29.6.10

DO DOSADOR

* Cheguei ontem de São Paulo depois de momentos tensos no aeroporto de Congonhas. Meu vôo estava marcado para às 9h50min mas por conta do mau tempo no Rio de Janeiro acabei saindo de lá somente às 11h30min, ainda a tempo, graças aos deuses, de ver o jogo do Brasil, 3 a 0 sobre o Chile. Falarei sobre São Paulo no correr do tempo, mas adianto a vocês que foi - tanto Campinas quanto São Paulo - uma senhora estada, da manhã do dia 23 até a manhã de ontem;

* vamos aos meus pitacos sobre a atuação de ontem. O goleiro Júlio César ainda não foi - e ainda bem! - exigido à vera até o momento. Ontem, então, trabalhou muito pouco. Com a pontaria permanentemente equivocada dos chilenos, não teve trabalho algum. Acho que abusou demais dos chutões pra frente em detrimento de saídas de bola mais cadenciadas. Mas, evidentemente, não comprometeu. O lateral Maicon foi muito pouco à frente por conta do posicionamento da equipe chilena. Foi bem na marcação, falhou em alguns cruzamentos e não errou tantas cobranças de escanteio como nos jogos anteriores. Lúcio foi um monstro e sofreu um pênalti não marcado em dividida com Contreras. Não entendi, sinceramente, a não marcação da falta. Não se pode dizer que o zagueiro fez fita, pois o salto que deu - quero crer - foi muito mais para se defender de uma contusão do que cena propriamente dita. Seguro como sempre. E o melhor em campo, ao lado de Juan. O zagueiro rubro-negro mandou na defesa, ganhou praticamente todas as bolas e na bola, sempre. Ainda foi coroada com o primeiro gol do Brasil, de cabeça, quando saltou mais que todos com precisão no cabeceio, praticamente uma escorada na bola. Excelente atuação! Michel Bastos, limitado como de costume, fez sua melhor partida ontem. Correu pra burro e não teve muito trabalho na marcação. Vê-se, pois, que fez sua melhor partida porque errou pouco. Outro que atuou melhor do que em todos os jogos até então foi Gilberto Silva. Esteve bem na marcação e jogou duro, mais do que o necessário. Mas não é mais tempo de brinquedo. O que justifica sua atuação. Lamento bastante o cartão amarelo de Ramires, que teria assumido o posto no time titular na vaga de Felipe Melo. Foi outro que correu muito, marcou e foi marcado e que deu um pouco mais de luz ao meio-campo brasileiro. Acho que perdemos muito com sua suspensão e que sentiremos sua falta no jogo contra a Holanda. Daniel Alves pouco armou, como de se esperar de alguém com sua função. Movimentou-se bastante, entretanto, e não chegou a comprometer. Kaká continua devendo uma atuação à altura das expectativas. Uma vez mais, num único lance, foi fundamental, servindo de bandeja a Luís Fabiano. Errou passes demais e tomou outro amarelo, bobo. Foi substituído por Kleberson que foi lançado mais à frente do que está acostumado a jogar. Durante o tempo em que jogou, não criou nada, mais por conta de seu posicionamento. Robinho foi inexplicavelmente eleito o melhor em campo pela FIFA. Esteve bem mal até marcar o gol, mais um contra os chilenos. Quando deu de cair mais pela esquerda viveu seus melhores momentos em campo. E participou, ao lado de Kaká, da jogada que rendeu o gol de Luís Fabiano. Gilberto? Isso deixa para lá. Luís Fabiano marcou uma vez mais no mundial. Um golaço, diga-se. Driblou o goleiro, tocou pra dentro e correu pro abraço. É torcer pra manter o faro aguçado contra os holandeses. Nilmar, coitado, entrou e sofreu com a já sabida falta de criatividade do meio-campo canarinho. Eu queria que alguém me explicassse porque jogamos com quatro (quatro!!!!!) volantes se vencíamos bem a partida, de forma convincente, com amplo domínio do jogo. Coisas do Dunga. Mas estamos nas quartas, e é isso o que importa;

* não compreendo, também, o chororô da imprensa brasileira. Pombas! Ganhamos de 3 a zero, jogamos bem, passamos para as quartas-de-final e me parece pouco crível que haja ainda alguém esperando uma atuação de gala do escrete. Temos a melhor defesa, um matador na frente, dois homens que têm lampejos capazes de resolver um jogo e se temos uma meiúca limitada é com essa meiúca limitada que temos que contar. Acabou-se, de vez - o que parecia já ter acontecido - a minha paciência com esses nunca-satisfeitos;

* Alemanha e Argentina farão um jogaço, como jogaço será o Brasil e Holanda. No bolão - e dane-se o bolão! - pus a Holanda derrubando o Brasil. Não creio nisso, sinceramente. Faremos, tenho certeza, mais um jogo-teste-para-cardíaco. E aposto, de leve, na seleção alemã. Continuo achando uma teta a defesa argentina. E acho que a Alemanha, que vem de um portentoso 4 a 1 contra a Inglaterra, vai mamar nas tetas dos hermanos. A conferir;

* pra encerrar (e voltarei ao assunto). O troço que mais me comoveu durante a estada em São Paulo foi ter ido à sede do Anhangüera, ver o samba dos Inimigos do Batente com Gisa Nogueira e Didu Nogueira, homenageando os 10 anos de morte do grande João Nogueira. Tudo foi emocionante, tudo. Mas nada foi mais emocionante do que estar com meu mano Arthur Tirone, o Favela, naquele que é seu reduto máximo. Os olhos que brilhavam, a voz que teimava em sair gaguejante, os braços atônitos que tudo mostravam e para tudo apontavam, nada disso sairá da minha memória.

Até.

22.6.10

LIGEIRO RECESSO

O BUTECO entra em ligeiro - e raro - recesso até a próxima segunda-feira. Amanhã vou para São Paulo, com pouso em Campinas. Como estou, eis a confissão que faço, ligeiramente viciado nesse troço que atende pelo nome de TWITTER, vou dando as notícias, ou o passo-a-passo, por lá (aqui).

Até.

