30.12.08

2009

Espero um 2009 repleto de sabedoria. Para que saibamos todos, antes de pedir, agradecer.

espumante, foto de Eduardo Goldenberg, 13 de dezembro de 2008

Até.

22.12.08

É NATAL NO BUTECO

Estamos a pouco mais de 48h da noite de Natal e o BUTECO ergue suas portas de aço na manhã desta segunda-feira com o precípuo propósito de desejar a todos os seus freqüentadores um Natal profundamente feliz e em paz. Quero lhes dizer, eu que faço deste balcão virtual um permanente divã imaginário no qual exponho confissões de toda ordem, que durante parte de meus quase quarenta anos questionei muito o significado efetivo da expressão "Feliz Natal". As pessoas me diziam "Feliz Natal" e eu ficava a me perguntar o que seria ter, então, um "Feliz Natal".

Nasci em 69, filho de pais cristãos, espíritas, assim como vovó e boa parte da família. Vivi noites de Natal profundamente significativas, impressionantes para um menino em tenra idade, nas quais a família reunida rezava, nas quais mamãe, sempre muito comovida, após a leitura de textos relacionados com a data, propunha reflexões sobre o Evangelho de Jesus Cristo, o aniversariante!, e nas quais vivíamos, intensamente, esse sentimento de renovação de esperanças e de expectativas com relação ao ano novo. Por tudo isso eu posso dizer, sem medo do erro, que o Natal nunca foi, para mim, uma festa de presentes. Ao contrário, foi sempre uma festa introspectiva, uma festa de comunhão, uma festa de reflexão, uma festa simples, extremamente simples.

Mas a vida é feita de movimentos incessantes, de experiências constantes, e eu, durante alguns anos, afastei-me - se é que posso dizer assim - da vivência desse sentido e desse sentimento na noite de Natal. Foi o tempo em que eu, como lhes contei mais acima, dizia não compreender o significado do "Feliz Natal". Fosse por mero exercício de contestação, como conseqüência de uma busca de novos caminhos, o fato é que passei um razoável tempo afastado do sentido religioso da data. Fazia as mesmíssimas coisas, jantava e almoçava com a família nos dias 24 e 25, mas sem o mesmo sentimento.

Por incontáveis razões que não cabem aqui, neste espaço, voltei a voltar o olhar, neste 2008 que vai chegando ao fim, para as coisas do espírito - digamos assim. Como a vida é feita de movimentos incessantes e de experiências constantes, e como os ciclos se renovam, eis-me aqui, às vésperas do Natal, profundamente comovido e certo de que é sempre tempo de renovação, mesmo que renovação tenha, ao menos para mim e dentro desse contexto, caráter de retomada de rumos e de caminhos já tantas vezes percorridos.

Sem qualquer intenção de fazer proselitismo, evidentemente, desejo a vocês todos, meus poucos mas fiéis leitores, uma noite de Natal profundamente significativa. Desejo, mais, que todos se sintam dispostos, ao menos nesses dias, ao exercício de estender o olhar à sua volta. Esse olhar estendido mostrará a vocês, seguramente, alguém precisando de muito pouco para ter um dia ou uma noite melhor. Esse olhar estendido fará com que você vivencie, ainda que seja apenas com os olhos, a experiência do outro, quem sabe capaz de transformar sua própria vida. Esse olhar estendido possivelmente dará a você a dimensão exata da fraternidade, se você tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Que tenham todos uma noite de paz, com a família, com os amigos, com gente querida, que haja muita saúde, que haja muita esperança, que haja sobretudo muita coragem para os enfrentamentos diários que a vida exige.

Sejam vocês cristãos ou não, creiam ou não em Deus, tenham todos um Feliz Natal. E que a noite do dia 24 seja tranqüila, seja simples, seja renovadora, significando verdadeira comunhão de propósitos capazes de dignificar sua vida.

O BUTECO retoma suas atividades, se assim me for permitido, na sexta-feira próxima, 26 de dezembro.

Até.

21.12.08

PROVAS CABAIS

Publiquei, em 07 de novembro de 2008, o texto PALMEIRAS: UM FENÔMENO NO RIO, dizendo, dentre outras coisas, que "todos os dias - eu disse TODOS, com a ênfase szegeriana - eu esbarro com pelo menos uma pessoa envergando, orgulhosa, a camisa do Palmeiras", que "(...) eu esbarro com duas, três, quatro, cinco camisas do Palmeiras, no mesmo dia, em horários e locais diferentes" (leiam aqui).

Pouco mais de um mês depois, publiquei PROVAS CABAIS (leiam aqui), estampando a fotografia de um camelô, no Largo do Machado, envergando a camisa palestrina.

Hoje volto ao mesmo tema.

Sexta-feira, 19 de dezembro, último dia do ano do expediente forense. Filas tremendas, fila nos cartórios, filas nos bancos, filas nos protocolos, filas em todos os cantos. E lá estava eu numa delas.

Sinto o cutucão e ouço:

- Essa fila é do Banco do Brasil?

Quando viro pra responder dou de cara com um sujeito com a camisa do Palmeiras. Num primeiro momento chego a confundi-lo com o Imperador (vejam aqui). E respondo:

- É, é sim.

- Obrigado!

Conto pra ele a mesma história que contei pro camelô do Largo do Machado, pergunto se ele é do Rio - ele diz que sim -, se ele mora no Rio - ele diz que sim - e se posso fotografá-lo.

Autorizado, saco do celular e faço a fotografia.

palmeirense no TJRJ em 19 de dezembro de 2008

Nos corredores do Tribunal de Justiça, no último dia do ano do expediente forense, produzo mais uma prova documental irrefutável capaz de comprovar a verdade que sãopaulinos, por exemplo, teimam em admitir!

Até.


19.12.08

MUNDO CÃO

Uma das mais lamentáveis colunas dos jornais cariocas - a GENTE BOA, do SEGUNDO CADERNO de O GLOBO - escrita a oito mãos, continua firme sua campanha odiosa de fomento ao preconceito.

Em primeiro de novembro de 2008 publicaram duas notas inacreditáveis, vejam aqui.

E hoje, provando que não se trata de uma brincadeira ou mesmo de um deslize, mas de uma diretriz, de uma linha de conduta e de uma bandeira, publicaram a nota abaixo.

nota publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 19 de dezembro de 2008

E viva o jornalismo, viva Cleo Guimarães, viva Maria Fortuna, viva Fernanda Pontes e viva Joaquim Ferreira dos Santos, prestando-se, uma vez mais, a esse papel de quinta categoria nas páginas do jornal.

Até.

