doutor Goldenberg andava, serelepe e fazendo merdas, por aquelas bandas esquisitas da Lagoa.

O Leo Boechat, imediatamente, concordou com o Edu:

- O Cavalca era o maior. Saudade dele. Um brinde ao Cavalcante!

Eu, me sentindo o mais ignorante dos boêmios, perguntei ao camarada Boechat:

- Porra, Leo, você também conheceu o Cavalcante?

- Não. Nunca vi nem ouvi falar. Mas era o maior. Era o maior.

Nessa lenga-lenga, chegou a hora de caminhar. Caríssimos, imaginem a cena. Em um Mistura Fina repleto de gente engravatada, emperequetada pra cacete, três sujeitos de bermudas e chinelos, barrigas proeminentes, um deles com uma camisa do Flamengo, daquelas que o Zózimo da Engraçadinha usava em Vaz Lobo, se retiram assaltando, sim, esse é o termo, o bar. Aliás, três sujeitos porra nenhuma. Eduardo Goldenberg fez isso. Explico, explico...

Edu colocou, inicialmente, dois quilos de amendoim nos bolsos da bermuda. Isso feito de forma descarada, infame, na frente de cento e cinquenta atônitos frequentadores. Ainda falou para o garçom mais próximo:

- Vou levar uma amendoinzinho para o Peperonni, meu vira-latas. Ele gosta, é um tremendo cachaceiro.

Eu, não sei por que cargas d´água, piorei a situação ao dizer:

- Belos copos de uísque. Belos copos.

- Quer um? - Me falou, com intenções diabólicas, o Edu.

Antes de ouvir minha resposta, o meu possuído irmão começou o discurso grandiloqüente:

- O Cavalcante não morreu. Ele ainda paira sobre a nau Mistura Fina. Sempre me tratou como um rei (o Leo, aos prantos, concordava: - Que saudades do Cavalcante... Um brinde ao Cavalcante!).

Para meu estupor, e estou sendo sincero, o bar inteiro brindou. Alguns garçons, amigos do falecido, começavam a chorar. E o Edu, emocionadíssimo, continuava:

- Cavalcante foi, para mim, o maior. O Pelé dos maitres. É em nome dele, que eu sei que concordaria com isso, que saírei levando o copo. Adeus.

E, impávido colosso, o bravo Edu retirou-se, erguendo o copo de uísque como troféu. Ninguém ousou pedir o copo de volta - seria, certamente, tremenda desfeita ao falecido Cavalcante, o maior.

Ao chegar à porta de casa, na velha Tijuca, o Edu entregou-me o copo, comovidíssimo:

- É pra você, Simão. Faço isso em nome do Cavalcante. Leva.

E o copo está aqui. Ontem mesmo o inaugurei, tomando uma dose. A Candida, ressabiada, ainda perguntou:

- Quem te deu esse copo?

- Um amigo.

- O Edu?

- Não. Você não conhece, meu amor.

- Como se chama?

- Cavalcante. O maior, o maior..."


Até.

19.1.07

SÓ FICO À VONTADE NA MINHA CIDADE

Dia desses eu fui jantar na casa da minha amada Sônia, mãe dos queridos Manguaça e Manguaço, e lá encontrei-me com o Rodrigo, primo desses dois, sobrinho daquel´outra. Disse-me o Rodrigo, comentando sobre o episódio envolvendo a garotada do jongo da Serrinha, que relatei aqui, que tudo na minha vida era encantado demais, bonito demais, quase que duvidando das belezuras que conto aqui no Buteco. Não duvidava de mim, exatamente, mas queixava-se, numa pilhéria, do marasmo de sua vida em contraste com as surpresas da minha.

Não estava - confesso de pé no balcão imaginário - exagerando, o Rodrigo. Posso queixar-me de tudo: da carestia, do pouco dinheiro, do time do Flamengo, do janeiro estranhíssimo desse 2007, da distância de amigos queridos que insistem em não viver no Rio, menos das surpresas que a vida me apronta. Só que ontem, quinta-feira, 18 de janeiro de 2007, as coisas tomaram proporções bíblicas, vou explicar.

Às oito da manhã eu chego na Assembléia Legislativa, no Centro do Rio, para encontrar a Beth Carvalho. Eis aí o primeiro milagre. A Beth não levanta, nunca, antes das duas da tarde. Mas lá estava ela, de pé, como eu, às oito, para a cerimônia da entrega da medalha Tiradentes ao presidente venezuelano, Hugo Chavez.

O que aconteceu? A cerimônia foi transferida para hoje - sexta-feira - e vimo-nos, os dois, juntamente com dois grandes praças - Beto Almeida e Mário Augusto - sem saber o que fazer.

Só que o Rio, meus poucos mas fiéis leitores, é uma cidade mágica e muito mais bonita do que a cidade mostrada nos jornais. Eu disse à Beth:

- Vamos à Folha Seca? Quero que você conheça a livraria do meu coração, a mais carioca de todas, quero que você conheça o Rodrigo, a Dani, o chef Santos... Vamos?

Nem titubeio houve. Fomos.

Beth Carvalho na Folha Seca, 18 de janeiro de 2007

Preciso dizer, em nome da precisão que me caracteriza, que eu estava a caráter: terno, gravata, pasta, muito a fazer e muitos compromissos.

Mas a minha cidade, onde fico à vontade como em nenhum outro lugar, é capaz de nos encorajar para o ócio, para o prazer puro e simples, para esse fundamental gesto de jogar pra escanteio, sem culpa, o terno, a gravata, a pasta, o muito a fazer e os compromissos.

