22.9.08

RIO-BRASÍLIA: PARECE QUE FECHOU MESMO

Com esse cartaz mal escrito - "ESTAMOS NA LOJE D. AO LADO ESO OLHAR" - o casal Joaquim e Terezinha anunciou o que parecia mentira: o RIO-BRASÍLIA, portento tijucano, fechou definitivamente. Acabo de chegar de lá - do bistrô inaugurado pelo casal - com o Felipinho Cereal (entenda o imbroglio lendo isso aqui, isso aqui, isso aqui e isso aqui). Fomos em busca de notícias concretas, para não ficarmos supondo coisas eventualmente sem fundamento.

Encontramo-nos às 18h30min na QUITANDA ABRONHENSE. Bebemos duas cervejas geladíssimas servidas pelo seu José, conversamos com o Szegeri e com o Simas, que telefonaram em busca de notícias, e seguimos o trecho Matoso, Doutor Satamini e Almirante Gavião até o RIO-BRASÍLIA.

Demos de cara com esse cartaz, bisonho.

cartaz que anunciou o fechamento do RIO-BRASÍLIA, na rua Almirante Gavião, na Tijuca

Fomos até o bistrô. Vazio, um homem desconhecido bebendo do lado de fora, e Deus - trabalhando lá, agora, disse:

- Ô, gente! Entra! Estão com medo?

A resposta:

- Medo? Não. Mas com nojo.

Veio ao balcão a Terezinha.

Felipinho Cereal, com os olhos marejados, começou:

- Puxa vida, Terezinha, vocês nem pra avisarem a gente que...

E ela, grossíssima, sem nem olhar nos olhos do meu amigo:

- Sermão, não! Vá reclamar com o Joaquim! Passa depois aqui, quando ele estiver!

E ficou ali, sendo vaga, vaguíssima, evasiva, dizendo frases sem sentido como:

- Por enquanto o Rio-Brasília está fechado.

- O bar não vai fechar, não. Mas a cozinha foi deslocada para cá.

- Comida agora, só aqui. Lá, nunca mais.

- Não temos público para as duas casas.

- Nossos clientes gostaram da mudança.

- Ainda estamos decidindo o que fazer.

E outras merdas do mesmo gênero.

Fomos beber a última do dia - segunda-feira, afinal! - no ESTUDANTIL, adorável espelunca na Haddock Lobo entre a Alberto de Sequeira e a Almirante Gavião.

Brahma, às 19h12min do dia 22 de setembro de 2008, no CAFÉ E BAR ESTUDANTIL, na rua Haddock Lobo

Quando tomamos o rumo de casa, decidi fazer uma fotografia - que ficou péssima, à moda do bistrô do casal - do troço.

Notem, ao fundo, à direita, o escuro.

Ali ficava o RIO-BRASÍLIA.

visão do ´bistrô´ inaugurado pelo casal Joaquim e Terezinha, na rua Almirante Gavião, na Tijuca

Essa coisa com cores de lanchonete, casa de suco, sei lá o quê, é a nova aposta do Joaquim.

Lamentável.

Até.

21 comentários:

Felipe Quintans disse...

Meu falecido pai foi sócio do Joaquim num boteco no centro da cidade em 1990. A tal sociedade durou 6 meses. Ele vivia dizendo pra mim: - O Joaquim é um muquirana de marca maior, não vale porra nenhuma. Eu achava que era coisa de sociedade, até porque meu pai me levava no Rio-Brasília desde moleque para beber refrigerante enquanto ele se enchia de cerveja com meu tio. Nasci naquele bar, cresci naquele bar, junto de minha família e amigos. Apesar das grosserias, não conseguia enxergar safadeza no Joaquim. Acabo de chegar em casa, e disse para minha mãe que o RB fechou as portas, sem dar satisfação para os fregueses antigos do bar. Minha mãe foi dura: - Você é que é trouxa, teu pai vivia falando que ele não valia um centavo. Foda-se o Joaquim, não fará falta, mas o Rio-brasília... Não paro de chorar.

