30.4.10

UM GRANDE ENCONTRO

Em 05 de setembro de 2009 deu-se um troço inusitado, e divido o troço com vocês por conta do que escrevi hoje, falando das coisas mais simples dessa vida (aqui). Estávamos no velho centro do Rio, eu, Fernando Szegeri e Luiz Antonio Simas, para onde fomos pra beber e jogar conversa fora. Entramos, por volta das 18h, no cada vez melhor AL-FÁRÁBI, na rua do Rosário, tocado por Carlos Alves (que faz anos hoje!) e Evelin. Juntou-se a nós a doce Candinha. Foi quando o Carlos cerrou as portas da abadia. Ficamos ali, os seis, cercados por dezenas de garrafas de cervejas do mundo inteiro durante horas. Foi quando flagrei esse fabuloso momento, esse encontro desses dois grandes brasileiros, amantes das coisas mais simples da vida. Com vocês, Luiz Antonio Simas, em tom professoral (sensacional!), cantando XINGU, obra-prima de João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro. A gravação, tosca, foi feita através de celular. Mas presta-se, perfeitamente, ao registro desse grande momento.

Até.

AS COISAS SIMPLES - PARTE III

Em 15 de agosto de 2006 - lá se vão quase quatro anos! - escrevi AS COISAS SIMPLES - PARTE I, aqui, e em 17 de agosto de 2006, AS COISAS SIMPLES - PARTE II, aqui. Alguns trechos, só pra refrescar a memória e pra construir o alicerce desta terceira parte. No primeiro texto, usei como mote o sufoco que foi encontrar pilhas pequenas para um radinho de pilhas que eu havia comprado:

"Os dois episódios nos tornam irmãos na nostalgia, nos tornam irmãos na saudade de uma forma de existência que vai desaparecendo, e explico mais, explico mais!

As coisas simples, como as casas com cadeiras na calçada e uma fachada escrito em cima que é um lar, estão sumindo, e sumindo mesmo.

Vejam.

Deixemos de lado o radinho de pilha, que ilustra bem essa angústia e essa busca desenfreada pelo simples e falemos de sorvete. Sorvete? É. Sorvete.

Fui ao supermercado na sexta-feira a pedido da Dani:

- Traz uma caixa de sorvete napolitano! - disse minha garota.

Reside na minha busca alucinada pelo sorvete napolitano - e também pelo de chocolate, que eu queria para mim - a morte das coisas simples também no setor das guloseimas (que é uma palavra em desuso, perfeita para o enredo de hoje).

Há nas prateleiras e nas geladeiras dos mercados uma aridez impressionante e angustiante de sorvetes simples: chocolate, flocos, creme, napolitano... São dificílimos de achar!

O que há, então?

Sorvete de côco com raspas de abóbora e lâminas de hortelã. Sorvete de pistache com gotas de chocolate meio-amargo. Sorvete de manga Tommy com patê de rúcula selvagem. E por aí vai.

Há um atropelo revoltante das coisas simples, das coisas primitivas que sempre nos bastaram. E há o surgimento de sorvetes - estamos falando de sorvetes - caríssimos em detrimentos dos baratos, mais gostosos, mas mais simples, e deve ser desse "mais simples" que as pessoas querem fugir em busca da adeqüação às regras sujas que o marketing impõe. As pessoas que querem estar na moda. Que querem estar in.

"Mais um exagero do Edu", ouço daqui as críticas.

Pois dêem tempo ao tempo."


Tomem nota: depois do radinho de pilha falei do sorvete (guardem essa informação). Vamos em frente. No segundo texto, tirei o Marcuse da prateleira e segui:

"O pernosticismo grassa numa velocidade assustadora, e explico.

Aqui na Tijuca o arroz acompanha o feijão. No Leblon o feijão é escoltado pelo arroz.

Aqui na Tijuca a gente serve massa com queijo ralado. No Leblon a massa vem salpicada com lascas de parmesão.

Evidentemente que não só no Leblon, mas o Leblon é o bairro de "Páginas da Vida", obsessão dos apedeutas d´O GLOBO, e personifica esse status pernóstico que vem destruindo, aos poucos, a delícia das coisas mais simples.

Antes, ainda, de falar sobre os butecos, e dando um tom szegeriano ao Buteco, vamos a trechos retirados do livro "Tecnologia, Guerra e Fascismo - Coletânea de artigos de Herbert Marcuse", editora UNESP. O que tem isso a ver?, ouço daqui a pergunta. Os trechos são auto-explicativos:

"A tecnologia (...) é (...) uma forma de organizar e perpetuar (...) as relações sociais, uma manifestação do pensamento e dos padrões de comportamento dominantes, um instrumento de controle e dominação.

(...)

Para compreender toda sua importância, é necessário examinar rapidamente a racionalidade tradicional e os padrões de individualidade que estão se dissolvendo no presente estágio da era da máquina.

(...)

O indivíduo humano (...) apoiava valores que contradizem flagrantemente os que predominam na sociedade de hoje.

(...)

Todo protesto é insensato e o indivíduo que persiste em sua liberdade de ação seria considerado excêntrico.

(...)

A mecânica da submissão se propaga da ordem tecnológica para a ordem social; ela governa o desempenho não apenas nas fábricas e lojas, mas também nos escritórios, escolas, juntas legislativas e, finalmente, na esfera do descanso e lazer."

Bem. Por isso eu sou considerado um excêntrico quando fico dando murro em ponto de faca gritando contra essas mentiras imundas que são os bares-mentira que a patuléia freqüenta deslumbrada acreditando estar, ó, no que há de melhor."


Do que me chamam meus detratores senão de "chato", de "excêntrico", como por exemplo uma moça no TWITTER - a quem não conheço - que ontem me perguntou:

- Você não cansa não?

Não. Eu não canso. Mas voltemos ao texto de 2006:

"Os butecos autênticos, primitivos, originais, estão sumindo justamente por que vêm sendo destruídos pela força econômica das franquias (Belmonte, Devassa, Informal, Conversa Fiada, Manoel e Joaquim, Pirajá, Original dentre tantos outros) e, o que é pior, gente da melhor qualidade passa a achar natural, sem perceber que é manipulada pelo grande aparato (que tem no Jota, por exemplo, um propagador), beber caipirinha - só pra citar um exemplo - com um palito feito de cenoura crua enterrado no copo, coisa nojenta que acontece no Belmonte, foi a Fumaça que me contou. Daí eu preciso citar outro trecho de autoria do Marcuse:

"Mas o homem não sente esta perda da liberdade como o trabalho de uma força hostil e externa: ele renuncia à sua liberdade sob os ditames da própria razão. A questão é que, atualmente, o aparato ao qual o indivíduo deve ajustar-se e adaptar-se é tão racional que o protesto e a libertação individual parecem, além de inúteis, absolutamente irracionais. O sistema de vida criado pela indústria moderna é da mais alta eficácia, conveniência e eficiência. A razão, uma vez definida nestes termos, torna-se equivalente a uma atividade que perpetua este mundo. O comportamento racional se torna idêntico à factualidade que prega uma submissão razoável e assim garante um convívio pacífico com a ordem dominante."

O que eu quero demonstrar, e peço perdão desde já pelo tom mais sério do que de costume - ou nem mais sério, mas mais formal - é que as pessoas, e há várias queridas minhas entre elas, não entendem a razão que me leva a não entrar, em nenhuma hipótese, num lixo desses como os que já citei, por uma questão de coerência, de protesto, de manifestar um não rotundo (ave, Brizola!) à imposição de comportamento que o aparato, incessantemente, imputa à sociedade.

É preciso estar atento e forte, permanentemente, para que nossas convicções mais arraigadas não sejam diluídas, aos poucos, ao ponto de passarmos a achar natural os troços mais artificiais e mentirosos."


Eis que me comovo diante disso. Quatro anos se passaram e sou tido, por meus detratores, como mais "chato" que nunca, mais "excêntrico" que nunca, e isso apenas porque não me canso de dizer que NÃO ADMITO (e não admitir não significa falta de flexibilidade, significa apenas que não quero determinada coisa perto de mim) essa babaquice, essa viadagem, essa frescurada, essa histeria coletiva em torno do que nos desumaniza a todos. Vejam vocês.

Vou repetir: nunca fui ao restaurante de Roberta Sudbrack, a quem não conheço. Não posso, portanto, julgar sua comida, embora a única pessoa que conheço que já provou de sua comida, Luiz Carlos Fraga, tenha me dito que a coisa não é isso tudo o que dizem por aí. Mas é inegável que é uma moça de talento (cozinhando, ou não teria a projeção que tem, e se promovendo, ou não teria alcançado a projeção que tem). Daí a eu achar natural a histeria e a esquizofrenia em torno de sua comida vai uma distância aguda e absurda. Eu NÃO acho normal a dita cozinheira ficar mandando mensagens pelo celular para seus clientes dizendo coisas como "seus bombolonis já acordaram, pentearam o cabelo e estão a caminho da sua mesa". Como não acho normal, diante do doce chegado à mesa, a cliente responder, também pelo telefone (!!!!!), "olha, se isso é a sobremesa eu não sei, eu só sei que estou no céu!!!". Aí tem um que diz que chorou diante da codorna que lhe foi servida, outro escreve "morri" quando apresentado ao risotto, e a viadagem não cessa. Um compositor, um que cantava há pouco, cheio de orgulho, "eu não resisto aos botequins mais vagabundos" só se refere a ela como "fada", o que é, convenhamos, de foder a paciência. Para que tudo soe coerente, analisem com frieza e vejam se o comportamento não se torna idêntico à factualidade que prega uma submissão razoável, garantindo assim um convívio pacífico com a ordem dominante. É tão evidente!

E pra encerrar.

Ontem fui apresentado ao blog de um sujeito que se denomina - tirem as crianças da sala! - O DJ DA LITERATURA. Antes, leiam BESTEIRAS OLÍMPICAS, aqui, que publiquei em 19 de março deste ano sobre a papagaiada em torno do lançamento de um livro de Paula Parisot.

