28.9.07

VOU VER JULIANA

A vida é mesmo capaz de pequenos milagres que dão mais graça à própria vida. E é graças a um desses milagres que eu, acompanhado da minha imprescindível Sorriso Maracanã, de pé, diante do balcão imaginário, estarei, hoje à noite, junto da nossa queridíssima Juliana Amaral (comigo, aqui), no show de lançamento de seu mais novo disco, JULIANA SAMBA, com participações especiais de Moacyr Luz e Wanderley Monteiro.

filipeta lançamento Juliana Amaral, 28 de setembro de 2007

Muito axé pra Ju!

A semana promete e o samba agradece... Na terça-feira, é Moyseis Marques - veja ele cantando aqui - que lança seu disco.

Até.

27.9.07

ARAGUAIA

O JB, o outrora aguerrido JB, desde ontem vem dando ampla cobertura à questão judicial que envolve o desaparecimento de 58 ativistas do PCdoB, entre os anos de 1972 e 1975, e os militares que estiveram na linha de frente da repressão à Guerrilha do Araguaia.


O jornal O GLOBO, que foi subserviente a vida inteira aos militares golpistas e ditadores, mantém asqueroso silêncio sobre este importantíssimo, e inédito, acontecimento.

Não querer lançar luzes sobre esta importante vitória dos familiares dos desaparecidos, que desde 1982 tentam obter informações sobre o paradeiro dos corpos de seus parentes mortos, é até coerente com a história covarde do jornal O GLOBO.

Mas não noticiar que o coronel Lício Ribeiro Maciel, um dos comandantes dos grupos que prenderam e mataram guerrilheiros, ameaçou receber à bala o oficial de justiça que porventura ouse intimá-lo a depor, e declarou que se arrepende de ter prendido, e não matado, José Genoíno, é gesto rigorosamente divorciado do Jornalismo maiúsculo.

Um nojo, como de costume.

Até.

27 DE SETEMBRO

"Gbalá é resgatar, salvar
E a criança, esperança de Oxalá
Gbalá, resgatar, salvar
A criança é esperança de Oxalá"


(Martinho da Vila)

Ana Clara, 24 de dezembro de 2005

26.9.07

A PODRIDÃO DE UM JORNAL

Ontem minha caixa de email espocou feito milho em pipoqueira, que eu odeio forno de microondas e, conseqüentemente, a pipoca prática que tem gosto de isopor. O relógio marcava seis e meia da manhã quando chegou o primeiro, assinado por um Tabelião (senti-me notificado):

"Meu velho, nem uma palavra sobre o atual furdunço envolvendo os pé-sujos e sua higiene, e o comentário do Juarez Becoza sobre serem lugares feitos por gente do povão para gente do povão? Já foi melhor nisso, hein? Beijos."

Notem que a marcação de meus poucos mas fiéis leitores é, ao contrário da marcação exercida pelos zagueiros do Flamengo, infelizmente..., implacável. Mas vamos ao palpitante assunto que tantos emails provocou.

O GLOBO, ontem, através de uma de suas empregadas, Selma Schmidt (recuso-me a chamar de jornalista quem se presta a certos papéis), deu início - não tenho dúvidas disso - a uma sórdida campanha contra os butecos cariocas (ainda são dez mil, apesar da ação predatória de meia-dúzia de empresários e de milhares de babacas que caem no conto desses imbecis).

matéria publicada no jornal O GLOBO de 25 de setembro de 2007

A matéria intitulada PÉS BEM MAIS DO QUE SUJOS, que ocupa uma página inteira do caderno RIO, tem um tom denuncista covarde e propõe-se aparentemente a cobrir a vistoria (chamada de blitz, na matéria) feita em oito butecos pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores. Vistoria essa acompanhada pelo jornal O GLOBO. Eis aí meus primeiros estranhamentos.

Quando houve, recentemente, um operação feita pela Delegacia do Consumidor com acompanhamento de técnicos da Vigilância Sanitária, e quando descobriram algo como cem quilos de carne vencida no Belmonte do Jardim Botânico, não havia UM mísero fotógrafo ou UM mísero jornalista de O GLOBO "acompanhando" a operação?

Por que esta notícia saiu num canto de página, tímida, sem qualquer destaque? Vejam aqui.

Vejam bem... É EVIDENTE (com a ênfase szegeriana) que, em geral, as cozinhas dos butecos pé-sujos não são, de fato, um primor de higiene e assepsia. Mas também não o são as cozinhas de QUALQUER restaurante, simples ou requintado, ou de QUALQUER bar-de-merda dessas redes perniciosas de franquia.

E não tem mais o que fazer o presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores?

A certa altura da matéria, o tal presidente da malfadada comissão alerta:

"- Quem consome alimentos preparados nesses bares está sujeito a contrair doenças infecto-contagiosas."

E quem não está sujeito a contrair doenças infecto-contagiosas comendo em QUALQUER lugar na rua? Quem?

Mas o presidente dessa ocupadíssima comissão prefere apontar o dedo na direção, justamente, dos butecos. Sugestão rápida: por que não faz uma vistoria apurada nas contas pessoais de seus colegas vereadores? Por que não checa os contratos escusos entre a Prefeitura e algumas construtoras, que tiveram o PAN como objeto, e que enriqueceram, da noite pro dia, uma pá de gente? Por que? Por que bater no lado mais fraco, sempre? Digo lado mais fraco porque, um dia depois da publicação da tímida matéria denunciando a apreensão de carne vencida no Belmonte, deu-se ampla publicidade a uma nota oficial (é de rir) divulgada pela assessoria de imprensa (é de rir) da cadeia do bar-de-merda. Quem irá meter o indicador na fuça do vereador e defender os butecos?

Outro troço, esse engraçado. A Sra. Selma Schmidt (eu gostaria de saber como) chegou até a Sra. Rita de Cássia Goulart, manicure, 38 anos, sumidade quando o assunto é buteco. E escreveu a seguinte pérola, peça fundamental na história do jornalismo investigativo:

"Há duas semanas, a manicure Rita de Cássia Goulart, 38 anos, passou mal com a lingüiça que comeu em um pé-sujo em Laranjeiras:

- Botequim, nunca mais."


Ontem, enquanto almoçava um PF num pé-sujo no Largo do Machado, neguinho no balcão, apontando pra tal matéria, dizia com a boca cheia de farofa, rindo violentamente:

- PQP! A Rita bebeu cerveja, bebeu cachaça, pediu rabo de galo, limão da casa, comeu meia porção de lingüiça e mete a culpa na coitada?!

