14.10.08

DO DOSADOR

* rendeu polêmica a escolha do samba para 2009 na quadra do SALGUEIRO na madrugada do dia 12 de outubro. Eu escrevi O SALGUEIRO E A OPÇÃO PELA MEDIOCRIDADE (aqui), Felipinho Cereal escreveu E FICAMOS NA MESMICE (aqui), Marcelo Moutinho mandou ver em LEGADO E OPÇÃO (ou A VITÓRIA DO MODERNOSO, aqui), o jornal EXTRA publicou UM VENCEDOR ABRAÇADO PELA ESCOLA (aqui) e a grande rede deve estar lotada de comentários à conturbada decisão da escola. Eu quero lhes dizer, de público e de pé diante do balcão imaginário, que às vésperas de completar quarenta anos (notem como sou retardado na mais simples acepção da palavra) é que me dou conta de que não há mais espaço para arroubos de romantismo nas escolas que compõem o Grupo Especial da LIESA (haverá nas demais?!). Alimentei, é verdade, a ilusão de que poderíamos (sou salgueirense desde que nasci) desfilar com o samba que já nasceu antológico, de Beto Mussa, Simas, Edgar Filho, Gari Sorriso e Bené. Durante a final, decidi que ficaria igualmente feliz se vencesse o samba de Guilherme Sá, Luizinho Professor, Dartagnan do Salgueiro, Mauro Speranza e Márcio do Swing. Inadmissível, entretanto, foi assistir à vitória do pior samba dentre os quatro finalistas, e justo o que vinha sendo apontado, dias antes, como o já escolhido pela escola por razões inexplicáveis. O discurso da presidente da escola, Regina Duran, momentos antes do anúncio da escolha, foi das coisas mais deselgantes que já presenciei. "Quem escolhe o samba aqui são os segmentos da escola. Quem não estiver satisfeito, a porta da rua é serventia da casa.". Inadmissível e incompatível com a tradição da escola.

* inadmissível, também, o destaque dado, durante a noite de festa, aos atores e atrizes globais que pouca ou nenhuma ligação têm com a vermelho-e-branco da Tijuca. Como inadmissível foi a subida de Carlinhos Brown ao palco, mandando todo mundo "tirar o pé do chão" e "levantar a mãozinha" enquanto cantava (?????) seus sucessos (?????) para o carnaval baiano. O SALGUEIRO não merecia isso. Mas... repetindo o que disse aí em cima, só agora percebi, definitivamente, que não há mais espaço, dentro do SALGUEIRO, para o SALGUEIRO que eu aprendi a amar. Vou continuar torcendo, é claro. Mas da rua, como sugeriu a presidente.

* o BUTECO aproxima-se dos 250.000 hits. A contagem pelo SITEMETER, que começou em 18 de janeiro de 2005 embora o blog exista desde março de 2004, está, no instante em que escrevo, em 248.312 hits. Pelo ritmo das visitas (a média está em torno de 400 visitas ao dia), o visitante 250.000 deverá pousar aqui no balcão entre a sexta-feira e o domingo. Imitando descaradamente a Leonor (vejam aqui), quero promover semelhante promoção. Se você, leitor, conseguir me mandar por email a imagem do contador do SITEMETER (como essa aí embaixo!) com o número 250.000, você ganha um exemplar de meu livro, MEU LAR É O BOTEQUIM, com as despesas da remessas pagas pelo caixa do BUTECO, é evidente. Boa sorte!

contador do BUTECO

* estamos, eu e o Felipinho Cereal, escolhendo qual será nosso próximo destino - na Tijuca, é claro! - para mais registros aqui no BUTECO. Diante do enorme sucesso que foi a série RUA DO MATOSO, estamos decidindo para onde vamos. Ainda que não façamos uma nova série (não é sempre que se esbarra numa rua como a Matoso!!!!!), publicaremos um ou mais textos sobre determinado canto do bairro. Assim é que se perpetuam as histórias e se mantém vivo o orgulho de nossa gente. É muito possível que nosso próximo destino seja o trecho da Haddock Lobo que fica entre a rua do Matoso e a Batista das Neves. Lojas antiqüíssimas, um buteco vagabundo à nossa moda, e muita coisa pra contar, seguramente.

* fecho hoje, o BUTECO, prestando minha homenagem à dona Nair, avó de meu irmãozinho, Zé Preto, que foi, ontem, encontrar-se com a dona Dirce, sua filha. É como eu disse ao Zé Preto, ontem à noite: eu nunca mais passarei pela Paulo de Frontin sem lembrar-me dela! Dia desses, conto por quê. Um brinde!

Até.

6 comentários:

Marcelo Moutinho disse...

Quem tenta se bater contra esse carnaval da marquetagem e se manter fiel às origens sofre as conseqüências. Meu Império Serrano vem pagando por isso.

Unknown disse...

Prezado Marcelo ...é verdade e é lamentável que isso venha acontecendo com nossa escola que " desde muito " não vejo brilhando !!

Juliano disse...

Edu,
você disse tudo, resumiu o sentimento de quem acompanhou de perto a disputa no Salgueiro. Quando acordei domingo e vi que tudo que estava sendo dito se confirmou, achei bom ter seguido ser conselho e saído antes deste final lamentável.
Ah, eu sou aquele brizolista de terno que caiu de pára-quedas na porta do Salgueiro.
Abraço.

Eduardo Goldenberg disse...

Juliano: seja bem chegado ao balcão do BUTECO e esteja permanentemente à vontade para aparecer com freqüência. Foi um prazer conhecê-lo. Espero revê-lo na Marquês de Sapucaí desfilando na INOCENTES DE BELFORT ROXO. Abraço.

Marcelo Moutinho disse...

Isaac: depende do que tomamos por 'brilho'. Acho que o Império brilhou ao reeditar "Aquarela Brasileira", levantando a Sapucaí como há muito não se via (e não se vê). Ficamos em nono lugar, porém. Brilhamos também em 2006, com o lindo samba sobre a religiosidade (oitavo). E também neste ano, quando sem dinheiro, vilipendiados pela Liesa e seus asseclas, desfilamos com garra debaixo de um temporal, levantando um título (do Acesso) que parecia reservado às coirmãs ricas. É dura a caminhada, rapaz, mas, como diz nosso samba, "imperiano de fé não cansa".

Zé Henrique disse...

Muito obrigado pela querida homenagem, Edu. Ontem (19/10) fui à missa de sétimo dia, na capela do Hospital da Aeronáutica, onde ela ia religiosamente aos domingos pela manhã.
Durante à missa, o padre Campos, capelão da Aeronáutica, que gostava muito dela, disse que a chamava carinhosamente de "Daiane dos Santos" por conta dos pequenos tombos que costumava levar.
Vou ficar aguardando o seu relato sobre a "Paulo de Frontim".
Grande beijo, irmão.