Voltando ao DJ, que mantém o blog MIXLIT. Diz ele que "inspirado no trabalho de seleção e edição dos DJ´s que adicionam e cruzam instrumentos e músicas em uma única faixa, MIXLIT mistura diversos autores e estilos em surpreendentes e divertidos mash-up´s literários.". Tem, o DJ, a pachorra de fazer o alerta no blog: "se você é ou representa algum dos autores remixados aqui e se incomodou com a utilização de trechos de seus textos, entre em contato conosco e logo retiraremos a passagem em questão.". Que tal?

O troço - vão tomando nota - não tem limite. A patuléia nem percebe que vai sendo envolvida pelos tentáculos desse monstro que pretende destruir o que nos é mais caro, as coisas mais simples, as coisas mais verdadeiras, e fica todo mundo achando normal, como uma moçoila que, exaltando o DJ, disse que o escritor (?!?!?!?!?!) "está de parabéns com o novo projeto, MixLit. Simplesmente, ele faz mash-up´s literários, à moda dos DJs de Ibiza.". Em apertada síntese, o sujeito chupa trechos de diversos autores, junta tudo conforme sua mente criativa (!!!!!) e é tratado, por aí, como gênio da raça.

Eu - confesso - não tenho NENHUMA paciência pra isso. Ontem, ainda assombrado diante do monitor enquanto lia sobre o troço, escrevi para um escritor de verdade pedindo sua opinião sobre a coisa (tenho essa mania sempre que fico me perguntando se estou a exagerar na minha repulsa). Mandei apenas o link do blog do DJ. A resposta foi um alento:

"Como você disse, é uma (...), inútil, de quem não sabe e nem tem o que escrever. Para onde vamos, ou, para onde eles vão? Abraço."

É, de fato, uma alívio perceber que não estamos sozinhos, lutando como náufragos em meio a esse oceano poluído que tenta nos engolir.

"Food experience", "sorbet" - essa gente não fala mais "sorvete" -, "soft opening", "mash-up´s literários"... e assim caminho com humildade.

Até.

29.4.10

PROSSEGUE O SILÊNCIO DIANTE DO ESCÂNDALO

Passados mais de 15 (quinze) dias contados do estouro do escândalo no TJRJ, o silêncio vergonhoso e conivente dos jornalões continua, vejam aqui!

P.S.: o troço agora vai ser investigado pela ótica do crime, vamos ver se vai dar em alguma coisa. Estamos em cima! Aqui.

28.4.10

DO DOSADOR

* Passei um agradabilíssimo dia de aniversário, data em que se comemora, também, o Dia Municipal do Teatro de Bonecos, uma iniciativa do vereador Eliomar Coelho, do PSOL, que assim contribui muito para o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro e de sua população. Não soube de NENHUMA (com a ênfase szegeriana) iniciativa do vereador, justo no dia de ontem, para fazer valer a data inútil que criou;

* dentre os presentes que ganhei um me emocionou sobremaneira. Leo Boechat, meu compadre, deu-me de presente um time de botão, belíssimo, todos os botões numerados e escalados pelo próprio. Dez amigos dão nome aos jogadores, idéia monumental eis que capaz de fazer balançar o peito desse velho que vos escreve;

* assim também com o mimo de Luiz Antonio Simas, macumbeiro de escol, que me presenteou com uma imagem de São Judas Tadeu, padroeiro do Flamengo. Vindo de um botafoguense, emociona. Desde que a imagem não tenha sido devidamente trabalhada, se é que me faço entender;

* senti a falta da presença (ou de um mísero telefonema) de Eliomar Coelho, Moacyr Luz e Tiago Prata, convidados que foram para o encontro na rua do Rosário na hora do almoço. Como são rancorosos...;

* papai apareceu e mostrou-se assombrado. Os marmanjos trocavam figurinhas do álbum da Copa do Mundo e meu velho não segurou o susto com a cena inusitada;

* eu disse "inusitado" e quero lhes contar. Andei perguntando a alguns simpatizantes do PSOL sobre seus votos no segundo turno, eis que até o mais rústico quadro do partido sabe que a disputa será mesmo entre Dilma Roussef e Jose Serra. O candidato a presidente do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, respondeu-me: "Em mim ou em ninguém, não voto em candidatos da direita", algo assim. Diante da resposta (nem o mais impressionistas dos quadros do partido acredita nisso), eu disse: "Não seja patético. Dilma é de direita?". E ele, de volta: "O debate político tem regras de civilidade. Se quiser que eu responda eleve o tom da sua crítica.". Referia-se, por óbvio, ao uso da palavra "patético". Foi quando perguntei ao candidato se ele gostaria que eu me valesse da CARTILHA HELOÍSA HELENA DAS REGRAS DE CIVILIDADE. Não obetive resposta. E faço a ressalva: gosto do modus operandi de Heloísa Helena antes que se pense o contrário. O que não suporto é esse papinho falso de "elevar o nível do debate". Ou não é patético Plínio de Arruda Sampaio acreditar que vai para o segundo turno?;

* vai parecer cabotino - e é - mas quero mostrar pra vocês a bacana homenagem que me prestou ontem esse irmão de Campinas, Bruno Ribeiro, aqui;

* daqui a pouco tem Flamengo e Corinthians pela primeira partida das oitavas da Libertadores. O jogo, no Maracanã, promete. Casa cheia (restam menos de 5 mil ingressos à venda) e muita emoção no duelo entre os dois times mais populares do Brasil. Sem palpites para o resultado, junto-me aos bons, daqui a pouco, no Complexo da Matoso, o verdadeiro pólo gastronômico extraoficial da cidade. Lá - poucos sabem onde fica o tesouro - uma garrafa de Brahma estupidamente gelada custa R$ 2,40. Eu disse dois reais e quarenta centavos;

* no sábado reunir-me-ei com alguns poucos na mansão dos Zampronha, no Alto da Boa Vista, para um rali de cordeiro. Na segunda-feira, se me for permitido, divido as receitas com vocês. Vai ter lingüiça, filé, costela e pernil de cordeiro, ofertas da CASTELLA ALIMENTOS, de São Paulo (conheçam aqui), que me enviou, de presente, diversos cortes para que eu experimente. Segundo Leonardo Brum, gerente comercial da marca, a receita que pus aqui, do pernil que fiz, me fez merecedor do presente. Patrocinador, aqui, não é oculto. A gente mata a cobra e mostra o pau.

Até.

27.4.10

OBRIGADO, ELIOMAR COELHO!

Obrigado, Eliomar Coelho! Hoje, 27 de abril de 2010, dia em que comemoro mais um ano de vida (o quadragésimo primeiro), comemora-se, pela terceira vez, no município do Rio de Janeiro, o Dia Municipal do Teatro de Bonecos, obra fundamental (vejam aqui) para minha mui amada e leal cidade de São Sebastião! Obrigado, vereador.

teatro de bonecos

DUVIDO (com a ênfase szegeriana) que o vereador mova uma palha para comemorar a data.

Só dói quando eu rio.

Até.

26.4.10

DO DOSADOR

* Passei um final de semana, que começou na sexta-feira pela manhã por conta do feriado de São Jorge, de intensas emoções que quero dividir com vocês, meus poucos mas fiéis leitores. Fui a São Paulo para o casamento de uma moça, vejam vocês, que é daquelas que se encaixa na categoria "das que vi nascer". O simples fato de pensar isso - "vou ao casamento dela, eu a vi nascer" - já transforma você numa espécie de múmia. Eu, às vésperar de completar 41 anos (faço anos amanhã), parti, de carro, rumo à cidade de São Paulo, para ver casar uma menina que veio ao mundo quando eu já tinha 9 anos (em certas ocasiões, dar nomes não interessa). A conheci na cidade de Caxambu, sul de Minas, onde passávamos as férias, e lembro-me dela criança. Os delírios que acometem um homem de 40 anos de idade deu-me a certeza, entretanto, de que eu a vi nascer (o que não é, em absoluto, real). Daí a emoção que me acompanhou durante o trajeto. Emoção que - conto para ser preciso do início ao fim - já havia me assaltado quando recebi, em meados de 2009, por e-mail, a notícia de que ela ficara noiva e marcara o casamento para 24 de abril;

* esqueçam Brunet, Bruni, Bündchen, Piovani. A noiva, lindíssima - sou fã confesso de sua beleza lato sensu -, eu só fui ver na igreja. No hotel em que nos hospedamos, entretanto, revi muita gente presente na minha infância. Fui arremessado ao passado diversas vezes e tive febres terçãs a cada encontro. Mal consegui disfarçar meu assombro com os golpes nostálgicos. Uma me perguntou: "Por que o Dudu se transformou nesse homem tão sério, hein?!". Não consegui responder, a não ser com os olhos, permanentemente marejados;

* estávamos todos, em torno de 60 pessoas, todas do Rio de Janeiro, hospedados no mesmo hotel, aguda gentileza da noiva. Eu entrava no elevador, rumo ao vigésimo andar, e dava de cara com uma, com outra, e meu elevador de sentimentos rumava para a década de 80, fazendo com que eu sofresse impactos capazes de me fazer um homem atônito, sem fôlego, incapaz de administrar - eis um de meus dramas íntimos - minhas emoções e sentimentos;

* na sexta-feira, depois de almoçar no ORA POIS, simpático português na Vila Madalena, fui à casa de Fernando Szegeri. Pela primeira vez, em muitos anos - conheço o homem da barba amazônica há mais de 10 anos -, lá estivemos reunidos, os Szegeri e os Goldenberg. E tome pancada no combalido coração;

* no sábado pela manhã fomos ao Mercado Municipal da Cantareira, um troço pra deixar carioca com inveja da pujança paulista. Depois, uma visita à Praça Benedito Calixto e almoço num japonês, o SUSHI YÁ, incapaz de fazer cosquinhas no tijucano MITSUBA, mas muito bom. Descemos a pé para o Ó DO BOROGODÓ. Vimos o começo da roda de samba tocada pelos Inimigos do Batente, o melhor programa das tardes de sábado de São Paulo, e saímos logo, logo. Ali, no Ó DO BOROGODÓ, em dezembro de 2005, havia sido meu último encontro com a noiva, vejam aqui. Fui, da hora em que entrei a hora em que saí, um homem ansioso;

