Quando eu escrevi SÓ FICO À VONTADE NA MINHA CIDADE, leiam aqui, disse eu que pensei, à certa altura, naquele 18 de janeiro, estar delirando diante de tanta boniteza vivida. E repito tudo, palavra por palavra, com mais intensidade, até, para lhes dizer sobre o fim de tarde e sobre a noite de ontem, na minha mui amada Tijuca.
O Estephanio´s transformou-se, ontem, num set de filmagem, para que fossem rodadas algumas cenas do filme SAENS PENA, ESTAÇÃO FINAL, dirigido por Vinícius Reis. Em todas as cenas - eis o porquê do cenário escolhido... -, Aldir Blanc.
O Estephanio´s transformou-se, ontem, num set de filmagem, para que fossem rodadas algumas cenas do filme SAENS PENA, ESTAÇÃO FINAL, dirigido por Vinícius Reis. Em todas as cenas - eis o porquê do cenário escolhido... -, Aldir Blanc.
Cheguei lá, com Tiago Prata e seu violão a tiracolo, por volta das cinco da tarde, onde já encontrei Fefê, Mari Blanc e Mello Menezes sentados dentro do bar, debaixo de luzes, holofotes, rebatedores, câmeras, tremenda estrutura, salaminhos e chope.
Bateu-me o telefone, às seis, o poço artesiano de doçura, Rodrigo Ferrari:
- Vem pro Renascença...
- Never! - respondi contaminado pelo clima hollywoodiano daquela esquina.
- Por quê?
Expliquei.
Expliquei e em menos de vinte minutos chegava o Digão.
Chegava o Digão ao bar e a filmagem ao fim.
O que se viu dali em diante, meus poucos mas fiéis leitores, foi coisa de filme, literalmente.
À mesa, eu, Digão, Fefê, Mari Blanc, Mello Menezes, Prata e Aldir.
O Prata sacou do violão e o Aldir, em tarde inspiradíssima, cantou que só vendo...
Disse à certa altura, visivelmente emocionado, passando a mão na cabeça do menino, a quem chamou de Querubim, em novembro de 2006, quando o conheceu, como lhes contei aqui:
- Se tu é mesmo filho do Edu, e se tu quiser, pô... pode se considerar meu neto de hoje em diante...
Foi ele dizer isso e o Prata, vermelhíssimo:
- ´brigado, vô...
Sambas antológicos originários do Salgueiro, canções letradas pelo próprio Aldir, e o choro já era coletivo (sem exagero, meu pai...) quando chegaram, convocados por telefone pelo craque da Folha Seca, o Arthur Mitke, o Gabriel do Cavaco, Jorge Alexandre e seu tantã, Abel com o cavaquinho, Beto Cazes com o pandeiro, Jorge do Renascença, e o Moyseis Marques, de quem gosto cada vez mais cantando. E foi ele, o Moyseis, cutucado pelo Prata, quem quase derrubou o gigante da Muda quando cantou IMPERIAL, samba lancinante de Wilson das Neves letrado pelo Aldir:
- Venha... como um romeiro volta aos pés da Penha...
O Aldir - não me deixam mentir os presentes - chorou copiosamente até o último verso, quando, de pé, agradeceu à molecada que fazia ventar dentro do bar.
O troço tava tão bonito, mas tão bonito, que à certa altura - às vezes as coisas acontecem só pra que a beleza seja mais doída, vocês hão de entender... - o Mitke vira-se pra mim e diz:
- Bicho... fudeu!
- O que foi?
- Esqueci minha mochila com laptop, celular, carteira, documentos, dinheiro... tudo lá no Renascença...
Virou-se pra Rita, sua Rita, repetiu a lamúria e o Gabriel ouviu. Ouviu e disse com a autoridade que tem:
- Vamos lá agora. Eu DUVIDO que não esteja lá.
Isso já quase onze e meia da noite.
A cara do Mitke era, e é compreensível isso, de quem não tinha nenhuma esperança. Saíram os dois, de carro e voltaram vinte minutos depois. O malandro me abraça aos prantos:
- A Tijuca é foda, o Gabriel é foda, vocês são foda...
Foi, mesmo, foda.
Tudo.
Liguei pro Szegeri pra dividir com ele a alegria e a emoção do momento.
A mesma emoção que vocês podem perceber, agora, assistindo a essa lindíssima interpretação do Mello Menezes para VALSA DO MARACANÃ, de Paulo Emílio e Aldir Blanc, uma espécie de hino da Tijuca, acompanhado pelo monstruoso violão do Prata.
- Bicho... fudeu!
- O que foi?
- Esqueci minha mochila com laptop, celular, carteira, documentos, dinheiro... tudo lá no Renascença...
Virou-se pra Rita, sua Rita, repetiu a lamúria e o Gabriel ouviu. Ouviu e disse com a autoridade que tem:
- Vamos lá agora. Eu DUVIDO que não esteja lá.
Isso já quase onze e meia da noite.
A cara do Mitke era, e é compreensível isso, de quem não tinha nenhuma esperança. Saíram os dois, de carro e voltaram vinte minutos depois. O malandro me abraça aos prantos:
- A Tijuca é foda, o Gabriel é foda, vocês são foda...