21.6.10

DO DOSADOR

* Assisti à partida de ontem na casa de meus pais, no Alto da Boa Vista, uma vez mais evitando grandes aglomerações e os bondes das descotroladas que se espalham por aí. É preciso estar atento ao jogo, o que requer pouca gente por perto. Depois dos dois jogos da manhã, bebi uma cerveja no BAR DO MARRECO rigorosamente sozinho, tomei fôlego e subi a Conde de Bonfim;

* vamos à minha análise individual dos jogadores depois da vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim. O goleiro Julio César foi, de novo, o goleiro seguro de sempre. É, na minha humílima opinião, o maior do mundo em atividade. Fez diversas defesas importantes durante o jogo (duas fundamentais) e não teve, em absoluto, culpa no gol de Drogba, já no final da partida (embora a nossa defesa tenha vacilado, de leve). Maicon mostrou vontade mas não teve liberdade para ir tantas vezes ao ataque como no jogo da estréia. O zagueiro Lúcio mostrou a segurança de sempre. Foi mais à frente do que eu gostaria, mas não comprometeu o setor defensivo em nenhum momento. Juan foi outro que jogou com segurança e com tranqüilidade. Aliás, diga-se, eis aí uma marca da seleção no jogo de ontem: tranqüilidade. Mesmo enfrentando um corpo a corpo duríssimo por parte dos marfinenses, desonestos algumas vezes (com a complacência do árbitro), manteve a cabeça no lugar e jogou, como disse o Parreira à imprensa depois do jogo, como se estivesse treinando. Michel Bastos (confundido pelos locutores, mais de uma vez, com o Robinho!), poucas vezes foi à frente, dedicando-se mais à marcação (ligeiramente mal feita). Gilberto Silva, isso deixa para lá. Felipe Melo vem me surpreendendo, não pelo futebol (que é pequeno), mas pela frieza com que enfrentou, ontem, as duras jogadas da Costa do Marfim. Fez o que se esperava dele: muitos desarmes e só. Elano marcou seu segundo gol nesta Copa do Mundo e esteve bem até o momento em que foi covardemente atingido no tornozelo. Aliás... foi lamentável o que disse o Neto durante a transmissão da BAND. Segundos após o lance deu de gritar:

- Quebrou! Quebrou! Quebrou a tíbia e o perônio!

Patético. Elano foi substituído por Daniel Alves que não teve tempo para rigorosamente nada. Kaká começou o jogo muito mal. Suas cinco primeiras intervenções foram equivocadíssimas. Errou, como no primeiro jogo, todos os primeiros passes. Redimiu-se, depois, acertando os passes para dois dos três gols. Foi injustamente expulso mas poderia ter sido sacado do time e poupado pelo Dunga, já que era evidente seu desentendimento com seus marcadores. Robinho quase que marca um golaço no começo do jogo. Depois, jogou pro time em detrimento do brilho individual. Ramires sofreu do mesmo mal que Daniel Alves. Luís Fabiano marcou dois gols. O primeiro, uma porrada-jabulani indefensável. O segundo, uma pintura. Na primeira matada, a bola bateu em sua mão visivelmente sem intenção. Depois, ajeitou a bola com o braço - voluntariamente -, o que não tira a beleza do lance. Intrigante a risadinha do árbitro durante uma rápida conversa com o jogador na volta ao meio do campo. Creio que isso, em algum momento, vai prejudicar o Brasil de agora em diante. A conferir. O técnico Dunga pecou por não tirar o Kaká depois do terceiro gol. Sem o bom-moço e com Elano machucado (provavelmente fora do jogo contra Portugal na próxima sexta-feira), vai penar pra dar ao meio-campo algum lampejo de criatividade;

* conversei rapidamente com meu mano Szegeri hoje pela manhã sobre a postura do Dunga na coletiva após o jogo. O sujeito está, é fato, num labirinto sem saída. "Perdeu essa batalha", disse-me o homem da barba amazônica referindo-se à relação que estabeleceu com a imprensa. Acho, entretanto, que fez bem ao espinafrar o bunda-mole Alex Escobar. Aliás, ao tratar a GLOBO como vem tratando. Ouvi, à boca pequena, o segiunte: segunda-feira, véspera do jogo de estréia da seleção brasileira, por volta das 11 horas da manhã, hora local na África do Sul, aportaram na entrada da concentração do Brasil, Fátima Bernardes acompanhada pelo repórter Tino Marcos e mais uma equipe completa de filmagem. Indagada pelo chefe de segurança do que se tratava, a esposa do chefão William Bonner teria dito:

- Estamos aqui para fazer uma reportagem exclusiva com o treinador e alguns jogadores.

Comunicado do fato, o técnico Dunga, pessoalmente, dirigiu-se ao portão e, após ouvir o blá-blá-blá global, foi incisivo, curto e grosso:

- Me desculpe, minha senhora, mas aqui não tem essa de reportagem exclusiva. Ou a gente fala pra todas as emissoras de ou não fala pra nenhuma.

- Mas esse acordo foi feito ontem entre o Renato Maurício Prado e o Ricardo Teixeira. Tenho autorização para realizar a matéria.

- Não tem autorização nem meia autorização. Aqui nesse espaço eu é que resolvo o que é melhor para a minha equipe. Com licença que eu tenho mais o que fazer. E pode mandar dizer pro Ricardo que se ele quer insistir com isso, eu entrego o cargo agora mesmo!

O treinador, então, virou as costas e saiu sem ao menos se despedir.

Se é ou não verdade, não sei. Sei que, pessoalmente, gosto muito de ver alguém enfrentando a toda poderosa que SEMPRE (eis um indício de que o troço pode ser verdade) esnobou as concocorrentes com as tais "entrevistas exclusivas".

* acaba de terminar Portugal 7 x 0 Coréia do Norte. Não me impressiona. Não fomos tão bem na estréia contra o fraquíssimo adversário por conta da pressão e da tensão natural de qualquer estréia. Pra cima deles!

Até.

