Conforme lhes contei
aqui, em janeiro de 2007, tenho compradas, desde o começo do ano, as passagens aéreas para comemorar,
in loco, o aniversário do maior dentre os seres humanos que respiram, neste exato instante, sobre a Terra,
Fernando Szegeri.
No domingo, 24 de junho, faz anos o
Pompa, meu irmão paulista. E percebam a diferença abissal que nos distancia.
Às vésperas de meu aniversário, escrevi o texto
EU, COADJUVANTE, leiam
aqui, onde, em apertada síntese, contei sobre a angustiante experiência de se perceber coadjuvante na festa de seu próprio aniversário.
Angustiante experiência que o
Szegeri nunca (dito com a fúria e a intensidade szegeriana) conheceu ou conhecerá. Explico.
Eu estou indo para São Paulo.
Dani, evidentemente, também.
Luiz Antonio Simas e sua doce
Candinha, idem. De Campinas, convocado para compôr o exército,
Bruno Ribeiro comparecerá. E atentem, meus poucos mas fiéis leitores, que todos chegarão na sexta-feira, amanhã - quando começa recesso no
BUTECO até segunda-feira -, e só voltarão na segunda-feira.
Tudo - rigorosamente tudo - por causa do
Szegeri.
Eu diria, a título ilustrativo, que nenhum dentre os pouquíssimos amigos que compareceram à comemoração do meu aniversário, gastou mais do que os R$2,00 do coletivo. Nenhum.
E com o aniversário do
Pompa, um evento que movimenta a economia da cidade - e eu diria sem medo do erro que a economia do País -, as pessoas gastam o que não gastam comigo no curso de toda a vida. Vejam o
Simas, por exemplo: ele e
Candida rasparam do cofrinho, só com as passagens aéreas, pra mais de R$500,00. E há, ainda, o presente de aniversário, o gasto com transporte, alimentação, esses troços. Gastarão - essa a verdade econômica - os tubos. Mas não é exatamente nada disso o que quero lhes contar (acabo de escrever o maior intróito da história do
BUTECO!).
Quer dizer, minto. É sobre isso, sim, mas sobre outra ótica, e vou explicar.
Vão também para São Paulo, e gastando muito, mas muito mais dinheiro (já que decidiram a viagem de última hora),
Rodrigo Folha Seca, esse extenso poço artesiano de ternura, e
Tiago Prata, o gênio do 7 cordas, filho de todos nós, filho meu, sobretudo, que pleitei, em primeiro lugar, a paternidade do menino.
Eis aí o ponto nodal, o personagem sobre o qual quero trabalhar - Tiago Prata.
Bati o telefone pro Szegeri na semana passada:
- O que foi, porra? - atendeu-me assim.
- O Prata também vai pra São Paulo - eu disse, ligeiramente magoado com a receptividade que meu nome piscando na tela de seu aparelho gerou.
Ele desligou o telefone.
Eu pensei - confesso agora - que a ligação caíra.
Mas em segundos estrilou meu celular:
- Fala, mano.
- Jura que ele vem?
- Por Deus.
- Meu filho vem! Meu filho vem! - e desligou de novo.
Vai daí que comecei a receber emails dos amigos do Szegeri - meus também, quero crer, embora meu irmão paulista diga que todos têm apenas piedade de mim - querendo detalhes - vão tomando nota! - da visita do Prata.
Eu cheguei a responder um, o primeiro, com um texto visivelmente escrito por um pai que é todo orgulho por conta do talento do filho.
Mas a resposta me veio implacável. Trancrevo-a:
"Edu: deixe de ser patético! Faça um filho seu e não encha o saco com essas histórias delirantes. Quero saber, apenas, onde posso ver o Pratinha em ação em São Paulo. Simples assim. Seu chato!"
Que doce, não?
Essa a razão pela qual não respondi a mais ninguém.
Mas eu diria, sem a mínima possibilidade de errar, que o Prata tornou-se a obsessão dos paulistanos. Todos querem vê-lo, tocá-lo, farejá-lo, num espetáculo que se anuncia à beira da histeria.
As reservas para o sábado, no Ó do Borogodó - tomem nota, tomem nota! -, estão esgotadas, mesmo com o aviso na porta, desde a semana passada, que a chegada do Querubim é, ainda, uma incógnita em razão do caos aéreo.
E isso porque o garoto tocará, no sábado à tarde, durante a festa de lançamento de dois livros na rua do Ouvidor, na livraria Folha Seca. Parte de lá, na companhia do Rodrigo, direto para o Santos Dumont. Ritmo, como se vê, de astro de primeira grandeza.
Relatou-me, o Szegeri, por email, e ele fez isso apenas para me deixar com ciúmes (sou ciumentíssimo), que há gente querendo contratar o menino a peso de ouro para - vá lá! - a execução de uma música, um choro, um samba.
Chegou-se, então, ao seguinte ponto.
O Szegeri mobiliza, como já provei, multidões.
Mas Tiago Prata, e vá entender como se deu, da noite pro dia, a transformação do menino em astro disputado a tapa, reverteu a ordem natural das coisas, talvez com a mesma maestria e com a mesma mágica com que reverte mãos e dedos nos passeios de encantamento que faz com o bojo do violão no peito, tornou-se a bola da vez dessa viagem que se anuncia - guardem o que estou dizendo! - histórica.
Há meses, muitos meses, que venho desejando e guardando no coração a ansiedade pelo nosso encontro, a um só tempo.
Fará falta o Fefê, por exemplo. Fará falta mais um ou mais outro - e não direi outros nomes.
Mas quando sentarmos à mesa de um buteco qualquer, sob o comando do Szegeri, eu, Bruno Ribeiro, Simas, Rodrigo Folha Seca, Prata, Favela, Leo Golla, Deco, Borgonovi, Julio Vellozo, Augusto, Marcão, Craudio e quem mais chegar - algo mudará pra sempre.
Ao menos em mim, disso não tenho dúvida.
E quando virarmos todos saudade, ele, o caçula, metade da idade, no mínimo, de cada um de nós, será o guardião dos segredos que da mesa emergirão.
Quem viver verá.
Até.