FOLHA SECA - 5 ANOS DE VIDA

Ontem, 18 de dezembro de 2008, a livraria do meu coração, a FOLHA SECA, completou exatos cinco anos de portas abertas naquele canto sagrado da cidade, no número 37 da rua do Ouvidor, a um passo da Primeiro de Março. Completou cinco anos de vida e eu, convocado, não pude comparecer pra cerveja no final do dia a fim de fazer o brinde mais-que-merecido a esses dois cariocas máximos, Daniela Duarte e Rodrigo Ferrari, que fazem, há sessenta meses, o papel que faz (e que deveria fazer) todo carioca cioso de seus deveres para com a cidade. Eles erguem as portas de aço do estabelecimento e cada levantar da porta é uma flecha a menos no peito do meu padroeiro. O excesso de trabalho, às vésperas do último dia útil do calendário forense, impediu-me de estar lá, entre eles. Razão pela qual eu presto, daqui do balcão imaginário, minha sincera e comovida homenagem a eles dois, tão queridos que eles são.

E são mesmo!

Na terça-feira passada, por exemplo, à noite (esqueci-me de contar esse troço pro Digão!), cheguei cedo demais a um compromisso em Copacabana. Como estacionei o carro na Almirante Gonçalves... já viram... sentei-me no BIP BIP com o Alfredo e ficamos de papo, coisa de quarenta minutos. O nome da FOLHA SECA veio à tona (há um tremendo cartaz no bar puxando a brasa pra livraria!) e tecemos, ali, sem que nenhum de nós tivesse tido a lembrança do quinto aniversário, os maiores elogios, as maiores declarações de amor à mais carioca de todas as livrarias. Era, percebo só agora, a comemoração antecipada a que eu comparecia pra suprir a minha ausência de depois. Bacana - faço aqui a confissão e cometo, conscientemente, a olímpica indiscrição! - foi ouvir a declaração do Alfredo:

- Quando o Pratinha trabalhava lá era mais fácil, eu o fazia de pombo-correio e ele trazia meus livros. Hoje quem faz isso, com menos freqüência, é o Chiquinho Genu. É que livro, Edu, eu só compro lá! O que eles fazem é demais! É demais! - e foi embargando a voz...

Falei em cinco anos, em aniversário, e lembrei-me de uma coisa que preciso lhes dizer.

Não se deixem enganar!

O samba na Ouvidor (não confundir com SAMBA DA OUVIDOR, com a devida licença ao Gabriel da Muda, marca, grife ou patente da qual vêm se valendo a rapaziada que aportou ali, aí sim, há 365 dias - leiam aqui o convite público do malandro) acontece há bem mais de um ano. O BUTECO, por exemplo, tem seu primeiro registro sobre isso em 19 de setembro de 2006 (vejam aqui), falando sobre uma roda de samba que aconteceu em 16 de setembro de 2006, há mais de dois anos, portanto.

E sabemos, todos, que a coisa acontecia ali, já, há mais tempo ainda, conduzida pelas mãos seguras de Luiz Antonio Simas, que melhor dirá sobre o assunto, se quiser.

É que tradição, se é que vocês me entendem, é uma encruzilhada numa rua de mão dupla. E a preferência, sempre, é do mais velho.

Daqui, de pé, diante do balcão imaginário do BUTECO, meu mais carinhoso beijo a esses dois queridos, Daniela Duarte e Rodrigo Ferrari, que ajudam a fazer do Rio uma cidade mais-que-maravilhosa.

Recebam, amigos, nosso fraterníssimo abraço, meu e dela.

Até.

18.12.08

CANJA DE GALINHA, A RECEITA

ESTA RECEITA AGORA PODE SER LIDA AQUI.

17.12.08

O OUTRO LADO DA MOEDA

Engraçado, isso! Ontem chamei a atenção de vocês para o fato de que os poucos casos de furto e criminoso desvio de recursos doados para as vítimas da tragédia natural de Santa Catarina não deveriam ser capazes de diminuir o ímpeto coletivo em prol de nossos irmãos catarinenses (vejam aqui).

Hoje, para minha profunda satisfação, vejo a imprensa desviar os olhos para o lado bom da moeda (troço cada vez mais raro, eis que as notícias ruins são as que mais dão o que falar, sabe-se lá por quê) e lançar luzes sobre o agricultor Daniel Manoel da Silva, de 58 anos, que devolveu R$ 20.000,00 encontrados por sua neta, de 5 anos de idade, dentro de um casaco que a família recebera como doação.

"Uma menina de 5 anos, moradora de Ilhota (SC), uma das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas que atingiram o estado em novembro, encontrou R$ 20 mil escondidos na manga de um casaco de couro e pele. A família dela recebeu o casaco como doação, depois de perder a casa em que morava. A criança brincava com a peça quando teve a surpresa.

O avô da menina, Daniel Manoel da Silva, de 58 anos, resolveu devolver o dinheiro e foi atrás do doador, que seria morador de Concórdia (SC). "Se o dinheiro fosse entregue nas minhas mãos, teria aceitado com certeza, pois agora precisamos. Mas é uma questão de criação, fui educado assim e estou com a consciência limpa", disse ele, que recebeu R$ 1 mil pela honestidade.

No mês passado, a casa da família de Silva foi encoberta pela lama e cinco pessoas morreram soterradas."


Leiam a matéria, na íntegra, clicando na imagem abaixo.

Até.

16.12.08

AINDA SANTA CATARINA

Em 03 de dezembro próximo passado publiquei SANTA CATARINA, A DIMENSÃO DE UMA TRAGÉDIA (leiam aqui). Naquela ocasião incentivei, à minha moda, e dentro do minúsculo universo de pessoas que chegam até aqui, doações de toda ordem aos desafortunados que sofreram os revezes de uma tragédia natural que deixou, até o momento, 5.567 desabrigados e 27.236 desalojados, causou 128 mortes e o triste número de 26 desaparecidos.

Neste exato momento em que escrevo, o Brasil ainda se recupera do choque causado pela notícia (confirmada de forma irrefutável por imagens feitas por câmeras escondidas) de que está havendo furto de parte do material doado e armazenado nos galpões disponibilizados pela Defesa Civil em Santa Catarina (leiam a matéria e vejam o video aqui).

O Exército tem 5 mil homens trabalhando no mutirão em prol das vítimas. Os voluntários oscilam, diariamente, entre 2 e 6 mil pessoas. Não é um ou outro caso isolado que deve desestimular a continuidade do trabalho. São mais de 10 mil pessoas envolvidas no processo e são todas, evidentemente, de carne, osso e falíveis.

