3.12.09

DO DOSADOR

* recentemente publiquei o texto MULHERES NO ESTÁDIO DE FUTEBOL (aqui) e foi uma senhora grita. Até o presente momento, 22 comentários, dezenas de e-mails e até a suspeita de uma carta psicografada pelo espírito da feminista norte-americana Betty Friedan, morta em 2006, me ofendendo de uma forma bastante deselegante. Pois quero hoje, já com meu ingresso para o jogo de domingo nas mãos, repetir o que eu disse e com uma ênfase ainda maior, szegeriana, como só o homem da barba amazônica sabe imprimir. As mulheres hoje são (também) agudamente responsáveis pela afrescalhada abjeta do estádio de futebol, e refiro-me aqui, especificamente, ao estádio do Maracanã, palco sacrossanto de tantas glórias e tragédias. Acompanhem meu raciocínio: o Maracanã (e sempre que eu disser Maracanã estarei dizendo, também, o nome de cada um dos estádios de futebol espalhados por esse Brasil cada vez mais anti-Brasil graças à ingerência dos que destroem nossas mais caras tradições) encolheu por conta das exigências da FIFA, essa puta velha que cafetiniza o esporte bretão. Tínhamos, ali, lugar (e lugares que somente o povo poderia criar, como o vão mágico entre os degraus das arquibancadas, o teto, a geral, o fosso etc) para mais de 200.000 torcedores. Hoje, britanicamente, cabem não mais de 80.000, 90.000 pessoas. Os ingressos, sempre a preços módicos, hoje subiram de forma planejada com o intuito de afastar o povo, o mais humilde povo, do estádio de futebol. Acabaram com a geral, que teve seu piso elevado no governo de meu saudoso e eterno governador Leonel de Moura Brizola, um homem que sempre tratou o povo com dignidade. A imprensa (e o próprio placar eletrônico do Maracanã incentiva tal prática) inventa musiquinhas imbecis para que a patuléia cante durante o jogo, e a torcida do Flamengo (cada vez mais a anti-torcida do Flamengo) não entoa mais o mais bonito grito de guerra rubro-negro, "Oh, meu Mengão, eu gosto de você! Quero cantar ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro...", ficando rouca cantando versões estapafúrdias de canções, por exemplo, dos Mamonas Assassinas (acho péssimo que a torcida cante, em festa, uma canção que se tornou fúnebre por conta do acidente aéreo que livrou a música brasileira do conjunto da Brasília amarela). A cerveja foi banida do Maracanã, como parte do planejamento imposto pela puta velha e pelos governantes cariocas. E o que veio como conseqüência do encolhimento do estádio, do maior conforto (quem quer conforto em dia de jogo, pô?!) para o torcedor, do reajuste do valor dos ingressos, do fim da geral, da onda de novas canções entoadas pela torcida, da criação dessa excrescência chamada mosaico, do fim da cerveja no estádio? A proliferação condenável de mulheres no Maracanã. Digo e repito: tirando uma Betinha, uma Candinha, uma Lelê Peitos - todas rubro-negras capazes de discutir futebol com qualquer crioulão do cais do porto -, todas as mulheres deveriam ter sua entrada rigorosamente vetada antes mesmo do grande perímetro do Maracanã (como faz a Guarda Municipal com o pobre torcedor que chega bebendo sua latinha de cerveja). Há tantas opções... Vão ao cinema, mulheres, ao teatro, vão almoçar no restaurante da Roberta Sudbrack, vão passear na Lagoa para verem a árvore de Natal que será inaugurada em breve! Deixem o Maracanã para quem sabe o quanto vale cada grama do concreto que sustenta o gigante;

* grande frase de meu parceiro Dudu Sarmento sobre essa mania ridícula dos mosaicos no estádio de futebol: o torcedor só consegue participar dessa babaquice de ficar levantando plaquinha de mosaico porque não tem as mãos ocupadas, uma pela latinha de cerveja e a outra pelo radinho de pilha. Craque!;

