5.11.09

MULHERES NO ESTÁDIO DE FUTEBOL

Quando eu fui chamado de "polemista" e de "dissidente de si mesmo" fiquei pensando com meus botões (que andam esgarçados por conta da barriga indecente que carrego) se aquilo era fato ou apenas uma provocação. Não sei até hoje, confesso a vocês, meus poucos mas fiéis leitores. Quero crer que as supostas polêmicas que crio são fruto apenas da exposição pública das minhas idéias aqui neste humílimo balcão. Toda e qualquer questão que venha à baila - toda! - é geradora de discussões, de divergências, de controvérsias, e aí vem o rótulo (muito justo, aliás, acabei de chegar a essa conclusão) da polêmica. Sou, pois, um polemista. Pronto. Vamos em frente.

Polemizo porque digo o que penso, polemizo porque aponto o dedo (não o acusador no sentido mais sórdido da palavra) em direção ao que acho errado, fazendo do dedo o apontador das posturas que destroem o que me é mais caro, e sobre isso já disse tudo, ontem, meu mano Luiz Antonio Simas (aqui). Acho fundamental esse troço. Travo com o mesmo Simas, com quem tive a honra e a graça de cruzar por conta desse fabuloso mundo virtual (vejam aqui como e quando travei o primeiro contato com o bardo da Tijuca, em 18 de agosto de 2006), discussões acaloradas sobre essa minha postura, que ele condena (ele tem razão, ele tem razão...) por achá-la semelhante ao gesto de acender muita vela pra pouco defunto.

Foi assim quando critiquei o jornal O GLOBO por entrevistar um colecionador de bonecas (que terminou indo à Justiça em busca de indenização, sem êxito), foi assim quando comecei a apontar meu dedo em direção aos fascistas que criaram o GRUPO GRANDE TIJUCA, que pisoteia, estupra e cospe na cara do bairro onde nasci e fui criado, foi assim quando critiquei o colaborador do GUIA RIO BOTEQUIM que batalhou pela exclusão do BIP BIP, um buteco que JAMAIS (com a ênfase szegeriana) poderia ficar de fora do guia, fosse qual fosse o argumento (e o que foi dado foi pífio).

Vai daí que eu acho, mesmo, fundamental que se faça o contraponto. Se isso se dá por conta de Ogum, que me rege, se isso se dá por força do hábito do contraditório (ou teria preferido outra profissão que não a de advogado), se isso se dá pelo simples fato de que sou mesmo um polemista, não sei, confesso que não sei. Mas acho salutar que haja alguém acendendo velas no escuro para que a cara desses elementos, a quem o Simas chama de "pouco defunto", venha à tona. Se tem um troço do qual me orgulho é o fato de não me faltar coragem para dar nome aos bois. E lamento profundamente que esses mesmos elementos se valham, depois, de expedientes covardes (nunca não dão nome aos "bois" que os incomodam) para o que talvez eles chamem de réplica. Vamos aos exemplos (eis-me aqui, de novo, com o dedo em direção a eles).

O sr. Fabrício Longo, o que foi à Justiça em busca de indenização por conta da minha crítica ao jornal que o entrevistou, relembrem o imbróglio aqui), recentemente escreveu o seguinte (ele tinha um blog que foi oló mas inaugurou outro), quando comentava sobre a parada gay realizada no domingo passado, em Copacabana:

"Choveu do início ao fim, mas isso não desanimou o povo. Hoje, veio a coroação. Apesar de ainda ser um título discutível, as preces do meu homofóbico detrator virtual não deram em nada (Deus devia ter mais o que fazer...), e o Rio foi escolhido como o melhor destino gay do mundo. Isso é ótimo para a cidade olímpica, pois mesmo que ainda estejamos longe do ideal, é mais um estímulo para chegar lá (o melhor destino americano é Nova York, and boy, we will be together again!)."

Covarde (não diz meu nome), ele precisa saber que é grave o que diz sobre mim: não sou homofóbico, não detratei ninguém e a prestação jurisdicional que lhe foi entregue deveria ter sido suficiente para o arquivamento definitivo de suas pretensões.

Tem mais.

A sra. Samila Soares, membro do GRUPO GRANDE TIJUCA - e a quem também não conheço -, também de forma covarde (não diz meu nome nem o das pessoas as quais se refere), à moda do que fez o sr. Fabrício Longo, escreveu o seguinte (não corrigi, evidentemente, o que a referida senhora publicou, pontuação, nada):

"Passeando pela internet encontrei várias chamadas a nosso respeito, melhor dizendo referentes ao Grupo Grande Tijuca. Descobri também que algumas pessoas usam nossas postagens, quase que diariamente, como base para seus assuntos chulos, e de pouco recheio para junto, com seus seguidores, terem o que comentar. Ficaria até lisonjeada se os tais parasitas não fossem pessoas tão sem brilho e tão sentido. Enfim, cada louco com sua mania!!!"