O que exsurge da matéria covarde e meramente denuncista é o que acompanha a história desse jornal, desde sua fundação (sobre posturas do jornal O GLOBO, recomendo a leitura de elucidativo texto de meu mano Simas, aqui): ódio às coisas do povo e às coisas da gente mais simples, nojo à escâncara de tudo o que é popular e que sobrevive independente da submissão aos poderosos e às engrenagens sujas do maquinário que sustenta a canalha.

Não passarão!

Até.

25.9.07

A PEDIDA DA TERÇA-FEIRA

A partir das 18h, na livraria Folha Seca, a livraria do meu coração, na rua do Ouvidor 37, Luís Filipe de Lima autografa OXUM - A MÃE DA ÁGUA DOCE, o mais novo livro da coleção ORIXÁS. Já tenho meu exemplar devidamente autografado mas estarei lá.

convite para o lançamento do livro OXUM, de Luís Filipe de Lima

Com a devida licença, e excepcionalmente, axé!

24.9.07

A SABEDORIA DO SIMAS

Luiz Antonio Simas é, para quem o conhece, uma referência. Diante do alunado, um farol. Diante dos amigos, a sapiência. Não é à toa que o Szegeri, o homem da barba amazônica de São Paulo, e também um sábio, o chama apenas de Velho, com o maior respeito que pode haver. Não é à toa que o Bruno Ribeiro, lá de Campinas, sem saber do epíteto dado pelo Szegeri, também a ele se refere como O Velho, assim mesmo, com o artigo maiúsculo denotando, digamos, intensa obediência. E por aí vai... Poderia eu, se quisesse cansá-los, desfiar um rosário de exemplos que atestam, incontestavelmente, a extensão da sabedoria desse brasileiro máximo, desse carioca imprescindível, desse, hoje, enraizado tijucano até o último fio de cabelo que ele, diga-se, já não tem.

Fiz menção à calvície do Simas e senti vontade de reviver esse trecho, que publiquei aqui, e que dá exata noção do que vai no alto da cabeça do sábio:

"Não há, no alto da cabeça do protagonista de hoje - ou mesmo do lado, atrás - um único projeto de fio de cabelo. Não há a mais remota expectativa de um fio de cabelo. Não há a esperança, mesmo distante, da mais remota penugem. Um tufo, que seja. Nada. O Leo Boechat, por exemplo, é uma Rapunzel ao lado do Simas. Daí a barbaridade que foi assistir a Candinha fazendo carinho com os dedinhos naquela superfície árida como se enrolasse cachinhos imaginários."

Mas vamos ao que quero lhes contar.

Simas, rua do Ouvidor, 25 de agosto de 2007, foto de Felipinho Cereal

Dia desses passeávamos eu, Rodrigo Ferrari e Luiz Antonio Simas, pelo velho centro histórico do Rio de Janeiro. Foi quando ouvimos o grito:

- Professor! Professor!

Era um aluno do Simas - cujo nome preservarei a pedidos - que esbravejava e brandia os braços como um desses bonecos infláveis de posto de gasolina, sentando do lado de fora do Al-Fárábi (clique!), sebo capitaneado pelo Carlos, na rua do Rosário.

O Simas, sempre solícito, nos disse:

- Aluno meu. Vamos até lá...

Sentamo-nos à mesa com o rapaz que estava - é preciso dizer em nome da precisão - em frangalhos. Bêbado. Falando com dificuldade.

Tão logo nos sentamos, o menino agarrou-se num dos braços do Simas, como se fora um náufrago em mar bravio, dizendo coisas em seu ouvido e exibindo, seguidas vezes, o celular.

O resumo da história...

O rapaz estava sendo assediado por uma colega de turma, tremenda baranga, através de incontáveis mensagens enviadas pelo celular. O rapaz - esse era seu drama - tentava, sem êxito, ser frio, polido, desinteressado nas respostas. Mas a mal-ajeitada não dava trégua.

Foi quando o Simas, depois de analisar cuidadosamente o conteúdo das mensagens - recebidas e enviadas - passou à lição. Passou à lição e eu e o Folha Seca rolávamos de rir diante do embevecimento do menino.

- Meu garoto... Vamos aos seus erros crassos... NUNCA - e ele emprestava um tom, uma expressão, uma ênfase, como se desse aula para uma centena de alunos - responda NADA para uma mulher por quem você não tem interesses escusos com uma exclamação no final... Veja essa aqui... termina com beijos seguido de uma exclamação... Um horror! Um horror!

O garoto de olhos vidrados.

- Essa outra, veja... - e esfregava a tela do celular no nariz adunco do aluno - depois de beijos você pôs reticências... Isso soa lânguido para uma baranga apaixonada...

E ele ficou ali, analisando uma a uma, quando o menino, unhas cravadas no braço do mestre, perguntou:

- E eu faço o quê, professor? Ignoro?

- Claro que não, rapaz... Se você ignorar ela imaginará que você não recebeu a mensagem e vai ficar insistindo...

- E então? E então?

- Quer saber, garoto? É infalível...

- Por favor...

- Responda apenas o seguinte... Em letras maiúsculas... AQUELE ABRAÇO. E ponha um ponto final, apenas.

Ontem à noite bateu-me o telefone o Simas. Contou-me, às gargalhadas, que o aluno lhe telefonara pela manhã, gratíssimo. Seguiu a lição e nunca mais recebeu qualquer investida da tal fulana.

Um gênio, nosso Simas. Um gênio.

Até.

21.9.07

UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

Desde ontem, quando escrevi VAI CHEGAR A HORA DA CANALHA - leiam aqui -, e desde que li o comentário do Marcão - "recusar atendimento médico de emergência a quem precisa é crime" -, um troço voltou, e vira-e-mexe isso acontece, à minha cabeça.

Como determinadas pessoas conseguem desempenhar papéis tão perniciosos à sociedade?

Explico.

Como pode um cidadão formar-se em medicina e aceitar trabalhar num lugar - no caso o Shopping Rio Design Center - em que a ordem é atender apenas aos clientes do empreendimento, deixando de lado, sem atendimento, os funcionários que, no final das contas, sustentam o negócio?

Isso me lembra história recente envolvendo minha Sorriso Maracanã. Precisando de um determinado exame e sendo usuária da UNIMED (sem o negrito, imerecido), minha garota teve a autorização para o tal exame negada. Entrei em campo. Telefonei pra lá, puto, vociferando contra os sanguessugas que tocam a UNIMED (e é assim com a AMIL, com a DIX, com a SULAMERICA...) e eis o final da conversa:

- Então eu vou autorizar, ok? Mas o Sr. me compreenda... Sou médico, empregado da UNIMED, e sou pago justamente para isso, para filtrar os pedidos de exame considerados supérfluos pela empresa...

