3.8.09

APELO ABERTO A RODRIGO PIAN

Notem vocês, meus poucos mas fiéis leitores, que um dos mais assíduos freqüentadores deste BUTECO, Rodrigo Pian, vem travando, mais especificamente comigo e com meu dileto amigo Luiz Carlos Fraga, salubérrima discussão aqui. A coisa começou, como dá-se nos butecos mais autênticos, com uma troça que fiz com ele. Teria sido no TRIBUNEIROS, de Carlos Andreazza, que ele, Rodrigo Pian, declarou-se "cupincha do Eduardo Paes". Pois a certa altura da discussão no texto A INVASÃO PALESTRINA eu disse:

- Não respeito a opinião ou a impressão de quem se intitula "cupincha do Eduardo Paes".

E eis que o Pian, munido de um bom humor que anda rareando, chamou-me de um rabugento charmoso (ou um rabugento por puro charme, algo assim).

Feito o intróito, vamos aos fatos (e ao apelo público que farei).

Ontem houve mais uma manhã de domingo na Tijuca, e reuniu-se o que Carlos Andreazza tem chamado, dentro de um hiperbolismo que me comove, de "A Mesa". Éramos - o quê?! - uns quinze, vinte (vou contar, vou contar).

Em ordem alfabética para não ferir suscetibilidades: Betinha, Candinha, Carlos Andreazza, César Tartaglia, Eduardo Goldenberg, Flavinho, Fraga, Hanns, Isaac Goldenberg, Janir Junior, Leonardo Boechat, Luiz Antonio Simas, Marcelo Moutinho (gostaria de não estar esquecendo ninguém, e não cito, para não chocar a opinião pública, os menores presentes - mentira... é que não me lembro o nome de um dos menores, pelo que crio esse subterfúgio que me parece convincente).

Partimos para o Maracanã - Flamengo e Náutico.

Saímos da esquina de Afonso Pena com Pardal Mallet e tomamos o rumo do estádio, a pé.

Dobramos à esquerda na Mariz e Barros. O Andreazza (acho que foi o Andreazza), disse:

- Vamos comprar cerveja em lata naquele pipoqueiro! - e apontou para um velhinho de seus setenta anos.

Vou à descrição do cenário.

O velhinho vendia pipocas. E ao lado da pipoqueira, um carrinho de ferro com um isopor, gelo e bebida.

Comprávamos nossas latinhas quando estacionou, freando bruscamente, uma kombi da Guarda Municipal. Descem os guardas. E levam, quatro ou cinco funcionários municipais, o carrinho, o isopor, o gelo e as bebidas.

O velhinho geme. Chora. E os homens não cedem ao apelo do pipoqueiro.

Intervim (o Andreazza me pedia calma, e eu estava calmíssimo):

- Os senhores podem entregar a ele o auto de apreensão das mercadorias?

Silêncio.

Continuei:

- As mercadorias que os senhores estão apreendendo devem ser guardadas num recipiente lacrado que deverá permanecer inviolável.

Silêncio e alguns risos-escroques de ironia. Continuei:

- Os senhores têm de entregar a ele um TRM.

Um dos gorilões olhou-me mais sério. E eu disse, olhando em seus olhos:

- O termo de retenção de mercadorias tem que indicar o número do lacre em que os produtos apreendidos se encontram.

O funcionário da municipalidade gargalhou.

Não parei:

- Caso os senhores não possam lacrar agora, têm de entregar a ele a discriminação minuciosa do que estão apreendendo. Para onde vão essas mercadorias?

Sem me olhar nos olhos, ele disse:

- Portão 18. Manda teu amiguinho passar lá com a identidade dele pra buscar! - e riu.

- Portão 18? Não será entregue na Coordenação de Licenciamento e Fiscalização (CLF)?

Ele cutucou um colega, ambos riram ainda mais, a tropa entrou na kombi e partimos pro estádio, desolados.