Eduardo Goldenberg disse...

Vamos bolar um troço, rapaz, pra que ele e sua esposa (o que foi ela, a certa altura, dizendo "Mas, Felipe, eu também não sabia que o Joaquim fecharia o bar..." ?????) saibam que a nossa turma NUNCA porá os pés naquele lixo. Ele pode não se importar, e não se importa mesmo.

Ele não sabe o que é sentimento. Ele não sabe o que é afeto. Ele só quer saber - e sempre nos disse isso - de dinheiro.

Você disse bem: ele não fará falta alguma. O RB, sim.

E você acha que foi à toa nosso recente passeio pela Matoso, meu velho?

Antes do que nós mesmos pensamos, teremos um novo bar do coração.

Beijo.

Anônimo disse...

Esse é o problema Felipinho!
O cagar e andar de marca maior!

Se ele ergueu aquela merda, o Frankstein, foi com o carinho que os fidelíssimos fregueses sempre trataram o RB.

Agora cospe com vontade nesse prato. Nem vou entrar no mérito de fechar o RB.
A merda é tratar feito lixo aqueles que amavam o lugar.

Anônimo disse...

Honestamente gente , se pudesse compraria este bar , só pra acabar esta agonia de vocês.

Eduardo Goldenberg disse...

Lúcio: concordo contigo com relação ao fechamento do RB. Que ele tivesse, ao menos, a dignidade de comunicar essa lamentável decisão a seus clientes, os mais antigos, os mais fiéis, os do dia-a-dia. Inadmissível foi a covardia de, como um rato (como diria meu eterno e saudoso governador Leonel de Moura Brizola), cerrar as portas sem uma palavra sequer.

Mas como cobrar gentileza do Joaquim?

Abraço.

ps: você já escolheu novo pouso?

Monica: faça esse teste pra nós. Passe lá no bistrô e, como quem não quer nada, pergunte a ele quanto ele quer. Ele mesmo, dia desses, em tom de brincadeira, disse que venderia para o primeiro que desse 150 mil nas mãos dele. Aquele abraço.

Anônimo disse...

Edu, tolice minha esperar ao menos AGRADECIMENTO por parte do cidadão.
Não escolhi um novo balcão.

Moro no 420 da Haddock Lobo, entre o Bradesco e o "pé-limpo" Vacabrava.
Daqui até a A. Gavião passo por uma dezena de espeluncas de primeira. Uma dessas com certeza vai me servir.

Ah, com 16 anos tirei meu título quase que exclusivamente pra votar no Brizola.
Guardo com orgulho uma foto da minha avô, papeando animadamente com o ele em plena carreata.

Luiz Antonio Simas disse...

Eu estou decidido a ficar no circuito Bode Cheiroso e Chico, com incursões aos botecos da Matoso. Daí sairá o novo lar, com naturalidade. Mas o bode é, desde já, o meu favorito. Quanto ao Joaquim, eu deveria ter previsto tudo quando ele cobrou o prato do Cláudio após o episódio da barata. Um biltre.

Eduardo Goldenberg disse...

Lúcio: então, é como eu disse... Agradecimento, gratidão, gentileza, nada disso faz parte do vocabulário do Joaquim.

Vamos trocando impressões sobre o novo balcão. Haveremos de brindar juntos, novamente. E muito em breve. Meu email você tem: edugoldenberg@gmail.com

E você acaba de ganhar muitos pontos, camarada.

O Brizola foi o maior, o maior! Eu SEMPRE votei nele.

Quero um dia poder ver essa foto do seu avô com ele!

Forte abraço.

Eduardo Goldenberg disse...

Simão: também acho, malandro, que o novo lar sairá desse circuito aí. Vamos nos falando, nos encontrando, bebendo por aí.

E você disse bem: aquele episódio da barata no prato do Claudão - que me afastou um bom tempo do RB, e eu só voltei depois de explícitas desculpas pedidas pelo Joaquim, lembra? - deixou à mostra uma faceta que deixamos de lado...

Não custa reler o que nos contou o Felipinho no primeiro comentário a esse texto...