Se o voluntariado é, para acachapante maioria das pessoas diretamente envolvidas com a engrenagem montada para um perfeito fluxo desde o doador de qualquer parte do Brasil ao necessitado residente em Santa Catarina, uma oportunidade ímpar para o pleno exercício da caridade, da solidariedade, para o engrandecimento, para um maior entendimento da vida, é por sua vez, para uma minoria insignificante, uma oportunidade para o exercício dos mais baixos comportamentos e para o triste desvio do caráter e da postura digna que deve pautar a vida do homem.

O momento pede urgência no atendimento aos desabrigados, aos desalojados, às famílias que perderam entes queridos e que passarão este final de ano com a dor da perda, pede urgência no atendimento aos doentes, às famílias dos doentes e dos desaparecidos.

Não é o momento, é o que penso sinceramente, para julgar esse ou aquele ou mesmo para deixar esmorecer a vontade genuína de ajudar ao próximo.

São milhares, centenas de milhares de pessoas hipossuficientes no que diz respeito às mais básicas necessidades físicas do homem. E umas poucas, muito poucas, hipossuficientes no que diz respeito à condição moral. E o que quero lhes dizer é que não devemos, ainda mais no momento em que vivemos, com tantos a nos clamaram o auxílio, nos preocupar com isso.

Até.

15.12.08

NATAL NA HADDOCK LOBO

Na excelente história O BOUGAINVILLE DA CASA VERDE (leiam na íntegra aqui) publicada no BOEMIA & NOSTALGIA pelo Felipinho Cereal, o pequeno grande homem nos conta:

"As luzes estão em moda na época de natal. Nas casas, prédios, sacadas, varandas, portarias, e por aí vai. No Sindicato dos Fumageiros, na rua Haddock Lobo, está o mais belo enfeite de todos, vale conferir."

E é verdade, é literalmente verdade.

Sem preocupação com o luxo e com a ostentação, sem grandes papagaiadas que não têm nada a ver com o que se chama de o verdadeiro espírito natalino, as simples e toscas luzes azuis nos janelões da belíssima casa-sede do Sindicato dos Fumageiros são comoventes.

Sindicato dos Fumageiros, na Tijuca, dezembro de 2008, foto de Eduardo Goldenberg
Sindicato dos Fumageiros, na Tijuca, dezembro de 2008, foto de Eduardo Goldenberg

Não enfrente os engarrafamentos, os flanelinhas, pipoqueiros e vendedores de algodão doce, tumulto e multidão em busca das luzes da árvore de Natal da Lagoa.

Dê um pulinho na Haddock Lobo, vá por mim.

Você estará mais próximo, infinitamente mais próximo, do Natal.

Até.

14.12.08

HORTO GRAFIA

Salve a última flor do Lácio, inculta e bela...

padaria na rua Juiz de Fora, no Grajaú

Não viu?

Mais de perto...

padaria na rua Juiz de Fora, no Grajaú

Até.

13.12.08

BIP BIP, 40 ANOS HOJE!

Como já lhes contei aqui, hoje, 13 de dezembro de 2008, o BIP BIP comemora 40 anos de idade com um furdunço pra não ser jamais esquecido. A partir das 18h a rua Almirante Gonçalves estará tomada pelo povo que vai, seguramente, fazer fila pra cumprimentar esse grande sujeito, de Bangu, que é o Alfredinho. O mesmo povo que vai reunir-se em torno da gigantesca mesa que há de ser armada no meio do asfalto para receber os músicos que farão ali, diante daquele minúsculo buteco, uma tremenda roda de samba pra não ser jamais esquecida.

Na ocasião será lançado o livro comemorativo pela passagem da quarta década, com textos e desenhos de 104 clientes e amigos (eu, humílimo, estou lá graças à benevolência do Marcelo Moutinho).

Deixo com vocês, exposta no balcão do BUTECO, uma fotografia raríssima.

Durante encontro da S.E.M.P.R.E. (Sociedade Edificante Multicultural dos Prazeres e Rituais Etílicos), da qual eu fazia parte, nosso querido Alfredinho pôs luvas de plástico e partiu pra cozinha a fim de fatiar salaminho, cortar limão e o escambau.

Alfredinho trabalhando no BIP BIP

Vida longa ao BIP BIP, um beijo do tamanho da Tijuca no Alfredo, e até lá!

12.12.08

PROVAS CABAIS

Quando eu escrevi, em 07 de novembro de 2008, o texto PALMEIRAS: UM FENÔMENO NO RIO, dizendo, dentre outras coisas, que "todos os dias - eu disse TODOS, com a ênfase szegeriana - eu esbarro com pelo menos uma pessoa envergando, orgulhosa, a camisa do Palmeiras", que "(...) eu esbarro com duas, três, quatro, cinco camisas do Palmeiras, no mesmo dia, em horários e locais diferentes", que "campeão não sei quantas vezes, campeão disso, campeão daquilo, a camisa do São Paulo NUNCA - e digo isso com 100% de certeza - foi vista por essas plagas", chamaram-me de mentiroso, de exagerado, de nefelibático. Vocês podem relembrar do texto lendo-o, aqui.

Domingo passado, vocês sabem, o São Paulo sagrou-se campeão brasileiro.

Isso deveria significar, na segunda-feira, na terça-feira, uma (eu disse uma) camisa do São Paulo, pelo menos, desfilando pelas calçadas cariocas.

Mas, não.

Estou saltando do glorioso 406 (que tomo, diariamente, na rua do Matoso, na altura da QUITANDA ABRONHENSE) no Largo do Machado quando me deparo com o quê?

Com um camelô vestindo, orgulhoso... o quê?

A camisa do Palmeiras.

Decidi que não iria deixar passar. Eu conto, não acreditam. Eu falo, neguinho ri. Fui ao camelô:

- Bom dia, patrão! - eu disse.

- Bom dia.

- Palmeirense?

- De coração!

- Posso tirar uma foto sua?

- Foto?

- É. Pra mostrar pra uns amigos que não acreditam que tem muita camisa do Palmeiras aqui no Rio...

Ele riu, fez pose, e disse:

- Pode, claro. Tá se vendo que o senhor não é são-paulino... Se fosse, eu desconfiaria! - e deu de rir de novo.

palmeirense no Largo do Machado

Eis aí, meus poucos mas fiéis leitores, mais uma prova cabal de que digo a verdade, companheira fiel dos que são precisos do início ao fim.

Até.

RUA JAPERI, RIO COMPRIDO

E ninguém acertou o primeiro desafio da série ONDE FICA????? (vejam aqui).

A agradabilíssima rua Japeri fica no Rio Comprido (pertinho da Tijuca, ao lado da Tijuca, praticamente na Tijuca, fica na Tijuca, pô!!!!!), começando na Barão de Itapagipe e terminando na Sampaio Viana. Tem de um lado a Salvador de Mendonça e, do outro, a Barão de Sertório.

rua Japeri, Rio Comprido

Até.

