8.8.09

VÃO MORAR EM NY, PÔ!!!!!

O mundo anda, meus poucos mas fiéis leitores, difícil. Não bastassem todas as dificuldades (a desigualdade social, a fome e um infinito et cetera de problemas) temos ainda de conviver com um troço rigorosamente insuportável que vai minando, aos poucos e truculentamente, nossa vida mais comezinha, nossos hábitos, nosso modus vivendi, nossa cultura, nossas liberdades e nosso prazer, puro e simples prazer de estar vivo.

Os exemplos são muitos.

Estão acabando, em nome de uma europeização canalha, com o nosso futebol. A cerveja com os amigos antes dos jogos, cotovelo no balcão dos butecos ao redor dos estádios, não é mais possível. O Coiso (apud Fausto Wolff) não permite mais bebida alcóolica num raio de sei lá quantos metros nos arredores dos campos de futebol. Cerveja dentro do estádio, então, só com camelô (e salve nosso jeito carioca, salve nossa alma-garrincha que transforma o Coiso em João até o último segundo - leiam aqui).

Nossos butecos estão se tranformando em bares de grife, e tome lounge, e tome loft, e tome soft open, e tome soft drink, e lá se vão, aos poucos, nossas igrejas pagãs e seus altares-estufa, nossas moelas, nossos joelhos, nossos torremos e nosso espaço sagrado, nossa concha marinha onde todas as vozes brasileiras ecoam, e salve Nelson Rodrigues.

Daí, e eu lhes disse que os exemplos são muitos, eu poderia aqui ficar escrevendo até cansar, deparo-me com essa notinha fétida no jornal O GLOBO de hoje, na coluna GENTE BOA - onde mais?

notga publicada na coluna GENTE BOA de O GLOBO de 08 de agosto de 2009

Por que? - eu me pergunto - a incomodada não vai morar em NY? Por que, meu Deus, por que, não é dado ao homem o direito de ganhar sua vida tocando seu instrumento no meio da rua? - que é do povo, a rua é do povo! O que é que temos a ver com as regras e leis da cidade de Nova York? Por que é que dão voz a uma leitora (elevada à categoria de colunista) tão - como dizer? - picuinha?

Pra dor de cabeça da dita cuja, dois remédios: Neosaldina ou uma passagem RJxNY. A primeira solução é infinitamente mais barata mas não garante o sossego do músico da Bartolomeu Mitre. A segunda, a segunda!

Deixem-nos em paz, pô!

Até.

ps: o BUTECO DO EDU está no TWITTER, aqui!

14 comentários:

Eduardo Carvalho disse...

Mais uma vez, uma "pérola" nojenta desse que, além de fascista, é - em todos os sentidos - o pior espaço da (salvo exceções, raríssimas!) "imprensa brasileira".
Um câncer, por assim dizer; a direita, a direita, a direita!
Não passarão!
Abs.

Marcelo Peixoto disse...

Deve ser uma dessas pessoas que desfilam com apetrechos "I love NY".

AOS QUARENTA A MIL disse...

Tenho amigos sambistas que se apresentam a anos nas ruas de NY e nunca fizeram teste nenhum. Que balela! Artistas de rua apenas. Simples e básico. Palhaçada!!!!!

Rodrigo disse...

Edu, me lembrei do livro do Aldir - Rua dos Artistas. É pra acabar, isso ai. Um nojo, um nojo. A rua é do povo, a rua é de quem passa. Se o jornal vê o que o pessoal toca aqui na praça da sé então, vão se matar!!!!

abraço

Rodrigo Pian disse...

Pra mim, o pior de tudo é elogiar o saxofonista do Metrô da Carioca.

Como toca mal aquele sujeito!

Mas realmente esse lance de teste é uma babaquice.

Eduardo Goldenberg disse...

Não, Pian: o pior de TUDO, mesmo, é elogiar a Prefeitura do Rio de Janeiro, sua Guarda Municipal e seu modus operandi. Um abraço.

caíque disse...

meu camarada, como dizia um conhecido artista plástico (arte faz parte do meu modus vivendi): "a arte não escolhe as suas vítimas". e é o seguinte: em nípsilon os artistas não passam por teste porra nenhuma. essa patricinha não conhece nada de nípsilon nem de arte. assim como o babaquara que escreve(?????) aquela coluna (??????)
saudações rubronegras daqui de niquíti.
caíque.