* às sete e meia da noite eu estava, ansiosíssimo (ainda, e sempre), à espera do carro que nos levaria à igreja, outro mimo da gentilíssima noiva. A cerimônia foi belíssima, e tenham em conta que cerimônias de casamento são, em geral, enfadonhas. Não aquela. Pelos bancos da igreja, os personagens de grande parte de minha infância. Uma delas, cega por conta da diabetes (soube no dia). Um bebê que eu eu carregara no colo entrou desfilando na igreja, sob o tapete vermelho, como padrinho da prima. Com 20 anos de idade. E eu sofrendo solavancos por dentro, segurando o choro. Entra a mãe da noiva e quero lhes fazer mais uma confissão: foi, do início da cerimônia ao final da festa, a mais radiante mãe-de-noiva que eu jamais vi. E veio a noiva, de braços dados com o pai, que me viu em tenra idade. Lindíssima, ela também radiante. Na minha cabeça, carequíssima, rodavam os filmes que me faziam sofrer a mais cálida das febres. E fomos à festa;

* foi, ainda estou fazendo confissões, a mais perfeita festa a que já fui. Como diria um de meus ídolos, Nelson Rodrigues, o champanhe jorrava das bicas de ouro espalhadas pelo salão. O uísque era servido como água da bica nos mais simples botequins da cidade. Havia, eu tive essa impressão à certa altura, mais garçons e garçonetes do que convidados. A comida, a anti-food-experience, perfeita como tudo. A música, adequadíssima (dancei diversas vezes, eu que sou o anti-pé-de-velsa). E três momentos (para ser conciso e não cansar vocês, foram mais de três...) tornaram a noite rigorosamente inesquecível. O primeiro quando veio á mesa a mãe da noiva. Impossível não se emocionar com aquele sorriso do qual brotava luz e felicidade, contagiante. O segundo quando fui cutucado por trás. Olhei. Era um dos padrinhos da noiva, o que peguei, literalmente, no colo quando era um bebê. Com um copo de cerveja na mão, me disse: "Oi, Dudu. Sou Flamengo por sua causa, cara...". Quase morri. Acho que não consegui disfarçar a emoção quando o abracei e durante o tempo em que conversamos. O terceiro, é claro, quando falei com a noiva, a segunda mulher mais linda do salão (minha menina é imbatível). Eu, orgulhosíssimo, como um tio que baba diante da felicidade da sobrinha, fui até ela acompanhado por meu irmão do meio. E ela, a noiva, com os olhos cheios d´água, disse-nos coisas tão bonitas que, franca e sinceramente, não cabem aqui;

* no domingo pela manhã, ainda comovidíssimo, voltamos à Lapa para um churrasco na casa de Fernando Szegeri. Atravessei os 450km que separam o Rio de São Paulo impactado com tanta coisa bonita.

Até.

FOOD EXPERIENCE

Dedico o vídeo abaixo a todos aqueles que acham que "food experience" não existe e que não passa de uma criação minha, de tão inacreditável que é o troço. Vejam e vejam com os próprios olhos a que ponto pode chegar a capacidade do homem contemporâneo.

Até.

25.4.10

BUTECO DO EDU EM CANNES

O YOUTUBE tirou do ar todos os filmes que utilizavam cenas do filme A QUEDA. O BUTECO DO EDU, furando o bloqueio, disponibiliza o filme PSOL, agora, no METACAFE.


A novidade é que estamos concorrendo na seleção de curtas de Cannes. Vejam abaixo.
Até.

21.4.10

ESTUDANDO A FOOD EXPERIENCE

Não sei se vocês leram minha receita PEPINO PSOL NO BURACO DO LUME, que publiquei aqui. Trata-se de minha primeira incursão no inacreditável terreno da food experience que é, em apertada síntese, um conceito novo e revolucionário no mundo da gastronomia. O conceito food experience aborda todo o conjunto do ambiente, todo o clima, todas as sensações que acompanham o simples ato de cozinhar e comer. A comida é - eis o que me instiga - o menos importante. E eu seria mais ousado: a comida é rigorosamente dispensável! Foi pensando nisso, depois de ler diversos textos de renomados estudiosos sobre o assunto, que criei a tal receita minimalista: não há ingredientes, há ingrediente. Assim mesmo, no singular. Com apenas um pepininho em conserva e bastante concentração você será capaz de produzir uma obra prima capaz de levar qualquer um ao nirvana. Por conta de tudo isso, cheguei ainda a outra conclusão: a food experience é o PSOL de avental, por isso o nome que dei ao rebuscado prato. Pois estive ontem, na hora do almoço, em um restaurante cujo nome prefiro, por ora, omitir, e que vem sendo destacado por dedicar-se, exclusivamente, à food experience.

Fui recebido na porta por uma moça, uma mulata longilínea, cujos cabelos me lembraram os de Tony Tornado no auge. A moça, postada diante da porta de entrada, estava cercada por dois seguranças de terno e óculos escuros com cara de poucos amigos. Foi ríspida:

- Tem reserva?

- Tenho.

- Seu nome?

Eu disse.

Um dos seguranças não conseguiu prender o riso. O outro manteve-se em posição de estátua. A mulatona consultou seu iPhone, correu a varetinha pela tela do aparelho e disse:

- Por favor, por aqui...

Abriu a porta e pude entrar.

Senti-me num cenário de ficção. Não mais do que 10 mesas, 9 delas ocupadas. Contei 16 pessoas, 37 aparelhos de celular e 12 notebooks. Todas gargalhavam olhando para suas próprias geringonças tecnológicas. Às vezes, muito raramente, as que estavam numa mesma mesa trocavam cutucões e guinchos de gargalhada. No fundo, no final do pequeno salão, uma parede de blindex exibia os cozinheiros. Eram 4 homens e uma mulher, todos com aquele chapelão mestre-cuca. Eram, portanto, 10 mãos. Não vi, nas mãos dos cozinheiros, uma colher-de-pau, uma concha, uma espátula, uma panelinha. Tinham, todos, aparelhos de telefone celular de última geração nas mãos e um gigantesco monitor diante da bancada da pia, em reluzente inox. Enquanto me sentava no local indicado por um funcionário atencioso, ouvi as vozes dos presentes:

- Ela te respondeu? A mim, já! - guinchos.

- Não, ainda não... - tom de lamento.

- Olha! Olha! A chefe escreveu "risos" pra mim! - um orgulhoso grito.

A cada uma dessas frases, uma espécie de reprimenda por parte do homem que me pareceu ser o gerente.

Sentei-me. Disse ao garçom:

- O senhor pode me trazer o cardápio?

Fui fuzilado por todos os olhos de espanto que me cravaram em questão de segundos. Um dos presentes, que tinha o símbolo da balança na lapela do paletó, foi irônico:

- Sua primeira vez aqui?

Fiz que sim com a cabeça.

- Não há cardápio. Aqui comemos o que a chefe quer! - e deu-se a gargalhada coletiva.

Ajeitei-me na cadeira e perguntei ao advogado (só podia ser advogado com aquele broche):

- E como saberemos o que ela preparará?

Não houve resposta. O garçom, simpático, disse-me:

- Senhor, o senhor tem direito a dizer, de viva-voz, apenas duas frases. A partir de agora, só pelo twitter.

- Mas eu não troux...

Ele pôs o indicador sobre os lábios.

Decidi esperar, afinal eu estava em missão de pesquisa.

Passados 40 minutos o garçom trouxe meu prato.

A louça lindíssima, os talheres lindíssimos, nada no prato.

Espantei-me e antes que dissesse qualquer coisa o garçom adiantou-se:

- A chefe disse que é importante para o senhor adequar-se à nossa filosofia. Pediu que o senhor se concentrasse, percebesse a energia que emana da cozinha, sentisse o clima que brota das mesas dos demais comensais. O senhor tem cinco minutos, já, já trago a sobremesa.

Passados os cinco minutos, volta o garçom. Retira meu prato e pergunta:

- Que tal, senhor? Gostou?

Fiz com os olhos uma expressão de "posso?". Ele sorriu e disse:

- Como é sua primeira vez, senhor, o senhor pode, sim, falar. O senhor gostou?

- Amei. - foi minha tentativa de ganhar a simpatia do magrelo. E emendei:

- E a sobremesa?

- Alguma preferência, senhor?

Senti que errei quando respondi:

- Tem sorvete?

Pra quê?!

Uma histérica, visivelmente fora de controle, avançou sobre minha mesa. Pôs as duas mãos na borda ovalada e disse:

- Repete! Repete!

- Perguntei se tem sorvete... - eu estava com medo, confesso. A mulher tinha um cinturão com pelo menos 5 celulares e parecia disposta a me agredir.

- Aqui, imbecil... - olhou pra trás e todos riam.

Ela virou-se de novo pra mim:

- Aqui só comemos sorbet... - e fez carinha de nojo para dizer "sorbet".

O garçom a afastou e foi cortês comigo:

- O senhor nos perdoe, por favor. Ela é das mais fanáticas freqüentadoras, almoça aqui todos os dias... Sorbet é sorvete sem leite, senhor, o senhor aceita?

Dei uma desculpa qualquer, disse que estava com pressa e que voltaria em breve, munido de um aparelho de última geração para poder interagir com a chefe e com a assistência. Pedi a conta. Paguei R$ 220,00 e fui convidado a voltar o quanto antes para não perder o que o gerente chamou de desenvolvimento sensorial dos praticantes da food experience.

É, como eu digo, de fooder a paciência.

Até.

20.4.10

MAIS UM A DENUNCIAR O ESCÂNDALO NO TJRJ

Conforme eu havia lhes contado aqui, o blog do Luis Nassif repicou, anteontem à noite, a notícia que eu publiquei no BUTECO, aqui, no dia 14 de abril, noticiando a anulação, por parte do CNJ do último concurso para o cargo de notário e tabelião promovido pelo TJRJ. Acabo de receber um e-mail bacana dando conta de uma notíca excelente, já que estamos diante de um vergonhoso silêncio por parte da grande imprensa e dos jornalões que acham um escândalo um jogador de futebol na favela mas que parecem achar normal o envolvimento do presidente do Tribunal de Justiça da segunda maior cidade do país nas irregularidades do referido concurso.

