17.3.08

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

Vocês hão de se recordar, mas caso não recordem, irei ajudá-los. Em 16 de setembro de 2006, um sábado, a rua do Ouvidor viveu uma tarde mágica, retratada por mim, humildemente, em LUZES NA RUA DO OUVIDOR, em publicação de 19 de setembro do mesmo ano - leiam aqui. Lendo este texto, vocês verão que na tarde do dia 02 de setembro começou a ser tecida a beleza daquele dia. Os comentários ao texto - do Pratinha, do Simas, do Moutinho, da Betinha, da Guerreira - dão bem a medida do que foi aquilo. E eu fechei o texto com o seguinte parágrafo, do qual destaco o que vai abaixo:

"(...) - a tarde de 16 de setembro de 2006, primeiro capítulo de uma História, maiúscula, que está apenas começando, (...)."

De lá pra cá, meus poucos mas fiéis leitores, a rua do Ouvidor, aquele canto sagrado da cidade onde está assentado o axé que torna única a cidade do Rio de Janeiro, viveu diversos momentos inesquecíveis, mágicos mesmo, tendo quase sempre o samba como protagonista, força capaz de unir ali gente da melhor qualidade em busca de, apenas e tão-somente, samba.

Basta ler ELE MERECIA QUE FOSSE COMO FOI (aqui), sobre o samba dos 40 anos do Rodrigo Folha Seca, UM SÁBADO MAIS QUE CARIOCA (aqui), sobre um encontro marcado de última hora na rua do Rosário, em frente ao Al-Fárábi, OS 40 ANOS DO SIMAS (aqui), sobre a festa do meu mano querido, também na rua do Rosário, FAVELA NO RIO - PARTE I (aqui), sobre a ida do Favela ao samba na Ouvidor, e o mais recente, O PRESENTE DO GABRIEL (aqui), sobre o presentão que eu, sem modéstia, dei a ele neste dia.

Lendo (ou relendo) tais textos, relatos das tardes que vivi na Ouvidor e arredores, percebe-se a beleza que cerca cada encontro dos amigos ali, espontânea e desinteressadamente.

E eis que eu, na sexta-feira passada, sem com isso querer ser o profeta do caos, escrevi UMA SEMANA ANTES... (aqui) alertando para o risco, iminente na minha opinião, de uma conspurcação nociva e fatal para o samba que acontece, aos sábados, quinzenalmente, na rua do Ouvidor.

Sair na capa da revista RIOSHOW, de O GLOBO, alvo de uma matéria que será assinada pelo mesmo homem que assina a coluna PÉ-LIMPO (publicada na mesmíssima revista), representará - torço, no fundo, para que eu me engane - um gigantesco retrocesso no processo espontâneo (repito propositalmente) que gerou cada um dos sambas da Ouvidor. A decisão, que não me cabe contestar, de tornar quinzenal a roda de samba já foi, de certo modo, um golpe nessa espontaneidade que dava ainda mais beleza a tudo. Mas o troço ainda se mantinha, mesmo com notado crescimento no fluxo de pessoas, miúdo, contido, bonito demais (também repito de propósito, pô!).

Os efeitos, depois de ser capa, nesta próxima sexta-feira, da revista que já exaltou o que há de pior na cidade, são impossíveis de dimensionar. Mas facilmente detectados antes mesmo da publicação: gente estranha no pedaço que pode dar ao samba da Ouvidor o mesmo destino que tomou e sufocou, à beira do insuportável, o Samba do Trabalhador e o Samba Luzia - para ficar apenas nesses dois (pigarro) eventos.

Até.

41 comentários:

Unknown disse...

O negócio, mano, é vocês decretarem luto oficial de três rodas após a publicação da matéria. Assim, os "estrangeiros", ao se depararem com a completa ausência de samba na rua do Ouvidor, voltarão para casa. E, talvez, putos com a revista, deixem de ler esse lixo. Só então, quando o assunto tiver sido esquecido pelos "turistas", vocês devem voltar, à boca miúda e sem fazer alarde, às atividades normais e espontâneas do lugar. Axé!

Uncle Bob disse...

Prezado Edu,

Entendo perfeitamente a sua preocupação, mas acho que você está sendo um tanto quanto pessimista!

Um forte abraço!

Felipe Quintans disse...

Se for capa do Rio Show com assinatura do Jefferson Lessa, já podemos pegar a pá e ir cavando a cova!

Anônimo disse...