Um dos argumentos do homem da lei, dito aos gritos já da janelinha da kombi:

- Não se pode vender bebida alcoólica num raio de 200 metros do estádio...

Estávamos a mais de um quilômetro (o mapa abaixo é claro) do Maracanã.

roteiro a pé até o Maracanã, partindo da Mariz e Barros

Mas penso que isso, que essa discussão geográfica, topográfica, é desinfluente.

A truculência, a ilegalidade, a arrogância e a postura de quem deveria zelar pelo bem público (que nosso Pian defende, eu sei) é que é a nota triste e mais importante da coisa toda.

Esse papo de choque de ordem não me convence.

Houvesse o choque, houvesse o choque de ordem, e começasse o tal choque pra cima dos homens públicos do Executivo, e não sobraria ninguém pra apagar a luz.

Peço, pois, ao Pian, duas coisas (e uma delas me parece impossível, mas pedirei assim mesmo).

A primeira: que ele tente me relatar exatamente o que é que foi apreendido no domingo ali na área da Mariz e Barros; que ele tente descobrir o nome dos gorilões da Guarda Municipal responsável pela apreensão das mercadorias do pipoqueiro e o destino dado a tudo o que levaram do velhinho trabalhador; e que ele aceite meu convite para, num desses domingos, conhecer o pipoqueiro, que deve fazer ponto ali, depois de umas cervejas no BAR DO CHICO.

A segunda: que ele batalhe, já que lida com a coisa pública, para a moralização dessa vergonha que é a atuação covarde da Guarda Municipal no que diz respeito à apreensão de mercadorias vendidas por ambulantes que estão ali trabalhando.

Pelo pouco que aprendi na vida, pelo que sei que deve nortear uma atuação como a que vi, o que houve ali, contra o pipoqueiro, foi roubo.

Ou não?

Isso, meus caros, para não falar no que Candinha ouviu de um outro guarda municipal, na entrada do estádio. Ela terminava sua latinha quando o brutamontes disse, sem sombra de educação:

- Dá esse último gole e joga fora! Você não pode beber aqui!

Tsc.

Até.

25 comentários:

Carlos Andreazza disse...

Achei que não escaparíamos da cana ontem - e teria valido. Foram sucessivos episódios de truculência e ilegalidade da Guarda Municipal do Sr. Paes. Intolerável!

Aguardemos por que este grande homem que é Rodrigo Pian - que de fato trabalha pela cidade - pronuncie-se.

FELIPE DRUMOND disse...

Edu, Sensacional seu texto de hoje!
É preciso haver sempre vozes se elevando contra o pacóvio prefeito sorridente e sua tropa de "choque de ordem".
Aliás, esse termo nunca me agradou. Essa expressão positivista poucas vezes, ou nunca, teve algum significado que pudesse convergir com uma saudável convívio na sociedade.
Além disso, a Guarda Municipal do Rio de Janeiro me parece das piores. É difícil dizer para que ela presta. No trânsito é um caos. Há informações de dentro da Procuradoria do Município que indicam que, desde o César Maia, que a receita recebida para pagar ao efetivo da guarda advém das multas de trânsito, o que caracteriza uma vinculação absolutamente inconstitucional.
Aí entendemos melhor o porquê dos guardas terem tanto prazer em multas as pessoas. Ficam escondidos por trás de árvores para não serem vistos e aplicarem multas, ao invés de se colocarem nas ruas organizando o trânsito (que deveria ser a função deles).
Agora, esse tal de choque de ordem. Outra sacanagem da prefeitura! Há diversos indícios que vários reboques utilizados são de servidores da guarda ou de pessoas do alto escalão da prefeitura.
As apreensões são feitas de maneira absolutamente ilegais e truculentas, revelando um enorme abuso de autoridade.
Não tenho dúvidas, Edu, que se investigações isentas fossem conduzidas, descobriríamos diversas condutas de roubo e/ ou extorsões cometidas por esses bandidos de farda.
Parabéns pelo texto! Tentarei também dar a minha contribuição para o tema, a meu ver absolutamente revoltante!
Abraços.

