19.2.08

PRATINHA, O INTERNACIONAL

Vocês hão de me perdoar esse brevíssimo hiato - não escrevo desde sexta-feira passada, o que gerou uma meia dúzia de emails malcriados -, mas ando assoberbado como há muito! Razão pela qual apenas hoje atendo a um pedido patético, convenham, de meu filho mais novo, Tiago Prata. Vou lhes explicar.

Na quinta-feira passada, 14 de fevereiro, publiquei o texto BETINHA, A INTERNACIONAL, leiam aqui, fazendo menção à recente viagem da Betinha às Filipinas com escala em Dubai. Pra quê!?

Serei preciso, como sempre.

Publiquei o texto por volta de uma hora da madrugada daquela quinta-feira, e antes das nove da manhã estrilou meu celular piscando PRATA no visor do aparelho. Eu nem cheguei a dizer o alô protocolar:

- Por que apenas a Betinha é internacional?! Por que? - o tom era de choramingo.

O cérebro ainda fazia as necessárias sinapses para compreender o tom de mágoa do menino, quando ele emendou, fungando:

- Esqueceu que eu passei o reveillón em Buenos Aires? - e bateu com o telefone no gancho imaginário.

Eis que minutos depois eu recebo o email abaixo.

email

Notem, então, que atendo ao pedido - patético, devo repetir - do garoto, numa prova incontestável de que mimo, sem rodeios, minha cria.

E já que ele fez questão de anunciar sua viagem para Buenos Aires, já que ele fez questão de ser taxado, publicamente, de internacional, vou me permitir tecer brevíssimos comentários sobre o destino do menino na passagem do ano.

Antes, porém, brevíssima digressão.

Eu disse um pouco mais acima que o pedido do Prata foi patético. E foi mesmo. Mas trata-se de um meninote, de um garoto recém-chegado aos 21 anos, ainda gozando as delícias dos dez, doze, treze anos de idade.

Não fosse verdade isso, e não seria rotina uma cena como essa.

Tiago Prata dormindo na Folha Seca, 22 de dezembro de 2007

O sujeito entra na Folha Seca, a livraria do meu coração, em pleno sábado, samba armado pra começar às duas da tarde, e a Dani e o Digão, de dentro do balcão, pondo o indicador sobre os lábios, a ponta do dedo sobre a ponta do nariz:

- Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! O Pratinha está dormindo...

Voltemos ao tema.

Tiago Prata foi, então, passar o reveillón em Buenos Aires. E não estava sozinho.

A classe média brasileira, que na década de 60, 70, gostava de arvorar suas viagens para Petrópolis, Teresópolis ou Friburgo como se fosse para os Alpes Suíços (que a Betinha também conhece!), a classe média que comprava casacos de pele, pantufas, gorros, luvas e botas para desfilar diante do Palácio de Cristal, do Dedo de Deus, ou das cachoeirinhas de Friburgo, agora faz de Buenos Aires sua mais nova meca.

Todo mundo - pergunte a quem está do seu lado AGORA! - tem a melhor dica do melhor bife de chorizo de Buenos Aires, todo mundo sabe de cor os endereços de Puerto Madero, todo mundo trata o estádio Bombonera com a intimidade de um Maracanã, de um Parque Antártica, todo mundo volta mastigando alfajores como se os biscoitos fossem testemunhas da infância de cada um, todo mundo volta falando "hola, que tal?", "buenos dias", com a facilidade de uma calopsita bem treinada, e por aí vai.

Resumo da ópera: não deixa de ser internacional, também, como queria, o Prata. Mas a Betinha tem, digamos, mais garbo.

Até.

4 comentários:

Anônimo disse...

A cópia do e-mail é tao precisa, que nesse dia por incrivel que pareca, eu estava acordado as 9:37 AM só para mandar o e-mail pro Edu

Anônimo disse...

Eu já fui à Barra. Conta como internacional?

Eduardo Goldenberg disse...

Claro que conta, Cesinha, nada mais internacional e estrangeiro que a Barra Cada Vez Menos da Tijuca! Mas se eu escrever um texto sobre isso o meninote vai espernear de ciúmes de novo!

4rthur disse...

Para aumentar a felicidade do Prata, proponho a mudança do apelido do mancebo para um outro, com sotaque portenho:

Platiña!