Chegamos à livraria, caminhando, às dez em ponto, justamente no horário em que a Folha Seca abre. E eis aí outra característica nossa, carioca, outra marca que nos identifica. Foi a Beth entrar na livraria, passar os olhos pelas prateleiras, sentar à mesa e dizer:

- Que livraria!!!!!

Ali, naquele exato instante, eu tive uma certeza inabalável: eu não trabalharia.

Diante dessa certeza não me restou outra alternativa: afrouxei o nó da gravata e mandei vir a primeira garrafa casco escuro.

Beto Almeida, Beth Carvalho, Bruno e Eduardo Goldenberg na Folha Seca, 18 de janeiro de 2007

Éramos, àquela altura, pouco antes das onze da manhã, cinco seres humanos felizes dentro da livraria... Eu, Beth Carvalho, Beto Almeida, Rodrigo Folha Seca e o Brunão.

Beth Carvalho jogando no bicho na rua do Ouvidor, 18 de janeiro de 2007

Até que o Rodrigo mandou a nota:

- Vamos ao Casual antes que lote!

Saímos da loja e a Beth, picada pela carioquice febril que tem na Folha Seca o habitat ideal para agudíssima proliferação, disse:

- Quero jogar no bicho!

Eu emendei:

- Joga no 37, número da Folha Seca, rua do Ouvidor 37!

O apontador:

- Escolhe uma milhar, madrinha!

A Beth é, como se sabe, madrinha de todos nós.

E ela, de voleio:

- 5137!

Fez o jogo. Cercou pelos 12, inverteu milhar e centena, cravou no coelho, mandou um duque de dezena, pagou os trinta reais e partimos pro Casual, do chef Santos.

Beth Carvalho e Rodrigo Ferrari na rua do Ouvidor, 18 de janeiro de 2007

E quem chegou?

Quem chegou?

Ele, o portento, o talento, o genial, Tiago Prata!

Beth fez festa, Rodrigo fez festa, eu fiz festa, e já sentados à mesa do Casual fomos de chope, alheiras, bolinhos de bacalhau, costelinhas assadas, batatas ao murro, cantamos sambas de enredo, choramos - sim, meu pai, choramos todos diante da beleza - e depois de pagarmos a conta decidimos, para o bem de todos e felicidade geral da nação, voltar para a livraria.

Prata na Folha Seca, 18 de janeiro de 2007

Voltamos, disfarçamos todos tomando um café expresso e o Rodrigo Folha Seca cochichava ao meu ouvido:

- Que noite ontem, que dia hoje!

Pausa esclarecedora: na véspera, quarta-feira, entrevistamos o João Bosco. Eu, ele, Simas e Leo Boechat. Em breve, brevíssimo, publicarei aqui a entrevista na íntegra, como sempre. Foi, devo confessar desde já, emocionante. Encontramos o João numa tarde/noite inspirada, num buteco pé-sujo na Marquês de São Vicente, na Gávea, derrubamos uma garrafa de Red Label, bebemos quase um engradado de cerveja, e o resultado - vocês verão! - foi surpreendente!

resultado do jogo

São quase três da tarde e o apontador de bicho invade a livraria:

- Dona Beth! Dona Beth! A senhora ganhou 300 reais! Por um número... Se desse 5137 ao invés de 6137 a senhora levaria mais de dois mil!

Vão tomando nota dos fatos da tarde. Tudo soa à mentira. Tudo tem cores de lenda. Tudo parece inventado. Mas não, meus poucos mas fiéis leitores, não. Definitivamente, não. O Rio de Janeiro tem essa capacidade. O Rio de Janeiro tem essa impressionante capacidade de surpreender a gente, e aquela esquina, aquele trecho do velho centro do Rio, leiam isso aqui!, tem essa mania apaixonante de produzir mágica atrás de mágica.

A Beth foi, na hora, receber seu prêmio.

E a rua do Ouvidor foi um só alarido! Ela pousou para um sem fim de fotografias, deu incontáveis autógrafos, e eu mesmo respondi à hilária pergunta de um passante:

- Perdão. Essa aí é a Beth Carvalho de verdade?

Moacyr Luz e Beth Carvalho, 18 de janeiro de 2007

Quando já dávamos o dia/tarde por encerrado quem chega?

Quem?

Moacyr Luz e Dorina.

Há mais festa no interior da livraria.

Môa toca e canta. Beth canta e chora. Eu choro. Dorina canta. E o Rodrigo prossegue, guinchando baixinho:

- Que noite ontem! Que dia hoje!

Daniela Duarte, Eduardo Goldenberg e Dorinna

Szegeri, meu mano Szegeri, o paulista mais carioca da paróquia, possivelmente sentindo apertar o peito diante de tamanha boniteza, bate o telefone pra mim. E eu choro - de novo, meu pai... eu chorei de novo... - contando sobre tudo.

Moacyr, Dorina e Beth batem em retirada por volta das sete e meia da noite. Vão em direção à Gamboa. Eu recuso o convite e fico. Eu fico porque minha menina, a Sorriso Maracanã, está chegando de Curitiba. Eu fico e fecho a loja com o Rodrigo às oito, depois de dez horas seguidas de batente.

E vamos a pé até a Praça Tiradentes, onde ele fica e de onde eu tomo um táxi para casa.

Vim mudo, sem falar palavra.

Só fui abrir a boca - e o coração, e a alma - quando a casa encheu-se de luz com a chegada da moça com um sorriso do tamanho da cidade que eu amo e onde fico à vontade.

Com a licença do Aldir e do Moacyr... Deus desenhou meu coração de um jeito igualzinho ao velho Centro do Rio.

E fiquei no colo da mulher amada contando sobre o dia. Contando sobre o dia mágico que vivi. Ela sorriu diversas vezes, como quem sorri pra uma criança diante do encantamento novidadeiro de uma descoberta. Fez festinha nos meus cabelos, enxugou minhas lágrimas com as mãos em cujas linhas tropecei faz tempo. Disse-me, com a doçura que só têm os cúmplices:

- Não fosse você me contando, meu amor, e eu diria... mentira!