18.6.10

O AVANÇO EVANGÉLICO É PERIGOSÍSSIMO

A ser verdade o que noticia a nota publicada hoje em O GLOBO na coluna ANCELMO GOIS, estamos diante de mais um caso estarrecedor envolvendo o crescimento vertiginoso das igrejas pentecostais no mundo, e vou me ater, aqui, ao Brasil.

nota publicada na coluna ANCELMO GOIS de O GLOBO de 18 de junho de 2010

Tenho dito a diversos amigos e colegas, notadamente da área jurídica, que não é possível manter-se inerte diante desse movimento (anti-cristão acima de tudo eis que intolerante e movido pelo ódio) que cresce assustadoramente diante de todos nós. Querem, os líderes religiosos que aqui se identificam como "evangélicos", o poder acima de tudo.

O Brasil é um país laico. E um Estado laico tem como dever defender e promover a mais aguda e absoluta separação entre o Estado e as comunidades religiosas, bem como a saudabilíssima neutralidade do Estado em matéria religiosa. Zelar pela liberdade de consciência e pela igualdade entre cidadãos em matéria religiosa. Ora, o que vemos aqui?

Rádios (AM e FM, que há até pouco tempo estava livre dessa praga) e televisões nas mãos dessa escória que - repito - quer apenas o poder a qualquer preço. Rádios e televisões que são concessões do Estado, que evidentemente não deveria permitir a desigualdade de forças que vemos na distribuição das correntes religiosas nestes setores.

Dia desses, voltando de carro de Volta Redonda, assombrei-me durante o trajeto. TODAS (eu disse TODAS) as rádios que consegui sintonizar transmitiam programas evangélicos. TODAS! Estaquei numa delas. Uma histérica desequilibrada agredia, valendo-se de termos impublicáveis, a Igreja Católica e seus "santos mentirosos", o Espiritismo e seus "charlatões", o Candomblé e seus "demônios", a Umbanda e seus "espíritos das trevas", a macumba e seus "fanáticos assassinos", os judeus e "seus avarentos" e por aí.

Estamos aí fingindo que não é conosco. Bispos e bispas de mentira, ladravazes tratados com condescendência por quem detém o poder dessas concessões, estão espalhados por aí, como ratos, nas câmaras municipais, nas assembléias legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Fomentam o ódio, usurpam o dinheiro suado do povo humilde que não raciocina e vão em frente, marchando como o mais sanguinário dos facínoras em direção ao poder.

É preciso agir - e falo sério - antes que seja tarde.

Até.

17.6.10

O ANTI-BRASILEIRO, O ANTI-CARIOCA

A grande rede veio, mesmo, para revolucionar o sistema de forças que domina o mundo. As redes sociais (e como já falamos delas aqui...), os blogs, os sites que disponibilizam vídeos feitos por qualquer um, são peças de um mecanismo que não perdoa a ninguém e que está aí, ao alcance de todos, pronto para, por exemplo, arrancar as máscaras de gente que mantém no pescoço um número de caras aptas a lhes servir conforme a conveniência da situação. Li, ainda há pouco, no TWITTER, Ed Motta fazendo patético apelo a seus seguidores para que todos espalhassem suas justificativas para a veiculação da entrevista recentemente publicada pela revista CONTIGO. Fui ler o tal apelo. A entrevista, na qual Ed Motta escorraça o brasileiro, o Brasil, o carioca, o Rio de Janeiro, o índio, o samba de enredo, na íntegra, está aqui. E o que dizia, no apelo, o sujeito? Leiam:

"A revista CONTIGO veio na minha casa fazer uma matéria e em vários momentos a jornalista dizia que o gravador estava desligado. Eu, imbecil completo, por estar na minha casa, estava relaxado falando um monte de bobagens, toda equipe dava risada etc. Gravador ligado? Não. Desligado em vários momentos. Conclusão: foi publicada, numa boa, a pior matéria que já fizeram comigo, má-fé total, várias afirmações em tom de piada que, escritas, passam uma imagem como se eu fosse um nazista. Isso é que dá perder tempo com uma revista de 10ª categoria como a CONTIGO. Sacanagem das brabas."

Dá pra ter pena de um cara desses que, em 2006, deu entrevista para a revista ISTO É dizendo isso?

"Para ficar perfeito, o chá tem de ser preparado com água mineral. Preferencialmente com spring water, ou água de montanha. A nossa água de Petrópolis também é boa." Quando lhe dizem que a sua nova mania sai caro, ele concorda. E esnoba: "Não é para o povão, mas eu não consumo nada do povão. Felizmente! A não ser que seja o povão da Itália, o povão da França."

Eu, que recentemente publiquei COLETA DE PROVAS (aqui) para dar cores fortes de coerência à defesa de tudo que faço aqui com franciscana paciência, fiquei feliz com esse troço todo.

Não é por acaso que está sendo marcado o "0800 no Astor", não é por acaso que Cora Rónai o incensa em sua coluna de hoje...

Agora: que justificativa teria o anti-brasileiro, o anti-carioca para ceder ao convite e conceder entrevista para uma revista dessa "categoria"? Patético, não?

Até.

ARREMESSO AO PASSADO NO FUTEBOL

Copa do Mundo é mesmo assim. Tirando os pseudo-intelectuais que acham o máximo torcer contra o Brasil - como nos mostra a desinteressada Cora Rónai em sua coluna de hoje n´ O GLOBO - e os descolados que ilustram a coluneta de Joaquim Ferreira dos Santos também de hoje, gente que acha que "a Copa é desculpa para a gente se produzir" e que "futebol tem que ter humor, alegria" - nojo absoluto! - envolvemo-nos todos com a aura que circunda os dramas do esporte bretão. Não por outra razão, como lhes contei aqui, pulei da cama às 4 da matina na terça-feira passada, dia da estréia do Brasil no campeonato mundial. Na manhã da quarta-feira, ainda ressaqueado com a atuação pífia do escrete brasileiro, tomei conhecimento de que no Leblon e em Ipanema o pau quebrou - filme de sempre! - entre playboys mimados, pitboys problemáticos, lutadores de jiu-jitsu e afins. Fui tomado por uma febre causada por um arremesso agudo ao passado que me remeteu ao tempo da inocência. Estava eu em 1978 de mãos dadas com meu velho pai, meu irmão do meio agarrado na outra mão. Eu, de Flamengo. Meu irmão, de Vasco. Papai tentava, naquele dia, me fazer ver o que ele considerava "uma burrice". Eu, que nascera vascaíno graças à sua ótica diante do nascimento do primogênito, me rendera ao amor pelo rubro-negro graças ao Zico e pelas próprias mãos do Zico, como lhes contei aqui. Aquela final entre Flamengo e Vasco era, então, o que meu pai considerava a chance da redenção. O empate favoreceria o Vasco e papai não podia imaginar que o gol de Rondinelli, no final do jogo, poria seus planos por terra. Mas não é isso o que quero lhes contar.

