29.3.10

UMA PEÇA DE COLECIONADOR

Meus poucos mas fiéis leitores... Como se pode facilmente perceber, afinal são 17h e não escrevi um "a" no BUTECO, estou assoberbadíssimo (como há muito não ficava). Interrompo, entretanto, o que me assoberba, para fazer um anúncio um pouco inusitado mas efetivamente incrível (e imperdível, quem me dera ter espaço pra coisa...)! Não preciso repetir o que penso sobre esse gênio da raça que nasceu Aldir Blanc - o maior compositor brasileiro entre vivos e mortos, o orixá vivo que me rege. “Aldir Blanc é compositor carioca, é poeta da vida, do amor, da cidade. É aquele que sabe como ninguém retratar o fato e o sonho. Traduz a malícia, a graça e a malandragem. Se sabe de ginga, sabe de samba no pé. Estamos falando do ourives do palavreado, estamos falando de poesia verdadeira. Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo. É Dorival Caymmi que está falando aqui” e isso, gravado em seu CD 50 ANOS, já diz tudo. Dito isso, feito o intróito puxa-saco sem qualquer pudor, vamos em frente. O fato é que - e não é sonho! - Aldir está se desfazendo da mesa de sinuca, tamanho oficial, que mantém, há anos, na ampla sala de seu bunker, na Muda (Tijuca, evidentemente). Pediu-me que anunciasse aqui, neste balcão, o tesouro: a mesa, em mais-que-perfeito estado, a taqueira sem os tacos (os tacos viraram espada nas mãos dos netos...) e dois jogos de bolas (também em perfeito estado), um da sinuca brasileira e outro da sinuca americana. Tem mais, tem mais! O felizardo, se quiser, leva a mesa com uma dedicatória do compositor sobre o pano verde (a idéia, genial, é dele). Franca e sinceramente? Imperdível (repito que lamento profundamente me faltar espaço para tê-la para mim...). Vocês já imaginaram o orgulho do cara que pudesse dizer, hoje, que tem a mesa de sinuca na qual jogava Noel Rosa? Ou o piano que foi do Tom Jobim? Ou a cadeira de balanço do velho Caymmi? Pensem nisso. O sistema será de leilão... O lance começa - depois de pesquisas de mercado - com R$ 4.000,00 (quatro mil reais). E vale lembrar que caberá ao feliz adquirente os custos com a retirada da mesa, desmontagem e montagem da colossal lembrança. Dê seu lance através deste e-mail aqui. Sou, eu sei, tido por muitos de vocês como um exagerado. Mas essa mesa, caríssimos, não tem preço.

Até.

27.3.10

HORA DO PLANETA?

Não ia dizer nada sobre essa babaquice olímpica que é a HORA DO PLANETA mas eu já recebi, só hoje, três e-mails pedindo minha adesão à palhaçada, mais uma iniciativa do movimento que tenta empurrar a estética gay, afrescalhando o mundo, pra cima de todos. Quero dizer, pois, de público, que aqui em casa, a partir das 20h30min, enquanto (li n´O GLOBO) "serão apagadas as lâmpadas que iluminam a orla de Copacabana, o Arpoador, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a sede da Fiocruz, o Jockey Club, o Monumento aos Pracinhas e a Igreja da Penha", enquanto "uma vigília à luz de velas acontecerá na Lagoa Rodrigo de Freitas", enquanto o patético "ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o prefeito (...)" (vândalo) "(...) Eduardo Paes vão desligar o interruptor simbólico das luzes da cidade", vou ligar TODAS as luzes, inclusive a da geladeira, que permanecerá aberta por uma hora.

Até.

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

Volto a escancarar os janelões do varandão! Como no sábado passado, a manhã está mais-que-azul. Como no sábado passado, deixo com vocês outro dos registros mais bacanas que jamais ouvi. Trata-se de outra gravação caseira feita por Chico Buarque, na casa de Tom Jobim, no instante em que o maestro brasileiro tocava BATE-BOCA. É curioso perceber que o título foi "dado pelo Chico". Curioso, também, perceber que Tom Jobim cantarola, bem baixinho (e pouco nítido), o que seria a letra de autoria do Chico. Ocorre que BATE-BOCA foi gravada pelo MPB-4 e pelo QUARTETO EM CY, sem letra. Espero que vocês gostem. E que se emocionem, como eu (não é demais repetir) me emociono todas as vezes que ouço essas gravações.

Até.

26.3.10

QUEM SÃO OS VÂNDALOS?

A foto abaixo foi tirada por mim, ontem, às 13h17min, da esquina das avenidas Almirante Barroso e Antônio Carlos, no centro do Rio de Janeiro, e mostra diversos carros oficiais (segundo informação de um PM), pretos (embora com placas comuns), estacionados sobre a calçada, uma motocicleta também da Polícia Militar que trafegava em alta velocidade também sobre a calçada e um carro da PM que cuidava da segurança em frente ao prédio do Jockey Club.

- Boa tarde. O que está havendo aí?

- Não sei não, senhor. Sei que o prefeito e o governador estão aí - foi o que me disse um dos policiais.

Eu que tanto critico, e com veemência, essa deduragem explícita fomentada pelos meios de comunicação, vi-me, ali, celular em punho, fotografando a bandalheira: depois de perceber um helicóptero pousando no alto do Tribunal de Justiça, que fica exatamente em frente ao Jockey Club (imaginei ser o governador Sérgio Cabral ou o prefeito Eduardo Paes), depois de contar mais de 10 carros parados sobre a calçada de pedras portuguesas da avenida Antônio Carlos, depois de contar 8 policiais destacados para a segurança do troço todo, depois de provocar um guarda municipal que, evidentemente, nada fez - "não vai multar os carros?" -, fotografei.

calçada em frente ao Jockey Club, avenida Antônio Carlos, Centro do Rio de Janeiro

Publiquei a foto no TWITPIC (aqui) e me dei por satisfeito.

Ocorre que hoje, lendo os jornais, tomando ciência do ocorrido, ontem, com os trens da SUPERVIA - leiam aqui - ocorreu-me a pergunta: quem são os vândalos?

Simples consulta ao dicionário:

"adjetivo e substantivo masculino
2 Derivação: sentido figurado.
que ou aquele que estraga ou destrói bens públicos, coisas belas, valiosas, históricas etc.
Exs.: destruíram o ônibus num ataque v.
um grupo de v. atacou a igreja
3 Derivação: sentido figurado.
que ou aquele que não tem cuidado, esmero, tudo estraga
Exs.: um método v. de podar árvores
arranjei um v. como dentista
4 Derivação: por extensão de sentido.
que ou aquele cuja ação ou omissão traz prejuízo à civilização, à arte, à cultura
Exs.: política educacional v.
o ministro foi um v. ao cortar as verbas da cultura"


Antes de prosseguir: lembrei-me do texto que publiquei em 18 de dezembro de 2009 sobre o METRÔ que, como a SUPERVIA, presta um péssimo serviço aos cidadãos do Rio de Janeiro (leiam aqui). Disse eu, lá:

"Enquanto a população não for efetivamente mais firme (não vou defender aqui a destruição absoluta de todas as estações e um quebra-quebra sem precedentes na sede da empresa, na avenida Presidente Vargas, sob pena de ser acusado de incitar a desordem e o vandalismo) a sacanagem dos porcos que comandam o consórcio responsável pelo serviço metroviário na cidade do Rio de Janeiro vai continuar.

(...)

À moda babaca que pendura lençol branco na janela pedindo paz, que combina abraço à Lagoa pra sei-lá-o-quê, a população propôs um boicote ao metrô no final de novembro - como se fosse possível, pra grande parte dessa mesma população, recorrer a outro meio de transporte, ainda que por um dia. Não deu em nada, é evidente (só um beócio acreditou no êxito da medida). Medida babaca que - alguém duvida disso? - deve ter feito os poderosos gargalharem entre baforadas de charuto e apalpar de bolsos abarrotados de dinheiro.

Ou radicaliza-se ou vai ficar tudo como está.

Pau na canalha!"


Diz o jornal, sobre ontem:

"A SuperVia informou que vai registrar queixa na delegacia, nesta sexta-feira, contra os passageiros que participaram de atos de vandalismo nesta quinta na estação de Saracuruna. A imagem de um homem, ainda não identificado, ateando fogo em um vagão foi divulgada e poderá ajudar na identificação. A sequência de atos de vandalismo foi detonada por defeitos em dois trens. Passageiros revoltados quebraram bancos, placas, lixeiras, depredaram um trem enguiçado e incendiaram um dos vagões do outro.

(...)

O tumulto começou às 6h, quando um trem que seguia de Saracuruna para a Central enguiçou. Meia hora depois, os passageiros foram levados para outra composição, que também parou. As pessoas tiveram que caminhar pelos trilhos."


