31.3.09

SOBRE A REPORTAGEM D´O GLOBO DE DOMINGO

O jornal O GLOBO, no domingo passado, fez das suas. Publicou uma matéria odiosa, cuja manchete, na capa (com acusações sem qualquer comprovação ou mesmo indício de veracidade), me fez perder o prumo.

Errei na mão, confesso publicamente, quando publiquei o texto OS PORCOS D´O GLOBO. Não devo e não posso mais perder meu tempo, meu preciso tempo, com O GLOBO. Quando tomei a sábia decisão de cancelar minha assinatura, me predispus a sequer lê-lo pendurado nas bancas de jornal da cidade. É o que vou fazer.

E vou retomar - preciso disso - o rumo que estabeleci, há tempos, para o BUTECO. Antes de bater na primeira tecla do teclado hei de me perguntar sobre o que pretendo: e, definitivamente, ficar dando trela - como diria minha bisavó - para o jornal O GLOBO não está entre meus objetivos.

Caio sempre na tentação de corresponder às expectativas de quem me lê e de quem dá mais importância à minha opinião do que eu e ela (a opinião) merecemos. No domingo pela manhã minha caixa de e-mails já estava com várias mensagens me cobrando uma posição diante da ignomínia. Já havia recados na caixa postal do celular. E eu vim, hepático ao extremo, escrever sobre o troço.

Errei na mão - repito.

Melhor fez, anos atrás, Leonel Brizola. Foi à Justiça e obteve direito de resposta contra esse cogumelo de poder.

Vejam esse vídeo aqui, e saibam quem foi e do que foi capaz Leonel de Moura Brizola.

E leiam o que escreveu, com muito mais sobriedade, a professora universitária Maria Rachel Coelho:

"Assino esse artigo, indignada, com as duas matérias veiculadas pelo Jornal O GLOBO nos últimos dois dias. Estou perplexa com a falta de respeito e desconsideração em relação à memória de Leonel de Moura Brizola . O GLOBO, de forma inconsequente, veicula afirmações de fatos infamantes, não verdadeiros e assumidamente sem nenhuma prova concreta, fatos que sequer geraram investigação policial à época.

Cumpre lembrar que a calúnia contra os mortos é punível, de acordo com o artigo 138, § 2º. Deve-se explicar que, apesar de os mortos não terem qualquer tipo de conduta, o legislador optou por punir o desrespeito à memória dos mortos e preservar o sentimento da família do de cujus. Assim, aquele que imputa falsamente fato definido como crime ao falecido, fazendo menção à pessoa deste quando vivo, comete o crime de calúnia.

A matéria revela dossiês do CENIMAR e CISA que afirmavam que houve cobrança de propina do jogo do bicho e de empresas de ônibus mas que os relatórios não apresentam provas e não indicam ter originado investigações formais.

Segundo matéria do O GLOBO de domingo:

..."houve acordo entre o alto escalão do PDT e os banqueiros do jogo do bicho"...

Segundo o relato, os recursos supostamente arrecadados com o bicho iriam financiar duas ações: ampliação da rede do PDT no país e montagem da caixa para futura campanha do governador à Presidência da República.

Custo a acreditar que o Jornal O GLOBO, ao invés de se preocupar e usar seu espaço e seus profissionais com os escândalos atuais, de forma maldosa traz como manchete de primeira página num dia de domingo uma afirmação: "SNI: BRIZOLA RECEBIA PROPINA DE EMPRESAS DE ÔNIBUS", em letras garrafais, e ao final da reportagem, reconhece que nenhuma das acusações foi provada nem originou investigação policial. Afirmação, repito, maldosa e contraditória uma vez que ele fez a interveção e encampou todas as empresas de ônibus em seu governo.

A encampação das empesas de ônibus foi anunciada em dezembro do citado ano, dois meses após uma greve dos rodoviários paralisar o transporte público no estado. Foram estatizadas 16 companhias, que controlavam uma frota de 1.817 coletivos. No mesmo dia, o governo depositou em juízo indenização de Cr$ 215 bilhões. Os empresários resistiram à medida, mas não conseguiram derrubá-la na Justiça. Ao justificar sua decisão, Brizola os acusou de fazer caixa dois, deixar parte da frota nas garagens e financiar mordomias com o valor cobrado aos passageiros.

Constata-se curioso que esses documentos, que só demonstram como atuavam os órgãos de espionagem da ditadura que colocavam arapongas para investigar até a vida privada do governador, atuação sem limite ético ou legal, não tenham sido usados na época.

Trago,ainda, um trecho da sentença da ex-deputada Denise Frossard, à época , juíza do caso, que condenou os 14 bicheiros.

Na sentença proferida em 21 de maio de 1993, desarquivada pessoalmente por mim e digitalizada por um de meus estagiário, a então juíza Denise Frossard começa a fundamantação de sua sentença, proferida em 21 de maio de 1993, exatamente mencionando, que toda investigação começou exatamente por determinação do então Governador Leonel Brizola às autoridades competentes da época.

N´O GLOBO desta segunda-feira, em continuidade à perseguição, numa reportagem de página inteira, a Manchete é que "MILITARES CULPAVAM BRIZOLA PELA ESCALADA DA VIOLÊNCIA" . Causa estranheza a omissão ao fato de seu sucessor Moreira Franco, quem primeiro recebeu em seu gabinete os bicheiros , todos condenados, como o primeiro a começar a destruição do maior projeto educacional do século que este país já teve em sua história.

Não tenho procuração da família para fazê-lo mas como cidadã brasileira tenho o dever de proteger a memória de um dos homens públicos mais importantes na história deste país. Isso é uma falta de respeito e uma atitude covarde com o governador que nem está mais entre nós para se manifestar.

Ninguém foi tão perseguido e investigado como o governador Leonel Brizola e nunca conseguiram macular sua imagem em vida.

Não vão conseguir fazer isso agora. Se não respeitam os que estão por aqui, nem tampouco o Estado Democrático de Direito, ainda com um sistema manipulador em todos os sentidos, que pelo menos respeitem os mortos e os nossos sentimentos.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
JUÍZO DE DIREITO DA 14 a. VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL
SENTENÇA PROFERIDA NO PROCESSO N. 28.104 FLS. 70

O Inquérito 003/86 embasou a denúncia quando já contava com 04 (quatro) volumes e ao tempo da apre sentação - e recebimento - desta, foi tombado neste Juízo sob n. 28.104, permanecendo o Inquérito 002/86 (n. 28.103) com seus quatro volumes e dois anexos, como peças informativas em apenso a este feito.

Em 21.06.85, S. Exa. o então Governador deste Estado, Dr. Leonel de Moura Brizola, em memorando dirigido ao então Sr Secretário de Justiça acostado às fls. 21 – 1. volume, assim se manifestou, verbis:

“A imprensa vem divulgando noticias e comentários os quais, se verdadeiros, constituem denúncias e criticas muito graves e que comprometem e atingem as próprias instituições policiais do Estado.

Por outro lado, manifesto a minha insatisfação pelo andamento das inves tigações e identificação dos respon sáveis pelo funcionamento dos diver sos centros de jogatina que a própria imprensa vem denunciando. A opinião pública está adquirindo a convicção de que ocorre cumplicidade de funcio nários da policia. Ainda mais quando as investigações se arrastam insatis fatoriamente, sem a firmeza e eficá cia que eram de esperar.

Determino, pois, a V. Excia., que ar ticule as medidas e iniciativas ne cessárias com os Srs. Secretários da Policia Civil e Militar e com o Sr. Procurador Geral da Justiça, a fim de que esses casos venham a ser elucida dos, com a identificação do respon sáveis, quanto também estabelecendo planos de ação e mecanismos preventi vos em relação a tais ocorrências."


Em breve, de volta às amenidades.

Até.

25.3.09

BAR DO ALEMÃO, SP

Pode parecer, ao primeiro incauto, implicância minha esses adendos que ando fazendo aos textos do Moacyr Luz publicados em seu blog, recém inaugurado.