* grande frase de meu irmão Luiz Antônio Simas sobre a chamada e propalada inclusão digital: inclusão digital, no meu tempo, era o mesmo que exame de próstata. Craque!;

* quero repetir o que lhes disse ontem. O jornalista Janir Junior, de O DIA, livre das amarras da imparcialidade que o jornal impõe graças ao TWITTER, vem dando um verdadeiro show de cobertura nessa reta final do Campeonato Brasileiro. Direto da Granja Comary, onde está concentrado o time do Flamengo, o Janir vem sendo os olhos e o coração de cada rubro-negro que o segue no troço. Siga-o, aqui;

* sobre o Fluminense: não estou entendendo, sinceramente, esse papinho de tricolor chegar no bar batendo no peito com um ufanismo que soa patético. Orgulho e felicidade por conta de quê?! Ontem, apesar dos 3 a 0 (e o quarto gol não veio por conta de uma palhaçada inconcebível do atacante Fred), o Fluminense perdeu mais uma final para a LDU. Domingo, lutará desesperadamente contra o rebaixamento, enfrentando o Coritiba no Couto Pereira. Daqui a pouco vão querer convencer a todos que bom mesmo é padecer no pé da tabela. Façam-me o favor!;

* sobre o Botafogo: não acreditei no papo de que o time recusou premiação em caso de vitória domingo, contra o Palmeiras - "é nossa obrigação", teria dito algum jogador. Ontem, durante um papo no AL-FÁRÁBI, o Dudu Sarmento, a quem fiz menção acima, disse que tem assistido aos jogos de olhos grudados na estrela solitária da camisa por absoluta impossibilidade de assistir aos jogadores em campo, nada capazes de entender a grandeza do clube. O jogo é no Engenhão, contra o Palmeiras, e eu aposto minhas fichas no Botafogo;

* também não acredito nessa conversa-mole de que o Grêmio vai entregar o jogo. Só babacas olímpicos podem acreditar nisso. E dá-me uma tremenda raiva ver que a anti-torcida do Flamengo ensaia, pela grande rede, gritar "vamos, Flagrêmio" no domingo. Todo cuidado é pouco. Falta pouco, mas 90 minutos de bola rolando são muita coisa.

Até.

13 comentários:

Marcelo Moutinho disse...

Flamenguista falando em ufanismo patético? Fala sério, Edu. Ufanismo patético é a marca da torcida do Flamengo, com suas paranoias de nação, de maioria absoluta. O que há, entre os tricolores, é o sentimento de orgulho pela reação de um time que, apesar de todos os probelmas que aconteceram este ano, está honrando a camisa que veste. E um grande amor pelo clube. Acho que não é difícil entender. Mas concordo com vc quanto à besteira abissal que o Fred fez.

Eduardo Goldenberg disse...

Esse ufanismo patético, Moutinho, a que me refiro, vem apenas da anti-torcida do Flamengo. Quanto à maioria absoluta, me parece incontestável. Somos, por isso, uma Nação sem fronteiras, até porque mesmo jogando em Tóquio, em Quito, na lua, jogamos em casa. Abração!

Juliano disse...

Concordo contigo, há tempos já venho falando dessa palhaçada de futebol ser programa também para mulher.
Um abraço.

Wander Costa disse...

O Fluminense perdeu uma grande chance de entrar para a história como uma das maiores viradas em finais, tal como meu Vasco contra o Palmeiras.
Minha opinião: jogou mal, contra um adversário fraco fora da altitude e com um jogador a menos desde os 20 minutos de jogo.
Os "novos" flamenguistas são, também em minha opinião, muito nojentos. Colocam camisa somente quando o time ganha, não conhecem o jogo futebol e se interessam pelas estatísticas do jogo para qualquer argumentação. Podem ser encontrados em botecos de grife com banheiro limpo, comendo frango a passarinho de garfo e faca e falando de cerveja como quem fala de vinho.
Agora, a maior babaquice de todas é o Grêmio (ou qualquer torcedor) ter a pretensão de achar que, com o retrospecto de apenas uma vitória como visitante, depende dele a sorte do Flamengo e, conseqüentemente, de todo o campeonato.
Inté.

