7.5.10

DO DOSADOR

* Hoje é sexta-feira e sexta-feira, além de ser dia de debate político do PSOL no Buraco do Lume, é dia da revista RIOSHOW, encartada no jornal O GLOBO, jornalão que mantém covarde e vergonhoso silêncio sobre o escândalo envolvendo o TJRJ, corajosamente denunciado pela deputada Cidinha Campos, na ALERJ - vejam aqui - fazer o de sempre: incensar o lixo que se prolifera pela cidade (e eu daqui, na belíssima imagem criada por um de meus psiquatras de bolso, Sr. Handofsky, revolvendo o lodo do fundo da lagoa de Araruama);

* em mais uma inacreditável matéria da revistinha, ideal para secar o xixi de meu glorioso vira-latas, assinada por Lívia Brandão (matéria de capa), o jornalão dessa vez exalta uma babaquice olímpica: "seguindo a febre das temakerias e as iogurterias que se espalham pelo Rio, cada vez mais casas se dedicam a cardápios monotemáticos". A moça cita uma yakisoberia, uma konikeria, uma bruschetteria, uma kebaberia e uma - tirem as crianças da sala! - cachorro-quenteria (onde um cachorro-quente pode custar até R$ 24,90). TODAS (com exceção de uma, em Ipanema) no Leblon. Uma monotonia nojenta movida a jabaculê;

* ainda no mesmo lixo em forma de revista, e confirmando minha previsão de que o ASTOR BAR seria durante muito tempo a bola da vez da imprensa meia-boca, Jefferson Lessa - que alega ter aceitado o convite para o - tirem as crianças da sala! - "soft opening" da casa paulista trazida para o Rio de Janeiro - fala maravilhas da casa, "colecionadora de prêmios de responsa". Elogia as "comidinhas servidas em cocottes tipo Le Creuset" - alguém aí sabe o que é uma "cocotte"? - e os canapés de tartar e salmão, entre R$ 23,00 e R$ 29,00. Chega a ser inacreditável que a editoria da revista - inteirinamente ocupada por Inês Amorim - permita um troço desses. O sujeito vai, come e bebe de graça, e depois faz sua avaliação da casa. Quando vão nesse esquema 0800 e não gostam - eu sei disso -, por gentileza, silenciam. Mas pode se esperar tudo de um jornal que, mais de cinco anos depois de um espantoso caso de plágio, cometido por Ana Cristina Reis, mantém silêncio sobre o crime (leiam sobre o plágio da editora do caderno ELA, aqui);

* outro de meus psiquiatras de bolso, Sr. Boechat, cobrou-me hoje de forma quase apoplética:

- Fale do Joaquim Ferreira dos Santos, fale! Distribua suas obsessões mais igualitariamente e com tradição!

Assim o farei (obedeço meus psiquiatras de bolso com a anuência de um infante diante do pai).

O jornalista nos ensina, hoje, em sua coluneta GENTE BOA que "o povo da moda não fala mais "roxo". É "figo".". Instrutivo, como se vê. Uma grande notícia. Resta saber o que o sujeito pretende dizer com "povo da moda". Na minha humílima opinião não tem nada a ver com o "povo" que trabalha com "moda"; trata-se apenas de mais uma babaquice olímpica plantada pelo lobby gay na imprensa meia-boca que diz amém pra tudo o que diz o "povo da moda";

* mudando o rumo da prosa, depois de fazer a vontade de meus psiquiatras de bolso, vamos a um assunto sério. Vasculhando o TWITTER, fiquei sabendo que um covarde, valendo-se do anonimato (e quantas vezes já falei dessa raça asquerosa que se vale do expediente...), criou um perfil no mesmíssimo TWITTER para o ex-ministro Mario Andreazza, já falecido, avô de Carlos Andreazza, a quem deixei de ler (e a recíproca, quero crer, é verdadeira) por conta das mais-que-agudas divergências políticas que, ainda mais em ano eleitoral, atingiram o nível do insuportável. Eis aí um assunto - política - que me faz seguir à risca o conselho de muitos: deixar de ler, simplesmente deixar de ler, o que me incomoda. Não cheguei a ver ou ler o que o covarde escreveu no tal perfil, já excluído pela empresa que gere a rede social após pedido feito pelo Andreazza. A despeito das abissais divergências que nos separam, manifesto, por aqui, minha mais arraigada solidariedade a Carlos Andreazza. Poucas coisas me dão mais nojo, me dão mais ódio e mais gana de justiça do que baixezas e vilanias cometidas por covardes que não têm coragem de assumir suas posições. E torcerei, como torço pelas minhas causas, para que o rato seja trazido à luz;