Ela, então, age de forma ainda mais grave. Nem digo sobre o fato dela achar que os assuntos aqui tratados são chulos. Aqui eu trato da cidade do Rio de Janeiro, das nossas mais caras tradições, e ninguém é obrigado a gostar disso, por óbvio. Mas sim pelo fato de que fomos chamados (sem um único nome declinado), e eu digo nós porque falo de mim e dos leitores que fazem seus comentários aqui no BUTECO, de "parasitas". PARASITA, segundo Houaiss, é:

"adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino
1 Rubrica: biologia.
diz-se de ou organismo que vive de e em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano
2 Uso: pejorativo.
diz-se de ou indivíduo que vive à custa alheia por pura exploração ou preguiça
3 Rubrica: medicina.
diz-se de gêmeo que tira seu sustento de outro quase normal"


Como diria meu eterno e saudoso Governador Leonel de Moura Brizola, francamente...

Quem é que vive na cidade do Rio de Janeiro e, não raro, causa-lhe dano?!

Peço perdão, publicamente, a meu mano Luiz Antonio Simas. Mas não é possível o silêncio diante disso.

Até.

P.S.: o título do texto ficou MULHERES NO ESTÁDIO DE FUTEBOL porque eu sentei-me aqui, diante do computador, disposto a escrever sobre o assunto, do qual tratarei amanhã. Sabe-se lá por qual razão, mudei o curso do trem.

18 comentários:

Beatriz Fontes disse...

Edu: Você é um polemista. Entre diversas outras coisas, você é um polemista. E eu acho isso ótimo, sinceramente. O mundo precisa de pessoas assim, que exponham suas ideias e proponham debates. Ok, você também é um hiperbólico... E isso às vezes é bom, porque torna a leitura mais saborosa, mas também pode ser ruim, porque torna a crítica mais ácida e, para o criticado, muitas vezes não resta opção que não devolver a agressão. Só que, em geral, o povo acaba perdendo a mão. Na verdade, tenho por tese que a maior parte das pessoas que habitam a internet não sabem ler. É fácil perceber que escrevem mal, mas o fato é que não sabem ler... Porque, se soubessem, talvez não se ofendessem tanto.

Eduardo Goldenberg disse...

Não são as que habitam a internet, apenas. É geral. Infelizmente. Um abraço.

NADJA GROSSO disse...

Os polemistas do Brasil de hoje são, de certa maneira, egoístas, uma vez que colocam suas opiniões como verdades fundamentais e buscam impor esta aos seus leitores. Por outro lado, POLEMISTA como você pessoa linda por dentro, não deixa de ser importante na formação de opinião, pois diz o que pensa, às vezes com tanta veemência. Que exterioriza os sentimentos e pensamentos com ardor e entusiasmo, que nos convence com eficácia dos fatos.

Eduardo Goldenberg disse...

Tia Nadja: obrigado. Fiquei especialmente comovido com sua franqueza. "(...) pessoa linda por dentro (...)". Ninguém sabe mais que eu o quanto sou feio por fora! Um beijo grande.

Vanessa Dantas disse...

Edu!

Já disse em outra oportunidade e repito: você é um chato de galochas! Ok, ok... um chato adorável e coerente. Pois bem, fiquei curiosa com o texto MULHERES NO ESTÁDIO DE FUTEBOL. Por questões óbvias, aguardo ansiosamente! Escreva, escreva!

Fiz menção no meu blog do brilhante texto que você escreveu para o site da Copa 2014. Tá lá, recomendadíssimo!

beijo grande.

Eduardo Goldenberg disse...

Vanessa: ótimo! Obrigado pela indicação do texto mas principalmente por somar-se ao coro da tia Nadja, que posso ouvir daqui! Não bastasse ter sido chamado de feio, agora sou tachado de chato. Vai bem, a coisa! Beijo.

Unknown disse...

Querido: alguém já falou sobre a tua barriga de chope?

Eduardo Goldenberg disse...

Bruno: tirando minha mulher, papai e mamãe, meus irmãos, minhas cunhadas, vovó, a empregada lá de casa, minha sogra, minhas sobrinhas e meus sobrinhos, meus afilhados e minha afilhadas, os porteiros de meu prédio e do prédio no qual trabalho, minhas vizinhas e vizinhos, meus amigos, minhas amigas e meus desafetos, meus compadres e minhas comadres, meus chapas de buteco, os garçons que me atendem, os taxistas que me servem, a agente de imigração nos EUA, recentemente, todos, tirando rigorosamente todos esses, eu acho que não, querido. Ninguém nunca falou da minha barriga. Beijo.

Luiz Antonio Simas disse...

EDU, apesar da tua imensa barriga de chope, eu também te acho lindo por dentro. Admito que têm uns defuntos fodas de aturar...

Eduardo Goldenberg disse...