No mesmo dia 14 de abril, como lhes contei, provoquei diversos jornalistas e blogueiros com relação ao palpitate tema. Um deles foi o advogado Renato Pacca, que mantém o blog TRADUZINDO O JURIDIQUÊSO GLOBO ON LINE. No dia seguinte, 15 de abril, muito atencioso, o Renato me respondeu. Trocamos mais um ou dois e-mails e acabo de receber um simpático e-mail seu dizendo:

"Eduardo, realmente a repecussão é quase nenhuma. Mas, como diria um antigo locutor da TVE, "taí o que vc queria...". Vamos ver o que acontece."

Agradeço a atenção e o compromisso com a verdade demonstrados pelo Renato, advogado como eu. Clicando na imagem abaixo, print da publicação feita em seu blog agora pela manhã, você poderá ler seu texto. É mais uma voz denuciando o escândalo abafado pelos grandes jornais!

Até.

FASCISTAS PONDO AS MANGAS DE FORA

Quem me lê sabe que já há algum tempo eu denuncio a presença, na grande rede, de um grupelho de natureza fascista que se denomina GRUPO GRANDE TIJUCA. A desonestidade da canalha parte daí, da adoção de um nome a sugerir que são eles, conservadores preconceituosos da pior espécie, os representantes e as vozes do bairro onde nasci, cresci, fui criado e no qual pretendo morrer. Mas prestem atenção ao que vou lhes dizer (antes, se quiserem, leiam aqui o que eu já disse sobre essa gente). E percebam a utilidade que têm as chamadas redes sociais (blogs, TWITTER, FACEBOOK etc) na medida em que elas servem, muitíssimas vezes, para que saibamos, de primeira, quem é quem no meio em que vivemos.

O Rio de Janeiro, como se sabe, foi vítima, recentemente, de chuvas capazes de matar mais de 250 pessoas, a grande maioria delas moradoras de áreas de risco, favelas, e gente como esse gente que forma o grupelho citado foi capaz, cinicamente, como sempre, de fingir dor e solidariedade. Pois bem. Passadas duas semanas, eis que me deparo com coisas que, franca e sinceramente, me dão um misto de nojo e medo. Nojo porque é repugnante saber que há gente, vivendo ao seu lado, capaz de dizer o que essa corja diz, sempre sob o manto covarde do anonimato pusilânime. E medo porque a História está aí para nos lembrar que muitos dos movimentos organizados mais odiosos no seio da sociedade nasceram da iniciativa desse tipo de gente, rigorosamente dispensável. Prestem atenção (sei que vou, a partir de agora, lançar luzes sobre a canalha, que vive como planta de estufa, num mundinho que não reúne mais do que meia-dúzia de gatos pingados, mas é importante que vocês que me lêem, e cada vez mais gente - graças aos deuses -, saibam o que é que anda rolando por aí).

Em 15 de abril de 2010 ou seja, menos de dez dias depois da tragédia que assolou a cidade, a canalha comemorou a notícia CARREFOUR NÃO SERÁ MAIS CONJUNTO. Vamos a elucidativos comentários (com grifos meus) lá deixados pelos porcos covardes que infestam a grande rede. Esse assina DEFENSOR DO RIO (notem o caráter grandioso e heróico do apelido) e seu perfil aponta tratar-se de um economista de 36 anos, sem identificação, é claro:

"Sempre achei o deputado Bittar um demagogo... Não dá para ter diálogo com um sujeito assim... Ele propôs isto, porque mora em Copacabana. A favela deve ser transferida sim e sem esta demagogia de que TEM que ficar próxima a "SUA ORIGEM"(?) Que origem? A origem desta comunidade é uma ocupação ilegal e indesejada, incentivada por políticos demagogos e "curralistas" como este Bittar, o Gilberto Palmares e tantas outras turbas da ALERJ e da Câmara Municipal, vinculadas também ao famélico PDT e ao banditista DEM, do igual Cesar Maia. Remoção sim! E para bem longe! A Tijuca não comporta estes guetos. Esta mistura não funciona pelo abismo sócio-econômico existente. Onde já se viu, nós pagamos os impostos e os favelados fazem a exigência(!!!!) de onde querem ficar!!! Absurdo! Bittar, leva os favelados para morarem na sua casa!"

Perceberam aí a figura nefasta do classe-média profissional? O troço continua. Um outro anônimo, que assina PMOURA, emenda:

"O pior é que essa lei orgânica safada diz que tem que reassentar invasores próximos ao local de onde estão sendo retirados. Vou invadir a Vieira Souto e quero ver se ao me retirar vão me reassentar lá perto. Qual é??? O pessoal da Indiana não quer ir para o carrefou porque é "longe da comunidade"? Fala sério, eu pego dois ônibus por dia para trabalhar!!! Onde é que nós estamos?"

E volta o DEFENSOR DO RIO (preparem o saco de vômito):

"Pois é, PMOURA... Há uma completa inversão de valores na nossa cidade: os "coitadinhos" e "pobrezinhos" da favela estão sempre sendo "injustiçados" pelos "ricos" da classe média que moram no asfalto. Para estes favelados, a culpa da pobreza deles, é nossa! Para eles, se nós temos um carro, é porque nós sempre fomos uma classe beneficiada em detrimento deles... Isto é amplamente divulgado por estas nojentas associações de moradores que são financiadas por políticos da ALERJ (a Comunidade da Formiga é ligada ao deputado Gilberto Palmares do PT), da Câmara dos Vereadores e pelas Empresas (desculpe, Igrejas!) Evangélicas que lá se instalam. É uma verdadeira lavagem cerebral é quem já está disposto à vagabundagem. Lá eles disseminam a idéia de que uma menina de 18 anos que não tem filho, é seca, infértil e ela é discriminada na sociedade favelada. Por quê? Veja quem são os grandes interessados nesta política de natalidade e ignorância crescente! Sim!!! São os políticos curralistas e as Igrejas Evangélicas! Surge quase uma teocracia paralela onde tudo se justifica e se realimenta! AS FAVELAS TEM QUE SER REMOVIDAS PARA BEM LONGE DA TIJUCA! Há enormes áreas próximas aos distritos industriais de Queimados e Santa Cruz. A cidade não tem mais para onde crescer neste miolo onde estamos... Investimentos em infraestrutura são caros, mas já deveriam ter sido feitos. A hora é esta! Não podemos aceitar passivamente o que estes políticos e secretários de ****** colocam para nós! Temos que colocar o dedo na cara deles! Chega! NÓS PAGAMOS IMPOSTOS ALTÍSSIMOS E NÃO TEMOS DIREITO A NADA! NEM DE RECLAMAR! CHEGA!"

Como uma histérica (notem a caixa alta e os gritinhos virtuais), o economista, ignorante a ponto de não me permitir sequer o rebate, insufla a escória que freqüenta o lamentável blog do grupelho. E continua:

"A respeito do Carrefour... Todos sabemos porque o Carrefour desistiu de ocupar este imóvel, né? Pois bem, para quem não sabe ou não se lembra, a maioria dos funcionários era composta de moradores das "comunidades" das adjacências (Borel, Indiana, Formiga, Casa Branca, etc.) em uma política de "boa vizinhança" a qual eu discordo veementemente. Segundo relatos, várias vezes as pessoas que faziam compras lá se deparavam com a bizarra cena de favelados (notadamente malandros) descendo a rampa de acesso externa com o carrinhos cheios de bebidas, carnes e salgadinhos. Detalhe: eles saíam sem pagar e levavam inclusive o carrinho embora! Tirando os furtos que aconteciam no interior do supermercado. Resultado? Todos sabemos! E vejam só! A associação de moradores ainda reclamou que o supermercado estava saindo do local! Vamos fazer campanha pelo retorno do Carrefour e pela remoção total do Borel e da Indiana! Para bem longe daqui!"

Que tal? Mas a coisa piora.

Em 18 de abril de 2010 o grupelho publicou um texto agredindo o deputado federal Brizola Neto pelo simples fato de que o mesmo é neto de Leonel Brizola. Texto pífio, como todos os que são ali publicados, mal escrito e odioso. Há um primeiro comentário feito por um tal de CAOS CARIOCA cujo perfil não está disponível. Diz o sujeito:

"O deputado, assim como seu avo, quer perpetuar a pobreza. pois manter as pessoas pobres e com educacao deficiente garante que promessas vazias se tornem em votos. É latente a demagogia e o populismo que infelizmente ainda estao intrinsecas na politica Fluminense e Brasileira. Para em 2050 ter uma cidade justa, sem separacao e segregacao Asfalto vs. Favela precisamos comecar com uma NOVA politica habitacional. Que impeca o crescimento das favelas ainda mais, e apresente novas alternativas de habitacao popular e de TRANSPORTE PUBLICO."

Não vou me ater aos crassos erros contidos no comentário. Mas somente uma besta, da cabeça aos sapatos, pode acusar Leonel Brizola de ter mantido uma "educação deficiente". Como não pretendo discutir aqui com quem nem sei quem é, vamos à resposta, em tom de euforia, dada pelo mesmíssimo DEFENSOR DO RIO (percebam no detalhe... este último chama seu colega CAOS CARIOCA de Ricardo, o que evidencia que a corriola vale-se, mesmo, de pseudônimos com o intuito de não exibir a cara diante de quem os lê).

Prestem atenção!