Diego Moreira disse...

Que selvageria... Não dá pra encaminhar uma denúncia não? Com tantas testemunhas... Mas é isso... Se fosse mesmo feita uma investigação séria sobre esses "procedimentos", não ia sobrar nada. "Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!".

No mais, ando pensando em trocar a feira da Garibaldi pela da Vicente Licínio.

Abraços!

Renata Sawabini disse...

Isto me revolta só em ler.
Muito bom o texto, apesar de revoltante.

alexandre disse...

Infelizmente o que acontece aí, acontece aqui em São Paulo.
O governo do prefeito do DEMO Gilberto nunKASSAB utiliza da mesma truculência com os ambulantes nas proximidades dos estadios do Pacembu e Palestra Italia.
É lamentavel que pessoas "vestidas" de autoridade façam de escudo a instituição publica para cometer delitos contra o povo.

Craudio disse...

Edu, que triste. Essa indecência também já está instalada no Rio... Tudo em prol dessa maldita Copa-2014.

Abraços!

Felipe Millem disse...

Quase soquei o monitor de raiva, Edu!!
Se encontrar o vendedor de novo, por favor, peça para ele procurar o Núcleo de Fazenda Pública da Defensoria. O pessoal lá é 10!
Eles têm feito diversas ações versando sobre apreensão ilegal de mercadorias, por parte da guarda municipal.
Aqui no interior, a grande questão gira em torno de apreensões ilegais de vans e temos conseguido reverter a maioria delas.
Um grande abraço!

P.S. Ia querer ver você como testemunha no processo. :-)

Uncle Bob disse...

Pois é Edu...

Quero ver eles darem uma de machos lá na Favela do Metrô, onde lojas de autopeças de origem duvidosa proliferam.

Aquela bandalha está precisando de um "choque" faz tempo.

Infelizmente, a guarda municipal tem mostrado serviço com os "pequenos".

Quero ver eles irem encarar a bandidagem que toma conta daqueles "muquifos" perto da UERJ.

Saudações!

Malvinas Família Futebol Clube disse...

É uma covardia o que fazem no Maracanã. Muito triste.

Na próxima eleição, votem em Rodrigo Bethlem. O Rio da truculência agradece.

fraga disse...

Por onde andará o Sr. Rodrigo Pian?

Saravá!

Rodrigo Pian disse...

Prezado Goldenberg e demais amigos deste balcão,

Antes de mais nada, evidencio aqui o tamanho gigantesco do meu susto ao ver meu nome como parte integrante do título do último post do buteco.

Temi, de início, por uma brusca retaliação, confesso. Mas ao longo da leitura de seu texto, fiquei envergonhado.

Envergonhado porque, primeiro, foi muita infantilidade da minha parte achar que os (excelentes, excelentes!) interlocutores deste nobilíssimo buteco (que perde apenas para o Embalo Bar) usariam de ofensas ou maledicências de baixo calão contra a minha pessoa (ou contra quem quer que seja) para sustentar suas argumentações. Crasso engano, confesso de novo.

E segundo porque este seu relato, caro Goldenberg, deixa triste qualquer cidadão carioca ou brasileiro, já que expõe este (grande) problema que, na verdade, deveria ser parte da solução no que diz respeito aos aspectos referentes ao controle urbano do nosso Rio de Janeiro.

Mas vamos por partes.

A atitude da Guarda Municipal que você relatou não necessariamente pode ser caracterizada como roubo, já que existem resoluções municipais que desobrigam o agente público de, no momento da apreensão ou retenção da mercadoria (retenção, no caso da Guarda), conceder lacre ou algum auto ao dono dos produtos.