Meu arremesso me levou à rampa do Maracanã. Éramos proibidos, eu e meus irmãos, de falar palavrão em casa. "Respeitem a sua mãe!" era um mantra no apartamento da São Francisco Xavier, 90. Mas bastava passarmos na roleta do estádio, vinha o aviso:

- Aqui pode! Aqui pode!

E nestes tempos de gritos de guerra sanguinários e cabeludíssimos, deliciei-me com a música que ecoava em meus ouvidos durante o transe causado pelo arremesso ao passado. Gritava a torcida rubro-negra:

- Ô, ô, ô, o Zico é craque é o Roberto é um cocô!

A torcida do Vasco, que dividia a rampa com a torcida adversária (troço impensável nos dias de hoje), devolvia:

- Ô, ô, ô, o Zico é craque, o Roberto é que ensinou!

Havia os gritos mais ousados:

- Um, dois, três, quatro, cinco mil! Eu quero que o Vasco vá pra puta que o pariu!

Papai dizia:

- Aqui pode! Aqui pode!

- Zum-zum-zum! Passou um avião! E nele estava escrito que o Vasco é campeão!

É desse ano, 1978, que vem meu primeiro registro de memória de uma Copa do Mundo. Eu, nascido em 1969, não trago nada dentro de mim com relação às Copas de 1970 (evidentemente, eu com um ano...) e de 1974. Foi em 1978, na casa de uns amigos de meus pais, na ainda nativa e inexplorada Barra da Tijuca, que assistimos a Brasil e Suécia, 1 x 1, com um gol irregularmente anulado, de Zico, aos 45 minutos do segundo tempo - vejam o lance aqui.

Ali cravou-se em mim a paixão pela seleção brasileira, ali eu entendi que o futebol é a antítese do humor e da alegria. Usina permanente da inocência que nos faz suportar, mais firmes, a dureza do dia-a-dia.

Até.

16.6.10

DO DOSADOR

* Vivi, ontem, um dia típico de Copa do Mundo em dia de Brasil. Às 4h da manhã levantei depois de sonhar, a noite toda, com o jogo contra a Coréia do Norte. Fui à cozinha, preparei a moela, fui à feira comprar camarões para meus convidados (Luiz Antonio Simas e sua Candinha), fui ao Centro comprar pão, assisti ao primeiro tempo de Portugal e Costa do Marfim na companhia do Santos, encontrei-me com o Simas no BAR DO MARRECO (onde vimos o segundo tempo) e tomei o rumo de casa com cerveja gelada e mais que tais. Às 15h30min, nossa estréia na Copa do Mundo de 2010;

* achei péssimo para o Brasil o empate entre portugueses e marfinenses. Há quem tenha comemorado. Eu, um contumaz poltrão, acho que foi pior pra nós. O grupo fica, com os resultados de ontem, rigorosamente aberto para o infito sem a polarização que duas vitórias estabeleceriam e vamos ao meu raciocínio. Creio que Portugal e Costa do Marfim vão vencer a fraquíssima Coréia do Norte. Estou apostando numa Costa do Marfim, contra o Brasil, fechadíssima (acreditando que venceremos com sufoco). E num jogo franco e aberto contra Portugal. Resumo da oporeta: tensão absoluta, sabe-se lá se decidindo vagas pelo saldo de gols. Nosso saldo de ontem, 1 golzinho só, não ajuda;

* vamos à análise da atuação dos jogadores, um a um. Infelizmente a previsão de que a seleção brasileira seria modorrenta e sem inspiração confirmou-se. O goleiro Júlio César pouco ou nada fez, assim como nada pôde fazer no instante do gol que sofreu no final do jogo. Juan foi patético no primeiro tempo e menos mal (nada mais que isso) na etapa final. O zagueiro Lúcio foi outro que, como o goleiro, não teve trabalho na zaga. Atuação apagadíssima. Michel Bastos, isso deixa para lá. Sinto nojo só de escrever seu nome. Maicon, adulado de forma significativa pelo narrador da TV GLOBO, eleito pela FIFA o melhor em campo, fez um gol-jabulani e foi raçudo, que é o mínimo que se espera de quem veste a amarelinha. Foi pouco à frente, muito provavelmente atendendo ordens do general de casaca (que casaca a do Dunga, hein?!). Felipe Melo, uma arma de destruição em massa na opinião de Aldir Blanc, fez o de sempre: faltas, faltas, faltas e falta (de criatividade, como de hábito). Foi substituído por Ramires, que não conseguiu repetir a atuação que teve no último amistoso antes da estréia, e que me deu esperança de vê-lo ganhar a vaga. Levou um cartão amarelo besta. Gilberto Silva foi outro que não fez NADA (com a ênfase szegeriana) de produtivo. E conseguiu ser pior que o horroroso Felipe Melo: nem faltas fazia, deixando avenidas abertas para os norte-coreanos (inabilidosíssimos, graças aos deuses). Nem o segundo gol do Brasil, de autoria de Elano (em magistral passe de Robinho), foi capaz de redimir o meia inteiramente medíocre. Sacado logo depois do gol, deu lugar a Daniel Alves que, isso também deixa para lá. Kaká foi outro que esteve muito aquém do esperado (se bem que, com a recente contusão, tenha nos deixado esperando muito pouco...). Errou demais e não teve sequer sombra de qualquer rompante genial. Saiu para a entrada de Nilmar que, mesmo com pouco tempo de atuação, fez mais que Luis Fabiano nos 90 minutos (esse também deixa para lá, que sua atuação foi bisonha). Robinho, que deve estar sentindo aguda saudade de seus companheiros da Vila Belmiro, fez por ele e fez por Kaká. Foi bem, na minha humílima opinião, ainda mais se levarmos em conta sua companhia durante todo o jogo. Seu passe para o segundo gol foi fabuloso, fabuloso. Como fabulosa foi, diga-se, a chulapada dada pelo mediano Elano;