"Ricardo, como você sou admirador de Carlos Lacerda e, principalmente, de Sandra Cavalcanti. Eu, sinceramente, não me sinto muito a vontade para falar da gestão de Negrão de Lima pois, por ignorância, não associo grandes feitos a sua gestão.. Era um período conturbado, de atos institucionais, etc (me desculpe pela minha ignorância em relação a tal período). A gestão de Carlos Lacerda é bem mais visível. Tirando a sua falta de escrúpulos em sua jornada política com o objetivo de se tornar Presidente da República, Carlos Lacerda foi um administrador de inteligência singular porque soube se cercar de pessoas fiéis e tecnicamente capazes. Sandra Cavalcanti foi uma delas. Pela sua capacidade de gestão e execução. Recebeu muitas críticas sim, mas de quem? É só analisar... Eram críticas exatamente das pessoas que transformaram esta cidade em um gueto. Eua a admiro também por, já naquela época, ter empreendido esforços pela remoção das favelas, até então bem pequenas, do Borel é da Formiga, por estarem em áreas de risco. Concordo que precisamos de políticos natos... Mas NATOS na nossa classe média... Na conservadora classe média tijucana! Que defendam os nossos princípios ligados a família. Que sejam avessos a qualquer tipo de apologia a cultura do gueto (drogas, samba, funk, malandragem, etc.). Impossível? Espero que não! Atualmente, não há... Mas quem sabe um de nós no futuro?"

Que tal?

O DEFENSOR DO RIO é admirador de Carlos Lacerda e de Sandra Cavalcanti! Diz que precisa (precisa?!) de "políticos natos". E frisa: "NATOS na nossa classe média... Na conservadora classe média tijucana! Que defendam os nossos princípios ligados a família. Que sejam avessos a qualquer tipo de apologia a cultura do gueto (drogas, samba, funk, malandragem, etc.). Impossível? Espero que não! Atualmente, não há... Mas quem sabe um de nós no futuro?"

Eis aí, meus pouco mas fiéis leitores, o perigo a que me referi. A vara pretende abrir a porteira do chiqueiro para lançar "um de nós" candidato a algum cargo político no futuro. O que há de pior, na mesma linha, nasceu assim. Olho na canalha. Estamos em 2010. Vocês que me lêem têm alguma dúvida de pra quem vai o voto dessa escória?

Ah, sim. A nojeira está toda aqui e aqui.

Até.

19.4.10

DO DOSADOR

* A imprensa, os jornalões, mantém-se vergonhosamente calada quanto ao episódio da anulação do mais recente concurso promovido pelo TJRJ para o cargo de notário e tabelião. Mas a grande rede, a grande rede que representa inequívoco avanço para a sociedade civil, antes nas mãos desses grandes grupos econômicos que omitem as verdades quando lhes convêm, já dá sinais de que é capaz, também nesse episódio, de fazer a verdade chegar a todos o que anseiam pela verdade. O blog do jornalista Luis Nassif, hospedado no IG, ontem à noite, repicou a notícia que dei, aqui no BUTECO, na semana passada. Clicando na imagem abaixo vocês chegam lá;

print do blog de Luis Nassif

* assisti ao jogo, ontem, na companhia de amigos queridos, dentre eles meu compadre Leo Boechat. E para que vocês tenham exata noção do desespero que acomete um torcedor durante uma final, vou lhes contar uma coisa. O relógio marcava perto de 40 minutos do segundo tempo. Leo Boechat, olhos triscados, cravou a mão fechada no meu braço, sobre a mesa. Olhou-me nos olhos e disse, com os lábios trépidos:

- Promete que vota no Eliomar Coelho se o Flamengo ganhar, promete... Por favor!

Não prometi;

* depois que o jornal O GLOBO noticiou ontem o escândalo (mais um) envolvendo um vendedor de cachorro-quente (que não sabia de nada, frise-se) usado como laranja de uma empresa prestadora de serviços para a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, o vereador Eliomar Coelho, hoje, anuncia, no mesmo jornal, que ingressará com ação civil pública para investigar a bandalheira. Dias após as enchentes do Rio de Janeiro, o deputado federal Chico Alencar - ambos do PSOL - foi aos jornais dizer que investigaria a distribuição desigual de verbas do Programa de Prevenção e Preparação para Desastres para a Bahia, em detrimento do Rio de Janeiro, que ficou com fatia mínima do bolo. Em ambos os casos estamos diante de uma mesma lamentável prática: passar o cadeado depois de arrombado o portão. Melhor agir agora do que não agir nunca, é verdade. Mas não vai dar em nada, anotem. O papel de vereadores, deputados e senadores TAMBÉM É fiscalizar TUDO preventivamente. Depois do estrago, depois da notícia, é fácil;

* falei em Eliomar Coelho e repito o que venho dizendo no TWITTER (estamos lá também, aqui): estamos há 8 dias do meu aniversário e também do Dia Municipal do Teatro de Bonecos, fundamental iniciativa do dito vereador para a população carioca. Faço a pergunta pública: vai ter festa?;

* grande manhã, a de ontem, na Tijuca. À mesa, em ordem alfabética para não ferir suscetibilidades, Bruno Quintella (a quem conheci ontem, bela figura!), Candinha, Eduardo Carvalho e Luiz Antonio Simas. Antes, fiz a feira. E lá comprei - é o que quero lhes contar - uma ameixa sensacional que conheci apenas na semana passada. Ameixa Rainha Claudia, disse-me o feirante. Já consultei o professor Simas, que desconhece quem seja. Algum de vocês, meus poucos mas fiéis leitores, tem idéia de quem foi a mulher que dá nome à fruta?;

* e pra encerrar. O Vasco, é claro, e não o Flamengo, é o vice-campeão carioca de 2010. Não temos, por elegância, a pretensão de tirar o lugar de honra e tradição do Vasco da Gama.

Até.

17.4.10

PEPINO PSOL, A RECEITA

Andei estudando, por esses dias, um fenômeno (uma viadagem, na verdade, mas isso deixa para lá) que os descolados e as descoladas vêm chamando de food experience. E o que é - perguntarão vocês - a food experience? Ora, ora. A food experience é uma tendência que busca enxergar a simples e milenar experiência de cozinhar e comer sob um ângulo diferente. Não entenderam nada, né? Vou tentar ser mais didático. O conceito (descolados adoram essa palavra) de food experience vai muito, muito, muito, mas muito além da simples e pacata panela, da humílima lista de ingredientes, dos pratos de porcelana, de barro ou de louça. O conceito food experience aborda (eis aí um verbo em alta para essa turma) todo o conjunto do ambiente (cozinha e sala), todo o clima, todas as sensações que acompanham o simples cozinhar e comer. Para que vocês tenham uma idéia do inusitado do troço, há um curso que está para ser iniciado sobre o palpitante assunto. E eis aí o que anunciam os promotores do evento: "Por isso, esse não é um curso de gastronomia tradicional. Não vai falar de receitas. Nem do passo-a-passo na cozinha." Não é genial?! Durante o curso, os inscritos debatarão e abordarão fatores considerados decisivos pelos criadores do conceito para a satisfação no final de uma refeição.

Imagino a cena. Um incauto vê um anúncio do troço, não presta muita atenção aos detalhes, e se inscreve; afinal, ele é dos que gostam de cozinhar e comer. No dia do curso, 15, 20, 25 minutos depois do início da aula, diante da turma embevecida, levanta o dedo e arrisca a pergunta:

- Chefe... com licença... falaremos de comida ainda hoje?

E vem a vaia unânime, olímpica, os olhares de desprezo, de nojo, e o pobre-diabo sai, enxotado, da sala da casa do saber.

Quero lhes fazer uma confissão: quando li sobre food experience uma coisa me veio à cabeça.

É o PSOL de avental.

E em meio a esse delírio, a todo a essa reflexão que gera o aprofundamento mínimo nos conceitos de food experience, foi que criei um prato novo.

Ah, meus poucos mas fiéis leitores, confesso que fiquei orgulhoso. Em transe, sentei-me diante de um quadro na parede de minha sala. Estabelecemos ali, durantes aqueles minutos em que me mantive em posição de lótus, eu e o quadro, um debate, uma mesa, e num sem-pulo tomei a direção da cozinha. Com vocês, a receita que batizei PEPINO PSOL NO BURACO DO LUME.

Você vai precisar de um pepininho, Hemmer de preferência. Seque-o com papel-toalha com bastante cuidado para não ferir as estrias e para não apagar as manchas escuras da casca do pepino. Eu disse UM pepininho. Coloque-o, cuidadosamente, dentro de uma panela.

Respire fundo. Concentre-se no momento mágico e perceba os eflúvios da food experience invadindo sua cozinha.

Deixe o pepininho lá, sozinho, esperando chegar mais algum ingrediente. Os adeptos do conceito food experience crêem, piamente, que os alimentos estão sempre nessa expectativa do público, da assistência, da companhia, de uma gota de azeite que seja. E por favor, não ligue o gás, em nenhuma hipótese. Nem, é óbvio, o fogo. A food experience dispensa esses materialismos.

Espere cerca de uma hora. Sem sair da cozinha, é claro. Deixe-se envolver pelo ambiente, pelo clima, pelas sensações. Passados sessenta minutos, à nova etapa da receita.

Diante da evidência de que o pepininho ficará lá, no fundo da panela, na mais absoluta solidão, retire-o com cuidado para não machucá-lo ou magoá-lo.

Deite-o, com muito cuidado (sempre muito cuidado!), no centro de um prato quadrado.

Está aí, caríssimos, o PEPINO PSOL NO BURACO DO LUME. E nada de vinho, nada de espumante, nada de cervejas artesanais para acompanhar a finíssima iguaria. Vá de água. Água importada. Spring water, de preferência.

Até.

VOCÊ DESEJARIA ISSO A UM AMIGO SEU?

Para que fique apenas como registro.

recado de Moacyr Luz para Gabriel Cavalcante

Até.

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

O varandão sonoro de hoje, como nos demais recentes, expõe um dos registros mais bacanas que jamais ouvi (o quarto registro, na mesmíssima linha, que trago pra cá). É outra gravação caseira feita por Chico Buarque, na casa de Tom Jobim. Só que esta mostra o maestro brasileiro, claramente embriagado (e divertidíssimo!), tocando MEU AMIGO MIGUEL pro Chico ouvir, "esse samba, sem instrumento, foi feito lá na Plataforma, todo mundo bêbado", diz o Tom, logo no início da gravação. Espero que vocês gostem. E que se emocionem, como eu me emociono todas as vezes que ouço isso.

Até.