Mandei-o à merda, literalmente - fiz questão de confirmar que nossa conversa ESTAVA sendo gravada -, e desliguei com intensa piedade daquele homem, daquele covarde, daquele desgraçado que se formou e que se nega, diariamente, a cumprir a função social da profissão que abraçou.

Assim se passa, também, com os advogados.

Como pode - pergunto-me sempre que enfrento uma grande empresa - alguém se prestar ao papel sujo de defender quem não tem defesa? Como pode um advogado - e cruzo com inúmeros playboys de merda e desclassificadas que rodam suas bolsinhas Louis Vuitton pelos corredores do Tribunal de Justiça se prestando a esse papel sórdido - defender um grande banco em detrimento de um mutuário com dificuldade para honrar seus compromissos, em detrimento de um idoso, de uma idosa, ludibriados por promessas falsas de crédito barato? Como pode?

Como pode um jornalista prestar-se ao papel de só escrever bosta atrás de bosta, dia após dia, pisando em cima do jornalismo maiúsculo, negando-se a defender quem não tem condições de se defender, omitindo-se quando é imperioso falar a verdade? Como pode aceitar fazer parte do jogo sujo dos poderosos que manipulam informações conforme sua conveniência, vendendo a alma aos diabos que hão de ver sua hora chegar?

Como pode?

Até.

20.9.07

VAI CHEGAR A HORA DA CANALHA

Vejam que nojo o que anuncia hoje a coluna de Ancelmo Gois, n´O GLOBO.

nota publicada na coluna Ancelmo Gois, de O GLOBO, em 20 de setembro de 2007

Isso - onde mais? - na Barra Cada Vez Menos da Tijuca, num shopping de merda que tem sua matriz - onde mais? - no Leblon, o bairro mais pernóstico da cidade.

Vou me abster de mais comentários para não chocar papai e mamãe, já que minhas idéias diante disso são ligeiramente irracionais.

Até.

19.9.07

NOVA REVISTA... NOVA PODRIDÃO

Ainda não foi lançado (num pote de merda, como convém a coisas do gênero) o primeiro número da revista (pausa para o vômito) NIGHT NEWS, iniciativa de dois empresários da Barra Cada Vez Menos da Tijuca, esse pedaço canceroso da cidade, e donos de um empreendimento comercial, um bar-de-bosta, também situado naquelas bandas.

Mas a Sra. Anna Ramalho, colunista do JB e responsável por um coluna tão podre quanto o bairro acima mencionado, chamada UI! (pelo nome se tem a idéia do que é), já dá uma mostra do que vem por aí.

nota publicada no JB de 19 de setembro de 2007
nota publicada no JB de 19 de setembro de 2007

Não passarão!

Até.

FOTOTECA

Gosset Excellence Brut
cheese on toast
Dani, 18 de setembro de 2007
18 de setembro de 2007
Gosset Excellence Brut morta!
risotto de funghi
18 de setembro de 2007
Dani, 18 de setembro de 2007


Até.

18.9.07

A OITAVA LENTILHA!!!!!

Os amigos que atenderam ao nosso chamado, meu e da minha Sorriso Maracanã, para a comemoração pública de mais-um-ano-juntos, puderam testemunhar...

Maria Paula e Dani no Estephanio´s, 17 de setembro de 2007

Foi essa a cara da noite! Essa, a cara das duas, Maria Paula e Dani, com a felicidade carimbada no rosto, foi a mais-constante das sete da noite até às três da madrugada, quando fecharam-se as portas do Estephanio´s Bar, que abrigou, pelo oitavo ano, a Lentilha Carneada que celebra a arte do nosso encontro.

Vai ser impossível dar o nome de todos os que lá estiveram - e eu não o faria correndo o risco mínimo de um único tropeço de memória. E vai ser impossível agradecer pelos inúmeros presentes que recebemos, todos eles, sem exceção, escolhidos a dedo (isso ficou visível diante do inusitado de cada um deles!).

Encerro, por hoje, dividindo com vocês esse momento magnífico da noite. Meu filho - que compareceu com minha nora, é evidente - Tiago Prata e meu guarda-costas (decidi isso ontem e ainda não o avisei...) Gabriel Cavalcante mataram a pau, pra variar, meu garoto no 7 cordas e meu segurança no cavaquinho.

E repetiu-se o momento mágico de segunda-feira passada, como lhes contei aqui: Moyseis Marques, que também pintou por lá, acompanhado pelos dois geniozinhos, repetiu, em emocionada interpretação, IMPERIAL, lancinante samba do Wilson das Neves com letra cortante de Aldir Blanc.


Até.

17.9.07

HOJE TEM!

E eu indo fazer... agora!

início do preparo da lentilha carneada


Até!

16.9.07

A GRANDE PEDIDA

A grande pedida de hoje, quando haverá Flamengo e Vasco no Maracanã - o que já justifica o dia -, é assistir a essas quatro feras, esse quatro moleques, que têm feito ventar, todos os domingos, na esquina da Artistas com a Ribeiro Guimarães, no Estephanio´s Bar.

Tiago Prata, Fabio Cazes, Gabriel Cavalcante e Anderson, 09 de setembro de 2007

Até.

14.9.07

MOLAMBO: ALDIR BLANC E TIAGO PRATA

Fechando, então, essa semana quase toda dedicada à maravilha que foi a segunda-feira - destaques exibidos aqui e aqui - deixo hoje, com vocês, meus poucos mas fiéis leitores, este vídeo, feito pelo Fefê, que mostra Aldir Blanc, em estado de graça, como se verá, cantando MOLAMBO, de Jayme Florence e Augusto Mesquita, acompanhado pelo violão do Prata. Note-se - é mais que curioso, é engraçado pacas... - que o Aldir, empolgadíssimo (quem o conhece sabe que essas manifestações falsas de agressividade são, na verdade, um escape cômico para alívio do tranco emocional), ao final da canção, ameaça arremessar longe sua muleta. E o Prata, neófito lato sensu, desvia, assustadíssimo, para só então, ainda não refeito do susto, começar tudo de novo. Eis aí o vídeo:


Até.

13.9.07

BAFO DA ONÇA

Em 04 de fevereiro de 2005 e em 18 de novembro do mesmo ano, lhes contei sobre histórias que envolvem meu pai e o Bafo da Onça, glorioso bloco de carnaval do Catumbi, aqui pertinho de casa - leiam aqui e aqui.

Fiz esse breve intróito apenas para apresentar a vocês, meus poucos mas fiéis leitores, o vídeo que a Rita do Mitke dividiu comigo e que agora, cheio de orgulho, divido com vocês. Foi feito por ela, é claro, na segunda-feira passada, no Estephanio´s Bar, noite mágica, como já havia lhes dito aqui, aqui e aqui.