* fomos obrigados a assitir o jogo na TV GLOBO. Tentamos a BAND, mas ouvimos, alguns segundos antes, a explosão da vizinhança na hora do gol de Maicon. Esses delays são impressionantes;

* Flamengo, rapidamente. Nojenta, como de hábito, a postura do goleiro Bruno diante de Zico, na Gávea. Vai tarde, o fanfarrão. Torço, agudamente, para a concretização de sua venda;

* hoje começa a segunda rodada dessa primeira fase. África do Sul e Uruguai entram em campo às 15h30min. Começará, assim, a ser melhor desenhado o painel das oitavas-de-final;

* e pra terminar: triste, muito triste, a cobertura da Copa do Mundo. Encontrei um Luiz Antonio Simas desolado com o caderno de esportes d´O GLOBO nas mãos, ontem à tarde. Adnet, Mazzeo, gente sem NENHUMA (com a ênfase szegeriana) autoridade ou intimidade com o assunto escrevendo sobre a Copa do Mundo. E hoje pela manhã, no jornal matinal da TV GLOBO, matérias patéticas que revoltam o pobre-torcedor: repórteres entrevistaram a mãe do Lúcio e a mãe do Júlio César, aquela em casa e esta, coitada, no Maracanã, debaixo do gol. As perguntas? "A senhora ficou nervosa?", "O que a senhora acha do tamanho do gol?" e outras babaquices inacreditáveis. Depois? Léo Jaime comentou o jogo de dentro do estúdio. Um lixo absoluto. Juntamente com o CALA BOCA GALVAO, top do top no TWITTER, deveria vir o CALA BOCA GLOBO;

* e vamos em frente. Domingo enfrentaremos a Costa do Marfim e o jogo de ontem deixou essa certeza: vem pedreira por aí.

Até.

14.6.10

DO DOSADOR

* Começou a Copa do Mundo de 2010, modorrenta até o momento. A Argentina, que enfrentou a seleção da Nigéria, mostrou que sua defesa é fragilíssima e não acredito que consiga resistir a um adversário mais forte e mais competente que a seleção africana. Messi provou o que todos já sabíamos: é genial e capaz de fazer a diferença com a bola nos pés. Se não fez gol, chegou perto, muito perto, em lances que só um craque protagoniza;

* a França foi protocolar e chatíssima, assim como o Uruguai. Fizeram um dos jogos mais sonolentos até o momento;

* a Alemanha, que meteu 4 a zero contra a fraca seleção da Austrália, impressionou pela força ofensiva. Mas é preciso reconhecer que o adversário não foi capaz, em momento algum, de oferecer perigo ou resistência;

* a Inglaterra também fez um jogo chato contra os Estados Unidos. E o frangaço do goleiro inglês, o primeiro em HD na história das Copas, deu dó;

* muito me impressionou, hoje, a seleção holandesa. Enfrentando a Dinamarca, muito superior à seleção australiana, foi capaz de vencer por dois a zero sem sair de cima do adversário. E mais: sem descuidar da parte defensiva. É forte candidata a avençar, e bem, na competição;

* continua insuportável, como de se esperar, o Galvão Bueno;

* as tais dezenas de câmeras espalhadas durante os jogos estão dando, é fato, um espetáculo à parte;

* estou achando de um ridículo sem precedentes o mistério que Dunga vem fazendo com a imprensa brasileira. A gente espera, a cada 4 anos, uma Copa do Mundo. E uma Copa do Mundo, para um aficcionado, é muito mais que o simples jogo. A Copa do Mundo é feita da emoção das eliminatórias, dos amistosos, da convocação, dos treinos, dos coletivos, das coletivas, e essa babaquice olímpica de portões fechados dá bem noção do mal que Dunga, Jorginho e companhia limitada (em todos os sentidos) faz ao futebol brasileiro;

* as coletivas dos jogadores brasileiros, aliás, concedidas em doses homeopáticas por jogadores lobotomizados pela comissão técnica, têm sido soníferas. Ninguém diz nada, ninguém responde nada, e ficamos daqui nessa aflição ai-Jesus;

* ô, sujeito insuportável, esse Felipe Melo. Arrogante, prepotente, anti-brasileiro. Espero, franca e sinceramente, queimar a língua no decorrer da Copa do Mundo;

* enfrentamos amanhã a Coréia do Norte. Eu, confessando minha ignorância, pouco ou nada sei sobre nosso primeiro adversário. Levo fé, é evidente, na seleção brasileira. Mas a pouco mais de 24h da estréia (usarei, para todo o sempre, o acento agudo que nos foi surrupiado), sinto-me com a janela aberta para o infinito.

Até.

11.6.10

DÁ-LHE, CIDINHA CAMPOS!!!!!

Eu já tinha, em 24 de maio de 2010, publicado o vídeo no qual a deputada estadual Cidinha Campos, corajosamente, denuncia o escândalo envolvendo o TJRJ, aqui. Hoje, novamente orgulhoso, mais uma prova de que ela, Cidinha, é das minhas!

Até.

ALDIR BLANC DE VOLTA AOS JORNAIS

Grande notícia, saber que Aldir Blanc está de volta aos jornais, tão carentes de sua caneta. O jornal O GLOBO, mais criticado por aqui do que o Felipe Melo (comparado, por Aldir, a uma arma de destruição em massa!), marca, assim, um golaço. Há tempos - e põe tempo nisso - que um nome de peso, como esse, não marcava presença no jornalão carioca. Com Luiz Antonio Simas batendo ponto por lá, uma vez por mês, e agora com Aldir, O GLOBO ganha. E muito. Cliquem na imagem. E divirtam-se!

Aldir Blanc em O GLOBO de 11 de junho de 2010

Até.

10.6.10

DO DOSADOR

* Um de meus leitores, que assinou Beto mas não se identificou (o que é de todo lamentável), publicou o seguinte comentário, aqui:

"Prezado(s), a Corregedoria Nacional de Justiça abriu sindicância contra o atual Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Desembargador Luiz Zveiter e seu par, Gilberto de Mello Nogueira Abdelhay Junior, por meio da Portaria nº 33, de 26 de maio de 2010. A leitura dos motivos da abertura da sindicância é muito interessante. Trata-se do último concurso de Tabelião do RJ no qual o Zveiter e o seu par teriam agido em conluio para beneficiar algumas candidatas. Vamos limpar esse país sempre quando necessário."