Pô, Luiz Antonio, assim você me quebra. Você já me viu por dentro, querido?! Vela pros defuntos, vela! Vela! Beijo, mano!

Vanessa Dantas disse...

Parem as máquinas! Essa tua resposta pro Bruno foi lida por mim, em voz alta, aqui na agência... Gargalhamos todos, Edu! Agora voltemos ao trabalho árduo, enquanto o chefe não chega e nos carrega pro Bar Léo... Beijo.

Eduardo Goldenberg disse...

Obrigado, Vanessa: aproveitando pra corrigir um plural que ficou faltando, vou tentar ser mais preciso...

Tirando minha mulher, papai e mamãe, meus irmãos, minhas cunhadas, vovó, a empregada lá de casa, minha sogra, minhas sobrinhas e meus sobrinhos, meus afilhados e minhas afilhadas, os porteiros de meu prédio e do prédio no qual trabalho, minhas vizinhas e vizinhos, meus amigos, minhas amigas e meus desafetos, meus compadres e minhas comadres, os espíritos que me guiam e me orientam, meus chapas de buteco, os garçons que me atendem, os taxistas que me servem, a agente de imigração nos EUA, recentemente, todos, tirando rigorosamente todos esses, eu acho que não, querida Vanessa. Ninguém nunca falou da minha barriga. Beijo

Blog do Ernestão disse...

Edu
Realmente tenho que engrossar o coro dos seus muitos, mas fiéis leitores. Polêmico você é ! Não te conheço pessoalmente e espero conhecê-lo muito em breve, mas acho que te conheço muito. Seus textos ácidos, polêmicos e ao mesmo tempo ternos, juntamente creio eu, com o seu "modo" de ver, enxergar e se indignar são seus diferenciais. Continue assim. hoje em dia são poucos, mas muito poucos (com ênfase szegeriana...), que dão a cara limpa pra bater, e o melhor ainda, sem se deixar abater !

Grande abraço

Ernestão
(também barrigudo !)
P.S.: Desculpe pela ênfase, sei que a expressão é sua.

Reynaldo Carvalho disse...

Você é um polemista que suscita polêmicas; já o caetano veloso (com minúsculas, você viu o que ele falou do Lula para o estado de são paulo, também com minúsculas?)é um polemista ASQUEROSO (com maiúsculas e ênfase szegeriana ao cubo). Abraços.
JRSC

Eduardo Goldenberg disse...

Vi, sim, José. Como se não bastasse a quantidade de besteiras que havia dito, semana passada, sobre o Woody Allen. Esse cidadão vale-se, há anos, dessa estratégia suja. Quando some da mídia, dá esses chiliques. Culpa da imprensa de merda que o trata como se ele fosse um filófoso. Forte abraço.

NADJA GROSSO disse...

Edu
Pena que você não alcançou o conteudo de minha mensagem, querido não adianta ser lindo por fora beleza fisica não quer dizer nada absulutamente nada. Dizia minha mãe querida sempre como um alerta para nós a pior pobreza é a do espirito são pessoas vazias que não levam a nada, porem filha as pessoas que tem um interior lindo, lindo, bonito por dentro (coração, sentimento, sensibilidade, carater, moral, amizade sincera, personalidade marcante) são pessoas lindas e ricas por dentro. Deu para entender? São coicas de decadas muitas decadas atrás, hoje as interpretações são outras e os sentimentos também. Você é lindo por dentro. Eu te amo e a Dani também. Beijos no coração.

Eduardo Goldenberg disse...

Entendi sim, tia Nadja, eu estava só brincando, pra variar um bocado. Um beijo enorme desse seu sobrinho emprestado, neto de Luiz Grosso e irmão de Luiz Antonio.

Márcia Fernandes disse...

Comecei a ler o Buteco do Edu porque o nome me chamou a atenção.E depois, ao ler citações e declarações de amor incondicional ao Szegeri, aí é que eu fiquei mesmo. Leitora assídua.Também já me chamaram, digamos, acusaram(!?) de polemista. Mas gostei de uma qualificação que recebí de uma amiga: Eu sou diretora do Serviço de Hostilidade Pública.
Opinar, criticar, apontar as destruições constantes dessa classe média imbecilizada e que veio ao mundo apenas para consumir, essa horda, essa, como dizia meu pai: -essa canalha!- é mais do que urgente, necessário, IMPRESCINDÍVEL (ênfase dele). E não me importa que vc esteja falando da Tijuca, bairro que eu mal conheço, pois sou paulista e infelizmente tenho ido muito pouco ao Rio. Meu tio era quem me levava pra conhecer esse Rio aí, que você conhece tão bem. Agora ele já não consegue, está velhinho.Mas me ensinou a reconhecer a universalidade. Quando leio "Tijuca", "Buteco", vejo o Bixiga, a velha Vila Madalena de tempos atrás, a Moóca, o Butiquim da Estação, coisas do mundo, meu nêgo. Continue, com ou sem barriga!