11.12.08

HORTO GRAFIA

Salve a última flor do Lácio, inculta e bela...

táxi na rua Barão de Mesquita, Tijuca

Até.

ONDE FICA?????

Vamos dar início, hoje, a uma série derivada da série QUEM É?????, que fez tremendo sucesso.

Eu sei que aqui, neste espaço, falo, e falo muito, sobre a Tijuca, a gloriosa Tijuca, bairro onde nasci e fui criado. E acho, de fato, que a Tijuca é o melhor bairro da cidade. Haverá sempre alguém pra me apontar o indicador e me acusar de exagerado, de passional, disso e daquilo. Mas repilo com veemência as agressões. Um simples passeio pelos textos do BUTECO é suficiente para que você entenda minhas razões (escreva, por exemplo, "passeio pela tijuca" - entre aspas - no espaço à esquerda, no alto, e clique em PESQUISAR BLOG) e perceba que não há nenhum exagero na afirmação que faço sempre e que ora repito: a Tijuca é o que há!

Entretanto, é evidente que isso não significa, como pretendem alguns mais radicais, que eu não tenha olhos de ver outros tantos bairros fabulosos da nossa cidade.

Não há, eu diria, bairro que não tenha seus encantos. É preciso, sempre, para descobri-los (e me perdoem a repetição), olhar estendido e olhos de ver, ouvidos de ouvir e uma boa disposição pra conversar com os passantes e com os comerciantes do pedaço.

Dia desses, passeando por aí, numa manhã de sol e céu azul, acompanhado, como sempre, da câmera digital que me socorre permanentemente como testemunha, dei de cara com uma rua belíssima, com casas belíssimas, com edifícios baixos e também belíssimos, e decidi dividir com vocês, meus poucos mas fiéis leitores, a belezura de tudo. E me digam: em que bairro fica essa rua? E mais: alguém saberá me dizer que rua é essa?

Quem cravar as duas respostas certas ganhará de presente o livro HELENIRA RESENDE, biografia de uma das mais conhecidas combatentes da Guerrilha do Araguaia, de autoria de meu queridíssimo Bruno Ribeiro, que o cedeu para esse fim.

Como acontece sempre com a série QUEM É?????, publicarei todos os comentários juntos, de uma só vez.










Até.

10.12.08

BIP BIP - 40 ANOS

Sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, Rio de Janeiro, Palácio Laranjeiras, em Laranjeiras: com transmissão direta de de lá, o Brasil inteiro toma conhecimento, pela TV, da edição do AI5 pelo governo Costa e Silva.

Sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, Rio de Janeiro, rua Almirante Gonçalves, em Copacabana: é inaugurado o BIP-BIP.

Sábado, 13 de dezembro de 2008, Rio de Janeiro, rua Almirante Gonçalves, em Copacabana: uma tremenda roda-de-samba, com rua fechada e o escambau, vai comemorar os 40 anos do bar que ganhou fama após sua aquisição pelo sr. Alfredo Mello, o Alfredinho, o Neném, essa grande figura humana que tem, como na canção do Roberto, um milhão de amigos.

Três desses amigos, Francisco Genu, Luiz Pimentel e Marcelo Moutinho (em ordem alfabética para não ferir suscetibilidades) tiveram uma idéia, deram corpo à idéia, modelaram a idéia (comprando o livro vocês vão entender...) e haverá, no sábado, o lançamento do livro (a idéia!!!!!) BIP BIP, 40 ANOS – HISTÓRIAS DE UM BAR, que reúne textos e ilustrações assinados por 110 amigos e clientes do bar, o que inclui anônimos absolutos (dentre eles esse que vos escreve!) ao lado de jornalistas, escritores, médicos, poetas e músicos nem tão anônimos. Gente como Hermínio Bello de Carvalho, Sergio Cabral (pai), Paulo Cesar Pinheiro, Paulo Cesar Feital, Nelson Sargento, Marceu Vieira e Hugo Sukman, entre outros. Há ainda ilustrações de cartunistas como Paulo Caruso, Amorim e Nani, entre outros.

convite para o lançamento do livro BIP BIP, 40 ANOS - HISTÓRIAS DE UM BAR

A confusão começa às 18h diante do bar.

Com vocês, o texto da orelha do livro, de autoria de Aldir Blanc:

"O Bip Bip é, como no antológico samba-canção, um sindicato de sócios da mesma dor? Também. Mas, lá o possível sofrimento dos freqüentadores tem um sabor diferente que a boca da gente jamais esquece. Será pela qualidade do chope? O Bip Bip não tem chope. Pela excelência dos quitutes e tira-gostos? O Bip não precisa dessas frivolidades. O Bip tem Bip, daí seu nome. Bip, como qualidade, é uma espécie de wit carioca. É um buteco feito a caverna de Platão: tem a aparência de buteco mas o que conta é a idéia essencial que sintetiza todos os butecos aconchegantes do mundo. O responsável por isso é seu dono, o Alfredinho, com seu anti-charme. O freguês senta numa das raras mesas e pede água tônica. Alfredinho, que é proprietário, garçom, maitre, relações impublicáveis etc, responde que vai jogar no bicho, que o cara pode esperar meia hora ou ir tomar dentro. Plim! Eis mais um bestalhão enfeitiçado pela varinha (no bom sentido) mágica do rude, porém sincero, dono do estabelecimento, ao qual o ilustre aprendiz, voltará, mesmerizado, para ouvir mais palavrões e desaforos generosos, além de didáticos. Porque o Bip Bip está para o Rio de Janeiro como a Academia para a antiga Atenas. É um lugar de aprendizado. Lá, são dadas, diariamente, e com denodo incansável, lições de vida, com o bate-papo, que é o que, afinal, move todo buteco que se preze.

Com o Bip Bip do Alfredinho não tem essa história, registrada em samba do Zé Kéti, de “com esse é o oitavo butiquim”. O Bip Bip é o primeiro e o último – porque é Único, feito marca de vinho vagabundo mas inesquecível.

Aldir Blanc"


Até.

INACREDITÁVEL

Por que é que o pessoal da coluna GENTE BOA, publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO, não diz quais são os "vários bares" que servem esse detestável chope a que eles se referem?

nota publicada no SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 10 de dezembro de 2008Até.

RISOTTO DE SHITAKE, A RECEITA

ESTA RECEITA AGORA PODE SER LIDA AQUI.

9.12.08

CULTURA NO JB

Leia até o final se você for capaz. Poucas vezes eu li notícia tão impactante. Clicando na imagem, você conseguirá ler o texto da jornalista (?) Anna Ramalho.

publicado no JB ONLINE de 08 de dezembro de 2008

A dica - desse troço inacreditável! - foi do leitor Sergio Soares.