A população do Rio de Janeiro, paciente demais pro meu gosto, passiva demais pro meu gosto, levou foi muito tempo para reagir à altura contra a canalha que nos governa (e fez pouco). Vândalos - os que destróem bens públicos e históricos, aqueles cuja ação ou omissão traz prejuízo à civilização, à arte e à cultura - são os políticos que não estão nem aí para o bem-estar da população. Pra ficarmos no Rio de Janeiro, vândalo é César Maia, autor daquele elefante branco na Barra da Tijuca que engordou a conta bancária de muito filho da puta. Vândalo é Eduardo Paes que faz do choque de ordem a muralha que pretende esconder a vergonha que é o asfalto da cidade, as calçadas da cidade, os ônibus da cidade, e digo desde já que essas blitzes-pra-imprensa que lacram um ou outro meio de transporte (seja táxi ou ônibus) não vão dar em nada. Há que se ter coragem para a cassação de licenças, para - por que não?! - o encampamento das linhas que tratam o passageiro como gado (saudades de Leonel Brizola...). Vândalo é Sergio Cabral que não tem pulso firme com o METRÔ, com a SUPERVIA, com a BARCAS S.A., concessionárias que tratam os usuários como lixo. Vândalo é Jorge Picciani, presidente da ALERJ, que - para dizer o mínimo - emprega uma rainha de bateria qualquer às custas do contribuinte e que, há até pouco tempo, era investigado por conta de trabalho escravo em suas fazendas. Daí Paulo Maluf é dado como caçado pela INTERPOL, um dos filhotes de José Sarney tem conta bloqueada pelo governo da Suíça (depósitos da ordem de US$ 13 milhões), rastreada a pedido do Judiciário brasileiro, e vamos vivendo assim, achando tudo muito normal.

Há que se radicalizar.

A população que ontem protagonizou o quebra-quebra não agiu como vândalo (existe "vândala"?). A população reagiu e reagiu na exata medida de sua possibilidade. Tire um dos poderosos de seu carro oficial, cercado de batedores, de seu helicóptero, de seu jatinho, e veja como reagirá o canalha dentro de um transporte público por dias e dias seguidos. A população reagiu - repito - e dessa reação, em cadeia (tomara, tomara, tomara!), sobrevirá, seguramente, mais respeito.

Pau na canalha.

E seremos um lugar melhor pra se viver. Somos um país-bebê, com pouco mais de 500 anos. Creio nisso. E na força do povo.

Até.

25.3.10

DO DOSADOR

* Quero fazer uma confissão: NUNCA (com a ênfase szegeriana) - eu disse NUNCA! - pousei meus olhos (feíssimos, um deles com ptose palpebral) na tela da TV para assistir ao BBB, essa praga que a TV GLOBO, com o auxílio de Pedro Bial (que papel..., que papel...), exibe há anos. Ontem, enquanto esperava para assistir Vasco e Americano, vi um bocadinho do programa. Um dos "brothers" - é como o apresentador-tricolor chama os que ficam confinados na "casa" (tratada como entidade a ser almejada pelos milhões de imbecis que querem participar do troço) - dava, diante das câmeras, um ataque, um piti, um chilique, um faniquito que vou lhes contar: nojento. Dicesar, é o nome do sujeito - nada como o GOOGLE. Uma rápida pesquisa foi o bastante pra descobrir que o dito-cujo é o único representante gay da atual versão do programa; e que, num repetitivo papel de vítima, chamou, recentemente, um dos participantes do BBB de "nojento, grosseiro e insuportável". Agora... (eis o que enche o saco)... se alguém se refere ao protagonista do ataque histérico como... isso-deixa-para-lá..., já viram... Tsc;

* sobre o jogo... não, não, sobre o Campeonato Carioca. Com preços proibitivos, com times participantes pífios, com transmissão pela TV, a fórmula está gasta, sem graça e os jogos são soníferos. Quero crer que, pela primeira vez na vida, depois de tantos anos defendendo a realização de campeonatos regionais, torço para que tenhamos um único campeonato de futebol no Brasil. O Campeonato Brasileiro. Com um calendário decente, regulamento decente, sem virada de mesa e mais que tais. A única coisa que tem movido o torcedor (e não apenas no Rio, mas no Brasil inteiro) é o tropeço do adversário diante de um nanico;

* sensacional a sacada de Felipe Quintans. Chalitando o EGO DO BUTECO, uma das seções de maior sucesso do BUTECO, e lançando a série MODA DE BOTEQUIM em seu BOEMIA E NOSTALGIA (vejam aqui), Felipinho marca, na minha humílima opinião, um gol de placa. Além de exibir e criticar as frescuradas do mais-que-podre caderno ELA do jornal O GLOBO, encartado aos sábados e editado pela chalita Ana Cristina Reis (que, mais ousadamente que Roberto Chalita, plagiou o NEW YORK TIMES), o pequeno grande homem, ídolo em Campinas, ainda lança luzes sobre gente simples que dá ainda mais graça a esta cidade tão sacaneada pela imprensa;

* o SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de hoje festeja Renato Russo: justificável, afinal o cara foi - para infelicidade de uma geração - ídolo à sua época. Sobre o tema, fecho com Luiz Antonio Simas: para a música brasileira, frise-se, não faz falta nenhuma. Leiam aqui;

* ainda não assisti ao DVD, mas recomendo vivamente. Fabiana Cozza é uma de minhas cantoras preferidas (tarefa sempre inglória nesse Brasil tão farto na matéria), no topo do pódio. Seu DVD está à venda aqui;

* e pra encerrar: dia desses eu lhes disse que o PSOL não é um partido político, é uma pinacoteca. Só tem quadros, quadros e mais quadros. Descobri, graças ao TWITTER, que os simpatizantes do PSOL também gostam, e muitíssimo, de um mobiliário. Além dos quadros, são fãs confessos de mesas. Um dos militantes não passa um único dia sem anunciar mesas e mais mesas espalhadas por aí. Compondo o cômodo, além de quadros e mesas, uma lata de lixo seria ideal.

Até.

24.3.10

BELMONTE: AGORA A QUILO?

Acabo de saber, muito por alto, lendo a troca de mensagens entre Janir Junior, irmão de meu irmão Luiz Antonio Simas e excepcional repórter de O DIA, e Marcelo Moutinho, que o conglomerado que atende pelo nome de BELMONTE (esse lixo que rima com desmonte), agora embarcará na onda da comida a quilo (é quase inacreditável). Quem me lê sabe o quanto eu combato essa praga comandada pela - dizem - máfia espanhola por um grupelho especulador que vive de comprar botequins tradicionais para transformá-los, depois, em redes-bestas de botequim grifado: basta dar uma xeretada aqui nos resultados de pesquisa do GOOGLE envolvendo o tema no balcão do BUTECO. Gostaria de saber, muitíssimo, a opinião do compositor que há anos, na contramão do caminho que trilho por aqui, defende com unhas e dentes esse lixo tantas vezes adulado pela imprensa meia-boca que trabalha na base do jabá. No mesmo cesto de lixo no qual lanço o BELMONTE, amasso também, e relego à súcias dos bares-de-merda que atentam contra a cidade, o ANTONIO´S, o BOTECO DA GARRAFA, a CASA BRASIL, o BOTECO CEVADA e o W GOURMET (a mais recente praga, que vende comida a quilo com direito [nojo!] a buffet japonês). Já, já, tomem nota, as colunetas dos jornais estarão sabujando e incensando essa bosta, que fica em Copacabana. E o compositor - a conferir - festejando mais um êxito de seu compadre (o testa-de-ferro do troço), quem sabe tentando emplacar a porcaria no próximo vade-mécum de otário. Aguardemos.

Até.

PAULO MALUF E SEU FILHOTE

Escrevo hoje, não como o advogado que sou - até mesmo porque não milito na área criminal, da qual conheço pouquíssimo. Escrevo como um cidadão exasperado diante da notícia que me causa muito mais que indignação, me causa revolta e um profundo nojo. Leio, estarrecido, nos jornais, que Paulo Maluf está na lista negra (vermelha, na verdade) da INTERPOL. Vejo, aqui, a fuça desse ladrão que, inacreditável e inconcebivelmente, é deputado federal pelo estado de São Paulo, exposta no site da polícia internacional, e aqui a fuça de seu filho, Flavio Maluf.

A INTERPOL, com 188 países membros - 4 a menos que a ONU! - está PROCURANDO Paulo Maluf e Flavio Maluf, o que significa dizer que se qualquer um dos dois puser as patas sujas em qualquer um desses 188 países serão presos.

Mas aqui, não. Aqui desfilam na Câmara dos Deputados ("a casa de todos os brasileiros", conforme anuncia o portal (vejam aqui) e não são incomodados pela Justiça sabe-se lá o por quê (eis aí minha confissão pública de ignorância com relação ao assunto). Adendo: leio, aqui, o que pode explicar essa vergonha: "A Justiça Federal extinguiu a punibilidade do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) em ação penal por crime de evasão de divisas. Por ter mais de 70 anos, Maluf foi beneficiado por lei brasileira que reduz pela metade o tempo em que alguém pode ser processado. A denúncia havia sido feita pelo Ministério Público Federal em outubro do ano passado. Com a decisão, o processo será arquivado. O ex-prefeito e seus familiares são réus em outro processo, por formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Esta ação não sofre prejuízo por conta do arquivamento do processo por evasão de divisas.".