Não acredito Edu!! Li sobre a roda da Ouvidor no blog do Tartag lia há cerca de dois meses e agora que programei para conhecê-la no próximo sábado 21, você me dá uma notícia dessa ? Mas sou teimoso e vou assim mesmo... Estes leitores do RioShow não passarão!! E vou com a camisa do São Cristóvão como prometi ao Simas através do blog dele.
ass.Tande Biar

Andrea disse...

Eu tenho uma idéia Edu. Passa a fazer na sua casa. Daí só mesmo os seus amigos poderão ir. Roda de samba no meio na rua, via pública, não dá certo. É melhor no lar. É privado.

Anônimo disse...

Edu, conheci os sábados da Ouvidor aqui no Blog. Em dois sábados que visitei a rua, fiquei tentando lembrar de um lugar TÃO carioca quanto aquele. Ode ao Rio de Janeiro. Compartilho do seu medo de ter aquele pedaço do Rio comprometido. Agora é só começar aquele papo de que "no meu tempo que isso aqui era bom". rs

Abraços cruz-maltinos!

Arthur Tirone disse...

Falou e disse, Bruno!

Eduardo Goldenberg disse...

Andrea Duarte: tentei ler alguma coisa escrita por você em www.andreaduarte.blogspot.com (endereço indicado em seu perfil público do BLOGGER) para saber, minimamente, a quem me dirigiria respondendo a você. Sem êxito. "Seu Mundo" (nome do blog sem um único texto) não tem nada que dê uma pista sobre você. Arrisco-me, então, dirigindo a palavra a quem-não-sei.

Se eu fosse contra - como seu tosco comentário sugere - a divulgação de uma roda de samba (e da roda de samba da rua do Ouvidor especificamente), eu não teria escrito diversos textos sobre o assunto. Não teria ficado feliz lendo as várias dicas dadas pelo Cesinha Tartaglia em seu blog hospedado n´O GLOBO (oásis dentro daquele deserto). Não teria comentado, efusivamente, cada dica sobre a roda dada nos blogs do Simas, do Eduardo Carvalho, do Gabriel Cavalcante.

Agora... daí a achar que não será nociva uma matéria escrita por alguém estranho ao assunto, por alguém que é mestre em usar expressões como soft drink, ambiente clean, pé-sujo fashion, numa revista que representa o que há de mais anti-carioca na imprensa do Rio, vai uma distância que - vê-se - você não enxerga.

Aproveite a roda de sábado. E depois me conte como foi.

Aquele abraço.

Anônimo disse...

Edu, para que gastar tantas palavras tentando explicar o que ela não entendeu? Não vai adiantar nada, esta cega nem em braile sabe ler.
Adorei a sugestão do Bruno. Acho que pode funcionar.
Beijos.

Anônimo disse...

Infelizmente, este tipo de divulgação, muito embora tenha valor sob alguns aspectos, em especial no que concerne à reverência que – espera-se – será feita aos incentivadores e protagonistas da roda, certamente acarretará aquilo que já aconteceu de forma paulatina – como você, Edu, bem disse – em tantas outras rodas de samba, antes freqüentadas por gente que, ao contrário da maioria dos leitores da tal revista, apenas deseja ouvir boa música e beber na companhia de pessoas amigas, simples, sem QUALQUER tipo de distinção (cor, beleza, moradia e etc).

Não se trata de querer “privatizar” a roda, como postado em infeliz comentário. Trata-se, apenas, da preservação de uma roda de samba que ainda não virou um “evento”. Hoje existe essa tendência (ô palavrinha escrota) de se “eventizar” tudo. É evento pra cá, evento pra lá... Uma praga!!!

Pior que os eventos, só mesmo os “procuradores de evento” (lembra do Antílope, Edu?); muitos deles leitores assíduos da tal revista, gente da pior espécie e que deve ficar longe, bem longe, da Ouvidor.

Aguardemos a reportagem e sua repercussão. Na pior da hipótese, que seja implementada a – sábia – sugestão do Bruno Ribeiro.

Abs.,

Daniel A.

Anônimo disse...