Mas não são, em absoluto. São - digamos - frutos dessa minha mania de ser preciso do início ao fim até mesmo em matéria de registros, ainda que à primeira vista os adendos não tenham ligação direta com o assunto tratado pelo compositor. São, eis a verdade, adendos-frutos da minha memória, já que os textos do Moacyr (esse foi o primeiro) têm me despertado boas lembranças.

Quando ele contou a história do samba CACHAÇA, ÁRVORE E BANDEIRA eu me lembrei, de pronto, do dia em que ele despencou-se da Tijuca para a Lagoa, para a minha casa, onde registramos a primeira gravação, caseira, é verdade, do belíssimo samba em homenagem a Carlos Cachaça. Escrevi sobre isso, aqui.

Ontem, terça-feira, o Moacyr escreveu PIRAJÁ, leiam aqui, sobre fatos ocorridos em São Paulo, em 1999.

Imediatamente fui arremessado ao passado e lembrei-me da gloriosa excursão a São Paulo inventada pelo Aldir em 1996. É o seguinte: por ocasião de seus 50 anos, Aldir Blanc lançou, além do CD ALDIR BLANC 50 ANOS, o livro UM CARA BACANA NA DÉCIMA NONA. E o Jô Soares, então no SBT, convidou o bardo tijucano pra uma entrevista.

Tudo certo, negociação fechada, o Aldir exigiu - e foi atendido - um ônibus desses que só faltam voar, fretado para levar uma turma grande de amigos até São Paulo, todas as despesas pagas eu nunca soube por quem, se pelo Sílvio Santos ou pelo Marco Aurélio, que era muito dado a essas loucuras em prol dos amigos.

Eu já escrevi, de leve, sobre esse dia, aqui, quando homenageei o saudoso Marco Aurélio.

Pois bem.

Chegamos a São Paulo depois da mais longa viagem por terra de que se tem notícia - paramos dezenas de vezes na estrada para repor os isopores industriais com gelo em escamas e latas de cerveja - , partimos pro hotel e de lá, no mesmo ônibus, pros estúdios do SBT, no Sumaré.

Finda a gravação, e capitaneados pelo Pelão, fraterno amigo do Aldir,tomamos o rumo do BAR DO ALEMÃO, na avenida Antarctica, onde uma tremenda roda de samba varou a madrugada.

De posse da minha NIKON N70, mecânica (não existiam as digitais... e eu ainda não conhecia o Szegeri - será que o homem da barba amazônica estava lá e eu nunca soube?????), fiz alguns registros, e eu divido dois deles com vocês.

BAR DO ALEMÃO, São Paulo, 1996, fotografia de Eduardo Goldenberg
BAR DO ALEMÃO, São Paulo, 1996, fotografia de Eduardo Goldenberg

Até.

23.3.09

SALÃO AMÉRICA

Vira e mexe eu falo dele, do glorioso SALÃO AMÉRICA (leiam aqui).

É lá, toda semana, que vou sentar-me na cadeira do fundo do salão, sob a batuta da navalha do seu Ernesto, pra fazer a barba e, eventualmente, cortar o cabelo à máquina.

Sempre me comovo quando estou por lá.

Penso sempre com meus botões enquanto caminho em direção ao salão:

- Há quanto tempo freqüento o salão! Há quanto tempo!

Confesso que eu sabia que era há muito.

Mas hoje à noite, ainda há pouco, mostrando uns álbuns antigos pra duas de minhas sobrinhas queridas, deparei-me com a prova cabal de que vou lá há exatamente 39 anos e dois dias.

álbum de família

A pouco mais de um mês de completar 40 anos, uma grande surpresa e uma grande descoberta!

Dedico a descoberta a meu velho pai, em cujas mãos estavam as minhas, seguramente, no longínquo 21 de maio de 1970. E à minha mãe, que teve o cuidado de fazer o registro.

Até.

22.3.09

CACHAÇA, ÁRVORE E BANDEIRA

Bacana a história contada hoje cedo pelo Moacyr Luz em seu blog, recentemente inaugurado.

Em CACHAÇA, ÁRVORE E BANDEIRA (leiam aqui) ele conta sobre a criação do samba, com esse mesmo nome, que fez em parceria com Aldir Blanc para homenagear o Carlos Cachaça. Leiam lá, leiam lá.

Deve ter sido logo depois do telefonema dado pelo Moacyr pro Aldir...

Eu ainda morava na Lagoa e recebi, também do orelhão, uma chamada de um emocionadíssimo Moacyr. Ele e o violão tomaram um táxi, desembarcaram na Epitácio Pessoa e subiram ao sexto andar, onde eu morava.

Eu havia comprado recentemente um computador equipadíssimo.

E foi nele, valendo-se de um microfone mínimo, que o Moacyr fez a primeira gravação de CACHAÇA, ÁRVORE E BANDEIRA.

Até.

21.3.09

AINDA SOBRE O PLÁGIO

Como lhes contei aqui, o escancarado plágio cometido por Ana Cristina Reis completou, no último dia 19, 4 anos. Completou 4 anos, também, o silêncio vergonhoso da imprensa e de seus colegas. E vejam vocês que coisa...

Uma jornalista, cujo nome não digo nem à fórceps, mandou-me um e-mail no próprio dia 19. Vamos a ele, devidamente editado para preservar a identidade da moça:

"Oi Edu! O (...) me encaminhou o link do post novo sobre o plágio da ACR. (...). Por motivos óbvios, não posso fazer qualquer denúncia. Para mim, infelizmente, é importante manter um bom relacionamento com quem escreve, e principalmente, edita um suplemento super lido (ELA) no Globo... Você já mandou email pra algum diretor executivo de lá? Trabalho com (...). (...)... Certamente a diretoria do GLOBO soube disso na época. Mas a (...) da Ana Cristina (eu adoraria que essa história vazasse e tivesse desdobramentos, (...)) tem muito prestígio na casa... já faz quatro anos que isso aconteceu... Talvez ela tenha recebido uma reprimenda, mas ficou tudo abafado... Muito jornalista importante já rodou por muito menos, mas em jornais mais sérios... O GLOBO é uma piada..."

Vejam que coisa, vejam que coisa!

Antes de prosseguir, uma pequena digressão: deve ser horrível viver e trabalhar assim, adulando gente de quem não se gosta. A autora do e-mail acima reproduzido (não lhe direi o nome nem à fórceps) refere-se à Ana Cristina Reis de forma bastante agressiva. Ocorre que que ela precisa dos favores (favores?!) da editora do "suplemento super lido". Deve ser super chato precisar de uma uma pessoa super malquista para conseguir espaço em um jornal super piada. Francamente.

Antes, um adendo.

Não vejam com ironia o que vou lhes contar: jamais (com a ênfase szegeriana) referi-me à ACR de forma agressiva. Jamais. Quando o fiz - se fiz - foi como reação, apenas. A única questão que me chama a atenção é essa: como é possível a uma plagiadora a incolumidade diante do escancarado plágio? Como?

Em frente.

Engrossando o caldo, a Ione (leitora de Brasília e outrora vizinha da Tijuca, como lhes contei aqui) mandou a pranchada:

"Edu, acho que já comentei contigo da extrema semelhança entre um livro dessa moça - Meu Reino Por Um Cashmere - e um de uma americana (igualmente blargh) chamado 'Wear More Cashmere'... Nenhum dos dois presta, mas acho que aquele que foi copiado consegue ser ainda pior - formal e materialmente!"

Vejam que coisa, vejam que coisa!

Alguém aí - por favor, por favor! - tem alguma explicação para a origem e a manutenção do poder da plagiadora? Alguém aí sabe de mais algum feito, digamos, da dita cuja?!

Até.

19.3.09

HÁ 4 ANOS... O PLÁGIO

Há exatos 4 anos - o troço deu-se em 19 de março de 2005 - Ana Cristina Reis publicou no desprezível caderno ELA, publicado aos sábados no jornal O GLOBO, uma matéria intitulada BISTRÔS PARISIENSES que é, a bem da verdade, plágio escancarado de uma matéria idêntica publicada no NEW YORK TIMES.