Assassino elegante (quantas vidas ceifou desviando mais de 500 milhões de dólares dos cofres públicos?????), um dos símbolos máximos da bandidagem do colarinho branco, filhote da ditadura (como bem dizia meu saudoso e eterno governador, Leonel de Moura Brizola), Paulo Maluf solto é um escárnio que me faz, por alguns instantes, desacreditar no Brasil.

Até.

23.3.10

COPA DE 2014

Entrou no ar, ontem, a 4ª edição da newsletter do PORTAL COPA 2014, do Ministério do Turismo. Nele você poderá ler (se ainda não leu...) o texto que escrevi para a seção PENSANDO NA COPA. Basta clicar na imagem abaixo.

Até.

22.3.10

FAZENDO TIPO?

A coluneta GENTE BOA deu, de novo (querendo fazer o incauto leitor crer que está a criticar a postura da ex-cozinheira de FHC, autora de um portentoso livro de alta gastronomia para cães), voz, vez e luz para Roberta Sudbrack. A cozinheira, que me parece ser uma moça de personalidade histriônica, deu um piti - ao que tudo indica - depois que um de seus fregueses pediu (vejam que desrespeito, que ousadia...) azeite para pôr na comida que lhe fora servida. Oh, vejam vocês... Como ousa, um pobre mortal, mexer na obra de Roberta Sudbrack? A moça está acostumada (para isso basta ler, como passatempo, seu TWITTER) a "ohs" e "ahs" de deslumbre, aplausos palacianos e que tais. Acostumada a deslumbres como o do compositor que disse que o leitão preparado pela cozinheira é "a síntese do nirvana" (vejam aqui). Pra mim o troço é o seguinte: o sujeito que pediu o azeite e foi repreendido por conta disso deve ter (eu disse deve, é o que me parece) ameaçado espalhar, por aí (hoje, com a grande rede, tudo é possível...), tamanha barbaridade. Vai daí que a cozinheira pediu ajuda à coluneta. E a coluneta, por sua vez, publicou isso aí, com o patético título FAZENDO TIPO. Só um imbecil, da cabeça aos sapatos, como diria Nelson Rodrigues, acredita nessa conversa mole de "às vezes faço o tipo chateada só pra o folclore não morrer".

nota publicada na coluna GENTE BOA, do SEGUNDO CADERNO de O GLOBO de 22 de março de 2010

Até.

21.3.10

VARANDÃO SONORO DOS DOMINGOS

Abro o varandão sonoro de hoje, domingo, pra mostrar a vocês uma grata surpresa que pesquei, ontem, no blog de meu caríssimo Cesar Tartaglia. Trata-se de um samba de parceria de Moyseis Marques (o cara canta mais e melhor a cada dia, troço impressionante) e Arthur Mitke, feito em homenagem a Luiz Carlos da Vila, chamado SAMBA DA TAMARINEIRA. Gravação caseira, como a que lhes mostrei ontem (aqui) - e também comovente.


"Amor maior do céu se admirar
Azul anil de um bom final feliz
Canto de cor pra Vila começar
Sarar a dor que deixou cicatriz

Poemas enfeitaram meus papéis
Romances encantaram menestréis
Sem endereço o nêgo então partiu
Levando a soma das raças Brasil

São os nossos valores, é a nossa raiz
Presente, futuro, passado,
Mestre e aprendiz
Raças e etnias
Com carvão ou com giz
Eu escrevo inspirado
Num bom samba do Luiz

Tão além da razão que até Lili se comoveu
E o ateu e o amém na tal fogueira da paixão
Estamos nessa kizomba, a chama não se apagará
Tamarineira não tomba, o show vai continuar

Não levou o que eu podia dar
Mas nossa parceria vai prevalecer
Pois a cada nota desse meu cantar
Sua poesia vai sobreviver"


Até.

20.3.10

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

Escancaro os janelões do varandão sonoro de hoje, nessa mais-que-azul manhã de sábado que prepara a chegada do outono, às 14h32min, abrindo, também, duas garrafas de vinho branco, postas no gelo, deixando com vocês um dos registros mais bacanas que jamais ouvi (não sei, sinceramente, se vocês, meus poucos mas fiéis leitores, já tiveram o prazer e a sorte de ouvir a coisa). Trata-se de gravação caseira feita por Chico Buarque, na casa de Tom Jobim, justo no instante em que o maestro brasileiro, depois de preocupado com as garrafas de vinho ("tem uma sem gelo, né, Chico?"), mostra pro Chico, no piano, ANOS DOURADOS. Era o método de Tom Jobim. Tempos depois, como se sabe, Chico pôs letra na melodia, e ANOS DOURADOS foi gravada por Maria Bethânia. "A coisa mais singela do mundo", que foi como Tom apresentou sua composição ao Chico. Espero que vocês gostem. E que se emocionem, como eu me emociono todas as vezes que ouço isso.

Até.

19.3.10

BESTEIRAS OLÍMPICAS

Li, ontem, no TWITTER do Geneton Moraes Neto - o BUTECO está no TWITTER, vejam aqui -, a seguinte frase:

"Dúvida boba que me assalta há décadas: quem inventou que escritores devem botar a mão no queixo nas fotos das orelhas dos livros? Quem? Quem?"

Foi ele mesmo quem disse, por isso sinto-me à vontade para repetir: dúvida boba, mesmo. Mas além de engraçadíssima, suscitadora de outras tantas, envolvendo escritores, que quero dividir com vocês. E digo desde já: dúvidas que eu tenho, eu que não me considero, nem de longe, um escritor, no máximo um escrivinhadeiro de histórias e de besteiras que exponho aqui, há anos. São, portanto, na essência, dúvidas de um leitor. Vamos ao que tenho a lhes dizer.

Antes, porém, gostaria de sugerir a leitura de três textos que publiquei respectivamente em 23 de março de 2007 - "AMORES EXPRESSOS": NOJO ANUNCIADO", aqui -, 15 de agosto de 2007 - AMORES EXPRESSOS: E ELES SÃO GENIAIS, aqui - e em 28 de novembro de 2007 - PROJETOS, PROJETOS, PROJETOS..., aqui. E de um outro, este de autoria de Aldir Blanc, publicado em 08 de dezembro de 2007, em seu blog, chamado PAU NO LOMBO (leiam aqui, e se divirtam com os sensacionais comentários de Luiz Carlos Fraga) e que justamente faz referência à polêmica que rendeu o texto PROJETOS, PROJETOS, PROJETOS.... Lidos? Ou não lidos? Vamos em frente.

Os tais textos, todos eles, fazem referência a essa praga que atende pelo nome de "projetos". E que sustentam, eis a verdade que dói, muita gente. Nestes textos, por exemplo, faço referência explícita ao projeto AMORES EXPRESSOS, que previa a "edição e publicação de livro, no qual vários autores brasileiros contarão uma história de amor, que se passe em várias cidades do nosso planeta. Os autores viverão a experiência de explorar as cidades que vão servir de cenário para a sua história de amor e criatividade, dentre elas, Paris (Carlos Sussekind), Praga ( Sérgio Sant'Anna) e São Petersburgo (Bernardo Carvalho). Tiragem 56.000 exemplares / Distribuição 11.250 / Patrocinador 5.600 gratuita (bibliotecas estaduais implantadas pelo MinC) / 39.150 venda normal de R$ 35,00 / Total da venda R$ 1.370.250,00.". Registrado no PRONAC sob o número 071563, pretendia captar R$ 1.070.810,00.

Confesso minha ignorância (e peço a ajuda de quem puder me ajudar...): pelas informações que constam do portal do Ministério da Cultura, o tal projeto pretendia captar essa baba (quase um milhão e meio de reais), foi autorizado a fazê-lo mas não houve um único centavo captado. Mas a rapaziada escolhida pelo coordenador editorial do troço, João Paulo Cuenca, viajou. E parece que alguns livros (e não livro, conforme constava do projeto inicial) já saíram (vejam aqui). Consta, neste site, o seguinte:

"Em seu mergulho no estrangeiro, os autores só terão a preocupação de produzir literatura, procurando ouvir e reproduzir a voz do outro que se encontra em cada um, suas alteridades particulares que o isolamento da jornada fará aflorar."

Quem afinal - eis uma de minhas dúvidas - pagou o mergulho dos autores que viajaram mundo afora para "produzir literatura"? E o que seria, eis outra dúvida, "produzir literatura"? Desde quando - meu Deus... - escritor precisa do "isolamento da jornada" para escrever?