Foi, mesmo, foda.
Tudo.
Liguei pro Szegeri pra dividir com ele a alegria e a emoção do momento.
A mesma emoção que vocês podem perceber, agora, assistindo a essa lindíssima interpretação do Mello Menezes para VALSA DO MARACANÃ, de Paulo Emílio e Aldir Blanc, uma espécie de hino da Tijuca, acompanhado pelo monstruoso violão do Prata.
Até.
15 comentários:
e eu não fui contemplado com um convite .........
Putz, um furdunço desses do lado de casa e eu sem saber de nada... tivessem me dito, eu mesmo teria pego a mochila do Mitke - afinal, o Renascença fica na minha rua...
E afinal, a cantoria foi filmada? Vai entrar no filme? Cesse com minha ansiosa curiosidade, Edu!
Coisa mais linda, Edu...
Coisa mais linda...
Sem mais.
Sensacional.
Sem dúvida, foi uma noite (mais uma) memorável na vida dessa esquina.
Miguel
Quando passo pelo buteco e vejo textos iguais a esse me pergunto:
- Deus o que faço aqui em São Paulo?? Porque não nasci carioca???
Um abraço Edu
Salve o Samba
edu, esse menino é um gênio!!! endiabrado! diga a ele que eu mando os meus mais sinceros parabéns! vai tocar violão assim lá na.... tijuca! rsrsrsrs.
um abraço.
Excelente amostragem com esse vídeo do Prata com o Mello Menezes!
Meu pai: foi sim, querido... Ir ao lançamento do livro do Fausto incluía essa passada no bar... Acabou virando o programa! Nada planejado!
Arthur: não, malandro, não foi. Que eu me lembre, foram feitos uns takes para o making off apenas. Mas com o passar dos dias, vou pondo aqui filmes que eu mesmo fiz, meu irmão fez etc
Craudio, Miguel e Wan: foi, de fato, uma noite e tanto. Inesquecível para todos os que tiveram o privilégio de estar lá.
Caíque: já dei o recado ao garoto!
Bemoreira: já estreou a bata?
"Imperial" é uma das coisa mais bonitas já compostas sobre o Império Serrano. A letra do Aldir é inspiradíssima (como se não fosse redundância). Lembro--me exatamente da primeira vez que ouvi: acabara de comprar o disco do Wilson das Neves e coloquei no som do carro. VIrou um clássico instantâneo do meu repertório particular. Pena não estar lá para ver o Moyses cantar...
Perguntei a um menino, que me indicou o próximo samba e disse--me que era o maior. E, não contente com a resposta, pôs a letra na música: era o só fico em paz na minha cidade. Geralmente, não dou fé a crianças. Fui a um homem que estava à porta de um boteco e o homem confirmou o caso, e cantou do mesmo modo; depois calou-se e disse convencidamente: parece incrível como se possa, sem o prestígio dos jornais, as saias das mulheres, os requebrados das cabrochas , etc., dar uma impressão tão exata do momento da opereta cinematográfica. Feche os olhos, ouça-me a mim e os acordes e emoções, e diga-me se não ouve Prata e Aldir em carne e osso:
Imperial do Serrano tem na Tijuca,
Tem amor e avo em Blanc Prata.
Carne sem osso, meu caro Edu,
sem osso.
Durmo em paz e obrigado.
João
O que + me impressiona no final é sua modéstia. Tudo isso acontece porque você está presente. Ou tudo isso acontece porque você se faz presente. Ou tudo isso acontece porque você faz o papel das encruzilhadas que juntam pessoas muito especiais que poderiam estar em lugares diferentes mas que não estão por sua causa. Você é poderoso e seu blog é só o retrato de seus feitos. Um abraço de um de seus "poucos mas fiéis leitores".
Adriano Santos
Porra, Edu, não tem imagens do Moyses cantando "Imperial", não?
Ah!!!!O paraíso tropical era ali!!!
caro amigo edu!
sempre frequentando o buteco e acompanhando a briga de vcs, que também é nossa. não passarão!
tem recebido por correio o vaia?
saiu uma nova ed. em agosto, e início de outubro deve sair outra, toda dedicada à poesia.
vinha pensando se o aldir não toparia publicar um poema nessa ed nova do jornal. vc faria um meio-campo pra gente, conversando com ele?
e fico matutando aqui um jeito de publicar o aldir em porto alegre. se fizessemos uma edição mensal do jornal será que ele publicaria?
e penso também em arranjar um jeito de publicar as "coisas assim" que ele enviará semanalmente para o buteco aqui em porto alegre para os gaúchos leitores e admiradores do aldir.
diga o que vc acha dessas minhas divagações, amigo.
putabraço! fernando ramos, jornal vaia, porto alegre
Isto é uma verdadeira pérola! Vi esta letra ser parida à um bocado de tempo atrás.
Vinte e cinco anos para Mello Menezes é quase nada.
Que prazer rever monstros poetas empedernidos, apaixonados como sempre foram, aqui neste blog supimpa.
Já sou fã!
Felicidades à todos!
Abraços,
André Rezende
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