Como lhes contei ontem, aqui, o JB deixou de publicar Aldir Blanc, deixou de publicar Nani. Com isso, disse eu, o outrora aguerrido jornal carioca se mediocriza de maneira aguda. Agudíssima, eu diria. Hoje, sexta-feira, ao ler o Caderno B do JB, senti o peso do vazio. E para que salte aos olhos a mediocridade que grassa, sintam, comigo, o peso desse troço...
Na terça-feira, dia 28, recebi email de um amigo de São Paulo.
Pausa rápida... Não se trata do Szegeri, infelizmente. Não falo com o Szegeri, um verdadeiro iglu em matéria de sentimento, há semanas. E não há quem o demova dessa retração, desse isolamento, desse sumiço. Dito isso, sigamos.
O email a que me refiro dizia, apenas, o seguinte:
"Edu, esse artigo saiu na Folha de São Paulo de hoje. Divirta-se no esculacho!!!"
E fui ler o tal artigo...
Li. Li e digo a vocês que é, de fato - meu amigo foi preciso! - merecedor de esculacho. Dirão alguns que estou, de novo, acendendo muita vela pra pouco defunto. E de fato estou. Mas se lamento vigorosamente a saída do Aldir do JB, se lamento o afastamento do Nani do mesmo jornal, se digo que com isso o JB se mediocriza, igualando-se aos demais jornais, sinto-me - em nome da precisão que me é companheira - na obrigação de apontar o dedo e dizer: eis a mediocridade que se espalha como metástase!!!!!
Tentarei ser preciso e didático.
Já em março deste ano de 2007, chamei a atenção para esse projeto nefasto que atende pelo nome de AMORES EXPRESSOS, leiam aqui. O coordenador editorial dessa coisa, João Paulo Cuenca - que também escreve n´O GLOBO - vão tomando nota da coerência de tudo... - laureou (lendo meu texto vocês saberão mais sobre a vergonha) quinze amiguinhos com viagens de trinta dias para o exterior, com tudo pago. João Paulo Cuenca convidou quinze amiguinhos mas são dezesseis os afortunados pelo - pausa para o vômito - projeto. Um desses dezesseis é ele mesmo, que se escolheu.
Entre os dezesseis agraciados, também, Cecília Giannetti, de quem já falei aqui. A Cecília Giannetti (que chama João Paulo Cuenca de patrão... vejam aqui...), que quando é convidada para dar uma palestra abre a boca pra sair alguma coisa - a triste e lamentável figura é criação dela... - é quem assina a tal coluna a que se referiu meu amigo no email que recebi.
Um poço de preconceito, de soberba e de presunção, eis o teor da coluna, cujo título é HUNOS. Os grifos são meus, o preconceito é dela.
"O que quero eu dizer ao chamar de hunos meus vizinhos? Que vivo e trabalho em rua movimentada - por eles. Que o paraíso artificial deles é a temporada no inferno de quem tenta ler, escrever ou mesmo assistir a um DVD com o volume da TV marcando 29. Que a minha agenda de trabalho precisa ser refeita constantemente para acomodar as oscilações na rotina de farras da vizinhança.
Se chegam cedo ao bar da rua - em torno das dez da manhã-, por volta das cinco da tarde eles vão para casa, depois de terem cantado Ana Carolina, Zeca Pagodinho e/ou Chico Buarque batendo palmas fora de ritmo; de terem brigado; de terem torrado a paciência de todo um prédio, a ponto de seus moradores se transformarem naquilo que, quando jovens, ninguém imagina que será um dia: a pessoa que, pela janela, joga um balde d'água nos bêbados.
Os hunos não são jovens. Dizem até que ali, em meio à baderna diária, está sempre uma professora de graúda universidade federal. Quero crer que não há, pois as discussões -escuto todas- têm o nível de um talk-show ambientado sobre um pau de galinheiro.
Porém, em torno do bar eles estacionam carros bons. Há, portanto, algum dinheiro. Há uma cidade imensa, cheia de melhores bares e lugares. O que me faz quicar entre quatro paredes com censura em forma de perguntas: por que não pegam esses carros, esse dinheiro e essa disposição toda e vão à praia roer queijo coalho no palito? Ou almoçar em Santa Teresa, em vez de subsistir de uma dieta restrita a ovo rosa e lingüiça frita servida no prato de plástico? Um shoppingzinho? Um cineminha? Um café de livraria, já que há entre eles - dizem, dizem...- uma professora universitária?
(E aqui tenho a plena consciência de soar como aquele tipo de síndica coroca que, além de atirar baldes d'água pela janela, fura as bolas que as crianças da rua deixam cair no seu quintal).
Se os hunos partem "cedo" - ou seja, ainda à tardinha-, tenho a noite para trabalhar ou dormir. Se chegam à tarde, minha noite será dedicada a ouvir seus colóquios, angústias de casais desafinados que já não entendem mais quem começou qual baixaria e se acusam de bobagens mesquinhas. Os hunos são uma festa móvel.
Se a ópera ocorrer às primeiras horas da madrugada, os hunos não estarão no bar pela manhã. Aí, calculo que posso dormir mais ou menos por cinco horas e então começar a trabalhar. Até o meio-dia, quando eles retornarem, descansados e esquecidos de tudo o que disseram e fizeram na noite anterior.
Se a última cantoria e/ou debate ocorrer no começo da noite, porém, isso significa que poderei escrever durante a madrugada e dormir até às dez horas da manhã. Às dez da manhã o bar já estará aberto, recebendo as primeiras vedetes desse grupo tão divertido - "síntese do carioca", se levamos em conta a maioria dos cronistas. Salve, simpatia."