Breve digressão: Aldir Blanc, um de meus ídolos, há anos viaja do quarto para o escritório, do escritório para o banheiro, do banheiro para a cozinha, da cozinha para o escritório e do escritório para o quarto e escreve pra burro. Nelson Rodrigues viajava da Aldeia Campista para o Centro, depois de Copacabana para o Maracanã, do Maracanã para Copacabana, e escrevia pra burro. Alberto Mussa (até onde me consta), produz suas obras-primas (é, de longe, na minha humílima opinião, um dos mais geniais e originais escritores brasileiros da atualidade) fazendo o trajeto casa-botequim-botequim-casa. Voltemos ao tema.

Voltemos ao tema e vamos ao que quero lhes dizer desde o início.

Leio Rubem Fonseca desde que me entendo por leitor. E considero que hoje, aos 83 anos, e já há algum tempo - o que é plenamente justificável - o grande escritor vem perdendo o punch. E o juízo, pombas! Li, estarrecido, anteontem, que Rubem Fonseca, de 83 anos (repita-se), fez, na terça-feira passada, uma de suas raríssimas aparições públicas. Saiu do Rio e foi à São Paulo para, segundo o jornal O GLOBO, "cumprir uma obrigação de "mestre": alimentar sua discípula literária, a escritora carioca Paula Parisot.".

Até aí, tirante o verbo "alimentar" - que poderia causar estranheza à primeira vista - nada demais, certo? Errado.

A "escritora carioca Paula Parisot", desde 11 de março, e até ontem, 18 de março - por uma semana, portanto - ficou confinada em uma caixa de acrílico de apenas 12 metros quadrados no interior da LIVRARIA DA VILA, em Pinheiros, SP, uma livraria - segundo me garantem os que me lêem - muito da fresca.

Daí, em rapidíssima entrevista ao jornal, disse Rubem Fonseca:

"- Acredito que seja a primeira vez que um escritor faz uma performance, pelo menos no Brasil - disse Rubem a outras pessoas que observavam Paula. - É um trabalho sério. Sei que muita gente julga como simples jogada de marketing, mas não é nada disso - completou, enquanto explicava detalhes da performance da escritora. "

Porra, peralá! Devagar com o andor que o santo é de barro e o papo é pra enganar otário.

Às vésperas do lançamento de seu primeiro romance, GONZOS E PARAFUSOS (o lançamento foi ontem!), a "escritora carioca Paula Parisot" decidiu, assim, do nada (pura performance!) - segundo a matéria do jornal carioca - "inspirada por artistas como Joseph Beuys e Marina Abramovic, (...) vivenciar a experiência da protagonista de seu romance, Isabela, uma psicanalista que decide se internar em um sanatório após delirar com borboletas, uma gata que fala, o retrato feito por Gustav Klint da Baronesa Elisabeth Bachefen-Echt e "A menina de cabelo negro nua em pé", pintura de Schiele.".

Diz a matéria, ainda, que Rubem Fonseca "mostrou-se preocupado ao vê-la mais magra e quis saber se ela estava se alimentando e dormindo bem. Paula, por sua vez, mostrou grande alegria ao ver seu mestre. Uma das regras da performance de Paula é não falar, mas a escritora interage com quem a observa e na presença de Rubem dançou, saltitou, e, nos momentos de maior assédio ao escritor, chorou, irritou-se com os fotógrafos que ameaçavam espantar Rubem do local e gritou.".

Ainda sobre a babaquice, o jornal conta que a porra da caixa de acrílico reproduzia "o quarto no qual Isabela, protagonista de "Gonzos e parafusos", fica internada no romance. A escritora tem sido alimentada a cada dia por uma pessoa importante em sua vida. Os primeiros a levar as refeições à artista foram os sogros. No segundo dia, foi a vez do editor, Pascoal Soto. No terceiro dia, ela recebeu alimentos de suas duas melhores amigas. No domingo, seu marido, o roteirista Richard. Segunda-feira, sua mãe, Ana Seabra. E Rubem Fonseca, o mestre, foi o "convidado" desta terça-feira.".

A íntegra da matéria está aqui.

Dúvida (a última): se era apenas pra vivenciar a experiência da protagonista de seu romance por que a "escritora carioca Paula Parisot" não construiu a porra da caixa de acrílico dentro de sua casa sem fazer alarde, sem chamar a imprensa?

Dirão alguns de vocês que estou acendo muita vela pra pouco defunto e fazendo, talvez, o que a "escritora carioca Paula Parisot" queira: publicidade de seu livro. Mas digo que não. Não acho que Rubem Fonseca seja "pouco defunto", não acho que o assunto seja irrevelante e acho que é bastante importante expôr, sempre, com veemência, a nojeira em que está se transformando, a passos largos, o mundo de hoje, no qual vale tudo em nome da exposição.

Até.

19 DE MARÇO, DIA DE SÃO JOSÉ

Hoje, 19 de março, é dia de São José. Dia de festa pelo Brasil, principalmente no nordeste (São José é padroeiro do Ceará), dia em que o sertanejo (que é forte e supera a miséria!) espera ansiosamente pela chuva que, segundo a crença, caindo hoje, indica um tempo profícuo para a agricultura. Aqui no Rio, pertinho de onde trabalho, no final da Antônio Carlos, início da Primeiro de Março, na altura da Assembléia, fica a igreja de São José, que está em festa desde cedo. Vou lá, daqui a pouco, pedir a benção do santo (e salve a religião Brasil!) para mim e para os que me cercam mais de perto. E também para minha amiga querida, madrinha de todos nós, Beth Carvalho, que divide a gravação, disponibilizada abaixo, com Martinho da Vila. Vou cantar, pra dentro: "São José, protejas a madrinha...".

Até.

18.3.10

O ENGENHEIRO

No BAR DO MARRECO, portentosa e comovente espelunca situada na esquina da Haddock Lobo com a Caruso, na Tijuca, conheci, dia desses, um sujeito jamais visto na área. Isso faz - o quê?! - uns quinze dias. Quando pintei no pedaço, depois de saltar do 239 na esquina da Matoso e andar a pé em direção ao buteco, perguntei, de cara, pro Danilo, o treinadíssimo garçom:

- Quem é?

Ele, estendendo-me uma garrafa de Brahma mofada e pousando o copo americano à minha frente, fez beicinho e disse:

- Sei não.

Cumprimentei seu Brasil, Marreco, a rapaziada que bebia diante do balcão e apontei meu narigão em direção ao cara que bebia sozinho uma dose de catuaba em uma mesa do lado de fora, como quem pergunta o mesmo "quem é?". Seu Brasil, elegante como sempre:

- Trata-se de um desagradável.

Estava eu terminando de servir meu próprio copo e o cara levantou-se, segurando no portal da entrada - ligeiramente trôpego -, veio em minha direção e fez com o indicador da mão direita o sinal de aparte:

- Posso fazer uma crítica construtiva?

Houve um muxoxo coletivo vindo da assistência.

Seu Brasil, discreto como sempre:

- Lá vem mais uma...

E o sujeito:

- Prazer. Eduardo, seu criado.

Fui, num momento de rara inspiração, simpático. Disse, estendendo a mão que não segurava o copo:

- Meu xará. Diga lá.

Ele apoiou-se no balcão, pediu mais uma dose ao Danilo e olhando nos meus olhos, mandou:

- Posso fazer uma crítica construtiva?

A assistência explodiu de rir. O cara estava tão borracho que levou coisa de 1 minuto pra virar a cabeça em busca dos que riam. Voltou-se, mais 1 minuto, e continuou:

- Por que você não pede ao magnífico garçom uma camisinha para evitar que sua cerveja esquente?

Fui ao banheiro sem dar qualquer atenção à sugestão não requerida. Durante o pequeno trajeto rumo ao banheiro, onde uma rodela de limão fica em média duas semanas no mictório, para horror do compositor, ouvi seu Brasil, dócil como sempre:

- Saia daqui. Chato!

Voltei do banheiro e a assistência dividia uma porção de provolone com molho inglês. Seu Brasil foi quase cruel:

- Tu não podia ter sequer estendido a mão pra essa besta, Edu! Chato pacas. Tá fazendo crítica construtiva desde que chegou aqui!

E não se passaram nem cinco minutos... Eduardo tornou a se levantar. O mesmo dedo indicador da mão trêmula pedia licença. Seu Brasil, já no limite, foi agressivo:

- O que foi agora, ô, engenheiro?!

Ele, completamente embriagado, não pescou a sacanagem:

- Eu?! Engenheiro?! Sou despachante...

- Não parece.

- Não?!

- Parece engenheiro.

Depois de um soluço e de um escarro tão vigoroso quanto nojento no chão, perguntou:

- Por quê?

- Tu tá construindo desde que chegou aqui, cara! O que foi agora?

Ele, que pareceu ter gostado do apelido, ajeitou a gravata imaginária e disse:

- Então... Posso fazer uma crítica construtiva? Por que é que vocês não salpicam orégano sobre as fatias de queijo? Fica gostoso...