Tal e qual me disse o Rodrigo, sobrinho da Sônia.

Vai ver que foi tudo mentira mesmo.

Mais uma peça pregada pela cidade-mulher, da qual sou, como diria Paulo da Portela, grande admirador.

Eu pensei - juro! - à certa altura, que eu estava de fato delirando... que eu abrira um livro qualquer, numa qualquer prateleira daquela portentosa livraria, e entrara, literalmente, dentro de um enredo encantado, para viver, de verdade, uma das mais bonitas histórias já escritas.

Até.

PS: depois não digam que eu não avisei. No sábado, amanhã, a partir das 13h, acontece a festa de 3 anos de vida da livraria Folha Seca que embarca nas comemorações do dia do padroeiro, São Sebastião do Rio de Janeiro, como já anunciei aqui. Não me venham dizer, na semana que vem, quando eu contar sobre a festa - que se anuncia antológica - que é tudo exagero meu, mentira minha, delírio.

18.1.07

PAGANDO PAIXÃO

Quando é que você se flagra completamente apaixonado por alguém? Ou melhor, como é que você descobre que alguém, mesmo distante, está dentro de você e dorme confortável em seu coração?

Simples: você está, por exemplo, entrevistando o João Bosco e, no final, sem nenhum pudor, pede um autógrafo.

- Pra Rosa? Claro!

E você diz, já com os olhos marejados:

- Hoje ela está fazendo 18...

Soluça, e completa:

- ... dias.

autógrafo do João Bosco para Rosa Szegeri

Até.

17.1.07

ESPELUNCA É O GLOBO!

Não vou nem me estender.

Eu também não agüento mais.

Mas não deixo, por nada, de fazer o registro.

Dessa vez saiu na coluna do Ancelmo Gois - para a qual agora colabora Aydano André Motta, que em muito breve será responsável por um blog, vinculado a tal coluna, sobre bares. Será de uma isenção, ó, comovente.

Mais uma notinha dando conta da inauguração de mais uma filial do Espelunca Chic.

nota publicada no jornal O GLOBO de 18 de janeiro de 2007

Até.

AUTOPROMOÇÃO

Essa história bem poderia ficar na prateleira das coisas que o meu irmão Szegeri chama de "eu sei que é mentira mas é lindo". Mas como o Bruno Ribeiro não é dado a mentir, fica de fora da mesma. Confesso, de público, de pé no banquinho imaginário do Buteco, que fiquei comovido com o troço. Razão pela qual, dividindo a emoção e entrando numa de autopromoção, recomendo a vocês a leitura do receita para amar uma cidade.

Até.

MEMORABILIA

Tinha eu dezessete anos de idade. Já era, àquela altura, um obsessivo. Fui a todos os espetáculos, ver João Bosco, no Teatro Carlos Gomes, de 3 a 7 e de 10 a 14 de novembro. Todos.
programa do projeto Seis e Meia, do Teatro Carlos Gomes

Guardo, com tremendo orgulho, o programa do "Seis e Meia", autografado pela fera.

Até.

16.1.07

CURTINHA

Enquanto esse cocô chamado Conversa Fiada abre mais uma filial, dessa vez em Búzios, esse empregado d´O GLOBO comete seu trigésimo primeiro atentado.

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O que é curioso notar - dando pra sacar qual o tamanho dos tentáculos do esquemão - é que no dia 11 de janeiro, na coluna da empregada d´O GLOBO, Flávia Oliveira, o citado bar-de-merda já havia sido citado, justamente a inauguração da "filial em Búzios".

Até.

15.1.07

ESQUEMÃO

Ouço daqui o papai gemendo entre dentes, comentando com mamãe:

- Mas não é possível! O Dudu está ficando maluco! De novo o mesmo assunto!

Pausa: papai me chama de Dudu, papai acha mesmo que estou ficando maluco (não está de todo errado), e papai está certo (de novo), já que de fato volto ao mesmo assunto. E como sempre, pra bater firme nos empregados de O GLOBO e denunciar o esquemão que a máfia dos investidores donos de bares-de-merda armou.

Atentem para a matéria abjeta publicada na revista O GLOBO, encartada no jornal aos domingos. Assinada por uma empregada do jornal chamada Aline Gomes, devidamente cooptada pelos tentáculos que jogam contra o patrimônio o tempo inteiro, ostenta o título de PETISCOS DE GRIFE e é apenas mais uma prova de que esse movimento sujo que destrói os butecos de verdade é bem articulado e não joga pra perder.

matéria publicada na revista O GLOBO de 14 de janeiro de 2007

Os bares-de-merda citados pela citada matéria são, não por acaso, os preferidos de outro empregado do jornaleco - o jota - e os mesmos adulados pela jornalista (risos), ou melhor, pela empregada do mesmo jornal, Flávia Oliveira (a seguir falo mais sobre a moça): Botequim Informal, Espelunca Chic e Conversa Fiada.

Bom, vamos à Flávia Oliveira.

Anotem! Tomem nota! Para que vocês notem como o Buteco é coerente!

Essa lamentável empregada do jornal, Flávia Oliveira, adulou dois bares-de-merda na semana passada, leiam aqui, o Espelunca Chic e o Conversa Fiada (vocês realmente acreditam em coincidência?????).