Ouço daqui a voz do leitor:

- Mas você lê o NYT, Edu? Vende na Tijuca?!

E eu respondo, falando sozinho com o monitor à minha frente:

- Vender, vende. Uma banca na Praça Saens Peña e uma outra na esquina da rua do Matoso com a Doutor Satamini seguramente vendem. Mas eu não o leio.

Meu dileto amigo Luiz Carlos Fraga foi quem me bateu o telefone na manhã de uma sexta-feira para me contar o escândalo. Ouvi sua história, recebi por email a inequívoca prova da vergonhosa conduta da colunista e publiquei no BUTECO, em 30 de junho de 2006, ACR E UM PLÁGIO, leiam aqui.

Quero lhes dizer que entre a notícia que recebi do Fraga e a publicação (a denúncia, na verdade) do texto no BUTECO passaram-se mais de trinta dias, e sabem por que? Tentei, diversas vezes, obter qualquer resposta de Ana Critina Reis. Tentei obter qualquer resposta do ombudsman do jornal. Escrevi pra um, escrevi pra outro, mandava os emails (não foram muito, é verdade, eis que me falta tempo e alguma paciência) sempre com os destinatários em cópia aberta e não obtive qualquer resposta ou satisfação (seria o mínimo).

Minto.

Uma pessoa me respondeu lamentando muito a história toda: Cora Rónai.

De lá pra, pouca coisa mudou.

Quando apontei o flagrante (vocês lerão), referi-me a Ana Cristina Reis como "a solteirona pernóstica". Hoje ela é casada.

Nada mais mudou. Nada.

A matéria-plágio foi publicada em 19 de março de 2005 enquanto a original, do NEW YORK TIMES, o foi em 13 de março de 2005, seis dias antes, por Mark Bittman, intitulada DOES THE AFFORDABLE PARIS BISTRO STILL EXIST? OUI..

Leiam a matéria aqui.

Quatro anos depois - parabéns, Ana Cristina Reis!!!!! - quem sabe alguém consegue explicar o que foi que houve nesse episódio?!

Até.

18.3.09

A CARA DO FLUMINENSE

Li agora pela manhã no HISTÓRIAS DO BRASIL, do Simas - vejam aqui - e não acreditei.

Quer dizer... acreditei. As torcidas tricolores, Fluminense e São Paulo, são mesmo chegadas a uma frescurada.

E tinha que ser o incansável homúnculo, o homem capaz de trazer à tona tão importante notícia.

nota publicada na coluna GENTE BOA do SEGUNDO CADERNO de O GLOBO em 17 de março de 2009

Sem sacanagem: parece que a FLU BOUTIQUE está preparando para brevíssimo o lançamento do KIT FRED. E vejam vocês se isso é possível.

Vocês se lembram do Lulu Santos, em recente entrevista, dizendo que a torcida do Fluminense era a mais bonita e cheirosa do Brasil?! Pois como disse o Tutty Vasques (vejam aqui), a torcida do São Paulo recorreu!!!!! E a diretoria do clube paulistano já prepara, contou-me o Borgonovi, o lançamento do KIT MORUMBI para fazer frente à necessaire da mais nova aquisição do tricolor das Laranjeiras.

O que diria Nelson Rodrigues sobre isso?

Até.

APRENDA, JOTA!

Joaquim Ferreira dos Santos, o Jota, dono de um dos piores pedaços do cada vez pior jornal O GLOBO dobrou-se, ontem, diante da clava forte da Justiça, publicando a nota abaixo.

nota publicada por força de decisão judicial na coluna GENTE BOA do SEGUNDO CADERNO de O GLOBO em 17 de março de 2009

Fruto da sentença que ora transcrevo:

"Processo nº 2005.001.156226-0
Autor: SINDICATO DAS SECRETÁRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - SINSERJ
Ré: INFOGLOBO COMUNICAÇÕES LTDA.
SENTENÇA: Trata-se de ação na qual pretende o autor, na condição de sindicato representante das secretárias deste estado, reparação moral em razão de nota publicada em 04.10.2005, na coluna ´Gente Boa´ do Segundo Caderno no jornal O Globo, editado pela ré, cujo texto teria ofendido a honra subjetiva da categoria, por relacionar o dia da secretária com o aumento de movimento dos motéis. Foi requerida, ainda, a condenação da ré à obrigação de fazer, consistente na publicação de resposta à nota ofensiva, tendo sido pleiteada a tutela antecipada nesse tocante; e a condenação da ré à obrigação de não fazer, para que esta se abstivesse da publicação de notas e/ou anúncios ofensivos a categoria. A fls. 108 e vº foi indeferido o pedido de antecipação de tutela. Contestação apresentada a fls. 130/156, acompanhada dos documentos de fls. 157/174, argüindo a ré, preliminarmente, a ilegitimidade ativa ad causam do sindicato-autor, argumentando tratar-se de questão não abrangida pelos interesses específicos da classe representada, inerentes ao exercício da profissão propriamente dito. Argúi ainda a impossibilidade jurídica do pedido referente à reparação moral, aduzindo não haver amparo legal à postulação feita pelo autor para que a indenização seja destinada a fundo para custeio de cursos profissionalizantes da categoria. Sustenta a incompetência absoluta do Juízo quanto ao pedido de publicação da retratação, sustentando que o direito de resposta encontra-se previsto na Lei de Imprensa, e se processa unicamente perante o juízo criminal. No mérito, sustenta, em síntese: que se aplica à hipótese a Lei nº 5.250/67 (Lei de Imprensa); que a informação veiculada na nota em questão foi fornecida por funcionário do Hotel Bambina, a despeito de posterior desmentido do referido hotel; que a ré agiu, assim, de forma isenta, apenas repassando informação que lhe foi prestada por fonte lícita; que é notória a existência de piadas acerca de várias classes profissionais, sendo que a nota não fazia referência específica a nenhuma secretária; que não restou caracterizada qualquer das hipóteses previstas pela Lei de Imprensa para se configurar a responsabilidade civil; que não restaram comprovados os alegados danos morais; que é exagerado o quantum indenizatório pleiteado pelo autor. Réplica a fls. 178/191. Promoção do Ministério Público a fls. 201/204. Em resposta a despacho de especificação de provas, a parte ré requereu, a fls. 207/208, a produção de provas documental suplementar e testemunhal; a parte autora, a fls. 210/211, pugnou pela produção de prova testemunhal. A fls. 213 foi determinada a vinda da prova documental suplementar, tendo a ré desistido da produção de tal prova, a fls. 214/215. A fls. 216 foi indeferido o pedido de produção de prova oral, decisão contra a qual interpôs a ré agravo retido (fls. 227/234), contra-razoado pela parte autora a fls. 237/241. Manifestação final do Ministério Público a fls. 220/224. É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR. A questão apresenta matéria unicamente de direito, comportando o feito julgamento no estado em que se encontra, na forma do disposto no artigo 330, inciso I, do Código de Processo Civil. As preliminares suscitadas em verdade se confundem com o mérito. Em todo caso, cabe sua análise, antes de mais nada. Argumenta a parte ré que o sindicato, no caso, possui legitimação condicionada, sendo que o art. 5º, XXI, da Constituição Federal, exige expressa autorização para que a entidade represente seus filiados, judicial ou extrajudicialmente. Segundo sua ótica, o sindicato-autor não teria legitimidade para ajuizar a presente ação civil pública, objeto de questões que ultrapassariam a sua atuação em defesa dos interesses da categoria. Aduz a parte ré que a presente questão não tem relação com os interesses específicos da classe representada, inerentes ao exercício da profissão propriamente dita, tais como piso salarial, carga horária, etc. Nada mais equivocado. Quando a Constituição Federal estabelece, em seu art. 8º, inciso III, que aos sindicatos cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos da categoria, evidentemente que não está limitando a atuação da entidade à defesa de interesses meramente econômicos ou trabalhistas. A Lei Magna fala em direitos e interesses coletivos, não especificando, e, conseqüentemente, não delimitando a atuação das entidades sindicais. Basta que se trate, pois, de interesse ou direito que possua natureza coletiva, entendida esta como a característica de o direito/interesse ultrapassar o limite meramente individual do associado (ou não associado) para dizer respeito a toda uma coletividade, a uma categoria. Não se pode ter dúvidas de que a matéria questionada atingiu o interesse de toda a categoria das secretárias. A referência feita na nota publicada diz respeito à coletividade das secretárias, havendo nítido interesse da entidade sindical, que, por força de disposição constitucional, detém legitimidade para a defesa, e conseqüentemente para a adoção das providências cabíveis, dos interesses e direitos coletivos que se virem violados. De forma alguma pode se dizer que a questão não se insere nos interesses específicos da classe representada. Desnecessária a autorização específica o ajuizamento desta ação, eis que o que a Constituição exige é a autorização estatutária - esta nítida no estatuto do sindicato-autor. No que concerne ao aspecto envolvendo o fundo de que trata o art. 13 da Lei nº 7.347/85, efetivamente este é o destino da condenação em dinheiro imposta na ação civil pública, sendo que a finalidade do fundo é a reconstituição dos bens lesados. Quanto a isso o sindicato-autor argumenta que o numerário proveniente da condenação será destinado à efetivação de cursos profissionalizantes da categoria, o que, na ótica da ré, não se prestaria à reconstituição de supostos danos morais decorrentes da nota jornalística publicada. Como sabido, o nomen juris da ação não apresenta relevância para a prestação jurisdicional. Efetivamente, analisando melhor a questão, entende-se que a hipótese não é a de cabimento de ação civil pública, eis que tal instituto se presta mais à recomposição de interesses de natureza pública. Justamente por isso, dispõe o art. 13 da Lei que ´Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.´ Assim, não há muita razão para que a condenação pecuniária na presente hipótese seja destinada a um fundo gerido por Conselhos dos quais participem o Ministério Público e representantes da comunidade, eis que os direitos violados, apesar de inerentes a uma categoria, são nitidamente de caráter privado. De toda forma, isso se apresenta irrelevante, já que o que pretende o sindicato é o cumprimento de uma obrigação de fazer, bem como a obtenção de uma indenização a ser aplicada em favor da categoria, sendo absolutamente indiferente o meio processual empregado para a veiculação das pretensões. Destarte, perfeitamente possível entender-se esta demanda como meramente ordinária, não obstante o rito até aqui empregado tenha respeitado a condição inicialmente enquadrada, o que levou à manifestação do Ministério Público no processo. Em verdade, não se compreende a opção pela ação civil publica, já que anteriormente, em caso semelhante, o sindicato logrou obter indenização em favor da categoria, em ação movida contra HOTEL CAMBUQUIRA LTDA., que publicou anúncio em jornal de grande circulação do seguinte teor: ´30 de setembro. Dia da Secretária. Nossas camas são bem mais confortáveis que a mesa do escritório´. Não há, assim, qualquer empecilho a que o sindicato postule o cumprimento de obrigação de fazer e reparação moral em razão da nota publicada. Há interesse coletivo em jogo, e sua defesa incumbe ao sindicato. Não se poderia imaginar que uma secretária lograsse obter indenização pelo fato em razão de ação individual ajuizada, eis que não se trata de direito meramente individual, não se podendo conceber que a nota tenha causado lesão moral a uma especifica integrante da categoria. Cuidando-se de direito coletivo, sua defesa cabe à entidade representativa da classe. A prevalecer a tese da ré, não haveria como o Judiciário impor qualquer providência em face de ato ilícito em desfavor de uma categoria, pois não haveria lesão a direito individual, sendo que a atuação por parte da entidade representativa também ficaria impedida. Ou seja, a situação restaria impune. Assim, não se vê qualquer empecilho a que seja analisado o mérito da questão. Passa-se, agora, à análise da existência do dano, bem como do cabimento de cada pedido formulado. Cumpre aqui transcrever a nota em questão, publicada na coluna ´Gente Boa´ do Segundo Caderno do jornal O Globo: ´O dia delas - A sexta-feira passada, Dia da Secretária, foi ótima para os motéis. O Bambina, em Botafogo, acusou aumento de 30% no movimento. Noventa por cento dos casais chegaram na hora do almoço. Saíram uma hora depois.´ Em primeiro lugar, ressalte-se que não há comprovação quanto à veracidade da informação constante da nota. Muito pelo contrário, tanto assim que a direção do Hotel Bambina, em correspondência dirigida ao jornal, desmentiu tal afirmação (fls. 74), não tendo havido réplica por parte do jornal quanto a tal desmentido quando da publicação da carta. A ré afirmou, em sede de contestação, que a informação havia sido fornecida por funcionário do hotel, tendo apenas sido repassada na publicação. Verifica-se, pois, que a informação não foi devidamente checada pelo jornal - se assim o fosse, a direção do hotel teria desmentido o fato antes da publicação da nota, tal como o fez em posterior esclarecimento. Sendo assim, não há de se acolher a alegação da ré no sentido de que se tratou de nota jornalística. Absolutamente. O que se depreende da situação é que o jornal apressou-se em divulgar, com intenção nitidamente sarcástica, informação não comprovada sobre o alegado aumento no movimento do hotel em questão no dia das secretárias. Pelo conteúdo da nota, percebe-se obviamente que não houve qualquer intenção de informar, mas sim de tratar com malícia e ironia a informação supostamente passada por funcionário do hotel, a fim de ´brincar´ com o velho preconceito pelo qual se põem as secretárias no papel de amantes de seus patrões. Ressalte-se que a nota foi publicada justamente em uma coluna de variedades do caderno cultural do jornal em questão, cujo objeto normalmente são notícias sobre artistas e celebridades, bem como acontecimentos culturais e o comportamento da sociedade carioca como um todo. Ou seja, foi a nota claramente dirigida ao ´entretenimento´, e não à informação dos leitores. Não assiste razão à ré quando sustenta, em sua contestação, a inexistência de dolo ou culpa na situação. Ao contrário, percebe-se a ocorrência de ambos: houve culpa na falta de cautela da ré ao deixar de checar a fundo a informação ´fornecida por funcionário do hotel, por telefone´; e houve dolo ao se utilizar tal informação com a nítida intenção de fazer transparecer a suposta condição das secretárias como amantes. É inegável o caráter preconceituoso e discriminatório do conteúdo na nota em questão, já que, implicitamente, sugere que as secretárias, em geral, praticam atividades antiéticas e de cunho moral duvidoso. Atingiu-se, assim, a honra e dignidade de toda uma classe profissional, formada notadamente em sua maior parte por mulheres, podendo se considerar, a propósito, que a nota não somente é ofensiva às secretárias, mas é, também, machista. O texto publicado, portanto, desmoraliza uma classe profissional que já é vítima, pelo senso comum, de atos e piadas preconceituosas desta natureza, devendo haver a intervenção do poder público a fim de se coibir práticas de tal natureza. Saliente-se o caráter punitivo-pedagógico da imposição da reparação moral na hipótese, não podendo a situação permanecer sem sanção, sob pena de se repetir indefinidamente, prejudicando cada vez mais a imagem da categoria, cujo valor social e profissional deve ser enaltecido, e não desrespeitado. Sendo assim, de se acolher o pedido de reparação moral, já que inegável a ocorrência de dano de tal natureza à classe das secretárias. No que concerne ao pedido envolvendo o cumprimento de obrigação de fazer, não se vê empecilhos ao seu deferimento, aplicando-se o disposto no art. 461 do CPC para que seja estabelecida providência que assegure o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Dessa forma, em vez de o próprio sindicato escolher o texto a ser publicado, será determinado que a ré publique o texto que segue na parte dispositiva deste sentença. Não se trata de retratação inerente à esfera criminal. Cuida-se de pertinente obrigação de fazer que objetiva a diminuição do dano causado. Evidentemente, por outro lado, a ré não deve incorrer novamente no erro, abstendo-se de publicar notas pejorativas alusivas ao Dia da Secretária. Em vista do exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO formulado, condenando a parte ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor que arbitro em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), com correção monetária a partir da presente data e juros moratórios legais a contar da citação. Condeno a ré ao cumprimento de obrigação de não fazer, consistente em abster-se de publicar novamente qualquer nota ofensiva à categoria das secretárias, pena de multa de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) em caso de descumprimento. Condeno a ré, ainda, ao cumprimento de obrigação de fazer, consistente na publicação do texto abaixo, o qual deverá ocupar o mesmo espaço e local em que foi publicada a nota objeto desta ação, no prazo de cinco dias após o trânsito em julgado da sentença, pena de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais): ´Em razão da publicação, por este jornal, de nota ofensiva às secretárias, alusiva ao seu dia comemorativo (30.09), o Juízo da 18ª Vara Cível proferiu sentença em que o ato ilícito foi reconhecido, tendo sido arbitrada indenização de R$ 25.000,00 a ser revertida para o sindicato da classe, condenando-se ainda o jornal a se abster de publicar qualquer outro texto de natureza ofensiva, bem como a publicar a presente nota, para ciência dos interessados.´ Entendendo que o deferimento de reparação moral em montante inferior ao postulado não configura sucumbência (Súmula nº 105, TJ/RJ), condeno a ré ao pagamento das despesas processuais e em honorários advocatícios de dez por cento sobre o valor da condenação. P.R.I. Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2007. PEDRO ANTÔNIO DE OLIVEIRA JÚNIOR - Juiz de Direito"