Seu Brasil foi certeiro. De lá pra cá, Eduardo tem aparecido todos os dias no bar (e sempre com críticas construtivas no bolso do paletó puído que carrega). Cada dia com uma mulher diferente, um dragão mais feio que o outro. Mas faz questão, sempre que chega, de apresentar a dama a seu Brasil. Este, por sua vez, atendendo a um pedido (soube depois) do pobre-diabo, sempre saúda a chegada do Eduardo, em altíssimo tom, para profundo impressionamento de suas acompanhantes:

- Como vai, engenheiro?!

Os dragões - há testemunhas - ficam de quatro pelo sujeito.

Até.

17.3.10

COVARDIA E HIPOCRISIA DE MÃOS DADAS

ESTE TEXTO AGORA PODE SER LIDO AQUI.

16.3.10

ERA NO TEMPO DO REI

Meus poucos mas fiéis leitores, serei efusivo: vocês precisam ir assitir ERA NO TEMPO DO REI, musical que estreou ontem, como lhes contei aqui, no JOÃO CAETANO. Antes, porém, de lhes contar o que tenho para contar, um adendo necessário... Não tenho talento para a crítica fria, para a crítica técnica. Serei, portanto, o mesmo homem de coração franco de sempre. E passional, sim, e tendencioso também. Afinal, as letras das 19 canções que costuram o espetáculo são de autoria de meu amigo, o orixá vivo que me rege, avô de uma de minhas afilhadas, meu ídolo, Aldir Blanc. Vamos, pois, ao que tenho a lhes dizer.

O musical, nascido depois de um papo rápido entre Carlos Lyra e Ruy Castro nas ruas de Ipanema - "Isso dá um musical maravilhoso, sabia?" - , baseado no romance ERA NO TEMPO DO REI, em pouco mais de duas de horas de duração (com intervalo de 15 minutos) é capaz de divertir, emocionar e orgulhar o espectador. Cenários simples e funcionais, figurinos estupendos (há duas ou três cenas dignas de medalha olímpica), som perfeito, arranjos casadíssimos com a trama, coreografia brasileiríssima, atuações arrebatadoras dos atores e - destaque dos destaques - músicas e letras que são verdadeiros gols de placa dessa dupla que, reunida pela primeira vez, produziu 19 pérolas: pregão, minueto, valsa, polca, vira, fado, choro, batuque, lundu, maxixe, toada, tango, marchinha, modinha, fandango e uma marcha-rancho provam o cracaço que é Carlos Lyra, que já havia provado seu talento para o teatro em 1962, quando compôs as canções de POBRE MENINA RICA. Aldir Blanc, que é pra mim o maior letrista da música popular brasileira (entre vivos, mortos e reencarnados) produziu o que o próprio Ruy Castro considera "as letras mais ousadas e mordazes da história do teatro brasileiro" (vocês verão, vocês verão!).

O roteiro, adaptação de Heloisa Seixas e Julia Romeu para o romance do Ruy, é adequadíssimo e fiel à trama, fruto do delírio do escritor, que juntou Dom Pedro (Christian Coelho) e Leonardo (Renan Ribeiro), tomado emprestado do romance MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS. Está no libreto:

"É 1810 e a Família Real Portuguesa já está no Rio há dois anos. A cidade, com seus fascínios e perigos, é o cenário do encontro entre o jovem príncipe Dom Pedro e o plebeu Leonardo, menino pobre, porém livre. No dia em que começa o Entrudo - o Carnaval daquela época -, Pedro foge do palácio e descobre as ruas, povoadas de personagens como a terrível Bárbara Onça, mulher-lenda que tem fama de beber sangue de criancinhas para tentar se manter jovem. Em suas aventuras, Pedro e Leonardo encontram figuras como o malandro Calvoso, o ardiloso ourives Espanca e o temido Chefe de Polícia do Rio, Major Vidigal. Mas as peripécias de Pedro acabarão servindo aos planos maléficos de sua mãe, a princesa Dona Carlota Joaquina, que, ao lado do amante, o diplomata inglês Jeremy Blood, tenta neutralizar o regente Dom João e tomar o poder. Dom João, que tem em seu passado um amor secreto e proibido, não sabe os riscos que está correndo. A trama também mostra o encantamento do jovem Pedro por uma cigana, misteriosa e desconhecida, e seu sequestro por um grupo de capoeiras - tudo isso tendo como cenário as ruas do Rio, do Paço Imperial à Lapa. Narrada pela rainha Dona Maria - que, apesar de louca, presta atenção em tudo o que acontece à sua volta, - a comédia está recheada de paixões proibidas, seduções e intrigas, perseguições e ciúme. Sem falar nas risadas."

Rigorosa verdade. Os destaques absolutos do espetáculo, no palco, são para André Dias (no papel de Calvoso), para Soraya Ravenle (como Bárbara), de quem sou fã confesso, e - destaque arrebatador!!!!! - para Alice Borges (no papel de Dona Maria). O público, ontem, interrompeu o espetáculo um bom número de vezes, irrompendo em aplausos vigorosos, diante das atuações dos três, cantando muitíssimo bem as canções da dupla Lyra e Blanc. Mas seria injusto não dizer que todos, sem exceção, dão conta de seus papéis. Os meninos, novíssimos, comovem quando atuam sozinhos no palco; Izabella Bicalho (Carlota Joaquina) e Tadeu Aguiar (Jeremy Blood) arrebentam quando estão sozinhos em cena; Leo Jaime (como Dom João) parece ter começado o espetáculo nervoso (sei lá se estava nervoso, foi apenas minha impressão) mas cresceu ao longo do tempo e esteve estupendo!; Soraya Ravenle, que canta pra burro, faz de Bárbara Onça uma das principais personagens da trama. Luiz Nicolau, Rogério Freitas, Jefferson Almeida, Ana Terra Blanco (que cigana, que cigana!), Raí Valadão, Evelyn Castro (que mucama, que mucama!), Bruno Camurati, Flavia Santana e Darwin Del Fabro estão todos de parabéns. Agora vamos às canções.

Um pregão abre o musical, e Aldir já mostra ao que veio:

"A enseada tá luzindo é Rio de Janeiro!
A espingarda tá tinindo porque é fevereiro
O ar ferve com o cheiro de merda e tempero,
O balaio da escrava, o pregão de aluá

(...)

Muito padre-da-igreja não sai do puteiro
Mas perdão tá sempre à venda, se pudé pagá
Tem refresco de deixar um branco meio grogue
Feito gringo quando troca as pernas pelo fog"


Entra em cena Calvoso, e dá-lhe Aldir:

"Eu sou Calvoso,
Um criminoso
Oportunista,
Um cão servil
Mas vivo solto
Eu ando solto
igual a outros
Pelo Brasil..."


Alguém, na platéia, gritou:

- Arruda! Arruda!

Dá-se o encontro de Pedro e Leonardo e os meninos conversam, no Paço do Teles:

"Sois Rei?
Mas quero ser plebeu
Ser livre como eu?
Viver sem tantas regras
Sois Rei?
Mas desejo as mucamas
Muito mais que as amas?
Regaços, seios, pregas... Ai..."


Entra em cena Bárbara Onça:

"Sempre as lendas sobre as sendas que trilhei são recontadas:
Pra beleza conservar cometi muita loucura
Com volúpia bebi sangue de crianças chacinadas
Da velhice em vão fugindo e seu fardo de amargura"


Relembrando a paixão de outrora, valsam Dom João e Bárbara:

"Ai, canções, amor e ódio
São adagas cravejadas
São adagas cravejadas de vingança"


Os amantes Carlota Joaquina e Jeremy Blood:

"Me sinto bem sabendo que és um assassino!
Estróinas e pelintras, ai, que torrão!
Me conta, Blood, então, teu sonho de menino!
Foi roubar a tanga de São Sebastião..."


Dona Carlota ofende Dom João, que reage:

"Quantos me chamam de molenga
Sem sangue ardente na veia
A esposa quer pendenga
E reina em cama alheia

Riem de mim pelas costas
Achando que sou poltrão
Contrariando as apostas,
Enganei Napoleão..."


Dona Maria pregueja (e se rende ao) contra o Rio de Janeiro:

"Me sobe um medo lá do ventre à boca:
Quanto mais saio, mais me acorrento
Contra a lascívia que me bota louca
Nas indecências que há na voz do vento

Ai, no oceano sofri essa vertigem
Que causa essa paisagem: puta e virgem.
Rainha alguma rege tanto viço.
O Rio de Janeiro é um feitiço!"