Até.

SAN REMO NA MATOSO

Dia desses, convocados pela fotógrafa Carla Vieira (veja seu portfolio aqui) para uma fotografia que irá ilustrar uma matéria sobre o comércio de rua da Tijuca na revista CONEXÃO RIO, editada pela FECOMÉRCIO (parece que a matéria sai em janeiro de 2009), baixamos num final de tarde na QUITANDA ABRONHENSE, eu, Felipinho Cereal e Luiz Antonio Simas.

Recebidos com a galhardia de sempre pelo casal José e Conceição, à frente da QUITANDA ABRONHENSE há 41 anos, fomos acomodados pelo Elias (entregador da quitanda, revela-se, dia após dia, um graaaaande garçom!) em uma mesa no que ele chama de "canto mais sossegado", diante de incontáveis prateleiras, no lado oposto ao do balcão.

Luiz Antonio Simas, Eduardo Goldenberg e Felipe Quintans na QUITANDA ABRONHENSE, 03 de dezembro de 2008, foto de Carla Vieira

Feitas as fotografias pela Carla, dedicamo-nos a ficar ali, bebericando de leve umas garrafas de Brahma geladíssima, acompanhando o fabuloso e comovente movimento da rua do Matoso, com trabalhadores voltando pra casa, crianças chegando do colégio, moças indo e vindo, velhinhas indo fazer as compras de conveniência, até que a conversa - que incluía a qualidade da água NAZARETH, engarrafada diretamente da fonte, no Lins de Vasconcelos (se o leitor Fraga Jr. ainda me der a honra da presença, peço que me confirme a existência da tal fonte), a supremacia da BATATA POPULAR diante de outras marcas, muito mais famosas, a situação crítica em Santa Catarina, a fixação do Felipinho Cereal pela suntuosidade das suítes do BARILOCHE (conheçam aqui o hotel que deixa o COPACABANA PALACE e o FASANO no chinelo, e deixem o som ligado!) e a surpresa que foi a presença da FOLHA SECA na PRIMAVERA DOS LIVROS (segundo testemunhas, só era primavera quando Daniela Duarte postava-se no stand, eis que Rodrigo Ferrari transformava aquilo num outono olímpico) - descambou pra música.

E lembro-me da razão.

A TV da quitanda estava ligada e Diana Krall estava cantando. Mais precisamente (e de forma brilhante) UNDER MY SKIN, e eu danei de falar de Frank Sinatra, quase indo às lágrimas.

O Simas, cuja praia é - todos sabem - exclusivamente o samba, deu de estampar feições à própria face denotando ligeiro desagrado com o rumo da prosa.

Continuei na mesma trilha. Exaltei a qualidade do repertório do Frank Sinatra, rasguei elogios à Diana Krall, desviei de leve pro jazz e trouxe Clifford Brown à tona, e o Simas - já calibrado - passou a beber com mais sofreguidão (eis o termo que me parece perfeito).

Eu disse que o termo sofreguidão me parece perfeito porque eu tinha à minha frente, àquela altura, um homem sôfrego. Luiz Antonio Simas segurava a garrafa de Brahma pelo pescoço com a mão direira cerrada, o copo com a esquerda era enchido permanentemente e seus goles eram compulsivos, vigorosos, intensos e ininterruptos. Os olhos claros pareciam procurar algo à nossa volta, as têmporas intumescidas denunciavam algo que eu não percebia, a careca reluzia em razão das gotículas de suor que brotavam dos poros do alto da cabeça.

De Clifford Brown voltei ao Frank Sinatra e citei, depois de um proposital volteio, o nome de Roberto Carlos.

O Simas pediu licença e foi ao banheiro. Com o copo e a garrafa.

Voltou com os olhos marejados. Perguntou-me:

- Pô, Edu... Você gosta do Roberto Carlos?

- Claro!

- Muito?

- Muito.

Pois para minha surpresa, com o copo emborcado na boca, ele disse:

- Eu também - e disse isso com o copo, literalmente, na boca, e eu vi as bolhinhas na cerveja.

- Você?

Ele não me respondeu. Ficou de pé, respirou fundo, e mandou:

"E tu, tu mi dirai
Che sei felice come non sei stata mai
E a un'altra io dirò
Le cose che dicevo a te
Ma oggi devo dire che ti voglio bene
Per questo canto e canto te
La solitudine che tu mi hai regalato
Io la coltivo come um fiore"


Meus poucos mas fiéis leitores, quando o Simas terminou de cantar e se sentou, foi aplaudido por toda a assistência, incluindo o povo que esperava ônibus diante da quitanda. E deu de gritar:

- Roberto arrasou em San Remo! Grande Roberto!

Passei o início da noite ouvindo, embasbacado, Luiz Antonio Simas desfiando vasto repertório do Roberto Carlos, sem errar uma letra sequer - e atendendo a pedidos!

Eu cheguei a ver - juro! - a dona Conceição enxugando uma lágrima enquanto o Simas cantava, também emocionadíssimo, "quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo...".

E o seu José, com as mãos trêmulas procurando as mãos da mulher, também com os olhos úmidos ao ouvir "amanhã de manhã, vou pedir o café pra nós dois...".

O Felipinho chorou também. E disse, antes de se levantar já discando de seu celular (só o Felipinho Cereal disca de um celular):

- Vou pro Bariloche! Vou pro Bariloche!

Ah, os abronhenses corações (melhores, infinitamente melhores e mais bonitos que os belmontes...)...

Até.

8.12.08

VASCO DA GAMA

Quero daqui, do balcão do BUTECO, diante da notícia do rebaixamento do Clube de Regatas Vasco da Gama, deixar meu mais afetuoso abraço a todos os vascaínos que me lêem.

capa do jornal O GLOBO de 08 de dezembro de 2008

Não é, como bem disse o homem da barba amazônica, com quem falei minutos antes das cinco da tarde - quando começaram todos os jogos da última rodada do Campeonato Brasileiro, a pior coisa do mundo: Palmeiras, Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro e, mais recentemente, o Corinthians, passaram pela mesmíssima situação, superaram o percalço e estão de volta à primeira divisão.

Espero, franca e sinceramente, que em 2010 o Vasco da Gama esteja de volta.

Pra finalizar, uma curta história que expõe a incompetência do meu Flamengo.

Disse eu ao Szegeri, no tal telefonema:

- Seu Palmeiras bem que podia perder pro Botafogo, hein?! Só assim chegaremos à Libertadores...

Ele riu.

Pois o Palmeiras perdeu pro Botafogo.