Até.

17.3.09

LEANDRO - CINQUENTA ANOS

Ele completa 50 anos hoje. Leandro, um dos maiores jogadores que eu já vi jogar, tanto na lateral-direita quanto na zaga (perdi a conta das vezes em que vi o Peixe Frito, apelido cunhado por Jorge Cury, após escanteio contra o Flamengo, matar a bola no peito, no meio da grande área e sair jogando...), merece as homenagens que torno públicas no balcão virtual do BUTECO.

E deixo com vocês a imagem desse gol antológico, feito há 24 anos, que eu vi, in loco.

Pena que não encontrei a imagem que não me sai da cabeça e que vi apenas no dia seguinte: assistindo ao jogo como comentarista da TV MANCHETE, Zico socou, vigorosamente, o vidro da cabine, eufórico como o mais eufórico dos torcedores abençoados que lá estavam como testemunhas desse gol-milagre no últimos segundos de jogo.

Até.

16.3.09

COLEÇÃO - CIGARROS

Sábado à noite, na casa de uns amigos, já tardíssimo, o anfitrião, num sem-pulo, me grita:

- Edu! Venha ver uma coleção minha! Venha!

Fui. Vi. E fiquei embasbacado com a quantidade de tesouros que o malandro guarda (e faço a confissão pública: guarda debaixo do colchão, literalmente como um tesouro).

Diante de meus "ohs" e "ahs" diante do troço - eu praticamente morri quando segurei uma embalagem de Continental, exatamente o cigarro que meu avô materno fumava, sabe-se lá por qual razão... - o Jorge estendeu-me as duas caixas (uma só com cigarros nacionais e outra com cigarros estrangeiros) e disse:

- Leve! Fique o tempo que você quiser com elas, pegue pra você as duplicatas, não tenha pressa pra me devolver!!!

Passo a dividir com vocês, a partir de hoje, as incríveis embalagens desses cigarros que, seguramente, fazem parte do imaginário e das memórias de muita gente.

Hoje, cigarro SAMBA, da Tabacaria Londres.

embalagem de maço de cigarros SAMBA, fabricado pela Tabacaria Londres

Até.

14.3.09

DOMINGO PASSADO TEVE DE NOVO!!!!!

risotto de camarão, 07 de março de 2009, foto de Eduardo GoldenbergClique na imagem e vá até a receita.

Até.

13.3.09

DO DOSADOR

* dia desses, provocado por um email que recebi de um jornalista amigo, anunciei aqui a novidade. Moacyr Luz inaugurou seu blog (não vou dizer de novo o endereço, eu já disse). Hoje recebo novo email de um macaco velho da imprensa brasileira, colega do primeiro jornalista a que me referi. Diz o cara, no tal email (editado): "Que lindo! Entrei hoje no blog do (...) Moa. (...). Tinha um monte de comentários bacanas (...) e, adivinha, ele só respondeu o de um certo Macao, que desconfio ser o Macalé. (...).". Espero, assim, ter satisfeito o apetite do macaco velho que manja de cumbuca (eis o meu segredo como mestre-cuca). E dado o recado;

* muito boas as pequenas confissões de antanho de meu queridíssimo Luiz Antonio Simas, de quem tenho saudade (eu e ele estamos trabalhando como candangos). Dia desses - eis a confissão antecipada que faço - imitá-lo-ei escancaradamente fazendo as minhas. Leiam aqui;

* em 20 de abril de 2007, abri o portão do meu canil e minha caixa de ferramentas, soltei a bicharada e empunhei a chave-inglesa pra cima dos bares-mentira que pululam pela cidade. Leiam aqui. Infelizmente o troço não se restringe ao Rio de Janeiro. Descobri um bar em Campinas, no distrito de Sousas, chamado BAR CASA RIO, que pretende ser carioquíssimo - é o que diz o site do estabelecimento. Vejam a apresentação: "Pela primeira vez um bar se dedica de corpo e alma para trazer à Campinas o espírito e a qualidade da tradicional noite carioca, com sua gastronomia, musicalidade e alegria. A Casa Rio - Bar & Restaurante abre um espaço de 490 m2 de pura “carioquice”, com direito às ondas da calçada de Copacabana no piso de mosaico português, painéis com as figuras humanas que ajudaram a pintar a aquarela de histórias e fatos do Rio de Janeiro, um cardápio cheio de delícias da “baixa gastronomia” de botequim, acompanhado de chopp ou cerveja gelada.". Bacana, né?;

* não, nada bacana. Atentem para um detalhe: "Não é permitida a entrada de pessoas usando bermuda, camiseta sem manga, chinelo, boné e chapéu.". Que tal? Tentei ontem, algumas vezes, obter dos sócios, que têm outros investimentos no mesmo ramo na cidade de Campinas (o que apenas corrobora o que digo há anos, que esses bares-mentira são uma mentira que visa apenas o lucro com o deslumbre da elite podendo se divertir sem se misturar) uma explicação para a proibição. Sem êxito. Com a palavra, meus queridos de São Paulo. Eu, daqui, de pé diante do balcão imaginário do BUTECO, digo que o dito bar pode ser qualquer coisa, mas NUNCA (com a ênfase szegeriana) carioca;

* há um painel de caricaturas de personagens cariocas em cima do balcão do "american bar" (pausa para uma golfada rápida) do lugar. Nele, avistei a figura de, dentre outros, Carlos Cachaça e Noel Rosa, ambos de chapéu. Seriam barrados, se vivos fossem (são, e já explico). Como creio em vida após a morte, os espíritos Carlos Moreira de Castro e Noel de Medeiros Rosa, se ainda estiverem por aí (ou por lá, como queiram), baixam noutro terreiro. Lá, com certeza, não.

* seu Osório me bateu um fio na segunda-feira, depois do programa chatíssimo do Galvão Bueno. Indignado com a babação de ovo pra cima do balofo corinthiano, indignado com os depoimentos dos presentes, disse o velho de Vila Isabel:

- Edu, meu filho... Sabe qual o próximo slogan da SKOL? A cerveja que desce Ronaldo.

Arrotou um de seus arrotos guturais e desligou.