O ourives Espanca escreve a Jeremy Blood:

"Meu caro Blood, aqui é tudo na propina
A chusma assalta os seus no bico mais esconso
Mas os ladrões piores agem na matina,
Em pleno dia o rico rouba e banca o sonso"


Major Vidigal caça os sequestradores de Pedro:

"Ah, récua de bilontras, cáfila de escroques!
Vai tudo padecer no tronco em Lampadosa
Matilha de sarnentos, cacaria grogue,
Caterva de lapuzes, corja desairosa,
Perebas, tunas, chagas planejando achaques,
Manada de embusteiros, malta de labrostas,
Cambada de velhacos juntos aos atabaques,
Mamparras, trapaçeiros, grei de borra-botas,
Vadios e mucufas, gomas, cães sarnentos,
Labregos que se acham cheios de esperteza,
Farsantes, pés-rapados vis em seus intentos,
Boçais, ralés, abortos da mãe natureza"


Leonardo exalta a liberdade que goza nas ruas e desdenha do sangue azul de Pedro:

"Eu nasci de cu pra lua
E nesse apego ao banal,
Ao Hoje que não tem fim,
Eu brinco meu Carnaval
Vou muito longe de mim
E quando, à beira do mato,
Boto o pau pra fora e mijo,
Flores simples se comovem
Flores simples se comovem
Diante de tal prodígio

Suas riquezas, Alteza,
Não me despertam paixão
Porque sou dono do vento,
Do sereno, da luz baça
Meu coração é uma fruta
Esborrachada na praça

(...)

Minha cidade é meu berço
Onde morro e me recrio
Sou folha, chuva. Aí cresço:
Riacho dentro do Rio"


Bate-boca entre Dom João e Carlota Joaquina:

"Enquanto vós pensais em frango e broa,
Sonecas e jardins, até em valsas,
Eu penso no Poder, em novas glórias,
Futuros aliados da Coroa

Vós é que subornastes a cozinha,
Pagando às negras pobres e descalças
Pra que elas me empanturrem de galinha
Seus aliados, esses tiram a pompa e as calças

(...)

A História vos retratará estulto,
Fantoche insano que fazia rir

Melhor me recordarem pobre vulto
Que prometer ao povo e não cumprir"


Soneto de Bárbara morta:

"E aquela que curvara generais
Jazia na alcova mais mesquinha
Envolta em manto de rasgões reais

No escuro, sem a Corte e sem o Astro
Bárbara, depois de morta foi rainha
Como já sucedera a Inês de Castro"


E dá-se a marcha-rancho que encerra o espetáculo:

"Bastardos, chalaças, libertinos,
Entoam vivas ao Brasil Real
Fascínoras, ébrios, fesceninos,
Saúdam Pedro e Leonardo, é Carnaval!"


foto de Juliana Rezende

É imperdível, meus poucos mas fiéis leitores. Fica em cartaz, a obra-prima, até o dia 30 de maio de 2010.

Até.

15.3.10

ERA NO TEMPO DO REI

Estréia daqui a pouco, às 20h, no TEATRO JOÃO CAETANO, a comédia musical ERA NO TEMPO DO REI, baseada no romance homônimo de Ruy Castro. Com dezenove composições inéditas de Carlos Lyra e Aldir Blanc (parceria também inédita), o musical tem roteiro de Heloisa Seixas e Julia Romeu, com direção de João Fonseca e direção musical de Délia Fischer. E - como eu gosto dela... - Soraya Ravenle no elenco!

convite para o musical ERA NO TEMPO DO REI

Tijucaníssimo, mesmo sabendo dos atrasos que acontecem em estréias, lá estarei às oito em ponto!

Até.

ROTEIRO ZONA NORTE

Eu, que já lhes apresentei diversos roteiros de passeios pela Tijuca - todos aqui ao lado, no menu do BUTECO, e é impressionante a quantidade de e-mails que recebo de gente que faz questão de contar sobre seus passeios guiados por mim! - volto hoje com outra sugestão que quero dividir com vocês, meus poucos mas fiéis leitores, depois de fazer o mesmo roteiro por muitos finais de semana seguidos. O passeio é imperdível e cheio de surpresas. É preciso, entretanto - digo logo - que haja disposição já que a coisa ocupa o sábado e o domingo. Vamos lá.

É preciso acordar cedo no sábado, não mais do que sete horas. Primeira parada: CADEG (dia desses esbarrei com o Daniel A., almoçando no pedaço). A CADEG é uma festa. Chegando lá às sete e meia você já vai encontrar o mercado cheio. É obrigatória uma passada no galpão de plantas e de flores, onde é possível comprar muita coisa bonita por um preço inacreditável. Eu que, seguindo à risca a dica de Vinicius de Moraes, mantenho conta no florista (mais precisamente na FLORA NOVA BRASIL, na Haddock Lobo), traio seguidamente o seu José e o Elídio (pai e filho, que tocam a floricultura) por conta das ofertas na CADEG. Depois, um passeio pela avenida central da CADEG. Frutas, legumes, verduras, mais flores, bebidas de todo o mundo, o troço é tentador. Começo, ali, a desenhar os almoços do final de semana. Não dispenso, nunca, os tremoços portugueses vendidos em vidros gigantescos por um preço mais que camarada. Uma cerveja gelada no POLEIRO DO GALETO é desejável. Fazer hora, andando sem pressa, entrando em cada galpão, em cada loja, e você consegue fazer compras economizando muito e comprando muita coisa de muita qualidade. Encontrar a comunidade portuguesa em festa mais pra perto da hora do almoço, comer sardinha na brasa, ouvir muito fado, muito vira, é tudo "giro", como diriam nossos irmãos portugueses.

Pausa: dia desses li, no FACEBOOK, um cidadão dizendo, durante uma discussão sobre telefonia fixa, celular, internet, TV, eletricidade, gás, saneamento básico, prestação de serviços etc no Brasil:

"Se nada mudar, vamos pagar mico na Copa e nas Olimpíadas! Tudo uma bosta! Rodando o mundo, cheguei à conclusão que nosso grande problema foi ter sido colonizado pelos portugueses. Se tivéssemos sido descobertos pelos ingleses, tudo seria certo. Aqui existe o que chamo de "cultura do remendo". Ninguém faz nada direito e para durar da primeira vez."

Eu, que não tenho tido muita paciência pra esse tipo de pensamento, digamos assim, fui curto e grosso sugerindo ao sujeito que rodasse o mundo de novo, ficando do lado de lá. Pigarreio e volto ao tema.

Hora de ir pra casa preparar o almoço. Antes, porém, uma passada no ALMARA, buteco que apresentei recentemente a Leo e Jean Boechat, apaixonados à primeira vista pelo lugar. No buteco - tomem nota! - é possível beber Brahma, trincada de tão gelada, a R$ 2,40. Eu disse - por extenso - dois reais e quarenta centavos!!!!! Fica na Barão de Iguatemi, logo depois da esquina com a rua do Matoso, à direita de quem entra pela Praça da Bandeira.

No dia seguinte, domingo, sugiro a feira da Vicente Licínio, na Tijuca, é evidente. Os peixes vendidos pelo Vicente e pelo Fábio, na PEIXARIA DO VICENTE, são frescos e o corte deles é mais-que-perfeito. É possível, vejam que luxo a Tijuca é, fazer encomendas pelo telefone, na véspera. A barraca do Fábio, de legumes e verduras, também é tentadora, e ele ainda vende mini-abóboras, aspargos frescos, shitake, tudo selecionadíssimo e por um preço que, ainda que mais caro que na CADEG, vale muito a pena.

Havendo necessidade de algum outro ingrediente, tem o MUNDIAL da Matoso, a menos de 5 minutos da feira. No trajeto, o ACONCHEGO CARIOCA, que estará ainda fechado mas com a Katia já pela área - e que nunca me negou uma gelada no fim da feira...

Depois é correr pro abraço.

Fazer outro grande almoço e brindar à vida, que nos reserva, constantemente, surpresas e delícias que só não vê quem não tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Até.

13.3.10

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

Abro o varandão sonoro de hoje deixando com vocês uma gravação da qual gosto muitíssimo (e que me comove pra burro). Gravada na segunda metade dos anos 50, trata-se de VERMELHO VINTE E SETE, de Herivelto Martins e David Nasser, na voz inesquecível de Nélson Gonçalves. Um tango belíssimo, é dedicado por mim (afinal o varandão é meu!) à minha cunhada, Lina, que quando vai para o salão com meu irmão, Fefê, arrasa. E dedicado, também, à Nora, sua irmã.

Até.

12.3.10

NOVIDADE NO BURACO DO LUME

Eu estive hoje em Volta Redonda a trabalho, razão pela qual não pude dar minha passada no parque de diversões que o PSOL arma, todas as sextas-feiras, no Buraco do Lume, no centro da cidade, na altura da rua Rodrigo Silva. Recebi, entretanto, e-mails de diversos de meus poucos mas fiéis leitores me garantindo: o PSOL, que já se diferencia por não promover comícios, mas debates políticos, aboliu de vez o palanque (que no caso do partido em tela sempre foi, na verdade, um caixote desses de feira) para adotar o cavalete, como esse da foto que ilustra este pequeno texto.

cavalete de pintura

Eles promovem, então, no curso do debate, com público médio de 4, 5 pessoas, a exposição dos quadros (e que quadros!) que pretendem lançar nas próximas eleições.

