2.7.08

SOU TRICOLOR

É evidente que eu não seria capaz de seguir a letra do hino e, conseqüentemente (recuso-me a abandonar o trema), completar o título com um falso "de coração". Sou Flamengo desde que minha alma foi soprada pelo Criador, razão pela qual eu não soaria leviano, ainda que em nome de um título mais bonito pra crônica do dia. Mas hoje, quarta-feira, 02 de julho de 2008, logo mais à noite, sentar-me-ei na imaginária arquibancada ao lado do Vidal (que vai ao jogo, eu sei, com seu saudoso amigo Fabiano), do Valmir, do Marcelo Moutinho, do tio Osias do alto de seus oitenta e muitos (quantos, Szegeri???), do meu primo, Leonardo, do meu tio, Leopoldo, do Thiago Vasco (vejam que ironia o sobrenome do malandro!), do Carpilovsky, do Paulinho e do Dado, queridos de SP, do Daniel A., do Arthur Mitke, do Leo Huguenin, do meu cunhado, Marcelo Miranda, o Neném, enfim, de todos os tricolores que me cercam e a quem quero bem, e torcerei como um bárbaro pelo clube das Laranjeiras.

Agora, às oito da manhã dessa quarta-feira - a quarta-feira mais importante da história do Fluminense - quero dizer, diante do balcão do BUTECO, que acredito na vitória tricolor por um placar suficiente para que a conquista do título venha nos 90 minutos regulamentares. Eu sei, bem sei, que os tricolores todos, marchando na onírica procissão pela rua Pinheiro Machado e conduzidos por Nelson Rodrigues, Sumo Pontífice da Catedral de Álvaro Chaves, crêem numa vitória dramática, trágica, que há de vir nos acréscimos da prorrogação ou mesmo nos fatídicos pênaltis. Mais do que simplesmente crerem, os tricolores desejam, como bestas-feras alucinadas pelo risco, o sofrimento e a iminência do fracasso final, uma vitória épica, com a mesma ânsia do menino que persegue, como um louco, a figurinha mais difícil para completar a página de seu álbum.

De um jeito ou de outro, sofrendo ou não (mesmo sabendo ser inevitável o sofrimento desde o primeiro minuto do dia de hoje), tenho para mim que hoje é dia de Fluminense. Não apenas pelo impressionante retrospecto dentro do Maracanã (parece-me que, nesta Libertadores, são 16 gols pró e apenas 2 contra), não apenas pela diferença que tem feito - sempre que instada a fazer a diferença - a torcida do Fluminense, mas principalmente porque creio na fatalidade do futebol, é que tenho como certa a conquista tricolor na noite desta quarta-feira.

Verei o jogo quieto, possivelmente com uma garrafa de Red Label ao alcance da mão, como faço sempre que meu Flamengo não está em campo, mas ao lado de meus amigos tricolores presentes ao estádio ou não - se é que me faço entender.

A eles, meu fraterno abraço. Saibam todos que, segundos após o apito final, erguerei meu copo em homenagem a cada um, congratulando-me com a alegria, hoje deles, a mesma que experimentei, menino de calças curtas, em 1981.

Até.

8 comentários:

Marcelo Moutinho disse...

Bravo! Lindo texto, Edu (e obrigado pela gentil menção)! Já estou, como diz uma amiga minha, "com estado de nervos"...

Anônimo disse...

Edu,

Obrigado pela lembrança. Estou tão nervoso e tenso que não consigo mais escrever nada. Estarei lá, como estive em TODOS.

Que bom que você retornou às atividades.

Grande abraço e minhas saudações,

Daniel A.

Eduardo Goldenberg disse...

Moutinho: segure mesmo os nervos... O jogo hoje é pra profissional do ramo! Boa sorte.

Daniel A.: boa sorte, malandro! Largue tudo então, rapaz, e parta pras imediações do estádio! Abraço.

Anônimo disse...

é isso aí, edu! confesso que não vou sentir a mesma emoção que senti em 81, quando ao final do jogo chorei "lágrimas de esguicho". mas hoje eu torço pro irmão mais velho. boa sorte, flminense!
caíque.

Anônimo disse...

não fiz nenhum dos passeios.
também não tirei nenhuma foto com o buteco ao fundo...
mas, que bom que está de volta o dono do estabelecimento!
saudações rubronegras!
espero que tenham estado viajando.
descansando.
se divertindo.
que bom.

Eduardo Goldenberg disse...

Caíque: eu também, meu caro - ou eu não soube me expressar, como de costume, ou você me compreendeu mal... -, não sentirei a mesma emoção. Essa emoção, hoje, é deles, tricolores. Apenas estarei feliz por ver o título com um clube brasileiro e pelo qual torcem tantos amigos meus! Abraço.

Veronica: seja bem chegada depois da reabertura das portas de aço do BUTECO. Um abraço e obrigado.

M. Vidal disse...

Já babando de nervoso, louco pra fugir do consultório e começar a tomar umas que me tranqüilizem...
Estarei lá querido, e como nas duas últimas conquistas do TRICOLOR, vestindo a camisa que ganhei de presente do Fabiano que certamente estará ao meu lado.
Grande Beijo

Szegeri disse...

Completar-se-ão oitenta e nove no próximo dia 15. E eu estou nervoso também, que coisa...