* até o presente momento segui a máxima de não permitir à mão esquerda ver o que minha direita faz. Mas não posso ficar calado diante da ameaça do bardo sergipano José Sergio Rocha (leiam aqui). O cara esteve na minha casa umas duas ou três vezes pra ter aula prática de como conduzir um blog (numa delas estavam presentes Bruno Ribeiro, Cesar Tartaglia e Felipinho Cereal), me telefonou (sem sacanagem) centenas de vezes, nos mais variados horários, pra saber como fazer link disso, download daquilo, upload daquiloutro, torrou a paciência de uma estudante de design gráfico para fazer o logotipo do blog... e vem agora, quatro meses depois, anunciar que vai parar as máquinas?! Às favas, Zé Sergio! Toque o troço, toque o troço!

Até.

11.3.09

BLOG DO MOACYR LUZ

Moacyr Luz, entrevistado por mim em 24 de setembro de 2006 (leiam aqui), acaba de inaugurar seu blog, que pode ser lido aqui.

A conferir.

Até.

ps: está rendendo comentários fabulosos o assunto Ronaldo, muitíssimo bem tratado pelo incorruptível e legendário Marcus Gramegna, o homem que viu o Leônidas jogar! Entre na discussão, aqui!!!

10.3.09

RONALDO, FENÔMENO (DE MÍDIA)

Reproduzo, autorizado, artigo hilariante (mas falando seriíssimo) da lavra de meu queridíssimo Marcus Gramegna, o Marcão, de São Paulo, também colega de profissão, de quem já havia falado (bem, evidentemente) aqui.

Reproduzo com ainda mais propriedade depois do ridículo (é sempre ridículo, mas ontem o troço tava feio) programa BEM, AMIGOS de ontem à noite. Apresentado pelo sempre lamentável Galvão Bueno, o programa, que ontem recebeu como convidado musical o músico carioca Moacyr Luz, umedecia a tela da TV tamanha a babação desmedida pra cima do jogador Ronaldo, que chegou a ficar sem jeito diante de tanta paparicada sem necessidade.

Moacyr Luz disse, à certa altura, que nem conseguira ver importante jogo do Flamengo, na semana passada, ansioso que estava para ver Ronaldo em campo, pelo Corinthians (e vocês, rubro-negros, vejam se isso é possível). Na véspera, um bobo-alegre, cujo nome não me lembro, disse que mais importante que o gol de Ronaldo foi perceber "o sorriso de menino estampado novamente no rosto do jogador" (e vocês vejam se isso é possível). E já que estou falando em barbaridades, antes de apresentá-los ao texto do Marcão saibam que o Galvão Bueno, ao apresentar o samba Delírios da Baixa Gastronomia, letra e música do Moacyr (que o cantou em seguida), disse algo assim:

- Ronaldo, esse samba do Moacyr é pra você! Delírios da Baixa Gastronomia - e deu um de seus risinhos irritantes - só fala de comida ruim, que é pra você não ter vontade de comer e portanto não engordar!!!

Close no balofo Ronaldo, morrendo de rir, e no macérrimo Moacyr, constrangido.

Com vocês, a caneta furiosa do Marcão:

"Ronaldo, o fenômeno (de mídia).

Sempre achei que o “Fenômeno” joga muito menos do que dizem que ele joga. Explico-me.

Sou daqueles que, em 1994, torceu muito para que o então Ronaldinho fosse convocado para a Copa, mesmo como reserva. Ele acabou convocado e ficou no banco, como era de esperar. Ele era apenas um garoto.

Aí ele foi vendido para a Espanha e lá acabou sendo considerado um dos grandes jogadores do mundo, porque fazia muitos gols e tinha aquela jogada do arranque que ele dava com a bola no pé, realmente impressionante. Eu não quero desfazer dos seus feitos em terras madrilhenhas, mas gostaria de ver as estatísticas. Desconfio que, na Espanha, ele fez menos gols do que o Baltazar, o artilheiro de Deus, centroavante grosso, mas que sabia por a bola pra dentro.

O fato concreto é que tanto Napoleão, quanto os separatistas bascos, quanto os terroristas da “Al Quaeda”, quanto o já citado Baltazar e o Romário sabem que as defesas espanholas nunca foram lá grande coisa. Mas tudo bem.

Na Copa de 98, começou a presepada. O Ronaldo ganhou esse apelido de “fenômeno” do irritante Galvão Bueno e passou a ser tratado com mais fanatismo infanto-juvenil que um astro pop. Alguém aí lembra a cobertura da Globo dessa Copa? Todo mundo queria saber o que o sujeito tinha comido no café da manhã, que marca de desodorante ele USA, essas coisas. Durante o jogo, cada vez que ele pegava na bola, a câmera desviava para a namorada dele, na arquibancada. Era uma loira maravilhosa, cujo nome não me lembro, mas a gente tava a fim de ver o jogo. O resultado foi que jogaram toda a responsabilidade nas costas do cidadão que sentiu a pressão e teve um pire-paque.

Depois, ele andou se quebrando todo até que, em 2002, deu a volta por cima e, aí sim, sob a batuta do Felipão, teve o seu melhor momento na carreira. Jogou uma Copa esplêndida, acima da média, fez muitos gols, inclusive na final e foi fundamental para que o Brasil fosse campeão do mundo. Depois disso, não me lembro de nada de muito destaque que ele tenha feito.

Agora, ele foi para o “Timão” e a babação de ovo injustificável voltou com toda força. Assistir Corinthians e Itumbiara foi uma das coisas mais irritantes dos últimos tempos. Na falta da loira na arquibancada, a essa altura já em outra, a câmera mostrava mais o gorducho no banco do que o jogo. O tal do Cléber Machado, me convenci, é gay, peço desculpas por ser politicamente incorreto. Quando o candidato a Rei Momo entrou em campo, o pentelhíssimo locutor dizia: “seria maravilhoso, uma glória para o futebol brasileiro, ou melhor, para o futebol mundial, que o rolha de poço fizesse um gol”. O tal Caio, que nunca jogou nada e tem aquela pose de professor universitário em início de carreira, falou muita besteira.

No Palmeiras e Corinthians de ontem, a mesma coisa. Só filmava o sujeito no banco, até ele entrar em campo. O “peteleco” que ele deu de brincadeira na nuca de um jogador reserva mereceu mais replays do que o gol do Diego Souza. Enfim, tudo muito ridículo.

O homem está pesadíssimo, parece uma baleia, mas é claro que é um jogador experiente, sabe se colocar, e acabou acertando a trave numa jogada e fazendo o gol de cabeça na outra. Fez um gol num clássico e conseguiu o empate para seu time, algo que deveria ser visto como mais ou menos normal. Mas não. O tal Cléber Machado parecia narrar uma final de Copa do Mundo, o próprio gordão subiu no alambrado, a torcida comemorou como se fosse o mais extraordinário acontecimento da história recente da humanidade e a besta do Arnaldo (quem foi o infeliz que inventou essa de juiz comentar o jogo?) disse que faltou “sensibilidade” ao juiz por ter dado o amarelo ao Ronaldo, que provocou a destruição do alambrado. E o pior é que esse imbecil apitou jogos importantes na vida. Imaginou?

Sem querer desfazer o gol do Ronaldo, mas como palmeirense posso dizer: Fazer um gol de cabeça naquela defesa lá não chegou a ser grandes coisa não, embora tenha sido, de novo, um Grande espetáculo midiático. Não sei onde o Palmeiras arrumou um zagueiro igual aquele Marcão. Ele não está honrando o pseudônimo, porra!

No primeiro tempo, ele já estava tomando um baile do Jorge Henrique, até que o Luxa mudou o posicionamento. Nos minutos finais do jogo, o Palmeiras vinha apresentando um futebol deplorável. Eu que estou há milhas e milhas de distância de ser um Grande entendedor de futebol, falei para quem estava do lado: melhor acabar logo esse jogo, porque senão o Palmeiras vai tomar o gol logo logo. Quando acabei de falar isso, pimba! Fui chamado de boca de traíra, mas tava na cara.

Enfim, o resumo da ópera é que esse jogador, aparentemente em fim de carreira (ainda vai fazer uns golzinhos, principalmente no fraquíssimo campeonato paulista, ninguém duvide), foi um grande jogador, até acima dA média, mas está longe, muito longe, de ser um dos craques maiores, um dos Deuses do esporte bretão, como Pelé, Garrincha, Maradona, Zico, Leônidas, etc.