Aqui no BUTECO, onde mui modestamente eu procuro ser preciso do início ao fim, só publico notícias depois de checá-las, checá-las de novo e checá-las mais uma vez. Razão pela qual mandei um e-mail, ainda há pouco, para o CNJ (print do e-mail abaixo). Assim que eu tiver alguma resposta, volto ao assunto que, em nome da verdade, da transparência e da indignação que não comove os jornalistas empregados dos jornalões, me interessa bastante.

* começa amanhã a Copa do Mundo e, mais uma vez (isso é rotina), Luiz Antonio Simas escreveu, letra por letra, o que eu gostaria de dizer a vocês. O MANTO AMARELO DOS EGUNGUNS é, antes mesmo da Copa do Mundo começar, o texto definitivo sobre a Seleção Brasileira neste 2010. Aqui;

* mesa forte no AL-FÁRÁBI ontem à noite. Este que vos escreve na companhia de (em ordem alfabética para não ferir suscetibilidades) Carlos Alves, Leonardo Boechat, Luiz Carlos Fraga, Marcus Handofsky, Mauricio (o Abade dos Infernos) e Rodrigo Ferrari. Ao chegarmos, fomos saudados pelo Abade:

- Hoje ninguém beberá cerveja! - disse com sua autoridade.

Diante do espanto, completou:

- Servirei aos senhores meu abadágio!

E trouxe à mesa taças de cristal com champagne rosé. Leonardo Boechat, um iniciado, fez a blague:

- Alguma resenha antes do primeiro gole, Abade?

E o Mauricio, antes do primeiro gole, fez a resenha:

- Senhores... vocês beberão agora o rosé servido à larga no Castelo De Chantilly durante o casamento de Ronaldinho Fenômeno e Daniela Cicarelli. Pronto!

Pela resenha, quero crer, vocês podem dimensionar o carisma e o impacto que provém do Abade;

* falei no Abade e quero lhes contar uma coisa. Entrou ontem à tarde, no AL-FÁRÁBI, por volta da hora do almoço, um sujeito com olhar de turista. Explico: andava devagar, farejava ferozmente o ambiente, olhava pro piso, olhava pro teto, alisava as paredes, folheava os livros até que estacou diante do balcão. Pousou os olhos nos olhos do atendente (que era o Mauricio) e disse:

- Você é que é o abade?

Incrível - eis o que eu queria lhes dizer - como corre a fama pelas vias virtuais;

* poucas coisas me dão mais nojo que o fanatismo - e me aterei ao assunto que me move, especificamente - dos judeus - e falo com a autoridade de um Goldenberg (como, por exemplo, o que fez uma vereadora e um deputado estadual do Rio de Janeiro, vejam que absurdo isso aqui, apreendeerem, em fevereiro deste ano, um biombo decorado com a figura de um Buda, que ostentava no peito uma cruz suástica, exibido na vitrine de uma loja de decoração). São, os fanáticos, racistas, preconceituosos e elitistas. Como fanáticos, racistas, preconceituosos e elitistas são os responsáveis por esse acinte cometido por um site humorístico israelense - de tendência direitista - logo depois do acordo assinado entre Brasil, Turquia e Irã para enriquecimento de parte do urânio iraniano em solo turco. Vejam aqui. Gostaria muitíssimo de saber como os Bergher vão reagir a essa aguda falta de respeito para com o Brasil e seu Presidente. Não vão reagir. Porque são fanáticos, porque gostam mais de Israel do que do Brasil e porque são opositores do Lula.

Até.

8.6.10

OS CIEPS DE BRIZOLA E A POSTURA D´O GLOBO

Dá-me engulhos a série de reportagens que o jornal O GLOBO vem fazendo sobre educação.

Líder de uma nefasta campanha contra as escolas implementadas por Brizola no Rio de Janeiro, a quem pretende O GLOBO enganar com essa palhaçada? Para entender bem o papel do jornalão durante os governos de Brizola, leiam isso aqui.

Até.

7.6.10

PROPAGANDA OFICIAL DO BUTECO PRA COPA

Desanimadíssimo com a seleção evangélica comandada por Dunga e Jorginho, apresentamos a versão oficial da propaganda da minha cerveja favorita para a Copa do Mundo de 2010, que começa em poucos dias. Vai como homenagem a meu queridíssimo Flavinho, que declarou, depois de ver a versão da cervejaria, que não beberá Brahma durante o campeonato em sinal de protesto. Na nossa versão, ao primeiro grito de "a gente é o quê?", a equipe grita (para delírio de Jorginho):

- Evangélicô!

Ao segundo grito:

- Cornô!

E vamos em frente (vejam o vídeo, no YOUTUBE, aqui).


Até.

6.6.10

DO DOSADOR

* Vocês hão de se lembrar: em 19 de dezembro do ano passado, quando escrevi UM CASAL ESPETACULAR, lhes contei sobre um casal amigo - e mais precisamente sobre a varoa do casal a que me refiro - que protagoniza momentos épicos dentro do que se pode chamar manifestações sobrenaturais. Disse eu, em dezembro de 2009, aqui:

"Ela é um doce. Fala mansa, extremamente ciosa de seu papel de companheira, extremamente ciosa de que quem brilha ali, no palco do dia-a-dia do casamento, é ele, condescendente, terna, dulcíssima (perdoe-me a repetição inevitável), ela tem extrema paciência com o marido, dessas que só as enfermeiras têm, com as obsessões do marido, a quem compreende sempre com uma festinha na cabeça, um sorriso terno, quase maternal, e vão levando, assim, a vidinha deles.

Ocorre que - eis o quero lhes contar - vira-e-mexe (bimestralmente eu diria, pelo que venho observando há anos) ela é possuída (e não há termo mais adequado para o que se passa) por uma espécie de entidade que faz com que ela modifique, agudamente, o comportamento diante do olhar espantado da assistência do momento. O troço é quase um transe. E dá-se, sempre, à mesa de um bar qualquer."