No entanto, essas resoluções foram feitas no intuito de facilitar questões logísticas e, sobretudo, garantir a segurança física dos agentes públicos e dos demais envolvidos nesse tipo de operação.

Imagine, por exemplo, um Guarda Municipal ter que preencher um Termo de Retenção de Mercadorias (TRM) em meio a uma correria dos diabos e a um quebra pau generalizado entre camelôs e autoridades no meio da Avenida Rio Branco. Praticamente impossível!

Contudo, a julgar pelo seu relato, não acredito que esse subterfúgio legal possa ser aplicado para justificar o proceder da Guarda Municipal no ocorrido deste domingo último. E é bem verdade que fica bastante evasiva essa configuração, de acordo com a lei, de quais seriam essas “facilidades logísticas” ou quais seriam “os riscos de segurança” envolvidos em cada situação. Enfim...(continuo).

Blog do Pian disse...

(Volto).O que o ambulante(ou comerciante) que tem suas mercadorias apreendidas ou retidas deve fazer é:

1) Ir a Inspetoria da Guarda Municipal responsável pela área em que teve sua mercadoria retida e procurar saber se seus produtos estão ainda em algum malote dentro das próprias instalações da Inspetoria. Caso ele vá logo depois do ocorrido, é bem provável que isso aconteça. Munido de suas identificações, bem como das notas fiscais dos produtos (o que nem sempre eles possuem), e relatando o que lhe foi retido (desde de que não sejam alimentos perecíveis ou artefatos piratas), ele poderá retirar sua mercadoria. (Lógico que muitas vezes – principalmente quando o TRM não é dado na hora – o relato dos produtos retidos não bate exatamente com o que está em poder da Guarda. Quisera eu, Edu e meus amigos, ser onipresente em todas as operações desse tipo e garantir que nada será extraviado. Infelizmente, por este ou outro motivo, isso acontece sim).

2) Caso suas mercadorias não estejam mais em posse da Guarda Municipal, é bem provável que estejam em algum depósito municipal. Os principais são em Bonsucesso (Av. dos Campeões, 295) ou no Rocha (Rua Esmeraldino Bandeira, 120). Mais uma vez, não são tão raros os casos de extravio de mercadorias. É realmente lamentável, mas acontece sim. Mas isso tem sido muito combatido pela atual gestão! (A corrupção e o desvio de conduta, infelizmente, acometem boa parte do funcionalismo público brasileiro, não dá para negar).

Quanto ao modo truculento que muitas vezes a Guarda Municipal se faz valer em seu cotidiano de controle urbano, realmente eu tenho que concordar com você que é uma nota muito triste nessa história toda.

Dou, contudo, minhas impressões acerca deste fenômeno.

Não tenho a intenção de justificar aqui o comportamento agressivo e arrogante da Guarda ou de qualquer outro órgão público. Porém, o que percebo, no caso da Guarda Municipal, é um reflexo – um troco, quem sabe – de todo o desrespeito que a grande maioria da população carioca tem para com esta instituição.

São homens e mulheres, Goldenberg, pais e mães de família, que constantemente têm a sua autoridade e legitimidade contestadas em cada esquina da cidade, seja por ricos, pobres ou (principalmente) pela histérica classe média carioca. É como se eles não valessem nada, como se fossem apenas funcionários que estão ali só para nos incomodar, para nos multar por puro prazer, para dar correria e prejuízo em camelôs e nada mais. E não é bem por aí.

Fora o fato de lutarem até hoje por uma estabilidade empregatícia que ainda não existe para eles. Espero que o prefeito Eduardo Paes (o qual reforço com todas as minhas forças botafoguenses o prazer de ser seu cupincha) possa, como prometeu em sua campanha, enfim conceder a tranqüilidade estatutária que a Guarda Municipal merece.