Outro dia a Globo quis comparar ele com o Romário. Nem sei o resultado da enquete do Fantástico, mas digo uma coisa: covardia. Só para pegar um dado, o Romário, em que pese a contagem malandra, fez mil gols. O Ronaldo fez pouco mais de quatrocentos. Na minha opinião, só para falar dos da posição dele, o Ronaldo jogou bem menos que o Romário, menos que o Bebeto, menos que o Careca, menos que o Reinaldo, menos que o Ronaldinho Gaúcho e menos que o Dadá Maravilha.

Bom, talvez com o Dadá eu tenha forçado um pouco a barra, mas é mais ou menos por aí.

Enfim, muita mídia e algum futebol, mas não tanto assim. Digo a vocês que andei espalhando por aí minha opinião, entre motoristas de táxi, freqüentadores de padaria e porteiros. Posso dizer que ela é minoritária, mas não foi recebida com escândalo, não."


Até.

8.3.09

08 DE MARÇO

"Falando de muita mulher
que sem elas a gente não vive"


(Moacyr Luz / Aldir Blanc / Luiz Carlos da Vila)

Ibitipoca, 24 de fevereiro de 2009, foto de Eduardo Goldenberg

A gente acorda, levanta, vai pro trabalho, sua, mata um leão por dia, sofre, chora, ultrapassa mil e um obstáculos, enfrenta desafios, determina metas, a gente se supera, a gente quase que desiste, tudo, rigorosamente tudo, por causa delas. Porque a gente sabe que no final do dia, no final da estrada, no final da subida, no final das contas, elas estarão lá, colos e braços a postos, olhos e bocas à espera, munidas de uma compreensão que, com o perdão da redundância, nos escapa.

Sem elas - sábias palavras - a gente não vive mesmo.

Até.

5.3.09

CARTAS N´O GLOBO

Li, hoje pela manhã, enquanto me dirigia, de ônibus, para Búzios, a trabalho, uma carta publicada na seção CARTAS DOS LEITORES do lastimável diário carioca.

Pausa brevíssima: lastimável e a cada dia mais lastimável.

Eu estava me preparando para embarcar de volta, às 17h, e estrilou meu celular. Era um amigo com a voz embandeirada:

- Leste o Joaquim Ferreira dos Santos na segunda-feira?!

- Não. Por que?

E ele respondeu-me aos atropelos:

- Não sou dado a ler coisas do tipo, mas um amigo me chamou a atenção para o troço ontem à noite, quando nos encontramos pra um chope rapido que durou até as três da matina! É sobre, obviamente, o Jota... O que o sujeito escreveu na segunda-feira, rapaz... rapaz... bate todos, rigorosamente todos os recordes do canalhismo, esse neologismo feito sob medida pra juntar (pseudo)jornalismo com canalhice. Meu amigo me deu o toque e hoje corri pra pegar uma edição de segunda-feira, tomar coragem e tentar engolir o que se não é o mais abjeto texto da imprensa das duas últimas glaciações, chega muito perto. Eu consegui, sem vomitar, ler até a metade do primeiro período. Depois disso, a bílis me tomou o esôfago e nao houve jeito de prosseguir. Tente fazer o esforço e leia. Talvez você esteja mais imune do que eu, até porque eu li nas entrelinhas do pouco que consegui mastigar uma não assumida resposta a algumas das porradas que você, mui justamente, desfere no sujeito... Vá lá se divertir um pouco...

Foi quando eu o cortei.

Jamais dei porrada no homúnculo (Joaquim é mirradíssimo, eis a razão pela qual referi-me a ele como homúnculo) como quis fazer crer meu interlocutor. Combati, sempre, a condução lamentável da coluneta diária mantida no igualmente lamentável SEGUNDO CADERNO de O GLOBO.

Acabo de ler, na internet, a tal coluna (publicada no espaço nobre do SEGUNDO CADERNO, leiam aqui) e, francamente, não vou me dar ao trabalho de dizer um "a" sobre o troço. Basta lhes dizer que Joaquim, à certa altura, diz querer que "Paulo Barros ponha a mão o título que tanto merece", justo ele, um dos maiores engodos dos últimos anos, atropelando as escolas, infinitamente maiores que esses (pausa) carnavalescos - carnavalesco sou eu, pô!, que saio em blocos de rua (que o homúnculo parece ter descoberto apenas em 2009) há anos!, é o Szegeri, é José Sergio Rocha... E o colunista ainda comemora, felicíssimo - fecha assim mais uma das suas - o fato de que "pela primeira vez a cidade tem um prefeito que toca chocalho na Portela". Sem mais comentários e voltando ao início.

Deparei-me com a seguinte carta n´O GLOBO de hoje:

publicada na seção CARTA DOS LEITORES de O GLOBO em 05 de março de 2009

O que dizer da frase "o problema do Rio de Janeiro é, sim, a formação de um número enorme de cidadãos cujo padrão de comportamento é violento e cruel"????? E dessa outra, "o problema não é a droga que é comercializada em todos os países do mundo, mas o elemento humano que se forma nas favelas cariocas"?????.

Li diversas vezes.

Custei a crer no que lia.

Chegando em casa, não resistindo à curiosidade que me martelava - como pode alguém pensar assim????? - fui pesquisar o nome do missivista.

E percebi que o cara é reincidente.

Vejam essas outras duas cartas, publicadas no mesmíssimo O GLOBO (aqui e aqui):

publicada na seção CARTA DOS LEITORES de O GLOBO em 16 de julho de 2008
publicada na seção CARTA DOS LEITORES de O GLOBO em 23 de novembro de 2008

O cara só tem razão numa coisa: o problema é o elemento humano.

(pra bom entendedor, meia-palavra: bosta.)

Mais à frente, volto ao tema (o tema é palpitante). Vocês, meus poucos mas fiéis leitores, por favor, soltem o verbo. A favor ou contra a opinião do sujeito, um contumaz freqüentador (não consegui largar o trema) d´O GLOBO. A favor ou contra o elemento humano.

Fico pensando, às vezes. Será que o jornal, sem coragem para dizer tamanhas barbaridades, cria esses personagens?!

Até.

1.3.09

DO DOSADOR

* depois de muitos anos, muitos - não saberia lhes dizer quantos -, fugi do Rio de Janeiro no meio da tarde do domingo de Carnaval. E dediquei minhas noites de domingo e de segunda-feira, na companhia de gente muito querida, a um de meus programas preferidos - eis a confissão pública que faço: assistir ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. É, de fato, uma confissão pelo que guarda de sacrifício nos dias de hoje, levando-se em conta que a transmissão dá-se pela TV GLOBO. O programa, que já foi agradabilíssimo (lembro-me, como se fosse hoje, das noites varadas, eu menino, na São Francisco Xavier 90, apartamento 203, assistindo ao desfile na companhia de meus pais e seus amigos, deslumbrado com a transmissão rigorosamente voltada para o que interessa - as escolas, suas mulheres, suas passistas, seus personagens, sua bateria etc), hoje é maçante. Mas como carnaval é tempo de imolação - apud Fernando Szegeri - o programa vem bem a calhar. Falei em Fernando Szegeri e transcrevo texto de sua autoria, de 2004: "O Carnaval na sua euforia esfuziante carrega uma inegável dimensão de morte, de imolação, atualizada nos rituais de libação. O delírio do folião encerra um abandono, uma entrega da própria vida à sua causa-crença. A sofreguidão dessa vivência é a negação de nossa não-vida de filas, reuniões, contas para pagar, telefonemas a dar, imêious a responder." (leiam na íntegra, aqui). E como ninguém é de ferro, dá-se um jeito da coisa ficar mais divertida. Como fazia frio onde eu estava, coisa de 13 graus à noite, uma boa comida, um bom vinho, e - repetindo - muito boa companhia tornaram bastante agradável o programa que poderia ter sido apenas maçante. Sem qualquer pretensão de vestir ares de comentarista, vamos a meus pitacos carnavalescos.