Nele, Aldir Blanc, de pé, comovido (como se verá), acompanhado pelo violão de 7 cordas de Tiago Prata, pelo cavaquinho do Gabriel Cavalcante e pelo pandeiro do Beto Cazes, canta um dos hinos do Bafo da Onça, AMOR... AMOR... AMOR..., cuja letra segue adiante.

"Quero ser feliz
Construir um lar
Mas o destino não quis

Quero ter alguém
Que me compreenda bem
E que me faça um dia feliz

Teremos crianças
Seremos carinhosos
Nas horas de alegria e da dor

Eu hei de ser um chefe de família exemplar
Amor... Amor.. Amor...

Não tem razão
Quem assim diz
Que o malandro não casa
Que o malandro não é feliz..."


Não sei, infelizmente, quem são os autores, e peço encarecidamente a quem souber - ou a quem tiver idéia de como posso conseguir seus nomes... - que me diga.

Com vocês, Aldir Blanc:


Até.

12.9.07

PORCOS

O BUTECO não se presta, a princípio, a discutir política, ao menos não na acepção mais estreita que a palavra aponta. Mas não posso deixar, sob pena de sofrer um infarto, de registrar meu ódio contra os quarenta e seis porcos (quarenta que votaram contra a condenação de Renan Calheiros e seis que se abstiveram...) que acabam de escrever uma das mais tristes páginas da história do Senado Federal, absolvendo o senador alagoano. Eu, daqui do balcão do BUTECO, encravado na minha mui leal e amada cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que estupidamente deixou de eleger Jandira Feghali para dar a vaga a Francisco Dornelles, registro, humildemente, meu protesto contra esses vermes que não têm qualquer serventia. Dentre eles, o mais abjeto, justamente Francisco Dornelles, que, segundo Ricardo Noblat, soltou as seguintes pérolas quando discursou da tribuna:

- Crime tributário não é causa para quebra de decoro.

- Amanhã, isso pode ser usado contra os senhores. Porque muitos aqui têm problemas fiscais.

Ou seja... Francisco Dornelles, este porco abjeto que foi secretário da Receita Federal no governo de João Figueiredo, o último general da ditadura de 1964, e depois ministro da Fazenda do governo José Sarney, merece, de fato, meu repúdio, meu nojo, meu ódio e minha repulsa que ficam expostas, como torresmo e moela, no balcão do BUTECO.

Até.

ROSH HASHANÁ

Como eu sou adepto da máxima que diz que vale perder o amigo, mas jamais a piada, que me perdoem, de antemão, os amigos judeus e meu próprio filho, Tiago Prata, que me pediu uma força na divulgação...

Mas hoje, 12 de setembro, quando judeus de todo o mundo comemoram o Rosh Hashaná, o ano novo judaico, a chegada do ano 5768, não há programa melhor do que fazê-lo na Sala Cecília Meireles, na Lapa, ouvindo canções do Jacob.

divulgação do lançamento do CD com inéditas de Jacob do Bandolim

Até.

FOTOTECA

Como a segunda-feira mágica é, definitivamente, o assunto da semana - bateram-me o telefone, ontem, o Digão, o Prata, o Mitke, todos ainda embriagados daquela noite -, e como imagens valem mais que mil palavras, mais seis fotografias que atestam, como podem, o estado de graça de quem lá esteve.

Aldir Blanc, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Mello Menezes e Tiago Prata, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Fernando Goldenberg e Rodrigo Ferrari, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Tiago Prata e Aldir Blanc, no Estephnaio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Tiago Prata, Rodrigo Ferrari e Aldir Blanc, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007

Até.

11.9.07

AINDA SOBRE ONTEM

Acabo de receber cerca de vinte fotografias, todas belíssimas e à altura da noite, feitas por Rita Albano, a Rita do Mitke - é sempre bom anunciar, antes que um aventureiro pense em lançar mão.

Nessa aí, Tiago Prata, Arthur Mitke, Rodrigo Ferrari e eu - pouco depois de quase sairmos na porrada decidindo quem era pai do menino há mais tempo.

Tiago Prata, Arthur Mitke, Rodrigo Ferrari e Eduardo Goldenberg, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007

Até.

UMA NOITE NA TIJUCA

Quando eu escrevi SÓ FICO À VONTADE NA MINHA CIDADE, leiam aqui, disse eu que pensei, à certa altura, naquele 18 de janeiro, estar delirando diante de tanta boniteza vivida. E repito tudo, palavra por palavra, com mais intensidade, até, para lhes dizer sobre o fim de tarde e sobre a noite de ontem, na minha mui amada Tijuca.

O Estephanio´s transformou-se, ontem, num set de filmagem, para que fossem rodadas algumas cenas do filme SAENS PENA, ESTAÇÃO FINAL, dirigido por Vinícius Reis. Em todas as cenas - eis o porquê do cenário escolhido... -, Aldir Blanc.

Aldir Blanc e Vinícius Reis, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007
Chico Diaz e Aldir Blanc, no Estephanio´s Bar, 10 de setembro de 2007

Cheguei lá, com Tiago Prata e seu violão a tiracolo, por volta das cinco da tarde, onde já encontrei Fefê, Mari Blanc e Mello Menezes sentados dentro do bar, debaixo de luzes, holofotes, rebatedores, câmeras, tremenda estrutura, salaminhos e chope.

Bateu-me o telefone, às seis, o poço artesiano de doçura, Rodrigo Ferrari:

- Vem pro Renascença...

- Never! - respondi contaminado pelo clima hollywoodiano daquela esquina.

- Por quê?

Expliquei.

Expliquei e em menos de vinte minutos chegava o Digão.

Chegava o Digão ao bar e a filmagem ao fim.

O que se viu dali em diante, meus poucos mas fiéis leitores, foi coisa de filme, literalmente.

À mesa, eu, Digão, Fefê, Mari Blanc, Mello Menezes, Prata e Aldir.

O Prata sacou do violão e o Aldir, em tarde inspiradíssima, cantou que só vendo...

Disse à certa altura, visivelmente emocionado, passando a mão na cabeça do menino, a quem chamou de Querubim, em novembro de 2006, quando o conheceu, como lhes contei aqui:

- Se tu é mesmo filho do Edu, e se tu quiser, pô... pode se considerar meu neto de hoje em diante...

Foi ele dizer isso e o Prata, vermelhíssimo:

- ´brigado, vô...

Sambas antológicos originários do Salgueiro, canções letradas pelo próprio Aldir, e o choro já era coletivo (sem exagero, meu pai...) quando chegaram, convocados por telefone pelo craque da Folha Seca, o Arthur Mitke, o Gabriel do Cavaco, Jorge Alexandre e seu tantã, Abel com o cavaquinho, Beto Cazes com o pandeiro, Jorge do Renascença, e o Moyseis Marques, de quem gosto cada vez mais cantando. E foi ele, o Moyseis, cutucado pelo Prata, quem quase derrubou o gigante da Muda quando cantou IMPERIAL, samba lancinante de Wilson das Neves letrado pelo Aldir:

- Venha... como um romeiro volta aos pés da Penha...