E é nesse imbróglio todo, nesse mote municipal de “Choque de Ordem” (expressão puramente midiática e marqueteira, que serve apenas para pontuar e marcar as principais iniciativas da atual gestão e que, com o tempo, corre o risco de ser banalizada e mal interpretada, justamente como aconteceu com o “Choque de Gestão”), que a Guarda Municipal encontra respaldo para – e essa é a minha opinião, talvez freudiana demais – descontar todo esse sentimento de indiferença e até raiva da sociedade para com ela. (Continuo).

Rodrigo Pian disse...

(Volto mais uma vez).Como eu disse, isso não justifica nada. Mas é mais ou menos isso que sinto diariamente em meu trabalho com eles. Acredito muito em uma Guarda Municipal eficiente, assertiva e proativa. E, por mais que ainda tenhamos muito o que fazer nesse sentido, acredito que estamos caminhando para isso sim. As críticas da população serão sempre um indicador extremamente útil para medir esse objetivo, não tenha dúvidas.

Pode ter certeza, Goldenberg, que trabalharei muito para a moralização das instituições de segurança pública do nosso Município e de nosso Estado. (Horrível esse discurso de “Candidato Caô Caô”, mas eu tenho sim, dentro de mim, essa imensa vontade).

Mas vamos aos seus pedidos:

Acredito que o que você julga ser impossível seja a identificação dos agentes públicos responsáveis pela retenção relatada por você. Impossível não é. Mas é, verdadeiramente, um pouco difícil para mim.

Explico-me. Fica complicado para mim porque faço parte da Subprefeitura da Zona Sul, não tendo participação no planejamento nem na execução de operações que não sejam nessa área. Juro que não estou tirando meu corpo fora. É realmente um pouco difícil para esse cupincha lambari que agora vos escreve. Além do mais porque, em dias de jogos no Maracanã, diversas outras Inspetorias da Guarda Municipal, que não necessariamente a da área, são convocadas para dar apoio, o que dificulta mais ainda a identificação dos envolvidos. É sempre bom nesses casos anotar o nome dos Guardas ou até anotar a placa de sua viatura, bem como registrar com precisão o horário e o local do ocorrido, exatamente como fizeste.

Outra: A operação pode ter sido comandada pelos agentes de controle urbano subordinada a SEOP (Secretaria Especial de Ordem Pública), do Secretário Rodrigo Betlhem, o que é coisa bem comum em dias de jogos no Maraca. Nesse caso, é bem provável que as mercadorias se encontrem em algum dos depósitos que mencionei acima.

Quanto ao seu convite a conhecer o pipoqueiro, queria te dizer que aceito na hora! Ainda mais depois dessas cervejas tijucanas que tanto causam inveja aos que apenas ficam sabendo na segunda-feira pelos blogs de vocês. (Eu juro que, se for convidado mesmo, eu mando eles te chamarem, Olga)!

Eu, por incrível que pareça, me dou muito bem com os ambulantes aqui da minha localidade, apesar de ter a ingrata missão de comandar operações de Choque de Ordem justamente na área onde moro.

Levanto os camelôs que me conhecem há mais de 15 anos, apreendo frutas do fruteiro em que minha mãe compra aqui no bairro, faço o acolhimento da população de rua que aqui mora e perambula há muito tempo, reboco o carro de vizinhos e conhecidos, desaproprio residências (condenadas pela defesa civil) de famílias cujos garotos eu jogava bola nas comunidades do Santo Amaro e Morro Azul e por aí vai.

Fosse eu truculento,autoritário e intransigente como pintam todos os funcionários da Prefeitura responsáveis pelo tão difamado (e tão necessário) Choque de Ordem, acredite meu amigo (posso te chamar assim?), eu já teria pago por isso. É como dizem os mais antigos no município, à la Muricy: “A rua pune”.

De resto, peço perdão por ter me alongado demais e dou meu imenso obrigado a quem a leitura tenha chegado até esse ponto.