E o Flamengo, numa demonstração olímpica de negligência (como já havia feito na semana passada deixando escapar a vitória sobre o Goiás que também o levaria, inapelavelmente, ao G4), perdeu de 5 a 3 pro Atlético Paranaense - e está fora da Libertadores de 2009.

Até.

7.12.08

HOJE É DIA DE MARCELO VIDAL

Faz anos hoje, 40 precisamente, Marcelo Alves Vidal, fraterno amigo, irmão de todas as horas, a quem conheço há mais de vinte anos - mais da metade de nossas vidas.

Eduardo Goldenberg e Marcelo Vidal em São Pedro da Aldeia, 06 de fevereiro de 1996

De pé, diante do balcão imaginário, ergo o copo à sua saúde e em sua homenagem pedindo a Deus que o proteja e o mantenha assim, do jeito que ele é.

Homens como ele, homens de bem, sem nenhuma ambição que não a de distribuir e angariar bem querer, enriquecem a vida da gente.

Até.

6.12.08

TÁ FALTANDO ELE

Há exatos quatro anos, faltando ele, Fábio Machado de Matos, de quem sinto aguda saudade.

Fábio Machado de Matos

Até.

5.12.08

HOJE É DIA DE BRUNO RIBEIRO

Bruno Ribeiro faz anos hoje.

E sempre que um amigo faz anos, sinto-me um homem feliz.

Quero lhes contar um troço: minha agenda é um corolário de nomes a cada dia. Estão lá, na minha agenda, os nomes de todas as pessoas que já cruzaram meu caminho. Vivos ou mortos (todos vivos, é claro, mas vocês me entendem). E quando bato os olhos nos nomes dos aniversariantes, faço uma reza, à minha moda (são as mais bacanas), para que sintam, de alguma forma, de alguma maneira, a vibração de meu pensamento, a vibração de minha reza, a vibração de meus mais bonitos sentimentos.

Às vezes, quando é uma pessoa que me comove por qualquer razão, dou de fazer homenagens públicas sem mesmo pedir permissão ao homenageado, ao aniversariante (esteja ele vivo ou morto, repita-se).

Bruno Ribeiro está vivíssimo, graças a Deus, embora longe (Campinas me parece, hoje, mais-longe-que-nunca). Faz anos hoje e quero prestar minha humílima homenagem a esse grande sujeito, grande brasileiro, grande jornalista, um homem que me dá uma tremenda honra figurando na lista dos meus mais.

Bruno Ribeiro em 20 de novembro de 2008, foto de Eduardo Goldenberg

Quando esteve no Rio, pela última vez, no feriado do dia 20 de novembro, matamos a saudade, que volta a cutucar hoje, mais forte.

Mas hei de estar a seu lado, ainda hoje, quando forem abertos os trabalhos para comemorar seu aniversário. Ele, homem sensível que é, me perceberá por perto quando menos esperar.

Muita saúde, mano valho. Que Deus conserve você assim, lúcido, íntegro, amigo dos amigos, sensível às mais importantes questões que atormentam o homem, capaz de ser um impressionante capacitador em prol de um mundo extremamente melhor, mais justo e mais bonito.

Com sua licença, querido, axé.

E até.

4.12.08

AJUDE SANTA CATARINA

RECORDE DE VISITAS

Ontem, 03 de dezembro de 2008, uma quarta-feira, o BUTECO registrou o recorde de visitas num único dia.

778 pessoas passaram por aqui.

imagem do contador do BUTECO registrando recorde de visitas num único dia, 778

Até.

3.12.08

HÁ 30 ANOS... E EU ESTAVA LÁ

fotografia do instante do gol de Rondinelli em 03 de dezembro de 1978

QUEM É VIVO FINALMENTE APARECE

Será inaugurado ainda hoje, depois de muita expectativa, QUEM É VIVO SEMPRE APARECE, o blog de José Sergio Rocha. Tenho imenso carinho pelo Zé Sergio, que manifestou-se, pela primeira vez, no balcão do BUTECO, às 15h55min do dia 29 de maio de 2005 (leiam aqui).

Com o passar do tempo tornamo-nos amigos, e foi com indisfarçável orgulho que pus, ainda há pouco, a indicação expressa do QUEM É VIVO (será chamado assim, à moda do SÓ DÓI, do Szegeri) no menu à direita.

indicação do blog de José Sergio Rocha

Até.

SANTA CATARINA, A DIMENSÃO DE UMA TRAGÉDIA

O BUTECO levanta as portas de aço, hoje, pra falar um bocadinho mais sério do que de costume. O momento pede, e eu explico.

O Brasil assiste, neste final de ano de 2008, a uma das maiores tragédias naturais de nossa (curtíssima) história. O estado de Santa Catarina, assolado por chuvas incessantes durante mais de sessenta dias, entrou em colapso. Até o momento há registros oficiais de 69.114 (sessenta e nove mil cento e quatorze) desalojados e desabrigados, sendo 21.219 (vinte e um mil duzentos e dezenove) desabrigados e 47.895 (quarenta e sete mil oitocentos e noventa e cinco) desalojados - são considerados desabrigados aqueles que se encontram em abrigos provisórios em razão da perda total de suas casas, e são considerados desalojados aqueles que foram obrigados a se deslocar, mas que não estão em abrigos provisórios, não perderam suas casas, e que estão em casas de parentes ou amigos. São, até o momento, 117 (cento e dezessente) óbitos e 31 (trinta e um) desaparecidos confirmados. Estes dados foram retirados do site www.desastre.sc.gov.br criado pela Defesa Civil de Santa Catarina.

Na minha humílima opinião, a tragédia assume, e muito mais, ainda, por estarmos em dezembro, uma dimensão gigantesca.

É preciso termos em mente que aproximadamente 70.000 (setenta mil) pessoas estão em situação extremamente crítica, sentindo na própria pele, na própria alma, a dor da perda e da angústia. É preciso termos em mente que essas 70.000 (setenta mil) pessoas têm parentes, têm amigos, têm colegas de trabalho, e se formos pensar no efeito cascata dessa dor e dessa angústia podemos chegar a um número ainda mais impressionante de pessoas envolvidas no olho do furacão da tragédia. É preciso termos em mente que estamos falando de pessoas, de seres humanos, de gente - irmãos nossos, portanto. E é preciso que nesse momento a palavra "irmão", que vira-e-mexe usamos para nos referirmos ao nosso próximo (com inúmeras variantes, "mano", "maninho") ganhe uma dimensão mais intensa e mais próxima da verdadeira acepção da palavra, para que, dividindo a dor da perda e da angústia, sintamo-nos envolvidos a ponto de agir, efetivamente.