16.4.10

DO DOSADOR

* Mantém-se o vergonhoso silêncio dos jornais cariocas (parece, disse-me Fernando Molica, que o jornal O DIA deu nota sobre o escândalo que maculou o mais recente concurso promovido pelo TJRJ, anulado pelo CNJ - detalhes aqui). Vou mudar o rumo da prosa, mas não vou dar refresco. Quero ver até onde vai a falta de escrúpulo dos que têm o rabo preso com os poderosos que nos oprimem. Ficarei de olho;

* não me canso de recomendar o vídeo que mostra a deputada estadual Cidinha Campos (que sempre teve e terá meu voto) pondo o dedo no focinho de José Nader, membro de uma família barra pesada, apesar de ter seu nascedouro em Barra Mansa. É comovente acompanhar a indignação de Cidinha, uma mulher que faz calar os constrangidos deputados presentes à sessão, a grande maioria deles incapaz de sequer saber o que é indignação. Assistam aqui o vídeo que já foi assistido mais de 630.000 vezes. Imperdível, também, é o embate verbal entre Cidinha Campos e o nefasto José Nader. Dá pra perceber várias coisas durante o filme, de aproximadamente 10 minutos de duração, e nesse ponto o vídeo é bastante significativo: a coragem de Cidinha Campos, que esculacha com José Nader, presente à sessão e fazendo cara de deboche permanentemente (o que só corrobora o que já sabemos a seu respeito), e a hipocrisia do deputado Mario Marques (PSDB), que, como um sabujo depois de requerer um aparte, pede à Cidinha que meça as palavras, tomando em seguida um foralhaço da própria, aqui;

* quero dar uma satisfação a vocês. Foi exitosa a campanha para ajudar, com o possível, o primo de nosso querido Luiz Antonio Simas. Diversos leitores do BUTECO chegaram junto e me ajudaram a encher dois carros com roupas, utensílios domésticos, louças, talheres, brinquedos, muita coisa. Sempre acho que solidariedade rima com anonimato, razão pela qual acho mais bacana não dizer, aqui, quem foi que ajudou na campanha de arrecadação. Ontem, quando entreguei o último lote pro Guilherme, seu primo, pude perceber a gratidão do malandro. Sintam-se todos os que ajudaram nisso, abraçadíssimos. Meu mais sincero muito obrigado;

* falei da deputada Cidinha Campos e quero lhes contar um troço. Moro, hoje, no apartamento em que moraram meus avós paternos, Oizer e Elisa Goldenberg. Desde que me mudei, lá se vão dez anos, recebo, com bastante freqüência, correspondências enviadas ora da ALERJ ora da CMRJ endereçadas à FAMÍLIA GOLDENBERG. Seus remetentes? O deputado estadual Gerson Bergher e sua mulher, a vereadora Teresa Bergher. Sempre enviei e-mails aos dois, que NUNCA (com a ênfase szegeriana) mereceram meu voto, pedindo, educada e polidamente, que interrompensem a remessa das cartas. NUNCA (o que diz muito sobre o modus operandi de seus gabinetes) obtive uma resposta. Tampouco cessou o envio dos lixos envelopados e pagos com dinheiro público. Hoje, depois de ter recebido ontem à noite mais uma nojenta carta da vereadora Teresa Bergher (convidando a "família" para uma sessão solene em homenagem ao 62o. aniversário do Estado de Israel (?!?!?!?!?!), enviei novo e-mail, um pouco mais, digamos, pungente. Vamos ver se dessa vez a falta de vergonha chega ao fim. TODAS as cartas, TODAS, têm esse cunho: ou Israel ou as festas do calendário judaico. Se isso não é mau uso do dinheiro público, não sei o que é;

* domingo se enfrentam Flamengo e Botafogo pela final da Taça Rio. Vencendo o Flamengo, teremos duas partidas pela frente para decidir o Campeonato Carioca de 2010. Vencendo o Botafogo, a fatura está liquidada. A derrota do Flamengo, na quarta-feira passada, pela Libertadores, foi um baque e poderá alterar o rendimento do time. Mas em futebol, diga-se, tudo é possível. Não tenho palpite. E que vença o Flamengo, que essa conversa de "que vença o melhor" não é do meu feitio.

Até.

15.4.10

O SILÊNCIO CONTINUA

Está lá, em destaque no portal do CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - aqui - o texto CNJ ANULA CONCURSO PÚBLICO PARA CARTÓRIOS NO RIO DE JANEIRO, abaixo transcrito, na íntegra. Já havíamos falado sobre isso aqui e aqui. Não se trata - quero repetir - de um concurso qualquer, de um concurso para cargos (sem desmerecer qualquer concurso, qualquer cargo, qualquer função!) de pouca relevância, mas para o cargo de notário e tabelião, e para vocês terem uma idéia, notários e tabeliães podem ganhar muito mais, dependendo do Cartório para o qual forem nomeados, o que um Ronaldinho Gaúcho ganha - façam uma idéia. E não se trata da anulação de um concurso por falhar técnicas ou mera suspeita de irregularidades sem responsabilidade passível de ser apontada. Mas nada disso parece impressionar a imprensa que mantém-se vergonhosamente calada. Enviei e-mails para diversos jornalistas que mantém-se calados. São jornalistas que, muitos deles, não perdem uma oportunidade de criticar o que chamam de censura contra a imprensa, em Cuba ou na Venezuela, por exemplo. Mas que não têm a dignidade de reconhecer que são vítimas da mesmíssima ditadura cometida por seus próprios patrões que, em muitos casos, pagando-os regiamente, mantém as consciências de seus empregados em suas mãos. Envergonha-me, especialmente, o silêncio da ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.

"O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu anular o 41º Concurso Público para Admissão nas Atividades Notariais e/ou Registrais da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada na sessão plenária desta terça-feira (06/04), durante a análise do procedimento de controle administrativo (PCA 0000110-14.2009.2.00.0000), solicitado por diversos candidatos inscritos no concurso público. Os conselheiros consideraram haver favorecimento de candidatos aprovados no certame, que teriam ligações íntimas com o presidente da comissão do concurso, desembargador Luiz Zveiter. O plenário decidiu encaminhar a decisão à Corregedoria Nacional de Justiça para que esta conceda prazo ao Tribunal de Justiça do Rio do Janeiro (TJRJ) para realização de novo concurso e declaração de vacância dos cargos já ocupados.

O edital do concurso foi publicado em setembro de 2008 e a prova discursiva foi realizada em 29 de novembro de 2008. Os candidatos que ingressaram com o pedido no CNJ alegaram que o desembargador Luiz Zveiter, presidente do TJRJ, era namorado da candidata Flávia Mansur Fernandes, aprovada em 2º lugar no concurso. Também afirmaram que a candidata Heloísa Estefan Prestes teria sido beneficiada na correção de sua prova. Os candidatos alegaram que a candidata Heloísa Prestes não possui domínio da língua portuguesa nem do vocabulário jurídico, não fazendo jus a sua nota no concurso. Informaram também que o desembargador Luiz Zveiter, quando era Corregedor-Geral de Justiça, teria indicado Flávia Mansur e Heloísa Estefan Prestes para responderem pelo 2º Ofício de Notas de Niterói, em detrimento do substituto.

O Desembargador Luiz Zveiter alegou que a designação de Heloísa Prestes para responder pelo 2º Ofício da Comarca de Niterói, em detrimento do substituto, ocorreu em razão de irregularidades no cartório e era justificada pelos relevantes serviços por ela prestados nos Registros Civis das Pessoas Naturais das 3ª e 4ª Zonas do 1º Distrito de Niterói. Informou que Heloisa Prestes ficou responsável pelo 2º Ofício de Niterói até a finalização do 41º concurso. O presidente do TJRJ comunicou ainda que Flávia Mansur foi sua namorada, “tendo o relacionamento terminado no início do ano de 2007”. Em relação à sua designação para substituta do 2º Ofício de Niterói, justificou que a indicação foi do delegatário responsável.

Ao analisar o pedido, o relator do PCA, conselheiro José Adonis Callou de Araújo Sá afirmou ser “incompatível com os princípios da moralidade e da impessoalidade a participação do Corregedor-Geral de Justiça como presidente da comissão examinadora de concurso do qual participe como candidata a sua namorada ou ex-namorada”. No seu voto, o relator pontuou a “existência de muitas evidências de parcialidade da comissão examinadora”. Segundo ele, essas evidências foram necessárias para a convicção de que houve favorecimento a candidatas na correção das questões da prova discursiva. “Uma das candidatas favorecidas é namorada ou ex-namorada do Corregedor-Geral e presidente da comissão do concurso. A outra é amiga do Corregedor-Geral e foi beneficiária de diversas indicações anteriores para responder por rentáveis serventias extrajudiciais e para integrar comissões instituídas pela Corregedoria”, afirmou.

No seu voto, o conselheiro José Adonis enumerou diversos erros gramaticais cometidos pela candidata Heloisa Prestes e comparou as respostas e pontuação da candidata Flávia Mansur com a de outros concorrentes. “A convicção a que cheguei, fundada em muitas evidências de quebra da isonomia, com o favorecimento às candidatas mencionadas, não me permite propor outra solução para o caso senão a anulação de todo o concurso”, afirmou o conselheiro."


Até.

14.4.10

A DECISÃO DO CNJ

Todo o imbróglio, aqui.

ESCÂNDALO NO TJRJ É OMITIDO PELO O GLOBO

ESTE TEXTO AGORA PODE SER LIDO AQUI.

12.4.10

A ALMA EM SINUCA

Ainda sobre a mesa de sinuca de Aldir Blanc, belíssimo texto de Paulo Roberto Pires, na BRAVO. Aqui.

Até.