O Aldir - não me deixam mentir os presentes - chorou copiosamente até o último verso, quando, de pé, agradeceu à molecada que fazia ventar dentro do bar.

O troço tava tão bonito, mas tão bonito, que à certa altura - às vezes as coisas acontecem só pra que a beleza seja mais doída, vocês hão de entender... - o Mitke vira-se pra mim e diz:

- Bicho... fudeu!

- O que foi?

- Esqueci minha mochila com laptop, celular, carteira, documentos, dinheiro... tudo lá no Renascença...

Virou-se pra Rita, sua Rita, repetiu a lamúria e o Gabriel ouviu. Ouviu e disse com a autoridade que tem:

- Vamos lá agora. Eu DUVIDO que não esteja lá.

Isso já quase onze e meia da noite.

A cara do Mitke era, e é compreensível isso, de quem não tinha nenhuma esperança. Saíram os dois, de carro e voltaram vinte minutos depois. O malandro me abraça aos prantos:

- A Tijuca é foda, o Gabriel é foda, vocês são foda...

Foi, mesmo, foda.

Tudo.

Liguei pro Szegeri pra dividir com ele a alegria e a emoção do momento.

A mesma emoção que vocês podem perceber, agora, assistindo a essa lindíssima interpretação do Mello Menezes para VALSA DO MARACANÃ, de Paulo Emílio e Aldir Blanc, uma espécie de hino da Tijuca, acompanhado pelo monstruoso violão do Prata.


Até.

10.9.07

SER PAI É...

Ser pai é ser coruja, corujíssima, e vibrar junto com o filhão, mesmo diante de uma conquista aparantemente boboca do moleque, que conseguiu descer, serelepe, a Cachoeira do Escorrega, em Visconde de Mauá, diante de minha nora, que, também orgulhosíssima, fotografou tudo. Eu, preciso confessar, temendo pela integridade do garoto, fechei os olhos e clamei pela proteção de Oxum.
Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007
Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007
Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007
Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007
Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007

À noite, no mesmíssimo 07 de setembro - e Tiago Prata parecia ter conquistado sua independência com o êxito de sua aventura aquática, notem sua euforia já com os pés no chão, ainda dentro d´água!!! - recebi, na mansão em que me encontrava hospedado, o jovem casal.

Eu fui, naquela noite gelada, um pai e um sogro muito prosa, como atesta a fotografia de autoria da minha Sorriso Maracanã.

Luisa Côrtes, Eduardo Goldenberg e Tiago Prata, Visconde de Mauá, 07 de setembro de 2007

Até.

6.9.07

ALDIR MAIS UMA VEZ!!!!!

Em 23 de agosto de 2006, o BUTECO e seu balcão virtual ficaram infinitamente mais bonitos com a visita desse carioca máximo, Aldir Blanc. Ele me pediu espaço pra soltar o verbo - cassado pelo outrora aguerrido JB -, e eu, é evidente, mandei passar pano no espaço destinado ao cotovelo, espalhar serragem no chão e servir o mais bem tirado chope do planeta pra ouvir o mestre falar, como vocês podem ver (e ler) aqui.

Na semana passada, mais precisamente em 30 de agosto, novo pedido do malandro, novamente e prontamente atendido: o BUTECO orgulhosamente exibiu, na estufa do balcão, o último texto escrito para o JB, que o dispensara na véspera, leiam aqui.

Como o JB, então, pretendendo tornar-se mais palatável (pausa para o vômito), dispensou o cracaço, o BUTECO, ó, enche-se de orgulho, mais uma vez, pra publicar texto curto (mas sábio, pra variar...) que anuncia visitas freqüentes do cara, como se voltássemos no tempo do SENTANDO O CACETE!

Veio assim, por email:

""Depois que se misturou ao Gim, Réu-nan Calheiros passou a ser chamado de ´Tônica´. As rodelinhas de limão serão fornecidas por gestantes necessitadas."

É isso ai, Edu. Toda semana mandarei coisas assim.

Abraço, Aldir."


Aqui, ó, JB!

Não passarão!

Até.

5.9.07

EXTRA, EXTRA, URGENTE!

Exatamente no dia 15 de maio de 2007, um leitor daqui do BUTECO, cujo nome não divulgo pois não tive autorização para tal, mandou-me email do seguinte teor:

"Edu, para seu conhecimento, não sei se é verdade pois nunca pisei nestas bostas de Belmonte, mas me foi passado por pessoas da minha família que não têm o menor interesse nisto. Um abraço."

E mandava, anexado, o seguinte texto:

"Ontem verifiquei meu extrato online e me deparei com saques e despesas no meu cartao de débito que não foram efetuadas por mim. Isso mesmo, meu cartão de débito havia sido clonado. Preenchi a carta de contestação de despesas e fui na agência do Citibank entregar. Quando mencionei com o gerente o ocorrido, ele me perguntou se eu havia usado o cartão em algum Boteco Belmonte. Pasmen, uma semana antes eu tinha almoçado lá e pago com meu cartão de débito. O gerente do Citibank disse que os garçons recebem 100 reais por cada clonagem. Como eles conseguem a senha? Você acha que digita tão rápido assim? Parece que existe um dispositivo que é acoplado à máquina do cartão, capaz de armazenar informações de até 5.000 cartões. Imaginem o estrago!!!

Há algum tempo investigações das empresas de seguro que prestam serviço às empresas de cartão de crédito descobriram o esquema montado nos Botecos Belmonte. Todas as máquinas de todas as filiais foram trocadas, mas parece que as novas já estão devidamente grampeadas.

Fica a dica: Boteco Belmonte só em dinheiro."


Eu, atilado que sou, esperei - digamos - uma prova mais contundente.

Pausa: isso não significa que eu não acreditei. É evidente que eu acreditei. TUDO - com a ênfase szegeriana - que parte do Belmonte (e do Informal, e do Espelunca Chic, e de todos os congêneres) cheira à merda. Mas preferi a cautela antes mesmo da divulgação sensacionalista.

Eis que hoje recebo novo email. E eis o sugestivo título do mesmo... "DOCE VINGANÇA DO DESTINO".

Cecília Giannetti, de quem falei aqui (justamente sobre sua coluna na FOLHA DE SÃO PAULO), publicou texto - sem dar nome aos bois, é claro, mas só um néscio não liga uma história a outra... -, também na FOLHA, na mesmíssima coluna.