* há, ainda, outro tipo de covardia mais romântica, a do sujeito que não tem opinião convicta sobre nenhum assunto - e que também me dá engulhos. A internet tem sido excepcional ferramenta para que conheçamos esses tipos, dentre os quais se inclui o girassol de carne e osso, aquele que se move para qualquer lugar que esteja iluminado pelos holofotes. Eu, confesso, para desespero de meus psiquiatras de bolso, me divirto quando encontro um desses pela frente. E dá-me agudo prazer apontar meu dedo em direção a eles;

* e pra encerrar. Ontem, no finalzinho do dia, fui beber uma cerveja com Felipinho Cereal no BAR DO MARRECO. Vimos, ali, uma cena de antologia. O bar estava cheio e a TV mostrava o jogo do Internacional. Jogo terminado, vimos todos que do outro lado da rua, diante de uma agência do BRADESCO, três pessoas - um homem, um balofo, de branco, e duas mulheres -, depois de saltarem de um táxi, acendiam velas junto ao blindex da agência. Uma vela, duas velas, três velas... quando acenderam a vigésima vela, a assistência já gritando em direção aos três, um homem que bebia sozinho no balcão gritou:

- Filhos de Satanás! - e tinha os olhos esbugalhados e vermelhos!

Pôs-se na calçada e arrancou do peito, de dentro da camisa, um crucifixo enorme de madeira. Prosseguiu a pregação:

- Velas do inferno!

Os três imediatamente entraram de volta no táxi. O bispo-de-olhos-vermelhos pediu um balde d´água ao Danilo. O táxi passou e uma das velhas deu tchauzinho pra assistência. O pregador atravessou a rua. Apagou vela por vela espargindo água sobre elas. Pôs as velas no balde. Atravessou a rua e tomou outro rumo. Sobre o balcão do bar, sua carteira e seu maço de cigarros. Hoje de manhã, quando passei por lá para tomar meu café de todos os dias, uma surpresa. Disse-me o Danilo:

- Acho que o cara era um fantasma, Edu. Eu mesmo fechei o bar ontem à noite. Deixei a carteira e o cigarro do cara aqui em cima do balcão! Quando o abri, hoje, não estavam mais...

Eis que nasce mais um mistério que, franca e sinceramente, só mesmo na Tijuca.

Até.

7 comentários:

Rodrigo disse...

Edu, único cardápio monotemático que presta é: PUTARIA!

AOS QUARENTA A MIL disse...

Podrão a R$24,90 ?! Tcs, Palhaçada.

Endosso a indignação no caso do Andreazza por qual tenho profunda admiração e respeito.

Eduardo Carvalho disse...

Edu,

e agora me apontam dedos os que me incluem entre os "puxa-sacos de Eduardo Goldenberg", a Tijuca é imbatível e a cada dia mais me agrada.

Abraços rubro-negros (e vamos pegar aquele baixinho magrelo que nos secava, quarta passada, no Estudantil!!!).

NADJA GROSSO disse...

Edu
Normalmente seu Zé se apresenta assim, de acordo com a Encantaria o Malandro pertence a uma familia com grandes ramificações (um dia eu te conto a Historia)normalmente ele deixa o cigarro para mostrar quem ele é. Talvés a intenção das velas fossem coisas bem desagradaveis para a Encataria dele. Quem sabe? Marcar local para um asssalto? Beijos

Eduardo Goldenberg disse...

Edu: quem te acusou de ser meu "puxa-saco" caiu no chôro depois e ficou reclamando da dor de carregar o mundo nas costas?! Tsc. É blefe, compadre, é blefe! Beijo, e vamos matar juntos aquele viado ("baixinho magrelo" é só mais uma gentileza sua).

Eduardo Goldenberg disse...

Tia Nadja: vamos marcar. Todas as suas histórias me interessam. Beijo.

Szegeri disse...

Eu sei (e o Dinda também sabe, tenho certeza) o que é uma cocotte...