Beijo.

Felipe Quintans disse...

Lembro também, que o próprio irmão do Joaquim, o Alfredo, deixou de trabalhar no Rio-Brasília no início dos anos noventa por causa das grosserias do Joaca. Minha tia conta sempre essa história.

Eduardo Goldenberg disse...

Cereal: vamos beber, dia desses - essa semana mesmo! - no buteco do Alfredo, vamos? Lá, incitaremos o caboclo a nos contar mais histórias.

Ô, Lúcio, é quase colado na sua casa!!!!! Vamos?

Beijo, Felipinho!

Anônimo disse...

Vamos, vamos!
Onde fica, Edu?

Eduardo Goldenberg disse...

Lúcio: fica na Maestro Vila Lobos, ali, quase em frente à Afonso Pena, esquina com a nossa Haddock Lobo, entre meu 220 e seu 420!

Abração, mando email pra você.

Rodrigo disse...

Meu caro amigo, não vai longe esta empreitada. Se ele abrir novamente o RB, eu não pisaria nele mais nunca. Falta de respeito com os clientes.

Abraço

Anônimo disse...

Faço mesmo Edu, amores a parte o cara com o menor tino comercial perceberia que tem em mãos um negócio rentável e prazeroso de se trabalhar , basta acolher e respeitar a clientela antiga e fazê-los sentir administrando o buteco junto com o dono ,investir na história do bar. O que mais gosto nos que freqüento é poder pedir pra o cara: - Acabou a carne assada , tem o que aí ?? Fígado !! Então tá bom faz pra mim...

Eduardo Goldenberg disse...

Rodrigo: não torço contra a nova empreitada do Joaquim. Mas, ele lá e eu cá. E eu não acredito, infelizmente, na reabertura do RB. Assim como ele, Joaquim, não sabe o que é "respeito com os clientes", também não sabe - e nunca soube, acho - o tesouro que tinha nas mãos. Um abraço.

Szegeri disse...

Queridos: compreendo profundamente a vossa indignação e mesmo vosso luto. Os bares morrem, é fato. Mas butiquim é fase, como escrevi há tempos. Nesse mesmo texto, já anunciava que meu coração já havia trocado (sem que eu fosse chamado a opinar, entendem?) o RB pelo portentoso Bode Cheiroso. Que, de mais a mais, é um butiquim que supera o RB em todos os quesitos, tirante a carne assada. E se o Simas podia ir ao Rio-Brasília, o Edu pode ir ao Bode. O caso do Felipinho é mais grave, mas ele se recupera.

Eduardo Goldenberg disse...

Mano Szegeri: estamos, já, em vias de buscar um novo porto seguro. Em breve, querido, em brevíssimo, comunico aqui o escolhido, ou os escolhidos. Não seria nada mal escolher o BODE CHEIROSO. Afinal, freqüento aquilo ali, ao lado de meu pai, ainda que para o café da manhã servido pela Marta, desde tenra idade. Beijo.

Felipe Quintans disse...

Edu, vamos no bar do Alfredo sim, chama-se Cantinho do Céu. Quando puder avise.

Szegeri, o Bode Cheiroso realmente é um belo bar, mas tenho que andar um bocado até lá. De qualquer forma, podemos aparecer com mais frequência no local. Te confesso que até pensei em parar de beber, parar junto com o bar aonde comecei a degustar minhas primeiras gotas de cerveja.

Beijo para os dois.

Anônimo disse...

Todos nos viviamos falando, na frente do Joaquim, como as contas no RB eram baratas. O negocio dele, como ele mesmo sempre fez questao de dizer, eh dinheiro. Adivinhar o resultado disso eh mais facil que somar dois mais dois. So nos, que nao vemos o mundo com os mesmos olhos, que nao percebemos o final dessa historia.

Eduardo Goldenberg disse...

Betinha: que saudade, querida. Vou repetir...

Você escreve aqui e eu sinto a flechada da saudade machucando meu peito.

Quanto ao RB, há novidades! Há novidades e há esperança!

Beijo.