Os grifos são meus.

"Onze garçons e um segredo

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É a moda criminosa deste pré-verão. Fui traída pelos garçons simpáticos, pelo gerente galanteador
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FUI TRAÍDA. No choque da descoberta, de pacífica espectadora de um documentário na televisão fui ao clichê da mulher dramática passada para trás. Rodrigueana, fiz voar objetos pela casa.

Bem, um só e sem intenção. Joguei o controle remoto da TV no sofá, ele quicou e, espatifado no chão, exibiu desavergonhadamente -tudo naquele dia terrível era desavergonhado! - suas entranhas eletrônicas.

Traída. E tudo esteve bem debaixo do meu nariz durante uma semana. Recusei-me a ver. Esquecido dentro da minha bolsa, o extrato da conta corrente do banco, quando parei de ignorá-lo, me revelou: farras na zona norte, noitadas na zona oeste, roupas caras, lojas de estranhos acessórios. Tudo somando quase R$6.000 debitados em meu cartão.

Meu cartão foi clonado -é a moda criminosa deste pré-verão carioca, garante uma amiga advogada.

Mas não é nisso que consiste a traição. A infidelidade - e é aí que me dói- é que o cartão foi clonado no meu bar.

O bar onde leio jornal quando acordo tarde no domingo, que cura minhas gripes com caldinho de feijão e pimenta, onde já ouvi Moacyr Luz ao vivo, a capela, alegre de chopes, numa mesa adjacente. Onde tantas vezes a visão de um casal que palita os dentes junto, após uma refeição em mudez total, me fez desenvolver teorias sobre a instituição que começa com "c".

Fui traída pelos garçons simpáticos, pelo gerente galanteador, pelo caixa entediado. É pior do que se me vendessem caldinho com cabelo do saco do feijão.

A advogada me aconselha: "Tá acontecendo com todo mundo. Depois de alertar o banco e mudar a senha, faz um boletim de ocorrência. Mas não denuncia o bar. É ninho de bandido, não arruma confusão com essa gente".

Lembro uma conversa que não pude deixar de ouvir na rua: a mulher sacudia uma das mãos no ar e com a outra segurava o celular, contra o qual gritava que jamais estivera em Jacarepaguá, muito menos para comprar pranchas de surfe. Ela falava ao atendente do banco, agora sei, tentando explicar o rombo em sua conta.

Ainda bem que eu tinha nas mãos apenas um controle remoto de TV quando descobri o roubo na minha: atirar o celular no chão teria sido outro prejuízo.

Nunca estive numa churrascaria em Rocha Miranda, jamais fui ao boliche do Norte Shopping nem gastei mais de R$200 em sua choperia. Não comprei toneladas de equipamentos eletrônicos, nem R$1.400 em acessórios esportivos. Não estive no meu bar às 3h da madrugada do domingo passado pagando bebida e petiscos para o que, pelo prejuízo registrado naquela data e hora, com o nome do estabelecimento no extrato bancário, parece ter sido um batalhão. Os amigos da quadrilha, em seu QG.

Uma quadrilha de garçons. Tão elegantes que podiam estrelar "Onze Homens e um Segredo". Seus uniformes preto-e-branco, os sapatos que imitam couro. Dignos, tão dignos."


Não dá pra dizer exatamente "bem-feito!", já que o perrengue a ser enfrentado pela amiga do João Paulo Cuenca e agraciada com uma vaga no projeto AMORES EXPRESSOS - com site novo, vejam aqui - será gigantesco.

Lamento, sinceramente, por ela.

Mas não posso deixar de lamentar, também, - eis o que também emerge da leitura de seu pequeno drama privado - o nojo com que se refere à zona norte e à zona oeste.

Até.

É NECESSÁRIO LER O SIMAS

Vira-e-mexe eu digo: leiam o Simas, leiam o Simas, leiam o Simas! Professor maiúsculo de História, o Simas, como quem me lê sabe (já o indiquei efusivamente diversas vezes), mantém o HISTÓRIAS DO BRASIL, blog mais-que-fundamental.

Mas há dias - como hoje - em que o Simas se supera. Não apenas pela importância do tema que trata, não apenas pela clareza das idéias que defende, não apenas pela capacidade de dizer o que eu não consegui dizer.

Hoje, com o texto, É NECESSÁRIA, meu irmão Luiz Antonio Simas crava mais um golaço. Razão pela qual, mesmo sem sua expressa autorização, reproduzo, na íntegra, sua lição. Antes, porém, um detalhe. O tal texto já recebeu um comentário do Prata:

"E muito provavelmente essa única música em português, para cada cinco em inglês, é uma versão, ou uma copiazinha barata de algum desses gêneros barulhentos e estranhos (juro que não consigo entender essas musicas) que se ouvem no mundo"

Eis a razão pela qual, em setembro de 2006, mais precisamente em 18 de setembro de 2006, há quase um ano, portanto, escrevi o texto PRATA QUE VALE OURO, que pode ser lido aqui. Lá, neste texto, conto sobre quando o Simas, a meu lado, disse-me comovidíssimo, vendo a garotada matar a pau durante apresentação no Centro da cidade:

- O Brasil tá salvo, Edu!

Enquanto houver um Prata, um que seja, há esperança!

Não passarão!

"O Ministério da Educação estabeleceu, faz algum tempo, a obrigatoriedade de se estudar nos programas do ensino médio no Brasil a História da África e da cultura afro-brasileira. É um avanço, mas é pouco.

Afirmo, com conhecimento de causa, que os programas de História do ensino médio continuam sofrendo de um mal difícil de curar; a visão marcadamente eurocêntrica da História que é ensinada aos brasileiros. Passamos aulas e aulas falando dos Estados Modernos europeus, das grandes navegações, do humanismo, das reformas religiosas, das revoluções liberais e de uma penca de temas que tomam o velho mundo como referência de análise.

Não consigo conceber, por exemplo, que se estude detalhadamente a revolução inglesa do século XVII e não se estude com esmero a grande revolução mexicana de 1911, marco fundamental da luta pela terra na América Latina. Não entendo como se pode jogar conversa fora em detalhes absolutamente irrelevantes sobre a revolução francesa - há professores capazes de descrever a cor da cueca que Robespierre usou na abertura da Convenção - e ignorar completamente a intervenção norte-americana na Guatemala em 1954, durante a presidência do líder nacionalista Jacobo Arbenz, mártir da reforma agrária em nosso continente.

Outro dia comentei com uma turma que a copa do mundo de 2014 será, provavelmente, no Brasil. Disse que somos os únicos candidatos a sediar o evento, já que a Colômbia, que era pré-candidata, desistiu da empreitada. Alguns alunos exclamaram coisas como:

- Mas a Colômbia, também, não tem a menor condição...