Um nojo, vê-se.
Na terça-feira, dia 28, recebi email de um amigo de São Paulo.
Pausa rápida... Não se trata do Szegeri, infelizmente. Não falo com o Szegeri, um verdadeiro iglu em matéria de sentimento, há semanas. E não há quem o demova dessa retração, desse isolamento, desse sumiço. Dito isso, sigamos.
O email a que me refiro dizia, apenas, o seguinte:
"Edu, esse artigo saiu na Folha de São Paulo de hoje. Divirta-se no esculacho!!!"
E fui ler o tal artigo...
Li. Li e digo a vocês que é, de fato - meu amigo foi preciso! - merecedor de esculacho. Dirão alguns que estou, de novo, acendendo muita vela pra pouco defunto. E de fato estou. Mas se lamento vigorosamente a saída do Aldir do JB, se lamento o afastamento do Nani do mesmo jornal, se digo que com isso o JB se mediocriza, igualando-se aos demais jornais, sinto-me - em nome da precisão que me é companheira - na obrigação de apontar o dedo e dizer: eis a mediocridade que se espalha como metástase!!!!!
Tentarei ser preciso e didático.
Já em março deste ano de 2007, chamei a atenção para esse projeto nefasto que atende pelo nome de AMORES EXPRESSOS, leiam aqui. O coordenador editorial dessa coisa, João Paulo Cuenca - que também escreve n´O GLOBO - vão tomando nota da coerência de tudo... - laureou (lendo meu texto vocês saberão mais sobre a vergonha) quinze amiguinhos com viagens de trinta dias para o exterior, com tudo pago. João Paulo Cuenca convidou quinze amiguinhos mas são dezesseis os afortunados pelo - pausa para o vômito - projeto. Um desses dezesseis é ele mesmo, que se escolheu.
Entre os dezesseis agraciados, também, Cecília Giannetti, de quem já falei aqui. A Cecília Giannetti (que chama João Paulo Cuenca de patrão... vejam aqui...), que quando é convidada para dar uma palestra abre a boca pra sair alguma coisa - a triste e lamentável figura é criação dela... - é quem assina a tal coluna a que se referiu meu amigo no email que recebi.
Um poço de preconceito, de soberba e de presunção, eis o teor da coluna, cujo título é HUNOS. Os grifos são meus, o preconceito é dela.
"O que quero eu dizer ao chamar de hunos meus vizinhos? Que vivo e trabalho em rua movimentada - por eles. Que o paraíso artificial deles é a temporada no inferno de quem tenta ler, escrever ou mesmo assistir a um DVD com o volume da TV marcando 29. Que a minha agenda de trabalho precisa ser refeita constantemente para acomodar as oscilações na rotina de farras da vizinhança.
Se chegam cedo ao bar da rua - em torno das dez da manhã-, por volta das cinco da tarde eles vão para casa, depois de terem cantado Ana Carolina, Zeca Pagodinho e/ou Chico Buarque batendo palmas fora de ritmo; de terem brigado; de terem torrado a paciência de todo um prédio, a ponto de seus moradores se transformarem naquilo que, quando jovens, ninguém imagina que será um dia: a pessoa que, pela janela, joga um balde d'água nos bêbados.
Os hunos não são jovens. Dizem até que ali, em meio à baderna diária, está sempre uma professora de graúda universidade federal. Quero crer que não há, pois as discussões -escuto todas- têm o nível de um talk-show ambientado sobre um pau de galinheiro.
Porém, em torno do bar eles estacionam carros bons. Há, portanto, algum dinheiro. Há uma cidade imensa, cheia de melhores bares e lugares. O que me faz quicar entre quatro paredes com censura em forma de perguntas: por que não pegam esses carros, esse dinheiro e essa disposição toda e vão à praia roer queijo coalho no palito? Ou almoçar em Santa Teresa, em vez de subsistir de uma dieta restrita a ovo rosa e lingüiça frita servida no prato de plástico? Um shoppingzinho? Um cineminha? Um café de livraria, já que há entre eles - dizem, dizem...- uma professora universitária?
(E aqui tenho a plena consciência de soar como aquele tipo de síndica coroca que, além de atirar baldes d'água pela janela, fura as bolas que as crianças da rua deixam cair no seu quintal).
Se os hunos partem "cedo" - ou seja, ainda à tardinha-, tenho a noite para trabalhar ou dormir. Se chegam à tarde, minha noite será dedicada a ouvir seus colóquios, angústias de casais desafinados que já não entendem mais quem começou qual baixaria e se acusam de bobagens mesquinhas. Os hunos são uma festa móvel.
Se a ópera ocorrer às primeiras horas da madrugada, os hunos não estarão no bar pela manhã. Aí, calculo que posso dormir mais ou menos por cinco horas e então começar a trabalhar. Até o meio-dia, quando eles retornarem, descansados e esquecidos de tudo o que disseram e fizeram na noite anterior.
Se a última cantoria e/ou debate ocorrer no começo da noite, porém, isso significa que poderei escrever durante a madrugada e dormir até às dez horas da manhã. Às dez da manhã o bar já estará aberto, recebendo as primeiras vedetes desse grupo tão divertido - "síntese do carioca", se levamos em conta a maioria dos cronistas. Salve, simpatia."
Um nojo, vê-se.
Pelo visto, na visão da moça, essa porra toda só pode acontecer na Mercearia, em SP, quintal dos bacanas antenados com a produção cultural...
Até.
Até.