Espero ter respondido a esse apelo aberto no mesmo nível com o qual fui interpelado e no mesmo nível que os freqüentadores do teu balcão merecem.

Forte abraço,

Pian

Zumbi da Sáude disse...

É meu fraterno! devemos nos perguntar sempre: "Choque de ordem?!" Pra quem?!

FELIPE DRUMOND disse...

O descaso e a autoridade e legitimidade dos guardas contestadas não são mais que puro reflexo de suas atuações truculentas e estapafúrdias.
A lógica é inversa ao que o nobre Pian sustentou (deixo aqui minhas homenagens a você, meu caro, que não conheço, por parecer de fato acreditar no que defende). Ao que me parece, a repulsa da sociedade pela guarda é consequência das ações truculentas, ilegais e autoritárias dos seus agentes, e não o inverso! Não é um ódio natural da população para com a GM sem que seja justificado pelo que a própria conduta do órgão gerou na população.
Conheço diversos municípios em que seus habitantes nutrem enorme respeito pelos agentes de suas guardas municipais. Acontece que nesses lugares geralmente os servidores municipais são educados e buscam zelar pela própria população E NÃO ATENDER MEROS INTERESSES PRÓPRIOS E GOVERNAMENTAIS POR MEIO DE ATOS QUE AGRIDEM FÍSICA, MORAL OU PATRIMONIALMENTE A POPULAÇÃO.
O exemplo que citei é emblemático. De fato não tenho nenhuma prova, mas já ouvi de, pelo menos, 4 diletos Procuradores do Município que a GM multa desenfreadamente porque o ex-prefeito Cesar Maia havia vinculado o pagamento de seus vencimentos à receita recebida pelo município em razão do pagamento de multas, o que é absolutamente inconstitucional e IMORAL.
Ao que me consta a atual administração não mudou nada disso. (...)

FELIPE DRUMOND disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
FELIPE DRUMOND disse...

(...) Pior não é apenas a ilegalidade, mas o vício que gera nos guardas, que sentem prazer em multar, ao invés de organizarem o trânsito, que é caótico e não tem qualquer melhoria por parte da GM.
Quem nunca viu guardas escondidos atrás de árvores esperando um dileto cidadão para fazer de vítima e multar?
Alguns podem responder que, independente de ela estar escondido ou não, se a infração foi cometida, a GM deveria mesmo multar. Na minha opinião, essa alegação ESTÁ ABSOLUTAMENTE ERRADA!
Os agentes da GM que são responsáveis pelo trânsito deveriam estar nas ruas para cuidar do trânsito, organizar das vias, alertar os motoristas e, só mesmo em caso extremo, aplicar multas.
Nesse aspecto a PM é muito melhor do que a guarda. Quem nunca viu um motorista parar rapidamente em um lugar proibido de estacionar e o guarda se esconder para multá-lo? Seria essa a atitude correta?
Para mim, é uma instituição corrompida e absolutamente imoral. Na situação por mim narrada, me parece que o agente público deveria estar em seu posto, se deixando ver claramente e alertar ao motorista de que tal lugar não pode parar, solicitando-o, em seguida, que tire seu automóvel de lá. Se não for atendido, aí sim, poderia e deveria multá-lo. Isso porque o importante é organizar o trânsito e não multar por prazer em penalizar os cidadãos.
Mas o que o prefeito canalha quer é isso mesmo? Ou seria fazer receita com as atitudes espúrias de seus capangas imorais travestidos de agentes públicos da GM?
Aqui se multa por multar, para angariar recursos. Aqui a GM para quase nada serve. Aqui a GM está do lado do prefeito, que, infelizmente, não está do lado da população. Aqui não há defesa que convença, por melhor que seja, que essa instituição preste. Aqui, vemos todos os dias na rua, a GM tem o tratamento repulsivo por parte da população exatamente pelo que plantou durante anos de atuação imoral, truculenta e duvidosa.
Por mais sinceras e honestas que me pareçam as declarações do nobre Pian (pessoa que se mostra absolutamente diferente da GM que defende), fica difícil aceitar as defesas dessa administração e principalmente dessa GM, que, na minha opinião, é como um mal que se alastra.
Abraços,
Felipe
Abraços

Rodrigo Pian disse...