Rodrigo Pian disse...

Ah, Goldenberg!

Para de ser rabugento!

Vou fazer de tudo para que um dia você também elogie a Prefeitura!

Um abração.

Pian

Eduardo Goldenberg disse...

Pian: rabugice não, meu caro. Ontem, domingo, dia de minha feira, não pude parar meu carro onde sempre paro (sempre sem atrapalhar ninguém!) porque guardas municipais, de moto, estavam multando TODOS os carros que SEMPRE param por ali... Troço nojento.

Rodrigo Pian disse...

Goldenberg,

É aquele negócio: não é questão de parar o carro sem atrapalhar ninguém, e sim parar o carro sem ferir a legislação de trânsito e o código de posturas municipais.

Acredito que seja esse seu procedimento sempre.

E sei também que muitas vezes o bom senso das autoridades não é lá muito apurado.

Existem, realmente, algumas situações em que tudo pode ser resolvido com uma boa percepção da coisa (com empatia, e não simpatia) e não com o cumprimento contumaz da lei, o que, ocasionalmente, esbarra em algum tipo de exagero. (Aprendi essa com o Andreazza).

O que não podemos, nunca!, é confundir bom senso com "jeitinho", essa mania nojenta brasileira.

Um forte abraço.

(A feira era na tijuca)?

Eduardo Goldenberg disse...

Pian:

01) postura deveria ter quem comanda o município;

02) o bom senso das autoridades NUNCA é apurado;

03) o que você chama de "mania nojenta brasileira" é a mesma coisa contra a qual seu prefeito reclamou em entrevista à VEJA, não é?, sobre os cariocas... Por que candidatou-se aqui e não em Miami? Deixem-nos em paz! O brasileiro sem o jeitinho não é o brasileiro;

04) e é evidente que a feira era na Tijuca. Onde mais, se eu estava lá?

Um abraço.

Rodrigo Pian disse...

Goldenberg,

A linha que divide a aplicação do bom senso e o "jeitinho" é muito tênue.

Concordo com você que não existe brasileiro sem "jeitinho". O carioca, então, é rei desta modalidade.

O problema é que o "jeitinho", praticado em demasia e desacompanhado do bom senso (que, apesar de raro, existe sim dentro de muitas autoridades) acaba tendo implicações e consequências que, invariavelmente, nos levam a um conflito complicado.

Pode acabar, por exemplo, nos levando até o famoso "sabe com quem está falando?" (que é uma consequência escrotérrima do "jeitinho"), bem como dificultando mais ainda a noção do que é legal e o do que não é.

Tinha certeza que a feira era na tijuca. Perguntei apenas porque já orientei a GM aqui da minha área a ter um pouco mais de flexibilidade (um eufemismo para o "jeitinho") em situações como feiras, eventos ao ar livre, etc.

Abraço (ainda, apesar de tudo) botafoguense,

Pian

alexandre disse...

"Odio eterno ao futebol moderno!!!
Sempre assisto as partidas do moleque travesso da rua javari.poís sou morador da Mooca ÔÔô mêu!!!
e se a amici Eduardo permitir deixo aqui um link sobre a partida do ultimo sabado. Jogaram Juventus da Mooca e Palmeiras B.

http://forzapalestra.blogspot.com/2009/08/javari-onde-vive-o-futebol.html

vale a visita.
saudações Palestrinas a todos.

Márcia Fernandes disse...

Cariocas, uni-vos!Em São Paulo não se pode tocar em lugar algum que tiver marquise, e como SEMPRE chove (ênfase Szegeriana), já viu... não dá pra ir à feira de carro porque NÃO TEM onde estacionar, no buteco NÃO PODE fumar e se beber acha-se logo um comando pela frente pra te multar.
Ah, e avisem pra essa patricinha colonizada que a gente pode sugerir que a Ordem dos Músicos fiscalize os músicos que tocam na rua, eles ainda não pensaram nisso...