Essa moça vem a ser casada com um dos mais odiados jornalistas (risos) da crônica esportiva brasileira, Aydano André Mota. Esse moço, um dos mais odiados jornalistas, estreará, nas próximas semanas, um blog - pausa para gargalhar - falando apenas sobre butecos, ligado, é evidente (todas as merdas vêm de lá...) ao jornal O GLOBO. Depois não digam que eu não avisei... Quando o blog de merda for lançado (parece que pelo Ancelmo Góis) eu vos direi, aos gritos:

- Eu avisei! Eu avisei! Eu avisei!

Aydano André Mota que é casado com Flávia Oliveira, que citou dois bares-lixo na semana passada...

Coincidência?

Francamente, como diria o Leonel Brizola...

Até.

14.1.07

FEIJOADA NA ACADEMIA

Vai pegar fogo no gongá! E lá vamos nós, ela de mãos dadas comigo, eu sofrendo - e tolo de quem associar sofrimento a dor - tudo como manda o figurino.

banner da feijoada do Salgueiro

Até.

13.1.07

ESPELHO, ESPELHO MEU...

... existe alguém, no mundo, mais ansioso do que eu?

Como é público e notório, no dia 24 de junho faz anos o meu irmão paulista, o Szegeri, o Pompa, o maior ser humano que já conheci em 37 anos de vida. Como ele merece as melhores coisas, e como com isso concorda também o Criador, meu irmão ganhou de presente, justamente no dia de seu aniversário, a Iara, minha afilhada, minha doce e querida afilhada, que mereceu comovente texto, hoje, no indispensável blog do Simas, leiam aqui.

E como eu sou ansioso, e isso vem piorando a olhos vistos, comprei, hoje, minhas passagens e as da Dani, minha Sorriso Maracanã, para a manhã de 23 de junho, com volta para o último vôo do domingo, 24 de junho, o que não foi de todo ruim, já que paguei pelas passagens aéreas menos do que pagaria pelas rodoviárias.

bilhete eletrônico da GOL

Mano Szegeri, doce Stê, minhas amadas Iara e Rosa: até junho!!!!!

Isso - pigarros - se você, meu irmão, não aparecer, de sopetão, pro desfile do Bola Preta, que sairá ligeiramente murcho sem você.

Até.

12.1.07

DIA 20 DE JANEIRO

Sábado que vem, não amanhã!, é dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião do Rio de Janeiro, padroeiro da mais linda cidade do Brasil, quiçá do mundo, que ainda pode se salvar, como vaticinaram Moacyr Luz, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro, autores do hino afetivo desse pedaço de terra.

Dia 17 de dezembro a livraria do meu coração, a Folha Seca, comandada por dois cariocas máximos, Daniela Duarte e Rodrigo Ferrari, comemorou três anos encravada ali, naquele lindíssimo canto da cidade, na rua do Ouvidor, entre a Primeiro de Março e a travessa do Comércio.

Vai daí que, juntando duas datas tão significativas, a Dani e o Rodrigo tiveram uma idéia genial, fomentada - devo dizer em nome da precisão e da verdade! - por mim, pelo Pratinha, pelo Simas, pelo Loredano e pelo Leo Boechat, num desses finais de dia lá mesmo, quando a livraria se transforma numa espécie de bar, de lar, nesses troços fundamentais na vida da gente.

convite para a festa de 3 anos da Livraria Folha Seca

No próximo sábado, então, 20 de janeiro, a partir das 13h, o coro come naquele pedaço do Rio, com muito choro, muito samba, muito caldinho de feijão, muita cerveja gelada, festejando mais um ano de vida de uma livraria que engrandece a cidade que, por sua vez, a acolhe como mãe.

Será, efetivamente, um puta prazer ver todo mundo lá.

Até.

11.1.07

MERDA NA TIJUCA

Esses investidores de merda, esses escroques capitalistas que não estão nunca satisfeitos com os lucros que auferem, esses mentirosos canalhas que encontram guarida na coluna do jota, esses porcos que criam tentáculos por toda a cidade pisando e cuspindo na história carioca não têm, definitivamente não têm, limite.

Meu querido Fraga, leitor assíduo do Buteco, mandou-me email hoje pela manhã apontado-me a tragédia. Ei-la:

nota publicada no jornal O GLOBO de 11 de janeiro de 2007

Na coluna chamada NEGÓCIOS & CIA a jornalista (risos) Flávia Oliveira faz, hoje, propaganda ostensiva - como seu coleguinha, o jota, empregado do mesmo jornal - de dois bares-de-merda, duas mentiras, duas empresas de franquia: Espelunca Chic e Conversa Fiada.

Sobre a primeira merda, Espelunca Chic, a moça anuncia a inauguração, em Copacabana, da segunda "unidade própria", menos de seis meses depois da inauguração da primeira unidade, na Gávea (o que comprova que a metástase alastra-se numa velocidade impressionante...), dizendo, ainda, que o sócio-investidor planeja abrir a terceira até julho, em Ipanema ou no Leblon. Assim seja. Inaugurem "unidades próprias" na puta que pariu, mas não na Tijuca, não na zona norte!

Torcida em vão no caso da segunda merda anunciada, Conversa Fiada.

Pausa: dêem uma sacada no site do Conversa Fiada. Vocês nem vão precisar pôr os pés nesse lixo para perceberem o que é evidente. Esse cocô nunca foi nem nunca será o que pretende ser, um buteco. Ou um buteco tem departamento de marketing, departamento de eventos, departamento financeiro, departamento de compras e departamento de recursos humanos????? Está tudo lá, na merda do site do bar-de-merda.

Eu sei que estou com a boca suja demais, hoje, mas a sujeira é proporcional à minha revolta.