Percebo, daqui, meus poucos mas fiéis leitores, seus indicadores apontados em direção a mim, furando o monitor e aproximando-se de meu nariz, acusando-me de proselitismo. Ouço alguns de vocês fazendo as perguntas em tom de desafio: "e os necessitados do dia-a-dia?", "e os desabrigados sem tanta cobertura por parte da imprensa?", e outras do mesmo gênero. É verdade que há, em torno de nós, muita gente precisando, sempre, de muito auxílio, e no mais amplo sentido. Mas é verdade, também, que essas tragédias coletivas e de grandes proporções são capazes de causar comoção maior, quem sabe servindo de mola propulsora para esse sentimento que nos impele ao trabalho e à mobilização em prol das vítimas desses grandes (e também pequenos) desastres.

Disse eu, lá em cima, que por estarmos em dezembro, mês do Natal, a tragédia que machuca a população de Santa Catarina assume uma dimensão gigantesca. Vou explicar por quê penso assim.

Em dezembro, mês do Natal, a fúria consumista das pessoas chega ao extremo. O que se vê são shoppings lotados por uma multidão atônita e autômata com sacolas nas mãos, supermercados lotados por uma multidão atônita e autômata com sacolas nas mãos, gente comprando, comprando, comprando, gastando, gastando, gastando, e tudo me soou, sempre, muito patético (soa, ainda mais, neste dezembro de 2008).

O Natal é uma festa eminentemente cristã. Não significa nada, por exemplo, ao menos no que diz respeito ao sagrado, para judeus e muçulmanos (há uma excelente matéria sobre o tema, na revista BRASILEIROS, de novembro de 2007, que pode ser lida aqui). Não comove, no sentido efetivo do simbolismo da data, adeptos do candomblé, budistas.

Mas somos, é o que diz o censo realizado no ano de 2000 pelo IBGE, uma nação cristã. Não vou me ater à metodologia da pesquisa (falta-me competência para tal) nem mesmo à confusão que é a religiosidade do brasileiro. Mas o que não falta, por aqui, é gente que se diz católica apostólica romana tomando passe em centro espírita, consultando babalaôs na hora do sufoco, pais e mães espíritas batizando seus filhos na Igreja em nome da conveniência social, judeus em terreiros de umbanda em busca de conselhos com caboclos brasileiros, e por aí vai... Enfim... Segundo o IBGE, 73,6% dos brasileiros se declararam católicos, 15,4% evangélicos, 1,3% espíritas, 0,3% umbandistas e canbomblecistas, 1,8% de outras religiões e 7,4% sem qualquer religião.

Ou seja... inapelavelmente fazemos parte de uma nação cristã que, portanto, tem no Natal a data propícia à comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Não pretendo (não é o objetivo do texto) ficar aqui discutindo a figura de Jesus Cristo, mas parece-me senso comum que o homenageado em NADA (com a ênfase szegeriana) combina com a suntuosidade do Natal dos dias de hoje (mais precisamente, de 1950 pra cá, num lamentável crescendo).

Onde quer que se busquem registros da passagem do aniversariante pela Terra, só encontraremos referências a um homem de hábitos simples e humílimo. Razão pela qual soou-me sempre patética (soa, ainda mais, neste dezembro de 2008, e a repetição é proposital) a festa que se faz, a fartura intramuros que se promove, a distribuição efusiva de presentes, a preocupação permanente com a ostentação e NENHUMA (com a ênfase szegeriana, de novo) preocupação com uma efetiva homenagem ao homem que, com seu nascimento, marca o início da era cristã.

Dito isso, parece-me que essa tragédia, de proporções estarrecedoras em meio ao mês de dezembro, deveria servir como um chamamento à consciência das pessoas que, nesse momento, fazem listas imensas de presentes para quem já tem de tudo, fazem planos de ceias fartas de comida e de bebida, diante de centenas de milhares de pessoas que perderam tudo - e que não podem perder a esperança.

Por isso, meus poucos mas fiéis leitores (cristãos ou não, que fique claro!!!!!), é esta a convocação modesta que faço.

Se você tem tempo e disposição para o voluntariado, e se especificamente mora na região sul (sei, por emails que recebo, que tenho muitos leitores no sul do Brasil), leia isso aqui com a certeza de que, havendo disposição para o auxílio, haverá um trabalho a sua espera.

Se você quer fazer doações em dinheiro (veja aqui as contas disponibilizadas para tal) ou doações de qualquer outra natureza, clique aqui (para saber o que doar, clique aqui).

Uma informação importante, divulgada no mesmo site: as doações chegam até os abrigos através de uma logística criada pela DEFESA CIVIL de Santa Catarina, que está coordenando o encaminhamento de todas as doações para os seis CENTROS DE ARRECADAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO montados pelo GOVERNO DO ESTADO, através das SECRETARIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL (SDRs), nas cidades de Timbó, Jaraguá do Sul, Blumenau, Itajaí, Joinville e Brusque. As SDRs coordenam a distribuição, de toda a ajuda para os abrigos dos municípios afetados pelo desastre. Doações de outros estados são encaminhadas sob a coordenação da SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL, que trabalha articulada ao Estado de Santa Catarina.

E é importante dar esta informação, já que infelizmente há quem se valha desses momentos para a lamentável e condenável prática do desvio das doações. É importante, portanto, que uma vez dispostos ao auxílio aos necessitados tenhamos o cuidado de não sermos fatores facilitadores dessa prática criminosa.

E por último: se você é morador da Tijuca, quer doar alguma coisa e não tem tempo ou meios de encaminhar sua valiosa doação para Santa Catarina, eu me disponho a buscá-la.

O núcleo filiado da SBEE no Rio de Janeiro, comandado por gente em quem tenho aguda confiança, conseguiu um também confiabilíssimo contato na rádio JOVEM PAN que, por sua vez, comprometeu-se a levar todo o material arrecadado pela SBEE até Santa Catarina.

Eu, então, estou disposto a buscar a doação em sua casa e levá-la até a SBEE a fim de que chegue, de forma segura, a quem de fato precisa. Querendo, me escreva por aqui.

Eu não sei se, alguma vez, em algum momento, você doou algo para alguém, nesse contexto e nesse sentido mais efetivo do que significa a caridade que dignifica, não a caridade que é puramente assistencialista e capaz de manter distantes os pólos do gesto (quem dá e quem recebe). Experimente. Destine o dinheiro (ou parte dele) que você pretendia gastar com presentes faustos e com uma ceia abundante, para esta causa. Fará, também a você, creia em mim, um bem danado.

Até.

2.12.08

BELMONTE RIMA COM DESMONTE

Quem deu a dica da matéria, publicada no blog de Juarez Becoza, hospedado no GLOBO ON LINE, foi o leitor Caio Vinícius.

