6.8.09

DESNORTES

Eu, (des)equilibrado entre o amigo efusivo com o êxito dos amigos e o fã empolgadíssimo com o arrebatador êxito do ídolos (compondo novamente juntos), já lhes mostrei, do novo CD de João Bosco, duas faixas, e as duas em parceria com Aldir Blanc: SONHO DE CARAMUJO (aqui) e NAVALHA (aqui).

Exponho no balcão, hoje, nessa manhã de quinta-feira, véspera da sexta-feira em que serão retomadas as atividades do PSOL no Buraco do Lume, a faixa DESNORTES, obra-prima (obra-prima, obra-prima!) de João Bosco e Francisco Bosco, herdeiro do talento do pai e do padrinho (Chico é afilhado de Aldir, assim como Leo Boechat é afilhado de Milton Nascimento e Helena Boechat é afilhada de Eduardo Goldenberg).

Cravada de citações que remetem à paisagem da minha mui amada e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, com referência e deferência à Caymmi, a canção, gravada em falsete pelo João (cantando como nunca, como nunca!), é forte, vigorosa e intensamente emocionante.


"Quando escurece e desce a lava
Sobre o morro Dois Irmãos
Brilha a montanha, cravejada
De uma estranha ilusão
No Corcovado, bóia o Cristo
Levitando contra o céu
Tudo é febril
Tudo quer ser
Tudo lateja

Todas as tardes, pouco antes
De se despedir o sol
O mar acende, prateado, quase glacial
Sou atraído pelo infinito, é doce, irmão, morrer no mar
Morrer no mar
Morrer no mar
Tenho vontade de esquecer de mim
E nesse instante me apagar
No branco sal do mar

Pela cidade erram almas
Procurando um coração
Tantos desejos travestindo
Sempre a mesma solidão
Em álcool forte
Em mil desnortes
Em sezão

Mas hoje em dia, a seu lado
Algo se aplacou em mim
Algo de novo, pouco a pouco
Pôde aparecer enfim
Tua beleza, tua intensa luz
Toda a alegria do teu corpo são
Que ao meu canto dizem “Nada foi
Em vão”"


Até.

3 comentários:

Marcelo Moutinho disse...

Linda canção.

Unknown disse...

Isso é o que eu chamo de letra de música!

Szegeri disse...

Honrando a tradição das grandes valsas brasileiras à qual, escancarada e deliciosamente, remete. Primor.