Quero dizer apenas que o Samba aqui na Ouvidor, em frente à livraria que alguns chamam "do meu coração", acontece há muito tempo, mais precisamente há quatro anos e meio, quando eu e Dani aqui chegamos. Me surpreende o egoísmo de alguns que supostamente apreciam as coisas que acontecem por aqui. Essa torcida contra é totalmente desnecessária, com suas "pás de cal" e seus "depois não digam que eu não avisei". Quem só vem aqui se divertir e reclamar de tudo não sabe o trabalho que dá administrar os egos, não só dos freqüentadores, como também de quem organiza o samba. Tanto os comerciantes quanto os músicos que aqui se reúnem precisam de visibilidade. E todo mundo sabe que não buscamos isso a qualquer custo, quem quiser achar o contrário, dane-se.

Anônimo disse...

Grandes comentários até o momento. Concordo que o Jefferson Lessa não tem nada a ver com samba nem com a rua do Ouvidor e nem com o centro velho do Rio de Janeiro, o que faz com que eu também tenha certeza de que a matéria será um fiasco. Tudo o que ele escreve é afetado e a matéria vai levar um público afetado feito ele pro meio do povo. E a proposta do Bruno é excelente. Seria hiper-carioca, gesto digno da melhor malandragem, sacanear o jornal O Globo e esse jornalista adiando a roda de samba. Abraços a todos.

Anônimo disse...

opa, acabei de ver que o Folha Seca se manifestou antes de meu comentário seguir.

Eduardo Goldenberg disse...

Folha Seca: quem chama a sua livraria, e a da Dani, de "livraria do meu coração", querido, sou eu - o "alguns".

Lamento, antes de tudo, e o faço publicamente como de costume, que meu manifesto desagrado com a matéria que sairá na sexta-feira tenha soado para você como manifestação de "egoísmo". Fosse eu um egoísta, com relação à roda de samba da Ouvidor, e não teria escrito um, dois, três, sabe-se lá quantos textos falando sobre ela.

Lamento, da mesma forma, que você creia, firmemente, que estou, daqui, a torcer contra. Não estou e você sabe que não estou.

Lamento, aliás, meu caro, seu comentário - do início ao fim.

"Visibilidade" é uma das palavras mais mal empregadas, e muito mal empregadas a partir do boom do marketing, da propaganda e da publicidade, responsáveis diretos pela degradação do homem (não cabe esticar, aqui, este assunto).

A visibilidade que um restaurante precisa é a de sua comida, de sua bebida, de seu serviço. A visibilidade que uma livraria precisa é a de seu acervo, a de seus livreiros, a de seu ambiente (e nisso vocês são imbatíveis).

Tudo começa a degringolar, meu caro, neste sagrado espaço da rua, quando o samba deixa de ser o que é em essência desinteressada, quando ele deixa de ser pretexto para reunir os amigos num sábado à tarde para passar a servir, abjetamente, à tal visibilidade - quero crer que você me entenderá.

Quinta-feira eu vou almoçar aí, querido, aí do lado. Se você quiser, falamos pessoalmente - o que sempre foi um tremendo prazer.

Vire suas artilharias para o outro lado. Tenha olhos de ver e ouvidos de ouvir.

E admire quem tem a coragem de dizer o que pensa, mesmo correndo o risco de desagradar a quem se quer muito bem.

Beijo.

David da Silva disse...

Com todo o respeito que tenho pelo Bruno, a sugestão dele me soa algo à la D. João VI, o fujão (que o Simas me perdoe). Mas quando vejo legiões apodrecidas pelo mau gosto acercarem-se das muralhas da resistência, só me ocorre preparar-lhes presepadas iguais às perpetradas nos romanos pelo meu ídolo Bar Kochba.

Andrea disse...

Edu, eu não tenho blog. Nem lembrava mais que um dia havia criado esse tal "meu mundo" ou algo parecido. Mas talvez me conheças. Somo vizinhos. Abraços.

Anônimo disse...

As palavras abaixo não são minhas, mas do professor Simas, cujo blog leio todos os dias, e que dizem tudo:

"Já o caderno Rio Show merece ser devidamente consagrado como papel higiênico, coisa que pretendo fazer em protesto pessoal.

O caderno em questão apresenta longa reportagem com o título "Aqui se fez cultura - berços da cultura carioca". Nas palavras do autor da besteira, Jefferson Lessa, a reportagem retrata a revitalização do orgulho de ser carioca.

Senhores, o autor dessa titica impressa lista os seguintes berços da cultura carioca: - Copacabana Palace, Cinemateca do MAM, Casa Villarino, Cervantes, Baixo Leblon, Praia de Ipanema, Parque Lage, Alvaro´s, Amarelinho, La Fiorentina, Teatro Municipal, Teatro Sesc-Ginástico, Paquetá, Cosmopolita e Centro Cultural Carioca. Oito deles na Zona Sul, seis no Centro e a ilha da Moreninha.