O Conversa Fiada inaugurará, em breve, uma filial na Tijuca. Já soube que será na rua Conde de Bonfim, próximo a rua Uruguai. Convoco, daqui, os cariocas máximos que não se conformam com esse espalhar de merda, com esse atropelo desmedido, com essa sede insana pelo espaço do cidadão simples que quer apenas um buteco pé-sujo pra chamar de seu, para uma manifestação, no dia da inauguração do troço, com direito à pajelança, trabalhos fortes, torcida apaixonada, para que dê tudo errado, para que haja uma caveira de burro enterrada sob o piso imundo da filial tijucana capaz de impedir o sucesso, o êxito e o lucro dos investidores forasteiros, mesmo que não estejamos lá, até mesmo porque jamais pisaremos nessa merda.

Não passarão!

Até.

10.1.07

METÁSTASE

Quando a gente pensa que ele, o homúnculo, atingiu o cume do ridículo e da podridão, pronto! Quebramos a cara. Vocês que acompanham a marcação cerrada que fazemos daqui do balcão do Buteco, expondo, não torremos, não moelas, não lingüiças e ovos coloridos, mas notas fétidas publicadas na coluneta do jota, sabem que o conjunto da obra - os atentados cometidos pelo arremedo de jornalista - provam a coerência que é nunca pisar nos lixos exaltados pelo cara, provam a coerência que é falar mal, sempre que nos é dada a oportunidade, desses drinking centers, desses bares-de-merda, desses lixos mentirosos que se proliferam como células cancerosas.

Vocês notem, inclusive, que a escrotidão consoante faz escola. Leiam devagar a nota abaixo, publicada no suplemento GLOBO BARRA (que outro jornal? que outro bairro?), para não vomitarem.

nota publicada no jornal O GLOBO de 07 de janeiro de 2007

Que tal? O Conversa Fiada, um dos bares-de-merda mais exaltados pelo jota, está promovendo, às segundas-feiras, as Segundas Esotéricas, oferecendo, como cortesia aos clientes, consultas com um tarólogo, uma cartomante e um numerólogo. Não é mole, não. Tinha que ser na Barra Cada Vez Menos da Tijuca e tinha que ser num cocô desses, o Conversa Fiada. Tentem imaginar o impossível... Um buteco cravado na Rua do Matoso lança a tal idéia. Os freqüentadores chegam e - garanto! garanto! - enchem de porrada os palhaços poupando apenas a cartomante, isso se for gostosa. Mas não dão refresco. A cena é rigorosamente inimaginável... Na Tijuca, na zona norte, merdas como essa não vingam até mesmo porque sequer são implantadas.

Mas eu falei em coerência e vejam que coisa bonita isso... Bonito, quero dizer, é verificar como a coerência está presente na luta que travamos aqui, quase que solitariamente, contra o mal que o jota propaga, quase que diariamente. Está presente porque fica evidente que o autor da matéria-de-merda que anuncia (a que custo?) a babaquice lançada pelo Conversa Fiada - Lauro Neto (escrevam para ele, perguntem a ele como surgiu a idéia de tão genial matéria, exijam do cara uma resposta decente!) - imita o mesmo modus operandi do homúnculo e segue o modelo que buscamos deixar evidente nas prateleiras onde ficam expostos os atentados cometidos pelo jota.

E como não podia deixar de ser...

Ontem, 09 de janeiro de 2007, o jota quebrou seu próprio recorde e eu diria que recorde, inclusive, de rentabilidade. Numa única nota - mal escrita, como sempre - ele consegue fazer propaganda de SETE - vou repetir em negrito... SETE - estabelecimentos!!!!! E não há, meus caros, um único jornalista dentro daquela bosta que atende pelo nome O GLOBO, um único ombudsman que seja, um revisor, um editor, que chegue pra ele e diga:

- Ô, caralho, tá foda! Devagar com o andor que tá ficando muito na cara, porra!

nota publicada no jornal O GLOBO de 09 de janeiro de 2007

Ele não perde tempo, não dá ponto sem nó.

E querem ver o que há de bacana nessa marcação em cima?

Querem ver como é fantástico perceber que não erramos quando apontamos o indicador na fuça dos caras acusando-os de fazer um péssimo jornalismo, de fazer propaganda ostensiva (a que preço?)?

Vamos ao sete estabelecimentos citados pelo ganancioso jota, pela ordem: Nakombi, Mr. Lam, Capricciosa, Gula Gula, Adega do Porto, Rebouças e Braz.

Em 05 de maio do ano passado, leiam aqui, o homúnculo exaltava justamente (pela ordem) o Mr. Lam, Nakombi, Braz, Rebouças, Gula Gula e Capricciosa.

Se você não teve a pachorra de ir ao link acima indicado, eis a nota do jota de 05 de maio de 2006.

nota publicada no jornal O GLOBO de 05 de maio de 2006

Conclusão a que chegamos?

Os donos do Adega do Porto (o único não exaltado na nota imunda de maio de 2006) levaram pouco mais de oito meses para toparem pagar o preço pedido pelo jota.

Ah, sim! E tem mais uma coisinha... O Rebouças, chamado na nota de hoje de pé-sujo (coisa que ele não é porra nenhuma!), foi chamado, em maio do ano passado, de "pé-sujo grifado", uma das mais podres expressões criadas pelo autor dos atentados que colecionamos.

E pra fechar...

O moleque, filho de um casal trabalhador ao extremo, ajudava os pais na kombi de cachorro-quente diante do Canecão já há mais de três anos. Juntou mesada durante cinco meses pra poder levar a namorada pra jantar no japonês trazido de São Paulo pelo Roberto Talma. Liga pra moça:

- E aí, gata? Vamos sair hoje à noite?

- Vamos - ela respondeu lânguida.

- Jantar?

- Arrã - ela respondeu ainda mais lânguida - Mas aonde?

- Nakombi.

Ela bateu com o telefone na cara do moleque e nunca mais voltaram a se falar.

Até.