Imediatamente chamei a atenção dos garotos sobre os comentários infelizes. Da mesma maneira como eles fazem pouco caso da Colômbia, reação semelhante devem ter, por exemplo, estudantes franceses quando sabem que a Copa poderá ser no Brasil.

Cito este pequeno episódio como um exemplo de um problema que me parece da maior seriedade; estamos formando gerações de brasileiros incapazes de perceber as peculiaridades de um Brasil que é afro-íbero-ameríndio. Falta a esses garotos algo que chamo de pertencimento. É necessário que cada um deles se sinta pertencendo ao Brasil, a África e a América Latina. Não concebo que um jovem brasileiro consiga se identificar com um jovem norte-americano, inglês ou australiano e, ao mesmo tempo, olhe com tremendo estranhamento um boliviano, um guatemalteco, um costa-riquenho, um colombiano, um venezuelano, um angolano, um nigeriano, um cabo-verdiano, e por aí vai. É essa a perversidade de um sistema que diferencia as pessoas onde elas deveriam ser iguais - o campo da economia - e as iguala como gado marcado onde elas deveriam exercer plenamente suas diferenças - o campo da cultura, entendido aqui como um espaço de elaboração de símbolos e sentidos para a vida.

É moda agora, entre as famílias mais abastadas, enviar os filhos para fazer intercâmbios culturais nas oropas ou nos esteites. Valha-me Deus! Que eu saiba, intercâmbio é troca de informações. Sejamos sinceros; que informações os garotos vão trocar, se cada vez menos conhecem a própria cultura? Os intercâmbios colaboram, apenas, para que mais e mais brasileiros percam as referências da terra de origem e adquiram costumes e hábitos dos povos do hemisfério norte. Esses jovens já saem daqui contaminados pelas referências dos dominadores e, apenas, aprofundam essa tendência. Estamos formando uma elite que domina com fluência o inglês mas é incapaz de entender uma mísera linha escrita por Guimarães Rosa.

A moda agora entre a garotada é passar o tempo ouvindo músicas em seus i-pods. Não há um intervalo em que eu não veja um bando de alunos com aqueles aparelhinhos safados nos ouvidos. Só por curiosidade, resolvi observar o que alguns escutavam nesses troços. Fiz uma rápida pesquisa. Pasmem. Para cada música cantada em português, eles ouviam, em média, umas cinco porcarias em inglês. Só me resta constatar que a coisa está feia.

Como sou um antigo, continuo acreditando firmemente na existência da luta de classes. Me parece muito claro que, nos dias de hoje, o campo em que a luta de classes é travada com mais afinco é exatamente o terreno de bens simbólicos e manifestações culturais. É aí que estamos perdendo a partida. Quando incorporamos, como se fossem nossos, símbolos e referências culturais de quem nos domina, estamos fadados a desaparecer como projeto de nação. Mais do que nunca, precisamos hoje de guerrilheiros culturais; tinhorões, quixotes, suassunas, zumbis, dandaras, guevaras, zapatas, arbenz, cunhambebes, aimberês e sepés que digam não a tudo isso.

Enquanto o Brasil continuar insistindo num sistema educacional que nega quem somos e, portanto, não permite a elaboração da utopia sobre o que pretendemos, soberanamente, ser, a tarefa da transformação será bem mais difícil. Mas não podemos desistir . Vale, na hora em que bate a desesperança, recordar a lição do Che, antídoto ideal contra o conformismo:
- Não se luta pela revolução porque ela é possível; se luta porque ela é necessária."

O texto pode ser lido, também, aqui.

Até.

4.9.07

SALVE, JÚNIOR!

No dia 25 do mês passado, quando o quadragenário Rodrigo Ferrari comemorou, é óbvio, quarenta anos, na festa pública que houve na rua do Ouvidor - como lhes contei aqui - um dos presentes me fez, em questão de segundos, voltar a ter nove anos de idade, vestindo calças curtas e camisa de malha listrada, sandália de dedo e olhos brilhando.

Pausa: eu disse festa pública porque houve, no dia 28, dia exato de seu nascimento, a festa privada, mais fechada que cabaço de Honório Gurgel, para uns poucos eleitos, não mais que vinte. Eu poderia, aqui, dar o nome de um por um, mas o próprio Digão me fez o apelo quando despedimo-nos naquela noite chuvosa de terça-feira:

- Edu... Não conte nada sobre essa festa, ok? Não quero magoar a quem não chamei...

E pra rimar, eu gritei no corredor de mármore, fazendo eco:

- OK!

Dito isso, em frente.

Eu dizia que um dos presentes me arremessou, numa guinada, num tranco, em direção ao passado. E refiro-me a uma pessoa presente, e não a um simples presente que o aniversariante teria recebido. Preciso fazer nova pausa já que falei em presente.

Disse-me o Digão, muxoxando, no domingo, dia seguinte ao da festa pública:

- Ganhei pouquíssimos presentes...

E eu:

- É?

- Muita gente com aquele papinho "a lembrancinha vem depois"... Muita gente que me prometeu coisas e não cumpriu...

Ele chegou a me dar os nomes... Mas não os revelarei, é claro, já que sou um poço de discrição.

Enfim, o drama de sempre, conforme eu já havia dito aqui, quando comemorei meu aniversário.

O presente a que me refiro, atende pelo nome de Leovegildo Lins da Gama Júnior. Sim, ele mesmo. O Júnior. Figura fácil pela cidade, já o encontrei na praia, já o encontrei no Maracanã, já o encontrei em diversas rodas de samba pelo Rio, mas nunca - eis o mistério da fé - o impacto foi tão grande quanto naquela tarde.

Seria a emoção que já me causava a passagem dos quarenta anos do poço artesiano de doçura? Seria o cenário, seria o fato de estarmos ali, naquele canto sagrado da cidade, onde mora o verdadeiro axé do Rio de Janeiro? Não sei. Ainda agora, dias depois, não sei.

Sei apenas que bati os olhos no cara e voltei às cadeiras azuis do Maracanã numa tarde de 1978. Segurei firme nas mãos da minha garota - e naquele longínquo 1978 eram as mãos de meu pai que me davam a segurança de que eu precisava - e disse, já de olhos cheios d´água:

- Quero ir falar com ele... - e apontei.

A Sorriso Maracanã, que me conhece como poucos, disse sorrindo:

- Vai lá, meu amor...

E matou-me quando completou, sacando que eu, sozinho, faria merdas olímpicas:

- Eu vou com você...