SANTA TERESA EM MEIO AO CAOS

Santa Teresa é um bairro curioso ou, melhor, desperta um olhar curioso por parte da nossa (péssima) imprensa. Eu mesmo, confesso, já bati aqui no BUTECO, diversas vezes, em "Santa", que é como os descolados (os que votarão na Marina Silva) chamam o simpaticíssimo bairro carioca - e sempre em busca do humor. Estudantes com lêndeas, sandálias de couro cru, usuários da erva, simpatizantes do PSOL e do PV sempre foram (e são) personagens de minhas crônicas que se passam lá. Para a mídia que cobre o entretenimento sempre foi o bairro dos restaurantes pitorescos, o bairro preferido dos estrangeiros, por aí. Hoje, porém, quero falar da Santa Teresa que vergonhosamente NÃO TEM aparecido nos jornais e que parece (ou que efetivamente está) abandonada pelo poder público (alô, Rodrigo Pian, conto com você!). Como o blog é meu e como aqui prevalece minha vontade, vamos ao que quero lhes dizer.

Meu irmão, Fefê, mora, com sua mulher, em Santa Teresa. Não na Santa Teresa que tanto interessa aos olhos da massa (Largo das Neves, Largo dos Guimarães, Curvelo etc), mas bem lá pra cima, próximo à estrada das Paineiras, ao Hospital Silvestre, no cume da Almirante Alexandrino, depois da entrada para o Morro dos Prazeres (que mereceu atenção mínima da imprensa diante da maiúscula tragédia que se abateu sobre Niterói), depois do CEAT, depois do Corpo de Bombeiros, muito perto do Morro dos Guararapes, cujo acesso se dá, também, pela Ladeira do Ascurra, no Cosme Velho.

Fefê e Lina estão, eles que moram, com a graça dos deuses, em uma confortabilíssima casa, ao contrário de tantos que vivem ali, ao lado deles, desde a terça-feira da semana passada, morando com meus pais, no Alto da Boa Vista. Sem água. Sem luz. Sem telefone. E o que é mais grave: sem qualquer espécie de assistência por parte dos que têm obrigação de atendê-los.

Estiveram em casa ontem, domingo, a fim de pegarem algumas roupas. Fotografaram a área, coisa que já haviam feito na manhã da terça-feira, quando viram, desolados, vizinhos soterrados, mortos, feridos, desabrigados, tudo diante de um vergonhoso silêncio por parte dos jornais, das TV´s e das rádios cariocas. A Almirante Alexandrino está coberta de lama e com o asfalto cedendo em diversos trechos. A estrada das Paineiras, idem. O caminho para o Corcovado, destruído. O Morro dos Guararapes em petição de miséria. E nada disso chega aos olhos dos que não vivem lá.

O BUTECO expõe, hoje, cinco das dezenas de fotos que recebi e que retratam uma paisagem devastada, bem longe dos olhos, dos corações e das lentes daqueles que têm, por dever, a cobertura da tragédia e a assistência às vítimas.

Reitero o apelo que fiz ao Rodrigo Pian, leitor desse blog e membro da administração municipal. E repito, o mesmíssimo apelo, a todos aqueles que porventura pararem aqui. Prefeitura, Estado, LIGHT, CEDAE, empresas de telefonia - virem os olhos para o mais alto. Santa Teresa pede socorro!





Até.

11.4.10

ESSE É O PSDB

É como eu tenho dito: não tem conversa. O Brasil está praticamente diante de um plebiscito. É Dilma ou Serra - o resto é balela. Deixo com vocês, por conta da contribução do Alfredo, assíduo leitor do BUTECO, significativo vídeo. Prestem atenção. O PSDB (e é triste ver o PV, o PSOL e outros minúsculos fazendo o jogo dessa escória) se vangloria de ser um partido de massa. Massa cheirosa. Vomitem à vontade. E torçamos para que a massa brasileira mostre a essa gente, que fede graças à podridão de seus atos, quem o povo quer ver governar o Brasil pelos próximos quatro anos.

Até.

SINUCA DE BAMBA

Deu hoje no jornal O GLOBO, na coluna ANCELMO GOIS. Quer a mesa pra você? Clique na imagem abaixo!

Até.

10.4.10

VARANDÃO SONORO DOS SÁBADOS

Escancaro os janelões do varandão sonoro de hoje, nesse sábado pós-chuvas, deixando com vocês mais um dos registros mais bacanas que jamais ouvi (o terceiro registro que trago pra cá). Trata-se de outra gravação caseira feita por Chico Buarque, na casa de Tom Jobim, no instante em que o maestro brasileiro mostra pro Chico, ao piano, LUIZA. Como já lhes disse, era o método de Tom Jobim. Tempos depois, como se sabe, o próprio Tom pôs letra na melodia, e LUIZA foi gravada por ele mesmo, para tema da novela BRILHANTE, da TV GLOBO. Espero que vocês gostem. E que se emocionem, como eu me emociono todas as vezes que ouço isso.

Até.

É DE FOODER A PACIÊNCIA

Como imagens valem mais que 1.000 palavras, deixo com vocês quatro prints da inacreditável matéria de capa do CADERNO ELA, do jornal O GLOBO, sobre os "novos foodies", "gente jovem que (...) prefere comer.". O troço é nojento. Clicando nas imagens vocês serão direcionados para as páginas do jornal digital. O cadastro - caso vocês não sejam cadastrados no jornal - é rápido e facílimo de ser feito. E verão como se comporta - e desde cedo, por conta dos pais - a juventude da elite brasileira.




Até.

9.4.10

DO DOSADOR

* É impressionante a lucidez do professor, maiúsculo, Luiz Antonio Simas. O bardo da Tijuca, mais precisamente da região do Maracanã, publicou hoje em seu obrigatório blog o texto A OCUPAÇÃO DOS MORROS - O LADO B DO DISCO que pode ser lido aqui. O Simas, dotado de profunda modéstia, faz o alerta logo no começo: "Chego de mansinho, já que em geral uso esse espaço para falar - entre gols e sambas - do cadinho que me forja, para meter o pitaco nas discussões que envolvem o problema da ocupação dos morros cariocas. Sou, como quase todo historiador, de ousar diagnósticos. Honrando ainda os historiadores, meros profetas do que já aconteceu, sou péssimo para sugerir a terapêutica. Faço, portanto, essas reflexões no horizonte do tempo e deconheço as soluções para os problemas sugeridos.". Em apertada síntese: o mestre relata o histórico da cidade no que diz respeito à ocupação dos morros e das encostas, afunda o dedo na ferida da elite carioca - "Tem muita gente que deseja que o pobre more longe, muito longe - e reveste esse bolo, para conforto de sua boa consciência cristã conservadora, com a confeitaria de que temos que afastar os coitados de áreas de risco." -, arranca a máscara demagógica de muita gente - "O outro lado, o discurso permissivo do vale tudo urbano, também não ajuda e resvala na perigosa romantização do que é precário - uma mistura de filosofia de esquerda de grêmio estudantil e livros da série Poliana, a moça." - e é, ele sim, meu porta-voz sobre o assunto. Não a preconceituosa Cora Rónai, porta-voz do compositor Moacyr Luz. Não o vereador Eliomar Coelho, porta-voz da "esquerda de grêmio estudantil", que teve a pachorra de propor em seu blog - aqui - uma enquete oportunista a fim de capitalizar em cima da tragédia de centenas, de milhares de famílias brasileiras. Ele não se arrisca a dar palpites, como vem fazendo a corja que rosna babando de ódio, aproveitando o ensejo para exorcizar e exercitar sua raiva, pura e simples. Sobre o tema, ainda, outro mestre, Diego Moreira, disse muito: "A pressão médio-classista para a remoção de favelas trocou de máscara. Sai a da Proteção Ambiental e entra a da Área de Risco.". O que tenho como certo é que as pessoas que tinham a obrigação de formar opinião e dar informação neste momento estão se valendo da oportunidade para colocarem para fora seus ódios pessoais e seus interesses pessoais acima de tudo. Só uma besta para não reconhecer que a quantidade de chuva que se abateu sobre a cidade do Rio de Janeiro foi a principal responsável pelo cenário de tragédia. Quero saber quem, dentre os críticos de primeira hora, teria feito, em tempo hábil e na medida de suas possibilidades, algo para conter a situação a que chegamos;

* lembrar o episódio, recentíssimo, é bastante ilustrativo. Dentre os mais de 180 mortos entre o Rio de Janeiro e Niterói estão 2 ou 3 moradores (não consegui a informação precisa) do morro do Borel, na Tijuca, coladinho à favela Indiana. Quando, recentemente, a Secretaria Municipal de Habitação anunciou a retirada de cerca de 3.200 pessoas (mais de 400 famílias!) justamente dessas favelas para que fossem morar em uma área, na rua Conde de Bonfim, outrora ocupada por um grande supermercado, a escória (notadamente representada por um grupelho que se intitula GRUPO GRANDE TIJUCA) gritou (leiam o Simas, leiam o Simas!). Basta rememorar todo imbróglio aqui. Hoje, dias depois do caos, voltam a falar em remoção de favelas (leiam Marcos Alvito, leiam Simas!) - mas desde que pra bem longe. Um nojo;

* aos que me escreveram pedindo detalhes sobre o apelo que fiz, aqui, de doações para o primeiro de primeiro grau de Luiz Antonio Simas, tenho a dizer o seguinte... O nome de seu primo é Guilherme Augusto Grosso, CPF 029.497.827-52, e doações em dinheiro podem ser direcionadas para o BANCO DO BRASIL, agência 0576-2 (Penha), conta corrente número 88300135-7. Guilherme - repetindo - perdeu tudo e tem dois filhos, Gabriel e Ana Clara, com 08 e 04 anos respectivamente. Tudo, rigorosamente tudo é útil, ainda que usado, pois eles perderam tudo o que tinham. Se ajudar é bacana, se exercitar a solidariedade é bacana, ainda que a irmãos nossos que sequer conhecemos, ajudar ao primeiro de alguém assim, tão próximo de nós, é mais bacana ainda;

* não posso perder a oportunidade da espetadela. Flamengo e Universidade do Chile empataram ontem em 2 a 2 pela Libertadores, sendo que o gol de empate sofrido pelo Flamengo aconteceu no último minuto. E não é que Marcelo Moutinho, freqüentador do BUTECO e camarada do dono, tricolor (repetindo... tricolor, torcedor do Fluminense...), atualmente em Portugal para onde foi a fim de buscar inspiração para um próximo livro sob "a luz de Lisboa (...) das mais lindas do planeta", deu de provocar (mais uma vez!) os rubro-negros pelo TWITTER? Francamente...;

* o jornal O GLOBO, permitindo comentários como os que vêm sendo publicados nas notícias do jornal online, apenas aumenta o nível preocupante em que já se encontra o preconceito que emburrece e que impede uma visão mais sensata sobre a situação atual. "Quem mora em favela é cego? Mudo? Surdo? Maluco? Mora porque quer. Por que não procura um local mais afastado do centro urbano? Por que não morar no interior do Estado? Por que só culpar o poder público? Alguém forçou eles a morarem lá? E se tentarem tirar, eles querem sair?", é por aí o nível da coisa. Triste, muito triste.