Eis que na quarta-feira passada, véspera do Corpus Christi, a moçoila rodopiou de novo como cavalo (ou seria égua?!) da entidade. Eu, infelizmente, não estava à mesa. Mas soube - quem me contou foi o próprio marido, de olhos espichados - que a beberagem começou às 19h30min na rua do Rosário. Por volta das 22h, o transe. Houve um rufar de saltos no chão de pedra, socos na mesa e brados ouvidos por todo o velho centro do Rio:

- Hoje eu pago! Eu pago! Pago tudo!

O troço terminou às 3h30min da manhã;

* estou, preciso fazer a confissão, viciado na rede do TWITTER. Sensacional ferramenta que atende aos anseios do BUTECO - estamos lá, aqui -, está agora instalada em meu celular, o que torna a obsessão pelo brinquedo ainda mais aguda. Ontem - eis o que eu queria lhes contar - Janir de Holanda, o Guevara da imprensa esportiva carioca, fez o chamado bota-fora por conta de seu embarque, na terça-feira pela manhã, rumo à África do Sul. O Janir também está lá, aqui. Pausa para um comercial: você que é usuário do troço, pô!, siga o Janir! Hoje (neste momento) com 910 seguidores, ele aguarda, pacientemente, o milésimo seguidor para sortear uma camisa oficial do Flamengo entre os que o lêem. Feito o comercial, vamos em frente. Eis que um dia, há uns meses, vestido com a roupa de amianto dos bombeiros, Janir lançou o jato de gasolina e me apresentou (via TWITTER, diga-se) Rafael Cavalieri (aqui). E os jatos de gasolina foram sendo lançados aos poucos: dizia-me o irmão de Luiz Antonio Simas que Rafael Cavalieri, ainda de fraldas (tem 24 anos, o menino), era admirador máximo de gente como Maria Gadú, Roberta Sudbrack e outros bichos. Tentava, assim, promover o duelo de espetadelas em 140 toques. E o troço deu certo. Então... ontem, durante o bota-fora de Janir, @butecodoedu e @rafaelcavalieri dividiram a mesa. O registro, que o jornalista esportivo classificou como "momento histórico", está aqui. Bebemos no BAR DA FRENTE, na fabulosa Barão de Iguatemi, buteco de verdade que festeja, explicitamente, sua ausência na besteira olímpica que é o COMIDA DI BUTECO;

* falei no TWITTER, falei no COMIDA DI BUTECO e preciso lhes dizer: muito honra o @butecodoedu - eis que dá contornos de coerência a tudo o que defendemos - mais um bloqueio no sistema do TWITTER. Depois de @moaluz e @robertasudbrack, agora é o próprio @_comidadibuteco que, possivelmente contrariado pela saraivada de verdades que lançamos daqui do balcão virtual sobre a farsa que é o festival, não me permite o acompanhamento de seu perfil. Triste por um lado (o da mesquinhez), ótimo por outro (o que dá contornos de coerência a tudo o que defendemos);

* continuo aguardando a ligação, que me foi prometida, dos organizadores do festival da maionese;

* falei em TWITTER, falei em Janir, falei em Rafael Cavalieri e quero lhes contar mais uma coisa: Janir teve a brilhante idéia de levar o ninfeto de 24 anos, antes de levá-lo ao BAR DA FRENTE, ao REX, disparado o melhor galeto da cidade (sempre digo isso por aqui). O menino, encantado com o REX (o que prova que ele não é de todo equivocado), anunciou, na rede, que lá estava a se deliciar com a comida do lugar. Eis que um sujeito, cujo nome não repetirei como prometido, soltou a babaquice que pretendia soasse como piada: "o galeto vem com salva-vida em caso de enchente na praça de bandeira". Dá-me nojo, agudo nojo, ver a barba do barbudo lambuzada do mel que, muito recentemente, deu de provar;

* Luiz Antonio Simas publicou ontem mais uma de suas imperdíveis histórias com dois de seus personagens que são meus preferidos: Manoelzinho Mota e Saquarema Marta. Aqui;

* faltam seis dias para o Arraiá dos Namorados, mais uma iniciativa do inacreditável vereador Eliomar Coelho.

Até.

4.6.10

A BOA E VELHA RABADA

Uma de minhas obsessões, quem me lê sabe, é a revista RIOSHOW, de O GLOBO, encartada no jornalão às sextas-feiras, mesmo dia em que se dá o debate político do PSOL no Buraco do Lume e a Santa Ceia, almoço festivo que reúne parte da pinacoteca psoliana na rua do Rosário. Pois estava eu, dia desses, a almoçar na rua do Rosário quando aproximou-se de mim um de meus poucos mas fiéis leitores. Disse-me o dito cujo:

- Posso lançar gasolina sobre você?

Eu estava mastigando. Engoli, estendi a mão e disse, já excitadíssimo:

- Pode!

- Sabe quem começou com as papagaiadas hoje repetidas à mancheia por, por exemplo, Roberta Sudbrack?

- Não.

- Luciana Fróes.

E retirou-se, o leitor-bombeiro.

E não é que hoje a revista RIOSHOW de hoje traz matéria de capa assinada por ela?

capa da revista RIOSHOW de O GLOBO de 04 de junho de 2010

A matéria é lastimável e vou lhes dizer o por quê. O foco é a rabada, prato vendido nos butecos da cidade, quase que diariamente, como no BAR DO MARRECO, por exemplo, aqui, por coisa de sete, oito, nove reais no máximo. E o que faz Luciana Fróes ao apresentar a rabada? Sentados? Vamos lá.

Logo no início da matéria, esculhamba o nome do prato (ela diz, "ô, nominho!") e diz que a rabada "ganhou um banho de loja e hoje pode ser vista em nove entre dez cardápios bacaninhas da cidade" e "de shape novo, visual caprichado e em boas e novas companhias". A quantidade de clichês, usados à larga pela massa cheirosa, já dá o tom da matéria-jabaculê.