Notem que o Felipinho Cereal, de posse de sua câmera, foi um craque. Sacou o lance e flagrou o momento em que o Júnior, craque eterno do mais-querido, responsável por lances e conquistas cravadas em mim, inabaláveis e indestrutíveis, com um sorriso, uma paciência e um carinho que só os ídolos têm, consola o menino de olhos cheios d´água que foi até ele apenas para agradecer.

Eduardo Goldenberg e Junior, rua do Ouvidor, 25 de agosto de 2007

Não pela fotografia que minha Dani tirou de nós, segundos antes, ela que aparece ao fundo, entre nós dois.

Mas por tudo.

Até.

3.9.07

TERÁ O JOTA ENLOUQUECIDO?

O Jota, que além da lamentável coluneta diária intitulada GENTE BOA também escreve às segundas-feiras no igualmente lamentável SEGUNDO CADERNO de O GLOBO, parece ter enlouquecido, como a mãe do personagem que criou para esconder-se, hoje: Dom João VI.

Num texto paupérrimo - não é à toa que dizem por aí que o Jota soa pífio quando pratica o exercício de fazer embaixadinhas com as palavras - ele relata o passeio que ele próprio fez (eu vi, eu vi, eu vi!) na semana passada, mais precisamente no dia 28 de agosto de 2007, pelo Centro da cidade.

Mas notem este trecho...

trecho da coluna de Joaquim Ferreira dos Santos, publicada no jornal O GLOBO de 03 de setembro de 2007

Ele diz que quis comprar o quadro monumental - vejam aqui, que beleza! - que o poço artesiano de ternura, meu amigo Rodrigo Ferrari, ganhou de presente. É verdade.

Mas diz - mentindo - que os donos da livraria tergiversaram.

Em primeiro lugar: eu almoçava, no exato instante em que o Jota visitava a mais carioca das livrarias, com o Rodrigo Ferrari.

São apenas dois os donos da livraria... Portanto - eis a primeira mentira... - refere-se, o Jota, à queridíssima Daniela Duarte, a Dani Folha Seca, e não aos "donos da livraria".

E a segunda mentira... Não houve tergiversação.

A resposta à proposta deselegante não foi evasiva, não foi em rodeio, não foi uma desculpa qualquer.

A resposta foi um NÃO rotundo, como diria meu eterno e saudoso Governador Leonel de Moura Brizola.

Até.

2.9.07

DOMINGO

Dani e Miguel Folha Seca, 02 de setembro de 2007
Rodrigo Ferrari, 02 de setembro de 2007
risotto de camarão, 02 de setembro de 2007

SÁBADO À NOITE

Exatamente no dia 17 de junho de 2007, recebemos, eu e Dani, com a alegria de sempre, os queridíssimos Betinha e Flavinho, o Xerife.

Não há necessidade, nunca, de haver um motivo, uma razão, um mote, para que amigos se visitem. Mas nesse dia, nesse 17 de junho, havia.

O Xerife, numa imagem antítese de sua faceta Cachambi, de onde é egresso, veio à nossa casa ensinar-me a fazer - vejam bem!, vejam bem! - pão.

E ensinou-me a fazer o pão, não com a simplicidade e a humildade que são - na minha tijucaníssima opinião - inerentes ao dito alimento. Antes, pequena pausa...

Leiam, aqui, texto que escrevi em 12 de julho de 2006, recém-chegado de Portugal, onde narro não apenas a ojeriza que me causa uma padaria metida a butique de pães, mas também um fortuito encontro meu com Rodrigo Ferrari, esse poço artesiano de ternura. É curioso esse trecho:

"Saí dali, daquele canto da Rua do Rosário, e tomei a direção da Rua do Ouvidor e, surpresa!, dei de cara com o Rodrigo Ferrari, que escreveu essa resenha sobre meu livro (nunca é demais uma propaganda) e que estava abrindo a Folha Seca, livraria que comanda com tremendo carinho. Nova pausa para mais uma propaganda: a Folha Seca é, de longe, a mais carioca das livrarias da cidade e, seguramente, a que tem o melhor acervo nas matérias que são a essência da minha mui amada cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Fica na Rua do Ouvidor 37, telefone 2507-7175 (nunca é demais uma propaganda). Papo rápido e segui caminho."

E é curioso porque fala em "papo rápido e segui caminho". Naquele dia, naquele tempo, isso foi possível. Hoje, meus encontros com o Digão duram horas, duram dias, duram semanas. Voltemos ao tema.

Então esteve, o Xerife, à caráter, ensinando-me a preparar o pão.

Betinha, Flavinho e Dani, 17 de junho de 2007

E ontem, sábado, quando decidimos - depois de anos de intensa atividade social, agenda lotada, compromissos seguidos e intermináveis - ficar em casa, atendendo a um comovente pedido da minha garota, e de posse de um tinto italiano que comprei junto com o Prata (que comprou da mesma garrafa para beber com minha nora também no final de semana) no Centro da cidade na sexta-feira, preparei o pão seguindo a mesmíssima receita, com modificações intuitivas, passada pelo Xerife, o Anquier da Zona Norte.

primeiro de setembro de 2007

- Ficou infinitamente melhor, Edu... - disse minha Sorriso Maracanã, talvez mentindo, mas dando cores de intensa beleza à noite que apenas começava.

Até.

1.9.07

O OLHAR DO TARTAGLIA

O Tartaglia, que mantém o blog NO FRONT DO RIO, hospedado n´O GLOBO, blog infinitamente melhor depois da saída do Mauro Ventura (que dividia o espaço com o bardo), acaba de chegar da festa de aniversário de Aldir Blanc, na Muda, na Tijuca - onde mais? - e manda um relato, no blog (deixo de indicar o link graças a babaquices do jornaleco que exige registros etc) preciso em todos os sentidos...

Quando elogia meu filho, Tiago Prata, e quando escorraça o Bar da Dona Maria, comandado, hoje, por um investidor que não entende NADA (com a ênfase szegeriana) do riscado:



"Acabei de chegar da homenagem ao Aldir (fotos ao alto: Aldir comandando os trabalhos e uma geral do Bar da Maria, que, desapontamento, já não parece ser mais o mesmo: cerveja que não vem mofada e feijoada - a 22 paus e mal servida! - fraquinha). A homenagem foi como devia ser: muitos amigos (Baiano, Touro, Nani, Amorim, Mello Menezes, Moacyr, Ize, Mollica, Maranhão, Zé Luiz do Império, Dapieve, Hugo, Lucas, Livia, Argil, Goldenberg, montão de gente), uma roda de samba supimpa (Pratinha, uma revelação). E muita emoção.

Aldir fazendo 62 anos, um livro com o melhor da sua usina de criação, o casarão da esquina da Garibaldi e Conde de Bonfim restaurado e lindo. Enfim, uma boa maneira de comemorar 62 anos - e eita que eu chego lá."


Até.