9.1.07

PEPPERONI, DE NOVO

O Pepperoni, meu fiel e buliçoso vira-lata é a prova viva de que não nasci para exercer a paternidade, humanamente falando, como eu já lhes adiantei aqui, eis o parágrafo ilustrativo:

"Eu digo sempre com a sensação do vaticínio: quando a Sorriso Maracanã engravidar - e no dia em que me der a notícia, se esse dia chegar, que esses troços não dependem só da gente - ela será, indubitavelmente, uma viúva em gestação. Uma viúva em pleno estado interessante. Não concebo receber a notícia e dizer um "oh" que seja, um "ah" mínimo, um "hã?". Eu cairei, súbito, fulminado, como Estácio de Sá, só que suprimindo o tempo da agonia entre a flechada e a morte. Será instantâneo."

E mesmo levando em conta - e agradecendo com ligeiro atraso - os comentários sensibilizados da Inês, da Neguinha Suburbana, do Claudão e da Vanessa, confesso que me é integralmente absoluta essa certeza: em havendo o dia do nascimento de nosso filho, parentes dirão "parabéns, Dani, pelo bebê tão lindo..." e outros ao mesmo tempo, fungando, "meus pêsames, Dani, pelo passamento do pai...".

Dito isso, em frente.

Cheguei em casa há pouco e o Pepperoni - mais merdeiro a cada dia que passa, como já lhes contei aqui - deu de disparar como um galgo pelo apartamento. Aliás, nova pausa. Como é interessante ter um vira-lata e ficar tentando descobrir, dia após dia, que raças se escondem ali! O Pepperoni salta alto e ágil como um gato, quica freneticamente como um coelho, corre como um galgo, é forte como um pitbull e dócil como minha doce e saudosa cocker-spaniel.

Mas ele saiu em disparada como um galgo pelo corredor, indo e vindo, e numa dessas idas e vindas meteu os cornos numa das quinas da estante, vindo então em minha direção com o supercílio aberto e sangrando em profusão. Pronto.

Caí no chão de terno e tudo. Larguei a pasta, joguei a gravata pra longe e dei de chorar e soluçar perguntando (notem o grau de insanidade que atingimos...):

- Tá doendo, filhão? Tá? Conta pro pai, conta...

Nisso puxei do celular e disquei (acho lindíssimo discar do celular) pra Márcia, a veterinária que o atende:

- Márcia? É o Edu. Do Pepperoni - e eu chorava de fazer a voz falhar.

- Tudo bem? - voz nitidamente preocupada.

- Nããããããããããããããããooooo... - e eu gania.

Relatei o que houve. E a Márcia, meus caros, a Márcia ria e gargalhava do lado de lá, enquanto eu, por conta própria, lançava litros de Povidini na ferida, avermelhando todo o focinho do garoto.

- Edu... Basta pôr gelo, Edu, que esse galo baixa já, já... Mas que lindo! Ele sempre aprontando...

Despedi-me da Márcia (que tem a profissão mais denodada, juntamente com os pediatras) e fiquei abraçado com ele fazendo juras de amor, prometendo colo pra sempre, fazendo perguntas sem sentido, até que me servi de um single malt pretendendo relaxar. Pepperoni deitou-se em meu colo e dormiu, como um anjo, não sem antes fazer cafuné na minha barriga infelizmente cada vez mais protuberante como se pretendesse me consolar.

Vê-se, nitidamente, que eu não dou pra coisa; ou melhor... que eu não suportaria, vivo, tantos percalços inevitáveis num infante bípede originário de mim.

Até.

5.1.07

JOTA E A PRIMEIRA DO ANO

Nota de 04 de janeiro de 2007, que me foi passada pelo Caio Vinícius, leitor vigilante que também não agüenta o jota, minúsculo de propósito.

Vocês acham que o homúnuclo quis dar a notícia sobre os quiosques que serão inaugurados? Ou quis bajular o vice-presidente da Orla Rio?

Qual o quê!

O troço foi escrito - mal escrito, pra variar - apenas para citar um dos bares de merda preferidos do empregado do jornal.

nota publicada no jornal O GLOBO de 04 de janeiro de 2007

Até.

ESSAS MULHERES...

No dia de hoje, atribuladíssimo, faz anos minha borboleta amada, Milena Blanc, minha afilhada, 13 anos, 13 primaveras, e eu quero lhes dizer que quase-morri quando chegou-me seu email, anteontem, avisando-me da comemoração, terminando com um "eu te amo" que me derruba.

Falei em "eu te amo", falei de amor, portanto, e nessa semana que passou eu discutia isso com uns amigos no Estephanio´s... Como é possível a gente amar alguém, um serzinho com poucas horas de vida a quem sequer conhecemos? Estou falando da Rosa, filhota dos meus irmãos queridos Stê e Szegeri, recém-chegada.

Parto amanhã cedo, com a Sorriso Maracanã, rumo a São Paulo, apenas para vê-la, e para vê-los, meus amigos amados, e outra de nossas afilhadas, a Iara.

São essas mulheres, essas pequenas mulheres, acabando comigo.

A elas três eu ergo, de pé, no balcão imaginário do Buteco, meu copo de chope com três dedos de espuma espessa!

Até.

4.1.07

LAYLA 10 X 0 PEPPERONI

Vocês manjam aquele papo de reclamar de barriga cheia? Pois é. Eu, quando lhes contei ontem sobre a cagada que o Pepperoni fez durante nossa viagem pra Cabo Frio, leiam aqui, estava praticamente reclamando do pobrezinho. Até porque nada houve de destrutivo no gesto tresloucado do nosso garoto. E se eu quiser ser preciso do início ao fim, como sempre, tenho que confessar que as únicas coisas que, até o momento, o glorioso vira-lata destruiu, foram os únicos dois livros que ganhei egressos do tempo em que vacas tentavam sem êxito destruir meu pasto, duas grandes bostas pernósticas sobre vinhos, e escritos em francês, o que é bem a cara (o focinho, quero dizer) da vaca-mãe. Breves pigarros e vamos em frente.