Unknown disse...

Sobre a estapafúrdia chance de o Grêmio "entregar" o jogo no domingo, só tenho a dizer o seguinte: já vi, nos campos de várzea, muito time entrar em campo para entregar o jogo, ou seja, para perder desbragadamente, e mesmo assim sair com um empate nas costas, dada a incompetência do adversário. O seu alerta é válido: todo cuidado é pouco e o Flamengo ainda não ganhou nada. Restam 90 minutos para enfiar uma bola na rede. Só 90 minutos.

Blog do Ernestão disse...

Grande Edu !

Só pra polemizar!(rsrs...)

O filho de um dos maiores jogadores que ví jogar que é o Zico. Figura quase unânime nesta que tenho que concordar, NAÇÃO RUBRO NEGRA, torce pro meu Guarani. E aqui em Campinas é motivo de orgulho tê-lo como torcedor.

Grande abraço !

Ernesto

Eduardo disse...

O time do Botafogo de hoje é formado por uma cambada de vagabundos. Não quero me apegar ao passado, mas tenho curiosidade para saber qual seria a reação de um João Saldanha ao encontrar um Lúcio Flávio da vida –e o Botafogo hoje está cheio deles– pela frente.

Abraço.
Dudu.

Felipe Millem disse...

Edu,
Com ingressos prá lá de R$70,00, camisas oficiais por proibitivos R$150,00, fim da geral, vedação do consumo de bebida alcoólica, jogo da família, fair play, mosaicos... estamos presenciando uma verdadeira destruição do futebol como esporte de massas no Brasil. Querem transformá-lo em um cricket sem martelo!
A continuar neste caminho, em pouco tempo, nos estádios somente será permitida a entrada de quem estiver vestindo fraque.
Lamentável!
Um fraterno abraço!

Hans disse...

Sobre o Fluminense Edu, é hora de ser condescendente com o Fluzão. É como um garoto que está passando pelos seus ritos de passagem. Os torcedores estão aprendendo a amar o time mesmo na derrota. Estão ainda sob o impacto de sua conquista máxima ( o vice da libertadores no ano passado) e comemorando o vice na sulamericana ( uma espécie de Vasco latinoamericano). O Fluminense está (finalmente) saindo da adolescencia e já até tem um arqui-rival latinoamericano ( o portentoso LDU de Quito). Estão ai na luta, considerando o último jogo do campeonato brasileiro como uma final. E com toda a razão, pois em caso de vitória, o Flu se firma na primeira divisão finalmente. Enfim, deixa os torcedores extravazarem seu orgulho tricolor, pq afinal o Fluminense está virando gente grande!

Vanessa Dantas disse...

1. Edu, você anda mais disparatado do que nunca. Morri de rir com este texto. E fiquei feliz que conseguiu os ingressos!

2. Vale lembrar que o Victor (goleiro do Grêmio) está entre os 3 melhores do campeonato, e frequentemente tem sido convocado como goleiro reserva da seleção. Se lembrarmos que o Dunga é colorado, ele (pelo menos ele!) não deve entregar o jogo.

3. Que o meu Palmeiras não fique fora da Libertadores!

4. No mais, apesar de querer falar e falar, vou parar por aqui, afinal, segundo você, lugar de mulher é no cinema. Sendo assim, já falei demais!

beijo.

Luiz Antonio Simas disse...

Esse é o time mais covarde da história do Botafogo.

Unknown disse...

E o Fluminense sempre morrendo na praia. Em 2010 a segundona vai ter a torcida mais animada do Brasil.

Eduardo Carvalho disse...

Edu:

só para dizer que estou um poço de nervosismo. E para assinar embaixo de mais este post.
Grande abraço e parabéns pelos ingressos (e eu que só vou ter certeza dos meus às 17h de hoje?!?!??!)...