Felipe,

Primeiramente, gostaria de agradecer suas palavras em relação a minha pessoa. (Esse buteco é bem frequentadíssimo)!

O que eu tinha a dizer em defesa da GM, já disse no meu longuíssimo post divido em trilogia.

Bom, com relação ao fato das multas serem revertidas em recursos para o pagamento da Guarda, confesso que desconheço. Não nego, nem afirmo. De coração, nunca tinha ouvido falar nisso. Até faz um certo sentido (infelizmente), mas realmente nunca soube de nada a respeito deste lance.

A GM não é um câncer, Felipe. Pode ser sim, uma instituição de segurança ainda não totalmente apta a lidar com o cotidiano urbano de uma cidade como a nossa. Ainda!!

Mas deixo evidente aqui o outro lado da moeda: a população carioca é, sem sombra de dúvidas, muito mal educada!

Exemplo rápido: diariamente, no aterro do flamengo, circulam cães (muitos de grande porte) sem a devida guia, o que é proibido de acordo com o Código de Posturas Municipais.

Fui testemunha ocular de tristes casos em que, abordados pela GM (de maneira educadíssima, Felipe), os donos desses cachorros (cidadãos de altíssimo nível, moradores da praia do Flamengo!) simplesmente só faltaram bater no Guarda! Um absurdo!! Falta de educação, falta de caráter!

E é esse tipo de iniciativa que dá respaldo aos jovens maconheiros do posto 9 a partirem pra cima dos Guardas Municipais quando pegos com seus baseados na praia! Um desrespeito de marca maior, Felipe! Isso não pode acontecer nunca! Nunca!

Mas enfim, é como eu disse: as críticas (construtivas, sempre) da população vão sempre servir como o principal indicador para medir a qualidade dos serviços prestados não só pela Guarda, como por qualquer órgão público.

(...)

Continuamos a bebericar no balcão...

AOS QUARENTA A MIL disse...

Eduardo,

o chamado "choque de ordem" é necessário, e isso independe dos "Eduardos". Poderia descrever para você apenas um trecho do Centro do Rio (Presidente Vargas nas proximidades da Faculdade Estácio de Sá) onde foi montado um corredor gastronômico, no qual a sujeira, a falta de ordem e a educação dos que vendem e dos que comem imperam. O que não está correto são justamente as nossas atitudes em fomentarmos o comércio irregular e principalmente dos que deveriam coibir de forma correta, honesta e profissional, orientando os ambulantes, qual a melhor maneira de se trabalhar sem precisar necessariamente bagunçar a cidade ao invés de reagir com deboche como fez a Guarda (que feio!). Ou de alguns ( eu disse alguns) policiais que na onda do bafômetro , cobram R$500,00 X R$957, 00 + apreensão da carteira + cadeia de acordo com teor alcoólico.

Acredito em cada detalhe da abordagem que você descreve e discordo totalmente das atitudes dos guardas. Acho também que o cidadão merece trabalhar, desde que todos, tanto as autoridades quanto os ambulantes façam sua parte como deve ser feita.

Minha mãe foi camelô na Praia de Botafogo, em frente ao Rajah por quinze anos e por todos estes anos briguei muito para que ela mudasse seu ponto para o Metrô ( Voluntários da Pátria) onde era permitido, com quiosques legalizados, etc... , mas teimosia de camelô meu querido , eu conheço de cabo a rabo .

Por isso penso que, se o objetivo do “Choque de ordem” é eleitoreiro, prefiro pensar na saúde de nossa cidade e como o senhor Rodrigo (aparentemente, pois na internet ninguém fala mal de si próprio) , pego uma carona para expressar minha vontade como cidadã. Já é alguma coisa.