Não entendeu? Leia isso aqui e ouça isso aqui.

Até.

11.3.10

OU FICAR A PÁTRIA LIVRE OU MORRER PELO BRASIL

A causa defendida por quem disponibiliza o vídeo não é minha, a gravação é tosca, o som é baixíssimo e as imagens são de péssima qualidade. Mas é sempre comovente ver Leonel Brizola no meio do povo brasileiro, razão maior de sua vida, cantando com o povo e sendo saudado por ele.

Até.

10.3.10

PRESENTAÇO DO DALCIO MACHADO

É como eu digo sempre: para cada Chalita que me aparece, surgem dezenas de pessoas que dão mais graça à minha vida. Nem tem mais sentido eu ficar elencando aqui os ganhos afetivos (é a eles que me refiro, são eles que realmente importam) que, graças ao BUTECO, eu já amealhei. E hoje, graças ao blog, de novo, e graças à generosidade desse irmão de Campinas que é o Bruno Ribeiro, e graças também à generosidade de Dalcio Machado, um dos mais talentosos desenhistas da atualidade (e que sequer me conhece pessoalmente!), ganhei um presentaço-aço-aço!

Vejam vocês, vou lhes contar...

Tive um sonho, certa noite, com Leonel Brizola. Eu estava sem fumar na época - o detalhe é fundamental para a compreensão do troço. E deixo vocês com Bruno Ribeiro contando a história de meu sonho, reproduzida no texto O CIGARRO, publicado aqui em 24 de fevereiro de 2010:

"O próprio contou: “Minha noite foi caótica. Atente para o sonho: estou numa sala que não reconheço, sentando à uma mesa oval, e a meu lado – quem? – Leonel Brizola. Fala o Brizola: ´Sabe, Eduardo, na verdade, francamente (segurando os óculos por uma das hastes)... Eu deixei de fumar quando sofri uma grande decepção... No dia em que perdi a legenda do PTB... E hoje, tristíssimo e decepcionado com minha morte, decidi que vou voltar a fumar!´ E eu, de prima: ´Que bom, Governador! Eu deixei há poucos dias, se o senhor voltar eu lhe acompanho!´ O velho Briza abre uma gavetinha à sua frente, retira dois cigarros, acende o meu, acende o seu e ficamos de papo sobre política. Acordo assustadíssimo”."

Eis que deu-se o seguinte...

O Dalcio leu o texto, gostou do texto, inspirou-se, pediu uma foto minha ao Bruno e mandou-me, há pouco, a caricatura abaixo de presente. Nem preciso lhes dizer da emoção que foi. E nem que vou - é evidente! - mandar emoldurar e pendurar a obra numa das paredes de minha casa em lugar de absoluto destaque!

caricatura de Eduardo Goldenberg com Leonel Brizola, por Dalcio Machado

Ergo o copo, comovidíssimo, em direção ao Dalcio, a quem agradeço profundamente, e a quem direi o que de direito por e-mail mesmo, que servirá para este fim enquanto eu não tiver o prazer de conhecê-lo ao vivo e a cores. E ao Bruno, é claro, por sua manifesta generosidade.

Até.

EGO DO BUTECO

O insuperável site EGO, lixo em forma de revista eletrônica hospedada nos domínios da GLOBO.COM, publicou, em 21 de novembro de 2009, uma coleção de instantâneos da estudante Geysi Arruda que, nas fotos, "relaxa em ofurô e faz pilates em São Paulo". O nojento site conta que a "Geisy Arruda tem dia de estrela em spa.".

É ou não é uma tremenda notícia, dessas de mudar o mundo? Vejam essa bomba em forma de coleção fotográfica aqui (e vejam a foto abaixo, para compará-la com a que foi feita pelo fotógrafo do BUTECO).

O EGO DO BUTECO, que mantém firme seu compromisso permanente de lançar luzes e holofotes sobre gente infinitamente mais interessante que a gente exibida pelo tal site, exibe hoje uma verdadeira celebridade que, com apenas 3 meses de idade (completados no dia seguinte), em visita à Tijuca, curtiu um dia de ofurô na casa de seus padrinhos.

06/03/10 - 20h08min

Felipe de Oliveira Savietto, primogênto do casal Roberta Oliveira e Flávio Savietto, curte um banho de ofurô na Tijuca enquanto um temporal de proporções olímpicas caía sobre a cidade.


"É muito bacana ver nosso filho integrado à Tijuca, o bairro mais bacana da cidade, curtindo um banho de ofurô conduzido pelas mãos cuidadosas da mais carinhosa das madrinhas", babou o pai do menino.

9.3.10

MENSAGEM DE LEONEL BRIZOLA

Estou, ainda, impactado. Acabo de receber de um de meus poucos mas fiéis leitores um arquivo MP3 que, franca e sinceramente, deixou-me de queixo (não tenho queixo) caído.

Diz o leitor, acobertado pelo benefício da dúvida, que teve acesso à mensagem abaixo, psicofonada por um médium de mesa branca que teria incorporado, vá saber!, meu eterno e saudoso governador, Leonel de Moura Brizola. O leitor, que disse ter enviado a mensagem por conta de meu interesse pelo assunto (sou, vocês sabem, até hoje, brizolista), mandou-me, também, a mensagem transcrita, como abaixo.

É impressionante.


"Povo do Rio de Janeiro: quantas vezes eu, Leonel Brizola, eu que venho de longe, e hoje de mais longe que nunca, alertei a vocês, meus irmãos e minhas irmãs, para o engodo que é este PSOL? Um partido que não é um partido, mas uma pinacoteca. Um partido que não tem candidatos, que não tem vereadores, não tem deputados, não tem senadores, só tem quadros, quadros e mais quadros. E hoje, francamente, lançando a candidatura deste Jean do BBB, esse lixo imposto pelo cogumelo de poder que é a Rede Globo, esse cogumelo que pertence à família Marinho, o PSOL mostra efetivamente sua cara, sua faceta, mostra ao que veio: veio para nos fazer rir! Vamos juntos dizer um não rotundo ao PSOL nas próximas eleições, um não rotundo a esse candidato, a esse quadro tosco que se apresenta."

Até.

O MAIS NOVO QUADRO DO PSOL

Eu já lhes disse: o PSOL não é um partido político, o PSOL é uma pinacoteca; não tem candidatos, tem quadros (leiam aqui).

Segundo a coluna de Ancelmo Gois, n´O GLOBO de hoje, a academia do PSOL acaba de aprovar a aquisição de mais um quadro para sua coleção.

nota publicada no jornal O GLOBO na coluna ANCELMO GOIS de 09 de março de 2010

Impressionista... quer dizer, impressionante!

Até.

8.3.10

ATÉ DEBAIXO D´ÁGUA

Eu não me canso de dizer que amo, profunda e intensamente, a minha mui amada e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. E um de meus poucos mas fiéis leitores, Ricardo Teixeira da Fonseca, de Bom Jesus, acaba de me mandar algumas imagens do Baixo Gávea, zona sul do Rio, que foram captadas por profissionais da produtora de vídeos MELLIN que estavam, por acaso, bebendo no pedaço quando foram surpreendidos pela tromba d´agua que fez o Rio submergir por algumas horas no último sábado. Da escolha da trilha sonora à seleção de imagens, um grande retrato da alma dessa cidade que não se dobra nem às fatalidades, que inventa, que reinventa, e que sobretudo sorri sem jamais perder o ânimo.

Até.

HORTO GRAFIA

Não sei se vocês se lembram da série HORTO GRAFIA, publicada já algumas vezes aqui no BUTECO (um dos textos da série está aqui). Hoje lhes trago um troço impressionante (e vocês verão do que é capaz o homem e também a máquina!).

Um dos contadores do BUTECO aponta quem são os últimos 20 visitantes do blog, como chegaram aqui etc.

Pois às 11h50min um sujeito chegou aqui fazendo uma busca no GOOGLE. Sua pesquisa?

"CACHORRO RASQUE SEVERIANO"

Ou seja, o sujeito pretendia pesquisar "CACHORRO HUSKY SIBERIANO", digitou essa barbaridade e veio parar aqui!

contador do BUTECO DO EDU

Sensacional.

Até.

PERNIL DE CORDEIRO, A RECEITA

ESTA RECEITA AGORA PODE SER LIDA AQUI.

7.3.10

TRÊS QUADROS CONVERSANDO

É impressionante, muito impressionante. Mais de 150 pessoas (dá vontade de rir) pararam para assistir, durante pouco mais de três horas, três quadros conversando no Recife, no dia 04 de março, quinta-feira passada. Basta clicar no título do texto pra entender.

Até.

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

Vou chalitar imitar de novo Luiz Antonio Simas, mais uma vez desbragadamente. E disponibilizar, nesse domingo, quando se inicia a semana, uma gravação da qual gosto muito, e em homenagem às mulheres, cujo dia se comemora amanhã. TODAS ELAS JUNTAS NUM SÓ SER, gravada ao vivo por Lenine, é um grande achado do cantor e compositor pernambucano.