Meu São Noel, valei-me! Não há nada na Zona Norte, um mísero lugar, que mereça ser considerado berço da cultura carioca. A Zona Norte não existe para o tal do Jefferson Lessa e seus patrões de O Globo. No aniversário do encantamento do grande Noel, carioca da Zona Norte, o pascácio nem ao menos cogitou falar da Vila Isabel como um berço do carioquismo.

Vão todos pra puta-que-os-pariu, antes que eu me esqueça. Se tranquem logo nos condomínios fechados da Zona Sul e da Barra e não encham o nosso saco. A cidade vive aqui, seus merdas."

Anônimo disse...

Eu havia mandado (acho que o segundo comentário substituiu o primeiro) o seguinte: "vocês SÓ se esqueceram de perguntar se quem organizou o samba até hoje, banca os músicos (Livraria Folha Seca, Antigamente, Santos etc.) apoiariam esse boicote contra o jornal, esse 'luto'.”

Anônimo disse...

Edu,
muito me entristece a tua opinião sobre uma matéria que ainda não saiu, nem mesmo sabemos se sairá. Não seria melhor esperar a publicação dela para depois meter o pau?
Muito me entristece também que uma matéria que supostamente falará bem de algo que apreciamos seja tratada como uma pá de cal sobre essa mesma coisa. Se você quiser usar a retórica para justificar sua opinião, ótimo, faz parte da sua profissão. Mas pergunte a qualquer pessoa que tenha um negócio, por mais idealista que seja, o que ele acha de uma matéria sobre o que acontece por lá.
Mais uma vez repito que quem achar que queremos isso a troco de qualquer coisa, que se dane.
Só posso dizer que esses seus textos e os comentários dos nossos amigos que freqüentam a livraria e o samba fizeram minha úlcera crescer de maneira desonesta, como você gosta de dizer.
Obrigado.
Ah, quanto a almoçar contigo, estamos aí. Sempre.

Anônimo disse...

Rodrigo,

Jamais estarei a torcer contra, meu amigo, e você sabe bem disso. Aliás, não acredito que ninguém aqui esteja a fazer isso.

Com já disse, entendo que a reverência aos personagens e protagonistas da roda, sem dúvida, será o ponto alto da matéria da revisto.

Espero que não tenha ficado chateado com meu comentário. Caso contrário, peço desculpas.

Grande abraço,

Daniel A.

Anônimo disse...

Para não haver dúvidas: sábado estarei na Ouvidor. Não há JL ou amiguinhos que me façam deixar de encontrar os amigos queridos.

Szegeri disse...

Não ia me manifestar, não havia razão. Mas o grande e doce Digão pediu a opinião de que tenha um negócio, então é pra ele que me dirijo.

A grande Sorriso Maracanã testemunhou uma discussão entre os sócios do meu negócio sobre a oportunidade de uma matéria na odiosa revista da "famiglia civita". Um negócio precisa de visibilidade, isso é fato. E visibilidade é o que o Edu diz que é, mas é um pouco mais também, e em geral ajuda. Em geral. Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo, Playboy fizeram suas matérias sobre o Sabiá (o negrito é pra dar visibilidade). Nenhuma foi solicitada - não temos assessoria de imprensa – mas serão usadas se amanhã eu for fazer uma negociação e tiver que apresentar meu estabelecimento. O "Estado" pediu declarações, demos. A revistinha dos civita pediu declarações: não demos. Não posso impedir que um jornalista da imprensa livre vá até o bar e escreva o que ele quiser. Assim como ele não pode exigir uma declaração ou pedir uma porção de bolinhos, fotografar e sair sem pagar (como fez), achando que está me fazendo um favor. Outro dia a rede globo de televisão ligou para minha casa à meia-noite, da porta do Ó do Borogodó, pedindo para minha mulher autorização para entrar. Autorização negada, com calma e gentileza, sem chiliques. Porque a cada vez que a tv globo vai lá, o bar fica insuportável por duas semanas ou mais.