É tudo extremamente lamentável. São os movimentos dos "belmontes corações" - expressão que li, dia desses, no jornal.

publicado no blog de Juarez Becoza, n´O GLOBO ON LINE, em primeiro de dezembro de 2008

Leia aqui.

Até.

CAMARÃO NO AZEITE, A RECEITA

ESTA RECEITA AGORA PODE SER LIDA AQUI.

1.12.08

QUEM É????? - III - O VENCEDOR

O vencedor da promoção QUEM É????? - III (vejam aqui), cujo resultado foi divulgado aqui, foi conhecido ainda há pouco em sorteio realizado no Alto da Boa Vista.

Quem meteu a mão na cumbuca pro sorteio foi vovó, do alto de seus 84 anos bem vividos, na presença de três auditores independentes e dependentes entre si:

Ela disse, toda prosa, assim que abriu o papelzinho, cuidadosamente:

- Bruno Ribeiro!

Parabéns, malandro! Mande-me, por email (esse aqui), seu endereço completo, com CEP, para que eu envie, o quanto antes, pelo correio, seu livro (esse aqui).

Até.

BELMONTE RIMA COM DESMONTE

Em 09 de abril de 2008, publiquei BELMONTE RIMA COM DESMONTE (leiam aqui), contando sobre a lamentável venda da CASA BRASIL para a rede BELMONTE. No mesmo texto, faço o alerta para o assédio que os espanhóis estariam fazendo sobre a ADEGA DA PRAÇA, coladinha à CASA BRASIL, na Praça São Salvador. Foi grande, a bulha. Quase 30 comentários movimentaram o balcão.

No dia seguinte, 10 de abril de 2008, publiquei ADEGA DA PRAÇA: VENDIDA? (leiam aqui), e foram 9 os comentários, um deles do leitor Daniel Liberto:

"Edu: sou morador de Laranjeiras e era freqüentador da Casa Brasil, hoje Belmonte disfarçado, pois bem, era. É uma pena essa sua informação que a Adega também foi vendida. Agora fudeu, não sei onde beber de chinelo e camiseta perto de casa. Mas ao que me consta, pelo menos, foi o que disseram os barbeiros do digníssimo salão São Salvador, ao lado da Casa Brasil, o Belmonte ainda não conseguiu seduzir o dono da Adega. Segundo os barbeiros, um bar que fica entre a padaria e o açougue, foi vendido para o tal Antônio da Rede Belmonte e que inclusive já está em obras. Eles farão lá um bar com venda de cerveja de garrafa, justamente para "pressionar" o Adega. Szegeri, o Copa 74 continua firme e forte. Para te orientar, este futuro buteco pé-limpo (que escroto!) fica exatamente em frente a farmácia e ao Correio, ou seja, do outro lado da rua. Já temo pelo fim também do salão São Salvador."

No dia 28 de abril de 2008, publiquei MAIS SOBRE O BELMONTE NA SÃO SALVADOR (leiam aqui).

O fato é que, pouco mais de sete meses depois, lá estive, na Praça São Salvador, dia desses, com Bruno Ribeiro (de passagem pelo Rio) e Luiz Antonio Simas. Fomos almoçar na ADEGA DA PRAÇA, ainda livre da praga que maculou, de forma indelével, a outrora gloriosa CASA BRASIL, hoje mal-disafarçada filial da rede BELMONTE.

O que quero lhes contar, hoje, é que recebi, na semana passada, um email enviado pelo leitor Daniel Liberto, morador da região (como ele mesmo explica no comentário que transcrevi acima) denunciando mais um movimento efetuado pelos homens da rede BELMONTE.

Fala, Daniel!

"Edu, posso me considerar um de "seus poucos, mas fiéis leitores". Diariamente, vou ao seu buteco. Apesar de ser mais novo (tenho no momento 28 anos), me indentifico muito com sua luta pela história e a manutenção da tradição de alguns estabelecimentos, principalmente os botequins de bairros.

(...)

Por ser morador de Laranjeiras, era frequentador assíduo da Casa Brasil antes do banho de luxo que foi imposto ao bar.

Passei a beber na Adega, por motivos óbvios. E vida que segue.

Porém, ontem, ao dirigir-me ao digníssimo Salão São Salvador, que fica ao lado do pé-limpo, tomei um susto.

A banca de jornal que ficava bem em frente do salão, mudou de lugar, justamente para os donos do Belmonte aumentarem o número de mesas no bar. Com essa mudança, os clientes do pé-limpo já se postam na entrada do salão.

Mas essa mudança não foi um favor, puro e simples. Para "convencer" o jornaleiro a afastar a banca de perto do bar, os donos da Casa Brasil adquiriram-na pela bagatela de R$ 50.000,00!!!

Esses espanhóis são capazes de tudo!

E colocaram uma menina para trabalhar na banca.

Achei isso um caso no mínimo curioso e preocupante ao mesmo tempo. Por isso, resolvi te mandar esse email.

Agora, mais do que nunca, resistir é preciso ao assédio desses espanhóis, pois já está se especulando a venda do digníssimo salão, para aumentar a cozinha do supracitado pé-limpo.

Desde já, ficarei no meu front, isto é, na Adega da Praça, lutando para que o tradicionalíssimo comércio da Praça São Salvador não venha a morrer."


Com o email, cinco fotografias.

Ei-las...

Nesta primeira foto, vê-se o SALÃO SÃO SALVADOR, diante do qual ficava a banca de jornal, que agora se vê mais ao fundo.

visão da calçada em frente à CASA BRASIL, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, foto de Daniel Liberto

Nesta segunda foto, do lado oposto da mesma calçada, vê-se também o SALÃO SÃO SALVADOR e as mesas e cadeiras da CASA BRASIL esperando o final do dia para serem armadas no local em que ficava a banca de jornal.

visão da calçada em frente à CASA BRASIL, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, foto de Daniel Liberto

Nesta terceira foto, a visão da banca de jornal, mais distante da esquina, com a Praça São Salvador ao fundo.

visão da calçada em frente à CASA BRASIL, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, foto de Daniel Liberto

E nestas quarta e quinta fotos, um repeteco das duas primeiras, provando que o Daniel também procura ser, ao menos em matéria de registro fotográfico, preciso do início ao fim.

visão da calçada em frente à CASA BRASIL, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, foto de Daniel Liberto
visão da calçada em frente à CASA BRASIL, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, foto de Daniel Liberto

Como se vê, meus poucos mas fiéis leitores, a coisa vai ficando cada vez mais feia na Praça São Salvador. E esses caras - que têm, li isso um dia desses nos jornais, "belmontes corações" - mostrando, cada vez mais, que sua sanha não tem limite.

Até.