Até.

6.3.10

OS CANDIDATOS DO PSOL

Um grupo de estudantes de História reúne-se, no final de uma tarde de sexta-feira, numa birosca qualquer nos arredores do Largo de São Francisco de Paula, no velho centro do Rio. É formado por oito estudantes, seis homens e duas mulheres, ambas com lêndeas visíveis a olho nu, compondo o quadro asséptico do ambiente. Uma delas coça, permanente e vigorosamente, valendo-se dos dentes do pauzinho de bambu que lhe adorna o coque, a cabeça povoada de insetos. A outra, com as unhas pintadas de vermelho e branco, cata piolhos nos cabelos da amiga. Os seis rapazes, devidamente uniformizados (chinelos de couro cru, calças jeans rasgadas e camisetas de malha branca com dizeres revolucionários), ocupam a quina do balcão e pedem ao velho dono da espelunca, sem sinal de respeito, duas garrafas de cerveja e oito copos.

- Americanos? - pergunta o velho.

- Nunca! - grita uma das piolhentas.

- Somos anti-imperialistas, tio... - argumenta a outra.

Servidas as cervejas e os copos-bolinha, um dos estudantes derrama um pouco da bebida na calçada, do lado de fora do bar.

- Pra Exu, companheiro?

- Não. Para Mao!

E emenda:

- Por falar em política, vocês já têm candidato pra governador?

Cada um foi dando seu palpite, a assistência em volta entrou na conversa - isso é bar! - até que o provocador da discussão disse, logo depois do silêncio coletivo:

- Vou de Jefferson Moura.

Como se fossem todos componentes do Fischer Chöre, veio a pergunta em uníssono:

- Quem?!

Deu-se o espetáculo plástico e gestual do simpatizante do PSOL (todos os demais membros do grupo eram ligados ao PSTU). Fez que não com a cabeça demonstrando falta de paciência com a ignorância unânime. Puxou do bolso um cigarro, acendeu com um palito de fósforo, tragou fundo, soltou a fumaça em direção ao próprio pé (imundo) e disse, de olhos fechados e olhando pro alto:

- Não conhecem?

A assistência, numa só voz:

- Não.

Ele muxoxou. Fez pose de estátua e disse:

- Um senhor quadro. Que quadro, que quadro!

Um bêbado ao lado, atento e impressionado com os ares de sabedoria do garoto, correu os olhos pela parede do bar. Sorriu quando deu de cara com uma morenaça num cartaz da ANTARCTICA. Repetiu:

- Que quadro! Que quadro!

O estudante virou-se num sem-pulo e disse, forjando respeito pelo pobre-diabo:

- O senhor conhece?

Bebericando a cachaça, fez que não:

- Quem me dera! Quem me dera!

- Vou te apresentar. Faço questão.

Uma das piolhentas sussurou no ouvido da catadora de lêndeas:

- De quem eles estão falando?

- E eu sei?

Os cinco, que a tudo observavam, morriam de rir com os narizes enterrado nos copos-bolinha.

O bêbado:

- Quando?

- Vou chamá-lo para dar uma palestra no IFCS, para que ele fale sobre sua plataforma de governo. O senhor quer ir?

O bêbado:

- Ixi! Tá na hora de parar de beber!

Pescou umas moedas do próprio bolso, pagou a cana e despediu-se do militante. Este, indignado, vociferou:

- Sociedade alienada! - e puxou o segundo cigarro.

O mais velho do grupo, dirigindo-se a ele:

- Na boa, companheiro. Quem é esse seu candidato?

- Um quadro, um quadro!

E foi tão veemente em sua defesa, tão apaixonado, tão envolvente, que os outros sete, e até mesmo alguns membros da assistência, saíram de lá impressionadíssimos.

Na volta pra casa, sentadas lado a lado no 239, uma piolhenta disse à outra:

- Sabe que eu curti a proposta dele?

- Super estética, né?

- Mega estética. Curti essa parada de votar em quadro.

- Eu também!

E foram, guinchando de rir, até o ponto final.

Até.

NO LEBLON

Espero que esses dois cidadãos, tratados como lixo por seguranças infectados pelo víruso do preconceito odioso que grassa no bairro do Leblon, busquem a reparação que lhes é devida na Justiça. O Leblon, meus poucos mas fiéis leitores, o Leblon de Manoel Carlos, o único bairro possível para o EGO, um dos mais podres sites da grande rede.

nota publicada na coluna ANCELMO GOIS, em O GLOBO, em 06 de março de 2010

Até.

5.3.10

DO DOSADOR

* fez um tremendo sucesso o texto no qual fiz breves digressões sobre o comportamento dos rolhas-de-poço diante de um prato de comida, aqui. Notem bem que o boa-praça Diego Moreira, nos comentários, ele que é exuberante como eu na exibição de sua fartura adiposa, tomou para si o texto, como homenagem! O que prova que o gordo é, além de invejoso, orgulhoso. Quero repetir, como ladainha, para que o troço fique bem fixado na mente de vocês que me lêem: o gordo não tem desejo, o gordo não tem vontade própria, o gordo não tem sequer inspiração diante do cardápio, que ele folheia como um evangélico à Bíblia Sagrada. O gordo tem, mesmo, é inveja - e só inveja, e apenas inveja. Quer o que o vizinho de mesa está comendo. O que vê passar na bandeja fumegante do garçom. Por fim, uma imagem: vocês já viram alguma vez um gordo achatando o próprio nariz no blindex de um restaurante a quilo qualquer? É um espetáculo entre o deprimente e o hilariante. Reparem, pois, na próxima visita a um desses circos dos horrores, a quantidade de marcas de gordura do nariz e da testa nos vidros desses estabelecimentos. É de estarrecer. Todas as marcas, rigorosamente todas, deixadas por obesos que amam, simplesmente amam, esse tipo de vitrine;

* falei em gordo, falei em comida e quero reiterar o que já lhes disse. Amanhã preparo, em casa, um pernil de cordeiro simplesmente monumental. Na segunda-feira, se assim os deuses permitirem, publico aqui a receita fartamente ilustrada. É mais uma que vai para A COZINHA DO BUTECO, no menu à direita;

* um de meus poucos mas fiéis leitores, Felipe Drumond, partiu em defesa da modorrenta Maria Gadú, aqui, e também em defesa da constipada Ana Carolina, a que quando canta dá a impressão de sofrer, agudamente, de prisão de ventre. Faz sentido. Brilhante advogado, veio aqui tentar absolver, de meu ogó imaginário, as duas cantorinhas. A primeira, inflada pela mídia vendida como bem explicou Marcelo Moutinho em seu comentário ao mesmo texto, inclusive, enlouqueceu: deu de dar patadas no aeroporto um dia desses, indo parar na delegacia. E em seu site, que dá ânsias de enjôo, teve a pachorra de criar, no menu de sua página pessoal, um item chamado DISCOGRAFIA, que é, na definição sempre precisa do Houaiss, a "lista ou descrição sistemática de discos (de um determinado intérprete, de uma coleção etc.)". A lista e a descrião sistemática de discos da Maria Gadú tem apenas um item. Um único item que foi o bastante para elevá-la à categoria de celebridade. Tsc. Quanto à constipada, tenho a lhes dizer o seguinte: vejam com seus próprios olhos a cantora que tanto agrada a Felipe Drummond gemendo (ela não canta) EU COMI A MADONA, acompanhada por um DJ fantasiado de Jason Voorhees, aqui, para delírio da patuléia. Tsc;

* tenho ido ultimamente, por força do trabalho, à Barra da Tijuca, a Barra Cada Vez Menos da Tijuca. Ô, bairro desgraçado! Indo pela zona sul, pelo Alto da Boa Vista, pela Linha Amarela, é sempre o mesmo caos. Engarrafamentos inacreditáveis que só tendem a piorar diante da absurda quantidade de empreendimentos imobiliários que pululam naquele pedaço do Rio tornam uma simples ida ao bairro da zona oeste um caos. A placa SORRIA, VOCÊ ESTÁ NA BARRA que fica numa das entradas do bairro só pode ser sacanagem;

* tenho me divertido assistindo a simpatizantes do PSOL defendendo seus candidatos nas próximas eleições. Eles dizem os nomes. Daí você pergunta:

- Quem?

E eles, com ares de intelectual, de dono de antiquário ou de colecionador de artes, dizem:

- É um excelente quadro!

Ocorreu-me, agora, que o PSOL é uma pinacoteca política: só tem quadro.

Até.

P.S.: pequeno adendo, ainda dirigido a Felipe Drumond (que eu já havia feito através de resposta a seu comentário, que acaba de ser corroborado por Marcelo Moutinho): depois das gravações de Edith Piaf e de Maysa para NE ME QUITTE PAS, todo o resto é mais-que-dispensável.