O público do gibi marrom dos civita é a pior espécie de gente que vive nesta cidade, com todas as exceções de praxe. No curto prazo (e os prazos nunca foram tão curtos: nunca pensei que um 5º dia útil fosse tão perto do próximo...), o dinheiro deles é igual ao dos outros e eu preciso dele. No médio e no longo, a presença "deles" afasta os que nós queremos, e você sabe disso. Na tua livraria talvez não seja assim, caríssimo, porque se trata de um tipo de negócio que o cliente entra, paga e sai. Mas se o samba da rua de qualquer forma for negócio ou fizer parte do negócio (e pode ser, perfeitamente, sem nenhum tipo de problema - para mim é também – sem deixar de ser bacana, ser resistência, ser prazeroso etc.), diga a tal matéria o que disser, vai ficar uma grande merda se fortinhos da ZS começarem a apinhar o lugar SÓ pra azarar as gatinhas. Foi assim com tantos redutos, o outrora indefectível Candongueiro inclusive. Por que não seria com o samba de vocês?

Concordo com os que se indignam com a postura do "não vou contar pra ninguém pra não encher", é só ver o que a vida inteira escrevi. A posição mais coerente pra quem não quer que um lugar encha é não ir. Não é essa a posição do Edu, por óbvio. Não é essa a posição do Zé Sérgio Dinda quando reclama do Bola Preta deste ano, por óbvio. O samba pode encher e continuar ótimo, como foram os citados Candongueiro e Bola Preta por anos cheios e ótimos. Se encher de gente babaca vai ficar uma merda, porque roda de samba e carnaval são tão ou mais feitos pelo público que pelos músicos (acho que pra falar disso eu tenho uma certa experiência). O Edu defende o ponto de vista dele, de freqüentador e está certo na sua preocupação (não passa de preocupação, por enquanto). Você defende o teu ponto de vista de negociante, pode estar certo ou não, o tempo dirá, porque o negócio depende dos freqüentadores (e em geral depende mais, mas não só, dos assíduos do que dos “de ocasião”). Esse "aparecer a qualquer custo" que te incita uma agressividade gratuita não apareceu na boca de ninguém, exceto na tua, ó grande Digão. Se o samba parar de ser negócio, ou se deixar de ser um negócio viável, ele vai acabar, e o Edu não vai poder reclamar. Para ele, certamente, não é negócio, assim como para os demais freqüentadores. Então, quando parar de ser legal, ele simplesmente vai parar de ir. Assim como ele, outros e outros etc. E você não poderá reclamar.

Conclusão: isso aqui não é uma defesa de posição, nem se deve escrever, nem se não deve, se vocês devem dar as declarações, se não devem. Acho mesmo que é uma tremenda babaquice achar que não pode contar pra ninguém o horário do bloco pra não encher de gente (acho que vi esse filme em algum lugar), ou que o veículo A ou B não pode falar de você. Mas acho também que é, pelo menos, uma tremenda ingenuidade achar que: a) visibilidade na imprensa SEMPRE ajuda; b) que aconteça o que acontecer o nosso samba sempre será legal. Pare só, ó Digão, com esse negócio de torcer contra. Está todo mundo no mesmo barco. E se os comentários dos amigos e os textos do Edu tão te assanhando as bichas, prepare-se. Beijo pra ti!

Felipe Quintans disse...

Rodrigo Folha Seca, de maneira alguma eu, Felipe, estou torcenndo a favor do fim da roda. Não tenho motivos para isso, e não desejo e nunca desejei mal para ninguém. Muito pelo contrário, torço para que sempre continue um evento bacana, cada vez melhor. Realmente você tem razão ao falar que a reportagem não saiu, e por isso não se pode criticá-la, concordo. Meu medo é que um babaca chamado Jefferson Lessa, conheço a peça, possa sacanear nossos simpáticos encontros quinzenais na rua do Ouvidor. Esse cara escreve tanta merda, que deve ter poluído minha opinião. Deculpe se te ofendi, espero que eu esteja errado. Vida longa e sucesso para ti e para teu negócio.
Beijo.

Anônimo disse...