* fui rigorosamente solidário à dor de Carlos Andreazza, Luis Antonio Simas, Marcelo Moutinho, Tiago Prata (com quem assisti à apuração, ainda longe da cidade), à dor de meu pai - todos imperianos de fé, depecionados com o rebaixamento do Império Serrano. Mas quero confessar o que confessei a uns e outros com quem falei antes mesmo da apuração: foi o Império Serrano fechar seu desfile e eu dizer, triste, que a escola dificilmente escaparia de um novo rebaixamento. Reconheço que a paixão obnubila a razão, o que não tira a legitimidade da revolta de quem se envolve, de corpo e alma, ao longo do ano, com a escola da Serrinha. Mas o que eu pude ver pela TV foi de todo lamentável. A escola veio feia, pálida, e não me venham falar na beleza do verde-água, do azul-bebê, coerentes com o enredo. O Império Serrano desfilou feio pacas. E eu tenho dois amigos de fala insuspeitada que estavam até o pescoço com a escola. O primeiro deles, às 14h do domingo, foi à Madureira receber de volta o dinheiro de sua fantasia e da fantasia de nove (eu disse nove) amigos de trabalho que desfilariam pela verde-e-branco. O segundo revoltou-se ao esbarrar, durante o desfile, com gringos alegríssimos, fantasiados pela metade, e vestidos com sandálias de dedo. Esse mesmo amigo meu quase explodiu de raiva - contou-me isso ontem, pouco antes do início do desile das campeãs, lambendo o espesso bigode de espuma de chope -, quando deparou-se com um grupo, de sua ala, parado diante das cabines dos jurados posando para diversas fotografias tiradas com as câmeras digitais que traziam penduradas no pulso.

* enquanto desfilava meu Salgueiro, bradei diante da TV que o campeonato não sairia da Tijuca. Faço minhas as palavras de Fábio Fabato: "O velho Salgueiro guerreiro ganhou com todos os méritos. Foi, de fato, a grande escola de samba do carnaval 2009. O enredo desenvolvido pelo mestre Renato Lage, "Tambor", criação a quase uma dúzia de mãos com o fantástico Departamento Cultural da agremiação, provou que ainda há espaço para a criatividade na pista da Sapucaí, mesmo que a ampla maioria das escolas pense e tenha realizado o oposto, nos dois dias de Grupo Especial. Um desfile soberano do princípio até o fim, que conseguiu resistir com canto e garra, inclusive, ao controverso hino, escolhido em meados de outubro. Regina Duran calou os críticos e também o tropeço de um discurso pra lá de equivocado na final da disputa de samba-enredo, provando que carnaval se faz com trabalho árduo e pensamento voltado para um objetivo único: a vitória. A família salgueirense encontrou um novo caminho, o seu caminho, e sobrou em todos os aspectos. De quebra, o campeonato da escola dita "diferente" ainda jogou um balde d'água fria nos idiotas da objetividade foliã: quem disse que é impossível a realização de um enredo autoral na atual conjuntura de crise e cifras de zeros infindos? "Tambor" não foi imposto por nenhum capitalista, não veio da sede publicitária de nenhum prefeito esbanjador. Ora, o tema nasceu da inquietude de um carnavalesco que é o melhor de todos desde os tempos de Mocidade, da ousadia de uma presidência que "comprou" tal idéia simples e genial, de uma fantástica equipe de criação - desde o pensamento temático bruto até o fino traço da concepção final. Venceu "Tambor" e ganhou o carnaval com a volta olímpica na Silva Telles, 16 anos depois do inesquecível Ita que explodiu os corações." (leia o texto na íntegra, tirado do site CAMA DE GATO, aqui). E faço minhas suas palavras porque também eu não gostei do samba escolhido pelo Salgueiro para representá-lo na avenida (leiam aqui tudo o que escrevi sobre meu samba preferido e preterido pela escola). Também eu indignei-me com a deselegância de Regina Duran durante o anúncio do samba vencedor. E tive de me render ao samba, que explodiu na avenida, e à condução do carnaval pela presidência, que mostrou-se acertadíssima. Depois de dezesseis longos anos, eis a vermelho-e-branco da minha mui amada Tijuca campeã mais uma vez, pela nona vez!

* NUNCA (com a ênfase szegeriana) a apuração dos jurados da LIESA (concordo integralmente com os que defendem, sem chance de êxito, não sejamos inocentes, o banimento da gangue do comando do Carnaval - o site da LIESA é hospedado na GLOBO.COM, que tal?) vai agradar a gregos e troianos. Os critérios são mais-que-subjetivos e a sensação de injustiça e perseguição vai sempre estar presente. Eu, por exemplo, acho que apenas a Mocidade Independente de Padre Miguel poderia descer no lugar do Império Serrano. Poderia, eu disse. Apesar de seu desfile fraquíssimo, esteve, ainda, melhor que a escola de Madureira. Falando em Madureira, estranha a colocação da Portela (em terceiro lugar), de meus queridos Cesar Tartaglia, Fernando Szegeri e José Sergio Rocha. Não poderia ter ficado na frente da Vila Isabel, que amargou a quarta colocação. Eu disse "amargou" pois somente a Vila Isabel poderia ter tirado o título do Salgueiro. Poderia, eu disse. O Salgueiro esteve melhor. E a Beija-Flor, campeã absoluta no quesito mulher (somente com a transmissão da TV BANDEIRANTES isso ficou evidente, falarei sobre isso mais à frente), deveria ter ficado em terceiro lugar, atrás da Vila. Nem vou me estender mais sobre os resultados porque - vocês sabem - isso é assunto interminável. No final das contas, eu concordei com os extremos da tabela: achei o Salgueiro de longe a melhor escola e o Império Serrano a pior. A meiúca, confusa. E ano que vem, estejamos todos certos, tudo-como-dantes-no-quartel-de-abrantes.

* a transmissão da TV GLOBO, uma vez mais, foi lamentável. Mas muuuuuito lamentável. Tem um troço que eu não entendo, francamente. Um dos momentos mais bacanas do desfile é o esquenta das escolas. É quando os puxadores cantam sambas com o intuito de emocionar os componentes, quando presidentes e diretores fazem discursos emocionadíssimos incendiando a escola e a platéia. Nós, pela TV, somos obrigados a ouvir as baboseiras insuportáveis ditas pelos apresentadores e repórteres da GLOBO. Cléber Machado e Glenda Kozlowski não disseram NADA que prestasse. NADA. E os repórteres, o tempo todo, atrapalharam a transmissão entrevistando os globais que se espalhavam pelas escolas. Um dos ápices foi quando Cléber Machado, diante da imagem da deslumbrante Viviane Araújo tocando tamborim diante da bateria do Salgueiro disse:

- Ô, Dudu Nobre, que tal a Viviane Araújo tocando pandeiro?

E o também insuportável Dudu Nobre:

- Meu compadre, o nome disso é tamborim.

Aliás, o time de comentaristas (Haroldo Costa, Maria Augusta, Dudu Nobre e Chico Spinoza) esteve abaixo da crítica. Elogiavam todo mundo, o tempo inteiro, achando tudo o máximo, um luxo, um isso, um aquilo, transformando a transmissão numa chatice insuportável.

* em compensação, a transmissão de ontem, do desfile das campeãs, feita pela TV BANDEIRANTES, foi impecável. Muita imagem e pouca fala, como deve ser. Câmaras focadas nas mulheres, que sem elas a gente não vive. Carros mostrados em detalhes. Nenhum efeito-babaca nas imagens, salvo os replays dos lances mais interessantes, geralmente de passistas que a TV GLOBO nem de longe mostrara. Um apresentador apenas (Datena) e um comentarista (Milton Cunha), ambos econômicos nas intervenções. BAND 10 X 0 GLOBO.

* no mais, Feliz 2009. O ano engrena amanhã, segunda-feira, até o próximo soluço, no próximo feriado.