Importante também é o discernimento entre reprimir um senhor de setenta anos vendendo uma cervejinha ao redor do Maraca de um Angolano ( é fato e não preconceito) que vende eletrônicos no Camelódromo da Uruguaiana ( de fachada) .



Nada a ver com voto.

Beijos.

FELIPE DRUMOND disse...

Não tenho dúvidas, Rodrigo, de que seu relato seja verídico. De fato há uma imensa população de mal educados, não apenas no Rio de Janeiro, mas em qualquer outra cidade, especialmente as grandes metrópoles.
A questão é que não podemos deixar de lembrar que a GM é composta por agentes públicos que têm uma função ligada à segurança pública, com fim de proteger os bens, serviços e instalações do município, conforme dispõe a CF em seu art. 144, § 8º. Daí decorre a conclusão de que, embora seja um absurdo o comportamento de muitos cariocas e/ ou turistas, os agentes da GM têm de estar treinados e acostumados a lidar com isso de maneira respeitosa.
A falta de educação de alguns cidadãos nunca poderá justificar o comportamento truculento da GM, especialmente quando se dá "a priori". O máximo que a lamentável falta de educação poderia gerar é uma ação mais incisiva por parte da GM especificamente NAQUELE caso para neutralizar a açao ilegal do cidadão que a cometer e se negar a agir corretamente.
Mas nossas principais críticas são quanto as atitudes da guarda em qualquer caso, "a priori" já truculentos. Além disso, as multas, que são aplicadas sem prévia orientação ou solicitação dos agentes de trânsito.
Quem trabalha num serviço público dessa natureza tem, necessariamente, Rodrigo, que ter uma postura absolutamente diferente.
Torço para que um dia nós possamos ter uma GM nos padrões normais e, pelo menos, aceitáveis.
Talvez, com mais pessoas como você na administração municipal, isso poderia se tornar realidade. Por ora, é um sonho muito distante.
Abraços,
Felipe.

Rodrigo Pian disse...

Distante mas não impossível, Felipe.

Pessoas como você e muitos dos frequentadores deste buteco também seriam de uma mais valia absurda para qualquer administração pública!

Desse jeito, ficaríamos cada vez mais próximos deste ideal hoje ainda tão longe. (Quem sabe, em 27457620237 anos, não chegaríamos perto de uma república platônica)?

(Se bem que esse seria um mundo bem chato).

Não podemos é ser descrentes. Nunca!

Forte abraço!!

AOS QUARENTA A MIL disse...

Ué Rodrigo , achei este teu ultimo comentário meio debochado, (como os guardas) entendi em seus textos que você e o seu Eduardo( o Paes) , querem o melhor para o Rio de Janeiro, agora em 2009 e não em 27457620237. Para isso o Choque de Ordem foi criado, ou não ?

Rodrigo Pian disse...

Monica,

Eu sou, de fato, extremamente debochado.

Porém, meu parâmetro temporal (27457620237 anos) diz respeito a constituição de uma república onde os seus integrantes (leia-se sociedade) façam parte - verdadeiramente - da coisa pública, tal qual o ideal platônico.

E isso, minha cara, isso realmente vai demorar.

Um grande abraço,

Pian

Gustavo Mehl disse...

Querer exigir (através de instrumentos repressivos e, via-de-regra, violentos) um certo grau de legalidade a quem nunca conheceu o apoio e o amparo do Estado é covardia. Da braba.

O tal "choque de ordem", para quem tem os benefícios da infra-estrutura do Estado a seu alcance, é super positivo, obviamente.

As pessoas têm que saber para quais interesses trabalham. Algumas não vêem com clareza. Outras não querem ver.

Szegeri disse...

Quando eu era criança, meu avô dizia que chato é aquele sujeito que quando você pergunta "como vai?" ele conta.