Eu acho que todo mundo tem direito de vir ao samba. Acho que os babacas que vierem aqui vão se decepcionar, pois não vão gostar dos sambas que a gente canta, nem do fato de ser um espaço ao ar livre, onde não há reservas de mesas, onde todos têm os mesmos direitos (seja minha mãe, do Edu, da Betinha, de quem mais vier), então penso que não tenho que me preocupar se vai sair no jornal ou não. Não acho que é fundamental sair no O Globo, mas penso que, além de importante, isso é um reconhecimento ao nosso trabalho. Não entendi, meu caro Sze, os seus conselhos. Fiquei chateado com o tom premunitório de que o samba vai micar porque vai sair no Rio Show. Nem casa de samba nós somos! Não vendo bebida nem nada! Somos um ambiente bacana, que reúne gente bacana. Podem vir os babacas, tenho certeza de que logo chegarão à conclusão que não é lugar para eles. Aliás, mesmo com isso tudo, aqui sempre tem um babaca ou outro. Faz parte.
Agora, se um jornalista se interessa em repercutir um troço que todo mundo está achando legal, eu tenho que ficar preocupado? Acho que não. Vamos continuar cantando os mesmos sambas, repito, os livros vão continuar com os mesmos preços, as cadeiras e mesas serão as mesmas... Talvez o Edu deixe de aparecer, não porque o samba ficou ruim, mas porque um cara que ele não gosta falou de algo que ele gosta. Eu acho isso uma pena, pois ele sabe que quando ele não vem, pra mim, o samba perde um pouco. Não porque ele é fundamental para o samba, mas porque ele é meu amigo e eu quero os amigos comigo.
Foi isso que me chateou nessa história toda. Ver meus amigos elocubrando sobre a merda que vai virar o samba.
Não acho que temos que sair no jornal de qualquer maneira, mas não vou acabar com o samba por conta de uma matéria no O Globo. Como também não aceitei, e jamais aceitarei, a sugestão do jornal de fazer um samba extra só porque ele queria colocar a matéria em um dia que não era véspera do samba.
Gostaria de dizer mais uma coisa aos frequentadores do Buteco: não deixem de vir aos sábados na Ouvidor. Esse espaço é nosso e não pode ficar à mercê de qualquer aventureiro. Sábado agora, dia 22, espero todos vocês.

Eduardo Goldenberg disse...

Ora, ora, meu caro e doce poço artesiano de doçura... Francamente!

Vamos por partes, que a discussão é boa. Eu também acho que todo mundo tem o direito de ir ao samba, ainda mais a um samba que é na rua, espaço que é do povo, espaço que é de integração da gente, espaço que abriga rico, pobre, professor, advogado, desempregado, mendigo, deputado, jornalista e copydesk de quinta. Não acho, entretanto, e eis aí mais um ponto em que discordamos, "que os babacas que vierem aqui vão se decepcionar, pois não vão gostar dos sambas que a gente canta, nem do fato de ser um espaço ao ar livre, onde não há reservas de mesas, onde todos têm os mesmos direitos".

Eles vão gostar, sim, porque o jornalista que tentou convencê-los a fazer uma roda extra, por conveniência dele, saberá escrever à moda dessa gente, usando palavrinhas que ele costuma usar, como "charme", "cool", "chique", "luxo", sei lá mais o quê. Saberá mostrar o "outro lado" da roda de samba. Tome nota!

(tomara que eu me engane)

Ele, que chegou ansioso perguntando "O Moacyr Luz está aí, o Moacyr Luz vai vir hoje?", que entrevistou (ou fez meia-dúzia de perguntas, não sei) ao Simas, a você, ao Gabriel, ao Moutinho, escreverá - sabemos que é sempre assim - apenas o que a ele interessar. Não dirá, tenho certeza, o que o nosso gordo de estimação disse a ele, apenas para ficar nesse exemplo.

Outra coisa, mano: O GLOBO não reconhece o trabalho de ninguém sem cobrar a conta depois.

E pra terminar... Eu não vou deixar de aparecer. Em absoluto.

Não estarei, entretanto, neste sábado, pois estarei em Cabo Frio gozando merecido descanso durante a Semana Santa.

Mas torço, intensamente, para que a rua esteja cheia. Cheia de nossa gente, diga-se.

Até!

Anônimo disse...

Parece que o Eduardo Carvalho e o Gabriel Cavalcante também já reconheceram publicamente a nocividade do Jefferson Lessa.

http://boemiaenostalgia.blogspot.com/2007/03/ferimento-na-cultura.html

Anônimo disse...

Fala sério. Discussão mais ridícula, sobre os supostos efeitos deletérios de uma matéria de jornal que provavelmente vai falar bem de um evento de que todos gostam.

Vocês são uns lefebvrianos do samba.

Abraços

F.S.

Eduardo Goldenberg disse...

F.S.: quem é você, anônimo? Ô, raça.

Anônimo disse...

Se eu falasse não seria anônimo, ora pois.

