18.1.10

G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 2010

Uns dias internado em Cabo Frio e ouvi muito - e muitas vezes - as gravações das escolas de samba do Grupo Especial para 2010. Depois de já ter exibido aqui, no balcão do BUTECO, o meu samba preferido (o da Unidos de Vila Isabel) - aqui - trago hoje outro samba que promete. Cheio de clichês, é verdade (qual escola não os tem, infelizmente, hoje em dia?), o samba - na voz do Dominguinhos do Estácio (meu favorito) - tem tudo pra arrepiar a avenida. Ei-lo:


"Terra abençoada!
Morada divinal
Brilha a coroa sagrada
Reina Tupã, no carnaval...
Viu nascer a devoção em cada amanhecer
Viu brilhar a imensidão de cada olhar
Num país da cor da miscigenação
De tanto Deus, tanta religião
Pro povo, feliz, cultuar

O índio dançou, em adoração
O branco rezou na cruz do cristão
O negro louvou os seus orixás
A luz de Deus é a chama da paz

E sob as bênçãos do céu
E o véu do luar
Navegaram imigrantes
De tão distante, pra semear
Traços de tradições, laços das religiões
Oh, Deus pai! Iluminai o novo dia
Guiai ao divino destino
Seus peregrinos em harmonia
A fé enche a vida de esperança
Na infinita aliança
Traz confiança ao caminhar
E a gente romeira, valente e festeira
Segue a acreditar...

A Imperatriz é um mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os deuses!
De paz, amor e união..."


Até.

10 comentários:

implacavel disse...

É o melhor samba de 2010....
É justamente o fato de ter clichês demais que faz do samba o melhor deste ano!!!

Marcelo Moutinho disse...

Concordo com o Ricardo, com a devida observação de que me refiro ao melhor DO GRUPO ESPECIAL. Prefiro este samba ao do Martinho, que tem uma ótima primeira parte e uma segunda chatíssima (e o fato de ele ter ignorado o parceiro do samba original, pra ficar com toda a grana que o samba-enredo vai render este ano, num ato que não posso classificar senão como de mau caratismo) me faz ter ainda mais implicância.

implacavel disse...

Ô Moutinho...será que o Martinho fez isso mesmo???
Estou escandalizado com essa revelação!!!

Felipe Millem disse...

Edu,

Esse foi o samba que ganhou do samba do meu pai na Imperatriz, depois dela ter desfilado dois anos com samba do meu velho.
Ele já tinha dito para mim que este era disparado o melhor entre os concorrentes e que certamente ganharia do dele.
E ele disse isso para mim com muita alegria, afirmando que esse samba, além de lindo, também era muito especial para ele, pois é de autoria de um artista que ele viu começar no samba ainda menino, filho de um funcionário muito querido do extinto Banerj na cidade de Nova Friburgo.
E, cá entre nós, mesmo cheio de lugares comuns, ele é de arrepiar.

Um fraterno abraço!

Carlos Andreazza disse...

Ricardo, o Moutinho não está especulando. Tudo que envolve este samba do Martinho - e tem muito mais... - é escandaloso.

Eduardo Goldenberg disse...

Meus caros: vamos devagar com o andor, que o santo é de barro e o Martinho é patrimônio de nós todos. Como o conheço pessoalmente, prometo correr atrás de sua versão para isso tudo. Abraços.

Marcelo Moutinho disse...

Edu: ele já deu declarações sobre isso, camarada. E a emenda saiu pior do que o soneto (ver aqui: "Esse samba é só meu. Eu botei o Gracia de parceiro porque, quando fui usar a melodia, ele me deu alguns toques. A letra é toda minha. Usei só a letra. A melodia, não"). Fácil falar com o parceiro estando morto.

Marcelo Moutinho disse...

De qq forma, é ótimo a ideia de ouvi-lo, Edu.

(acho que vale perguntar tbm sobre a súbita amizade com o presidente da escola)

implacavel disse...

Não vamos colocar o nosso dileto amigo (acho eu né) contra as cordas. Não creio que seria de bom tom o Goldenberg fazer indagações a respeito do samba.
Seria de uma falta de cavalherismo total o Edu fazer qualquer tipo de pergunta neste sentido...
O ideal é esperar um momento oportuno através dos meios de comunicação e fazer as indagações.
Não sou jornalista, mas acho que essa é a via mais correta, até porque pelo pouco que conheço do Martinho ele seria o primeiro a querer esclarecer essa demanda.

Eduardo Carvalho disse...

Salve, Edu!
Rapaz, o meu favorito também é o da Vila. De longe. Não dá pra explicar por meio de tese, só ouvindo e aí identifico alguns aspectos até brilhantes (porque simples), detalhes de letra e melodia que vou te dizer(e não vamos inventar a roda, o samba é do cacete!).

E este aqui, da Imperatriz, vem logo ali, bem perto (eu coloco ainda, atente para isto, o da Ilha. Muito, mas muito bom. Brincante, leve, como sempre foi a Ilha, mas dessa vez com melodia boa, bonita, dá gosto de cantar... Repara só).

Bem, voltando: a Imperatriz tem ainda esse trunfo formidável chamado Dominguinhos (que tem o Estácio no nome, mas é da Imperatriz, como se sabe, onde despontou nos 70 pra 80 e onde, numa de suas voltas à Leopoldina, foi campeão com o grande samba, o grande enredo, o grande desfile "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós", em 1989 - o que ele fez na avenida naquele ano não está em nenhum gibi.

Abraço.