Recebi ontem email do Miguel, leitor assíduo do Buteco. Dizia-me ele justamente isso: que eu reclamara em vão do pobre Pepperoni, um santo. Mandou-me duas fotografias anexadas, que ilustram este texto.

São fotos da Layla, sua cadela de um ano de idade. Mas não são exatamente fotos DA Layla, mas fotografias que mais parecem fotografias tiradas por peritos da polícia, com imagens da cena do crime, para análise cuidadosa da extensão dos danos. E o crime, neste caso, foi cometido justamente pela cadelinha do Miguel.

Contou-me ele que ela come parede. Vou repetir: a Layla come parede. E neste dia, no dia em que foram tiradas as duas fotografias, na época em que a Layla morava com o Miguel (hoje mora em Cabo Frio), quando ele chegou do trabalho e abriu a porta de casa ansioso para abraçar a garota, deparou-se com a destruição, na íntegra, da sala do apartamento. Eis o rol dos objetos devastados: um óculos de sol Armani, um par de sapatos italianos, um relógio Nike, todos os dois sofás e as quatro poltronas da sala, dois abajures inteiros (incluindo fios e lâmpadas), a fiação da NET e da TELEMAR, uma gaveta da cômoda, o controle remoto do ar-condicionado, duas gravuras emolduradas e um tapete persa que mais parecia confete, todo espalhado pela sala.

Eis as fotos...

Layla
Layla

E o que é mais bonito de toda a história?

A frase com que o Miguel fecha o email:

"Mas para quem gosta de cachorros (só eu tenho quatro, espalhados pelo Rio e Cabo Frio) tudo é festa."

Até.

3.1.07

PEPPERONI APRONTANDO

Se tivéssemos, eu e Dani, um cão comum, simplesmente dócil, praticamente um parvo, não seríamos Edu e Dani e nada faria sentido. Antevendo, sabe-se lá, que aquela coisinha linda que encontramos na rua, leiam aqui, faria merda atrás de merda, como os donos, tornando nossa vida ainda mais divertida, decidimos adotar o vira-lata mais hilário a quem chamamos Pepperoni, mantendo a linha das pimentas que adoçam a vida da gente - não entendeu?, leia aqui!

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O fidaputa tem essa cara aí, ó, de petulante, de insolente, de faço-o-que-eu-quero-e-fodam-se-vocês, e isso nos comove de maneira olímpica. Tomem nota, com base apenas nessa confissão absurda - comovemo-nos com a desobediência do animal - e dimensionem o que vivemos, eu e minha Sorriso Maracanã, no convívio diário com o moleque.

Vou contar passagem mais-que-verídica, como sempre, precisamente, do início ao fim, como sempre também.

26 de dezembro. Tomamos a estrada em direção a Cabo Frio para cinco dias de paz naquela terra onde as praias são ainda mais lindas, somente eu e minha garota, e eu era um excitado já na Ponte Rio-Niterói, graças ao afeto, vivo dentro de mim, de uma de nossas primeiras viagem juntos, pra Cabo Frio também. Eu, minha garota e ele, o merdeiro.

Um pouco antes de chegarmos a Tanguá, paramos num posto de gasolina para abastecer o brizolamóvel.

Dani:

- Quer alguma coisa pra comer?

- Arrã.

Lá se foi minha menina para a lanchonete.

O frentista, devolvendo a chave:

- Noventa e cinco reais.

Estendi o cartão.

- Tem chip, senhor. O senhor tem que vir comigo colocar a senha.

- OK - disse eu.

Fui.

Estou lá, digitando a senha, quando vem minha menina trazendo numa das mãos um pratinho com um sanduíche misto e noutra uma lata de refrigerante. Digito o código, agradeço, recebo e guardo o cartão de volta na carteira, beijo Dani naqueles arroubos juvenis que não me deixam, pisco o olho num sinal de "vamos", arranco o primeiro naco do sanduíche que ela me estende docemente, tomamos a direção do carro, eu pouso o pratinho no teto do carro, e mastigando apalpo os bolsos da bermuda.

- Dani, cadê a chave do carro? - digo de boca cheia.

- Não sei, Gugu... - ela responde lânguida, e quero dizer, publicamente, que apenas ela e o Szegeri, vejam isso!, me chamam por esse apelido.

Apalpo nervosamente os bolsos todos, Dani pede calma, quando meus olhos cruzam com os olhos do Pepperoni, de pé no banco do motorista, com uma das patas sobre o pino da porta, tudo travado. Meto o olho na janela fechada, e lá está a chave, na ignição.

- Putaquepariu...

- O que foi, Gugu?

- Olha a chave... - e apontei.

Dani gargalha e lota o Maracanã:

- Pepperoni!!!!!

O imbecil nos olhava com cara de sofrimento, estático diante da janela, os olhos grudados no meu sanduíche, a língua crescendo pra baixo, mandamos chamar um chaveiro, e Dani iniciou o treinamento. Pelo lado de fora da janela, evidentemente, ela encostava o sanduíche na altura do pino da porta. O cachorro, com aqueles olhos de o-que-foi-que-eu-fiz-pra-merecer-esse-castigo?, tentava comer o pão - burro! - e a boca ali, grudada no pino da porta. Dani, numa cena patética:

- Abre, amoreco, levanta o pino...

Eu já estava na segunda lata de cerveja.

