10.1.08

O CHURRASCO DO BATIZADO - PARTE II

Leia O CHURRASCO DO BATIZADO - PARTE I aqui.

Partiram os sete em direção ao Xodó. Vidal, atento, fez a observação:

- Estranho, isso, minha gente. Batizado coletivo não é cobrado... – e cofiou os cabelos grisalhos que o vento – finalmente um vento, uma brisa! – despenteava.

Os sete dobraram a esquina e Waldomiro saltou imediatamente de trás da porta da igreja. Atravessou a rua arfando, suado, a gravata já devidamente afrouxada. Foi ao apontador com o talão de apostas na mão.

- Deu o quê?

- 1996, veado na cabeça!

- Putaquemepariu! – gemeu Waldomiro.

- Acontece, chefe, acontece... Vai refazer o jogo pras dezoito?

- Vou não, vou não... – e tomou, atônito, o rumo do Xodó.

Quando os sete amigos estão se aproximando do Xodó, seu Osório está aos berros na esquina, voltando da banca do jogo, contando o maço de notas:

- A cerveja é por minha conta, porra! Pago tudo! Pago tudo!

- Ganhou no bicho, seu Osório? – perguntou Bule.

- Não, ô, imbecil! Assaltei seu caixa!

E neguinho rindo.

- Cravei centena e grupo na cabeça! Três mil, quatrocentos e cinqüenta reais, pôta! Deixei cem pratas com o Fernando Apontador e vou dar dez pro cento pro Simas! – e procurou pelo novo parceiro.

- Simas? O caboclo veio? – perguntou Bigode.

- Veio e veio quente! O palpite foi dele!

Simas a tudo assistia de dentro do bar, apoiado no balcão, bebericando mais uma dose de cachaça. Gritou de lá mesmo:

- Nada disso, filho! Nada disso! É teu, é tudo teu! – e deu de gargalhar – Paga a cerveja pro povo da rua que fica tudo certo...

Passam-se mais vinte minutos e dobra a esquina um cabisbaixo, ensebado, suado, amarrotado e visivelmente cansado Waldomiro.

Vê a confusão, fica sabendo do fato, intriga-se com a figura do Simas – arrepia-se, na verdade, ao ser apresentado a ele – mas isso não impede o cochicho pouco depois:

- Simas, qual seu palpite para o jogo das dezoito horas, hã? – pergunta nervoso, baixinho, ao pé do ouvido do cara.

Simas abre os braços, manipula uma capa imaginária, gargalha lançando aquele bafo quente da cachaça rente ao rosto do Waldomiro e grita:

- Não interessa, corno! Não interessa!

- Como é que tu sabe que o cara é corno? – é seu Osório que, rindo muito, pergunta.

Simas, estrepitando, nada diz.

(continua)

Um comentário:

4rthur disse...

Mas o Simas explanou o chifre do Waldomiro, pôta!

Bom, foda-se né, geral já sabia mesmo...