F.S

Eduardo Goldenberg disse...

Ótimo! Registre-se, então, a covardia sob o manto do anonimato, uma vez mais.

Anônimo disse...

Tá registrado.

F.S

Anônimo disse...

Você está estranhamente bonzinho demais. Será que é por pensar que esse F.S. pode ser Folha Seca ou Fernando Szegeri? Manda esse cara se catar. Covarde não merece lugar no balcão. Abç.

Szegeri disse...

Ô, Caio Bodin, eu não sei quem você é ou de que planeta vem. A tua declaração em relação ao meu nome, de uma imbecilidade de fazer corar qualquer quadrúpede, só pode ser atribuída à tua falta de quilometragem rodada no pedaço. Eu escrevi o PRIMEIRO COMENTÁRIO deste blogue, há exatos 4 anos e 2 meses. De lá para cá devo ter escrito algumas dezenas deles, sem preocupação de agradar ou desagradar quem quer que fosse, inclusive meu IRMÃO, dono deste espaço e grandes amigos, que porventura possuem inteligência e espírito de convivência democrática bem superior à triste média que por aqui se constata, há tempos; e NUNCA (se você tiver a infelicidade de me conhecer pessoalmente, sentirá a veemência da negativa, pelas vias que se mostrarem aptas) precisei me valer do anonimato que rechaço como a superior forma de todas as covardias. Assim como me recuso terminantemente a supor, pela conta em que o tenho, tratar-se do meu querido amigo Rodrigo Ferrari, com quem vimos travando acima democrático embate de idéias. Portanto, velho, recolha-se a sua posição de calouro no pedaço e enfie a violinha no saco pra não piorar.

Eduardo Goldenberg disse...

Que lindo, Szegeri!!! Eu não tinha a mínima dúvida de que você responderia, de primeira e à altura, a esse cidadão que - salvo engano meu - abriu a boca pela primeira vez aqui no balcão (espero que pela última vez, ao menos nesses termos). Corroboro cada uma de suas palavras. Não posso crer, nem num momento de desvio, que esse F.S. seja o nosso Folha Seca. A única certeza que tenho, a mesma que a sua, é que esse sujeito é uma figura lamentável, covarde e digna do nosso mais profundo desprezo.

Szegeri disse...

P.S. 1 - Tem um "porventura" aí no texto acima, que apareceu sem ser chamado. Esqueçam-no.

P.S. 2 - ô, Digão, você pediu um depoimento e eu dei. Não há nenhum "conselho" no que escrevi - só elucubração barata -, com uma exceção: "pare com esse negócio de torcer contra". E se você não entendeu esse, então esse papo aqui fica sem possibilidade de prosseguir. Encerro, pois, minha participação.

Anônimo disse...

Velho camarada Sze,
na verdade não pedi depoimento, embora o seu seja sempre bem vindo. Disse "pergunte a qualquer pessoa que tenha um negócio" e foi ótimo que você tenha aparecido. Na minha cabeça, sair a livraria no Rio Show vai fazer com que pessoas que, por exemplo, morem no Acre ou em Santa Catarina, passem a saber da existência dela.
Quanto à questão de torcer contra, me referi ao fato de nem termos visto ainda a matéria, que nem sabemos se sairá mesmo... Não dá para esperar um pouco, tem logo que escrever um texto com o título "crônica de uma morte anunciada"? O defunto sou eu, o samba que tanto gosto de participar e por consequência a Folha Seca, que se for só um negócio não me interessa. Era isso.
Quero inclusive pedir desculpas a todos, não acho que ninguém queira o fim de nada. Só não ia conseguir dormir direito se não tivesse dito alguns impropérios nesse balcão.
Betinha, Felipex, Daniel, não há possibilidade de ficar nenhum mal entendido nessa história. Só queria que vocês estivessem comigo na batalha de manter as coisas como elas devem ser. E sei que estarão.
E, meu querido profeta do caos, adorei ver num dos seus últimos comentários um "tomara que eu esteja errado". Tomara mesmo, e que eu possa dizer mais tarde: eu não disse!
Ah, em tempo: lefebvriano é a senhora sua mãe.

Anônimo disse...