Frentistas, motoristas de caminhão, clientes do posto, os empregados da lanchonete, todos cercavam o brizolamóvel e cada um com uma idéia mais estúpida:

- Joga um paralelepípedo na janela, ele vai morrer de calor!

- Mete o joelho na porta e dobra pra fora, por cima, pra entrar oxigênio!

- Fala mais alto que ele não deve estar ouvindo lá de dentro!

Dani tentou ser mais didática e específica.

Quando parou um Fiat Tipo para abastecer, idêntico ao nosso (mesma cor, inclusive), ela pediu gentilmente ao dono que estacionasse ao lado do nosso carro, janela com janela. Entrou dentro do carro. Trancou o carro por dentro. Ajoelhou-se no banco da frente. Pôs a língua pra fora e - devo confessar - o Pepperoni a tudo acompanhava atentíssimo.

Eu já estava na terceira lata de cerveja.

Começou a morder o pino da porta do carro do cara que - devo confessar - a tudo assistia sem entender rigorosamente nada. Levantava o pino. Abria a porta e dizia gritando:

- Viu, amoreco?! Imita a mamãe, imita!

A assistência relinchava de rir e eu já estava na quarta lata de cerveja quando chegou o chaveiro, aplaudidíssimo, que em menos de 1 minuto, manipulando uma serrinha e uma chave de fenda abriu a porta do carro.

Trinta reais mais pobres seguimos viagem.

Dani foi, até Cabo Frio, conversando com o Pepperoni sobre a imprudência cometida.

Até.

2.1.07

ABRINDO OS TRABALHOS

Se é verdade que Ifá mandou Exu abrir caminho pelo mundo inteiro, com a licença da academia do samba que me faz feliz - salve, Salgueiro! - é verdade também que eu sinto que já comecei a trilhá-lo - a trilha certa, diga-se! - nesse 2007 que promete. E cadiquê promete? Explico.

Promete porque passei a última semana do ano em Cabo Frio, sozinho com a Sorriso Maracanã (não exatamente sozinhos, eis que o glorioso Pepperoni, que fez merdas olímpicas, conto depois, estava conosco), e porque quando voltamos, no dia 30, fomos recebidos com um tremendo carinho, indizível como sempre, pela Sônia, pela Manguaça e pelo Rodrigo, com um igualmente indizível, de tão bom, risotto de lingüiça com queijo coalho.

Promete porque horas, antes de voltarmos pro Rio, recebemos uma ligação (depois de mais de dez, vinte, trinta ligações) anunciando a chegada da Rosa ao mundo, através de pais mais-que-doces, meus irmãos amados, mano Szegeri e a doce Stê.

Promete porque às nove da manhã do último dia do ano eu já estava preparando três quilos e meio de lentilha carneada para os sessenta convidados do reveillón da Maria Paula, e é sempre um prazer cozinhar para multidões, brincar de provedor, bebericar em meio a muito bacon, cebola, alho, folhas de louro, pimenta do reino, e eu devo dizer que o refogado que preparei dessa vez, foto abaixo, foi o melhor em trinta e sete anos de vida!

refogado da lentilha para o reveillón 2006/2007


Promete porque atravessei 2006, e cheguei a 2007, de mãos dadas com a mulher que me ensinou a sorrir. Porque enquanto fazíamos a contagem regressiva, pés nas areias de Copacabana, estávamos abraçados, as bocas unidas, rodeados de gente querida, ao som dos fogos e das rolhas que estouravam prenunciando um ano bom.

Promete porque atravessamos Copacabana e Ipanema em direção ao Leblon, ainda de mãos dadas, e chegamos à casa da Maria Paula onde mais gente querida nos esperava. É certo que a sensação de bom presságio foi concreta quando abrecei-me ao Fefê, meu irmão siamês amado, à dona da casa, à Betinha, ao Flavinho, à Guerreira, à Lelê Peitos, à Manguaça, à Fernanda, ao Vidal, à Gláucia, ao Zé Colméia, ao Dani, ao Tito, à Rafa, e nós ali, agradecendo a arte do encontro e comemorando a graça de estarmos vivos.

Promete porque acordamos mais-juntos-que-nunca no primeiro dia do ano novo, e porque percorremos uma trinca de casas onde tudo foi festa.

Promete porque primeiro fomos à Urca, na casa do queridíssimo Sérgio Barreto, e um dia desses eu conto a vocês o que é aquilo, o subúrbio encravado na zona sul, um troço que é a cara do que eu mais amo, casa simples com cadeiras na calçada, espadas de São Jorge à direita de quem entra, sorrisos para todos os lados, Tetê e seu amor visível, e as bençãos de dona Jônia, a quem mal conheci, evidentes e concretas, sobre todos nós.

Promete porque voltamos à Maria Paula para o clássico e tradicional enterro dos ossos, e revi Fefê, Betinha, Flavinho, Zé Colméia, Manguaça, Guerreira, Vidal, Gláucia, Mauro, e partimos em direção ao terceiro compromisso, e quem dera fossem todos desse gênero os compromissos de 2007!!!!!

Promete porque embarcamos no Dorival, eu e Dani, pilotado pelo exímio motorista - pausa para quatro ou cinco relinchos de gargalhada - Pratinha em direção à casa da Beth Carvalho. Lá bebemos, jogamos conversa fora, tocamos, cantamos, e de lá partimos faltando exatamente quarenta minutos para as duas horas da manhã.

Isso dá bem a dimensão do nosso fôlego para 2007. Chegamos ao Leblon, para buscar nosso carro, quase às duas. E eu bati o telefone pra Maria Paula:

- Podemos subir?

E ela, com voz de sono:

- São quase duas, maluco...

Vê-se, pela nossa disposição, o que será o amanhã.

Até e axé. Um puta 2007 para nós todos.