Costumo dizer, e digo sem medo do erro, que não há advogado mais apaixonado pela profissão que eu. Desde que ingressei na PUC/RJ em meados de 1987, NUNCA (com a ênfase szegeriana) quis fazer concurso algum, NUNCA (com a mesma ênfase) almejei ser Juiz, Promotor de Justiça, Procurador, Defensor Público, nada disso. Sempre quis, desde sempre, ser advogado, simplesmente advogado, nada mais que um simples e honesto advogado.
Hoje, eu que trabalho literalmente sozinho (sou contínuo de mim mesmo, inclusive, como diria Nelson Rodrigues), arrumando uma papelada que fica sempre pra depois em razão dos atropelos do dia-a-dia, deparei-me com essa nota, que foi publicada no jornal O GLOBO, em 22 de outubro de 2003, há pouco mais de seis anos.
Fui eu o advogado do Dalton.Hoje, eu que trabalho literalmente sozinho (sou contínuo de mim mesmo, inclusive, como diria Nelson Rodrigues), arrumando uma papelada que fica sempre pra depois em razão dos atropelos do dia-a-dia, deparei-me com essa nota, que foi publicada no jornal O GLOBO, em 22 de outubro de 2003, há pouco mais de seis anos.
E se a questão foi simples, e resolvida no mesmo dia, foi também uma dessas que dão a nós, que lidamos com o Direito, uma tremenda satisfação - e no meu caso, apaixonado pelo que faço, ainda maior.
Lembro-me como se fosse hoje.
Comprei uma mesa de oito lugares para o show da Maria Rita. Dei a quem de direito os ingressos. O Dalton, que fora roubado, ficou sem o dele na manhã do dia do show. Fui eu mesmo, com ele, depois de infrutíferas ligações para a gerência da casa, ao CANECÃO, comunicar pessoalmente o fato e pedir o óbvio: que permitissem sua entrada em razão da fácil localização de seu lugar à mesa e, consequentemente, a proibição da entrada do portador do ingresso roubado.
Disse-me a atendente, com ares de dona do mundo, depois de esgotados meus argumentos e meus pedidos:
- Aqui, senhor, nem o Papa entra sem ingresso! Nem o Papa!
Enfurecido - e a ira santa é uma das companheiras ideais para um causídico - fui para o escritório com o Dalton. Colhi sua assinatura na procuração. Dirigi-me ao IV Juizado Especial Cível, distribui a medida liminar e despachei, pessoalmente, com a Juíza. Contei, de viva-voz, detalhadamente o que se passara. Ela, ciosa de seu dever, mandou chamar o Oficial de Justiça. Contou toda a história pra ele. E rumamos, eu e o Oficial de Justiça, para o CANECÃO, com a liminar obrigando a casa de espetáculos a permitir o ingresso do Dalton sob pena de pagamento de pesada multa.
Fiz questão de apontar a dona do mundo para o Oficial de Justiça.
Eis a frase da senhora diante da ordem judicial:
- Mas, doutor Eduardo... precisava disso?
Até.
5 comentários:
Sensacional, Edu!
Pois é. E ainda ter que ouvir essa: "Precisava disso?"
O que mais fascina no direito, na minha opinião leiga, é a filosofia do direito. É por isso que, quando me deparo com gente defendendo Estado de Direito, sem ter a menor idéia do que possa ser isso, fico maluco de raiva!
Abraço!
Ótima história, Edu! Melhor mesmo só se o ladrão fosse ao show! Beijo.
Me amarrei, Goldenberg.
Agora, essa notinha tá cheirando a GENTE FINA...não tá não?
Grande abraço!
R.Pian
Pian: a nota foi publicada noutra coluna, do Ancelmo Góes. Um abraço.
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