Porra, quando vi que tinha 36 se engalfinhando, não resisti. Vim ler que merda era essa. De volta da boa terra da garoa (sim, amigos, gosto daquela cidade maluca cheia de nomes estranhos: Marginal, Santa Ifigênia, Purpurina, tu que tinhas vida de Fidalga e o cacete a quatro. Antes de tudo, gostaria de recomendar a todas as senhoras presentes, que muito em breve estarão num motel, que não deixem de prestigiar mais um belo blog, que sacaneia os bares de griffe e cujo endereço é meupesujo.blogspot.com. Em segundo lugar, devo ir à Ouvidor no sábado, a menos que eu fique maluco e me mande na manhã sabatina para a roda de choro da Contemporânea com direito a esticadas no bar Leo (de preferência com o Augusto, o Fraga e a Beth por perto) e no Ó do Borogodó, mas como fiz isso na semana passada, acho que vou deixar o programa para breve. Em terceiro lugar, concordo com tudo e com todos, pois já discordei de tudo e de todos recentemente. Em quarto lugar, só vou assistir Botafogo x Flamengo a partir de agora na mesa colada à TV do bar São Cristóvão, na rua de nome mais estranho de todas, Aspilcueta, em homenagem a um jesuíta pedófilo. Em quinto lugar, a Folha Seca também mora no meu coração, um quarteirão antes da esquina Portela com Botafogo. Em sexto, que prazer rever o Szegeri, a Stê, o Deco, o Leo Golla, o Mitke, o Washington, a Carmola, e que sorte conhecer o Remo, o Favela, a Milena e os amigos do Augusto (conta você quem eram, ô Sabão). Em sétimo, estou ainda me escangalhando de rir com os comentários contra e a favor, réplicas e tréplicas. Não existe nada mais carioca do que a Rua do Ouvidor. TÔ EM CIMA DO MURO SIM, CARALHO! E DAÍ, PORRA?!?! VÃO TODOS À MERDA! (como diria meu herói, seu Osório).

Anônimo disse...

Esqueci do palmeirense Borgonovi, que me confessou, numa mesa do Sabiá (buteco que tem o balcão mais bonito do Brasil), sua simpatia, quase amor, ao Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.

Anônimo disse...

Eduardo, eu não o conheço... mas pelo que li por aqui não acredito que isto seja impedimento para chegar no balcão, pedir uma cerveja e deixar meu comentário.
Não posso discordar da sua preocupação com a essência do samba. Entretanto, fui apresentada ao samba assim como que por acaso, em muito movida pela busca de ouvir algo diferente do habitual (ditas músicas que tocam nas rádios e que vivencio diariamente em meu trabalho,pois trabalho em uma academia de ginástica).
Conversando com um aluno, o "Winter" (que vocês devem conhecer, afinal toca ganzá no Luzia e no Trabalhador), fui convidada a conhecer o Samba do Trabalhador, que afinal eu só sabia que existia por todas as matérias que havia lido nos jornais.
Chegando lá eu me surpreendi com uma música de extrema qualidade e muito diferente do que eu imaginava ser o "samba" (associava samba ao sambão de escola de samba). Então eu "descobri" que era desta qualidade de música que eu precisava, algo que falasse a minha língua e que falasse do meu povo e que não me lembrasse o meu trabalho.
Passei então a frequentar, e passei a pesquisar sobre e passei a conhecer mais.
Li um comentário neste blog, que pelo que entendi era do dono da livraria onde dizia que os babacas passarão e não ficarão...
E não tenho como não concordar, os babacas passarão...
Mas independente dos termos que o cara utilize para "vender" o samba.
A presença de pessoas críticas e que valorizem a sua essência é que mantém o espírito do ambiente.
O processo deve ser mesmo educativo, e os que chegarem perdidos buscando apenas uma balada (como eu mesma cheguei) poderão simplesmente não gostar do ambiente e partir, ou irão se render à cultura e descobrir que há muito mais no samba, que o que se lê nos jornais.
Abraços,
Letícia Brito

Szegeri disse...

Eu pago a cerveja da Letícia!

Anônimo disse...

Os babacas são uma eterna vigília, capazes de estragar até colo de avó! Mas, em se tratando de SAMBA... como diz Nelson Sargento: “Samba, agoniza mas não morre.Alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro...” Sou totalmente a favor dos “Quilombos” do Samba. Nunca fui ao Samba da Ouvidor mas já ouvi falar e torço para que continue a ser RESISTÊNCIA. Estamos precisando... antes que tudo acabe como uma certa ave da família Trochiliforme...
Enquanto houver esse tipo de discussão o samba viverá. Isso é que é Buteco!!