Quando saímos da CASA ELIZABETH (de 1958, o mais antigo comércio da rua do Matoso, não é demais repetir) sabíamos que faltava apenas um objetivo, já traçado. Seguimos, por conta disso, pela calçada da direita mesmo, atravessamos a Haddock Lobo e chegamos ao último quarteirão da rua.
Atravessamos a Matoso e andamos um bocadinho de nada até o número 219.
Chegamos, então, ao ARMAZÉM MATOSO.
Na porta, sentado, recebeu-nos o seu Manoel. No balcão, dona Alzira desejou-nos bom dia.
Vocês vejam se o seu Manoel não é bom de papo! Percebam a expressão de papai ouvindo as histórias contadas por ele!
Atravessamos a Matoso e andamos um bocadinho de nada até o número 219.
Chegamos, então, ao ARMAZÉM MATOSO.
Na porta, sentado, recebeu-nos o seu Manoel. No balcão, dona Alzira desejou-nos bom dia.
Vocês vejam se o seu Manoel não é bom de papo! Percebam a expressão de papai ouvindo as histórias contadas por ele!
Seu Manoel e dona Alzira estão há 32 anos no mesmo endereço - eles moram no sobrado em cima do armazém, que foi inaugurado em outubro de 1976. Ambos são portugueses, de Trás-os-Montes.
Seu Manoel chegou ao Brasil em 1947 e, três anos depois, em 50, foi a vez da dona Alzira. Estão casados há 53 e dona Alzira disse com orgulho:
- Só tivemos três endereços no Brasil. Moramos na Barão de Mesquita, mudamos para o Catumbi e depois viemos pra cá, pra melhor rua da cidade!
Bebemos cerveja em lata, a R$ 2,00 cada uma. Dona Alzira contou-nos que na véspera um grupo grande esteve lá, fazendo um churrasco, e acabou com toda a cerveja em garrafa da casa.
Conhecemos, durante nossa visita, um grande sujeito chamado seu Vavá. Ele nos foi apresentado por um eufórico seu Manoel:
- Eis aí um grande homem! Sabe tudo sobre a Matoso!
Seu Vavá nasceu no morro do Turano, em 05 de abril de 1933. Trabalha na rua do Matoso há 53 anos, desde o dia - foi comovente vê-lo dizer isso - 20 de junho de 1955. Já está aposentado, mas não quer parar de trabalhar. Hoje, mora em Nilópolis, trabalha numa loja de móveis na Haddock Lobo, e mesmo durante os finais se semana vai à rua do Matoso para beber com os amigos que fez ao longo de mais de meio século.
Perguntou-me, o seu Vavá, com um copo de cachaça na mão:
- Onde você mora, menino?
Eu disse.
- Eu vi construir o seu prédio!
- Viu?
- Vi! E pensei que fosse cair! - morrendo de rir.
Disse, mais, que viu muita coisa acontecer na região...
Fizemos, com o seu Vavá, um pequeno filme, que fecha, com chave de ouro negro, a série RUA DO MATOSO.
Até!
11 comentários:
Lembremos que o Vavá é parceiro do Berinjela.
Beijo.
Felipinho: bem lembrado!
Vocês que fizeram a série estão de parabéns. Muito legal. Um abraço.
Obrigado, Fábio. Em nome do Felipinho Cereal, de meu velho pai e do Simas. Abraço.
Edu, deixa eu aproveitar a deixa do sr. Vavá e fazer uma pergunta que não quer calar há muitos anos, pra mim, claro. O prédio que você mora é de lado, não? Todas as vezes que passo por ali, anos e mais anos, fico olhando, tentando compreender. Eu adoro o seu edifício. Acho intrigante e interessante.
De lado?
Olga: você passa por esse susposto edifício voltando do bar? Você bebe muito, Olga? De lado?
Acho intrigante e interessante as perspectivas que as coisas tomam, de pessoa a pessoa.
Um beijo.
Edu, o seu prédio é estranho. Lindo, mas estranho.
Estava sóbria quando reparei isso. Diga-se, há muitos anos! Ele é uma incógnita pra mim.
Entendo exatamente o que voce estah dizendo, Olga! Para mim tambem o predio do Edu eh de lado!!!
Ah, Betinha, só mesmo uma mulher pra compreender a outra. Valeu!
Edu,
Sobre a observação do seu Vavá de que o seu prédio dava a impressão de estar caindo durante a construção, o único motivo que eu vislumbro é o fato de que o referido prédio tem (como talvez você já saiba) a concepção estrutural das peças de concreto (vigas, lajes, etc.) em pré-moldados, ou seja, ao contrário dos prédios tradicionais da época, que eram construídos andar por andar, as peças, no caso do seu prédio, foram concretadas no chão e levantadas por guindastes de grande porte (vulgarmente chamados de gruas).
Tal procedimento elimina a necessidade de ter os elementos de escoramento, de madeira ou de aço, em que se apoiariam as peças, dando a impressão de que o prédio está sem apoio, solto no espaço, o que, obviamente, não é verdade.
O interessante, também, nisto tudo, é que esta mesma sensação eu tive, confesso, ao visitar as obras do Metrô do Recife, cujas estações de grandes dimensões adotaram a mesma concepção.
Em função do exposto, achei interessante a observação do seu Vavá e registrada com muita propriedade em seu comentário.
Um forte abraço,
Ronaldo
adorei ler, parabens, vc escreve mto bem, é um grande cronista! Me diverti horrores tb... Lembro que a R do Matoso foi a rua em que nasceu a grande atriz do teatro de revista chamada ARACY CORTES. Essa informação está no livro AI YOYO, publicado pela Funarte, sobre a vida da atriz. E a rua existe desde 1870, inalterada no nome... BJ
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