Até.

8.4.10

AS REDES SOCIAIS ARRANCAM AS MÁSCARAS DE SEUS USUÁRIOS

Uma das frases que mais ouço por aí, e a ouço de amigos meus ou de pessoas muito próximas a mim, é:

- Edu, se eu fosse comprar todas as suas brigas...

Dito isso, vamos ao que quero lhes dizer. Não brigo, exatamente, com ninguém. Tenho, apenas, o hábito (se é ruim ou não sou outros quinhentos) de manifestar minha opinião sobre tudo o que me cerca, e sobre tudo mesmo, tudo de bom ou tudo de mau. Sou, como já disse Aldir Blanc (e talvez isso tenha sido combustível para meu modus operandi), um polemista (não por outra razão, penso, escolhi ser advogado e é advogado e advogando que quero morrer; não quero julgar nem quero cargo público algum, quero advogar, defender meus pontos de vista, meus direitos, e os pontos de vista e os direitos de meu clientes). Então vamos lá, em frente.

Eu lhes disse, aqui, que fiquei muitíssimo bem impressionado com a força das chamadas redes sociais durante a segunda-feira e a terça-feira, dias em que a maré ficou braba aqui no Rio de Janeiro. Dando um banho nas mídias tradicionais (rádio, TV, jornais...), dando um banho no poder público (Estado e Município), as redes sociais foram verdadeiros portos de salvamento para a população do Rio de Janeiro, atônita diante da falta de informação que chegava, numa velocidade impressionante, através das mídias alternativas. O TWITTER, precipuamente, mostrou-se sensacional, utilíssimo, ferramenta fundamental para a sociedade civil que dessas redes se utiliza.

O professor Diego Moreira, por exemplo, que deu e dá um banho de informações para quem o acompanha (aqui), tem falado com muito mais propriedade que eu sobre a força dessas novas mídias. E foi justo no TWITTER que, hoje pela manhã, tomei conhecimento de um troço impressionante, tão impressionante quanto assombroso - vou lhes contar o que foi.

Antes, uma breve explicação.

Não sou inimigo do compositor Moacyr Luz, por mais que os bombeiros de plantão, que fingem apagar incêndio usando gasolina, pensem assim. Sou profundo admirador de seu trabalho como compositor, e friso sua atividade que me comove pois acho lastimável o que o compositor escreve quando dá de escrever livros ou resenhas para todo o tipo de veículos (um dia, quem sabe, debruço-me sobre o porquê disso). Conheço Moacyr Luz há mais de quinze anos, já desfrutei de intenso convívio com o caboclo mas diversos fatores contribuíram para que hoje eu não mereça sequer um aceno de cabeça de sua parte. Também não sou inimigo de Cora Rónai - a quem não conheço -, dizem que uma craque no assunto tecnologia e que, sabe-se lá a razão, foi alçada, há tempos, à categoria de cronista do jornal O GLOBO, onde seu sobrinho é um dos mandachuvas. Tomaram nota? Vamos em frente.

A coluna da citada Cora Rónai de hoje, em O GLOBO, com sói acontecer, é rigorosamente dispensável. Valendo-se do poder que lhe é concedido, aproveita para fazer o jogo da tucanalhada e bater na candidata (minha candidata) Dilma Roussef. A mesma mulher que escreveu, dia desses, uma das maiores barbaridades que jamais li sobre o conflito entre palestinos e israelenses - “Por ser um país desenvolvido cercado de vizinhos em diferentes estágios de “civilização”, Israel paga, guardadas as devidas proporções, o preço que a classe média paga, no Brasil, em relação às comunidades carentes” - volta ao jornal hoje para dizer, no final de seu texto, "Cariocas, recortem esta foto. Guardem. Os que querem emagrecer podem até colar na porta da geladeira, porque dá engulhos e tira o apetite. Mas, sobretudo, lembrem-se dela no dia das eleições. É isso que dona Dilma acha que o Rio merece.". Refere-se, a colunista, à fotografia que estampa sua coluna Dilma Roussef ao lado de Anthony Garotinho, parecendo desconhecer que, dentro do sistema vigente no Brasil, a política partidária obriga quem quer chegar ao poder a tecer alianças que não são alianças envolvendo necessariamente objetivos outros que não o êxito eleitoral. Por que - eis uma primeira pergunta - a "esnobe, fútil, elitista, arrogante e reacionária" senhora, na manifesta visão do professor Diego Moreira (aqui), por que a "coleguinha de imprensa das mais lamentáveis", na visão manifesta do jornalista Bruno Ribeiro, não se impressiona com essa foto (Gabeira de mãos dadas com Zito), com essa foto (José Serra empunhando uma arma) ou com essa foto (José Serra com Arruda) - sugeridas por Leo Boechat - aqui - para ficarem na geladeira de Cora Rónai -, ou mesmo com esse video, no qual José Serra pede votos para o mesmo Arruda?

E se de Cora Rónai eu não poderia mesmo esperar coisa diferente (eis que sempre a serviço da elite que odeia o povo brasileiro), choquei-me quando li o compositor Moacyr Luz referindo-se a ela, no TWITTER, como "nossa porta-voz". De quem, cara pálida?

Aproveitando a onda de passear pela rede, vejo que Bruno Mazzeo (aqui)- que também rasgou elogios à Cora Rónai - disse ter medo de Dilma Roussef (já vimos esse filme estrelado pela Regina Duarte, não?). Uma outra moçoila, Eliane André, que pode ser lida aqui, por conta de minhas críticas, disse, sobre mim, que "o céu da Tijuca todinho podia cair sobre as cabeças babacas". Disse mais (estou corrigindo seus erros de português): "Você é escroto pra caramba, né? Que barato lhe dá? Você é feliz assim? Se for, vai fundo!". Pausa para responder à moça: escroto é o que eu tenho entre as pernas; e quanto a ser feliz, sou. A coerência que me norteia me faz dormir, diariamente, com a consciência tranqüila.

Creio, piamente, que não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo.

O convívio - é evidente - é plenamente possível, mas sem essa lambeção de botas, sem esse adular permanente em busca de luzes sobre si mesmo.

Vai daí que não quero - mesmo - que ninguém "compre minhas brigas", como dizem os mais - digamos - moderados. Quero, apenas, dizer o que penso e fazer registro disso. É infinitamente mais forte do que eu esse ímpeto que me move a tomar posição, sempre.

É por isso, e para isso, que escrevo hoje.

Até.

P.S.: quatro comentários pinçados do blog de Cora Rónai que mostram com perfeição de quem ela é "porta-voz", como disse o compositor (tomem nota!):

01) por Eliane André, a que me agrediu gratuitamente, como mostrado acima: "Cora, querida! Lucidez! Isso é o q nos falta!!! Educação! Como mulheres, mães, empresárias, cidadãs!!! Sabemos q um fio de cabelo entope a pia de nossos banheiros. Uma panela de óleo de fritura, a dona de casa não joga na pia da sua cozinha, para não entupí-la! Joga no ralo...... q vai pro esgôto e depois pros rios, lagos e contamina o lençol freático de forma irreversível ! Uma bituca de cigarro, um papel de bala ou não importa q coisa jogada na rua, entope bueiros, e contribui de forma direta para as enchentes, q são visíveis e destróem o patrimônio de todos nós!!!! E a destruição maior de todo o nosso meio ambiente????? De todo o nossa planêta??? Isso não é visível de forma imediata, mas pagaremos. Nós, nossos filhos e netos com moeda muio forte........ Enquanto não soubermos cuidar de nossos semelhantes e do nosso entôrno como cuidamos de nossas casas e dos nossos queridos, estaremos em risco. Isto significa também termos consciência do poder do nosso voto, lutando para q ignorantes não tenham o direito de nos representar na vida pública! Nós, anônimos, contamos com pessoas como vc, Cora Ronai! Para falar, gritar e gritar muito alto por todos nós! Obrigada Li"

02) por Mônica Arantes (notem como ela se refere ao Presidente da República): "EXCELENTE texto! Disse tudo, parabéns! Copiei e mandei pra muitas pessoas. Não devemos esquecer essa cara de boneco assassino junto com o boneco gordão na hora da eleição. O garotão quer voltar. Possivelmente animado com o fato da esposa ter conseguido se eleger em Campos. Não vi a cara do governador nessa chuvarada. Ele estava mesmo por aqui? E a creche que o Mula vinha inaugurar não abriu porque ele não inaugurou??? Vamos ficar de olho! Parabéns!!!"

03) por Paulo Afonso (esse pensa como o Moacyr Luz): "Cora, Você é o orgulho de todo nós cariocas, dizendo aquilo que gostaríamos de dizer. Parabéns!"

04) por Eduardo Rocha (notem como se refere aos moradores das favelas): "As favelas são o celeiro da conveniência do carioca, que se define enquanto patrão de serviçais. Lar das empregadas, garçons, PM's, lixeiros. pedreiros, balconistas e etc. Dar salários dignos sequer passa pela cabeça do cidadão do Rio, ele quer barato e de confiança! Dos políticos, celeiro de votos, pois analfabetos e crianças de 16 anos votam. Das igrejas, clientes infinitos. Portanto, favela é um excelente negócio. Sim Cora, estamos fritos. Enquanto isso, em Jacarepagua, a lagoa morre palmo a palmo a cada novo condomínio gigante construído. Estamos esturricados. Bjo! obrigado pelo post."