E quais são os "cardápios bacaninhas da cidade"? Luciana Fróes indica dez endereços (todos na zona sul, evidentemente, basicamente Leblon e Ipanema). Dentre eles - e lembrem-se do que eu já disse sobre a casa... - o ASTOR, recentemente inaugurado em Ipanema, importado de São Paulo, equivocadamente adulado como a "verdadeira esquina carioca" por quem não entende nada do riscado. E como é servida a rabada do ASTOR? Em duas versões, nos conta a matéria: a versão completa (rabada desfiada, polenta e agrião) a R$ 37,00 e a que é "servida em simpáticas cocottes, as panelinhas de ferro francesas" - ou seja, um miserê - a R$ 19,00.

Luciana Fróes, que acha que "queue de boeuf" - rabada em francês - "soa mais bonito", exalta, ainda, um bolinho (eu disse UM BOLINHO) - servido no GARCIA & RODRIGUES, no Leblon, que "nem de longe lembra rabada" e que custa R$ 47,70.

A massa cheirosa só pode estar de sacanagem.

Eis aí, meus poucos mas fiéis leitores, mais um caso evidente de usurpação de um hábito do povo, de sua cultura (a que sempre causou asco e repúdia por parte da massa cheirosa), por parte da elite que tem vergonha e nojo do Brasil. Em apertada síntese: pegam a rabada, transformam a rabada em objeto de fetiche, jogam o preço nas alturas e por aí vai...

Quero ver essa gente encarar a boa e velha rabada num dos botequins mais vagabundos aos quais eu não resisto. Com cara de rabada. Gosto de rabada. E com preço de rabada.

Até.

3.6.10

COLETA DE PROVAS

É bom, muito bom, às vezes, contar com bombeiros de gasolina dispostos a me ajudarem a dar mais e mais fundamento ao que digo por aqui.

retirado do TWITTER de Ed Motta

Até.

2.6.10

A SAUDADE DE UM FILHO

Há exatos oito anos, em 02 de junho de 2002, morria, cruelmente assassinado, o jornalista Tim Lopes. Há pouco mais de um mês, mais precisamente em 18 de abril de 2010, como lhes contei aqui, tive o prazer de conhecer Bruno Quintella, seu filho, graças à generosidade desse grande parceiro que é o Eduardo Carvalho, que o levou à mesa do BAR DO CHICO na manhã domingueira que, vez por outra, armamos por lá. Curioso é que, somente uns dias depois, alertado por Luiz Antonio Simas, fiquei sabendo que aquele malandro de olhos claros, fala mansa e um tremendo boa-praça é filho de Tim Lopes. Hoje, numa homenagem a ele, Bruno, publico texto de sua autoria, publicado em seu blog, o FACA AMOLADA, no dia 02 de junho de 2009, chamado SETE ANOS (aqui). Bonito pacas, o texto me fez chorar a partir do instante em que li:

"Hoje quero falar do meu pai. Não do jornalista Tim Lopes. Mas do pai Tim Lopes. Alguém mais sente essa falta? Não. Ninguém. A saudade é imensa e, há sete anos, todo mês de junho é assim."

Meu fraterno abraço pro Bruno, que é quem passa a lhes falar agora:

"Hoje eu poderia escrever mais uma vez sobre violência. Sobre tráfico de drogas e de armas. Também poderia discorrer ideias ou pensamentos criticando a política de segurança do estado - ou a falta dela. Muros da discórdia. Ou falar de assassinatos e torturas. Crimes e mortes. Falar sobre impunidade, redução de pena, progressão de regime, guerra de tribunais e tribunais de guerra. Legitimação do estado democrático de direito ou sua proclamação, ainda que tardia. Censura à imprensa por parte do governo. Censura à imprensa por parte do tráfico - ou da milícia. Relembar casos do jornalista Tim Lopes, da equipe de reportagem do jornal "O Dia" e do bravo fotógrafo André Az, por exemplo. Ou do crescente número de mulheres grávidas vítimas da violência. Filhos que morrem dentro das mães: mães que morrem dentro dos filhos. Também não seria novidade levantar outras questões, como o inferno que viveram agora - ou vivem - moradores de Copacabana e do Leme. Isso era coisa do subúrbio e zona norte, claro, fora Rocinha. Poderia reverenciar os últimos feitos em comunidades como o Batan, Cidade de Deus, Santa Marta, Chapéu-Mangueira. Vila Cruzeiro? Não, não vou tocar nesse assunto. Nem deveria, porque estamos cansados da violência, vivemos em eterno estado de ressaca moral, ou melhor, ressaca social. São comerciantes, empresários, policiais, taxistas, jornaleiros, jornalistas, fotógrafos: trabalhadores. São chefes de família. Nem todos são pais, mas todos são filhos. A violência não escolhe profissão nem cartáter. A violência, sim, é indiscutivelmente democrática.

Mas não. Hoje quero falar do meu pai. Não do jornalista Tim Lopes. Mas do pai Tim Lopes. Alguém mais sente essa falta? Não. Ninguém. A saudade é imensa e, há sete anos, todo mês de junho é assim. A temperatura é mais amena, mas o frio é sempre maior. O silêncio do outono fala mais alto. Lembro da minha infância, correndo pela redação do Jornal do Brasil, de O Dia. Dos almoços de domingo, dos jogos do Vasco no Maracanã, ainda quando começavam às cinco da tarde. "Olha, vai de calça, senão não dá pra entrar na tribuna de honra do Maraca" ou " aquele ali é Touguinhó, puta jornalista" ou ainda "Ih, o Aydano tá ali... Foge, foge, porque ele é flamenguista". O convite "Quer entrar em campo? Niltinho (fotógrafo) vai te colocar na boa, cola com ele, vai, vai" e a ideia sugestiva: "Vamos de ônibus, porque se formos de táxi, não vai rolar grana pro lanche no intervalo do jogo". E íamos, pai e filho, em direção ao Maracanã, eu de boné e calça num calor de fevereiro: "Se você vai de boné, mermão, não pode sentar na janela. Vai dar mole? Nego do lado de fora leva logo na mão grande. Fica esperto" - advertia ele, temendo pela minha falta de malandragem, coisa de quem foi criado nesse feudo social chamado Zona Sul.

Lembro dos almoços em botequins, cafés da manhã em padarias, da praia no Posto 8, da festa junina da Mangueira, do sítio de Saracuruna, do pôr do sol no Arpoador, dos passeios pelo calçadão, das viagens, da mesada, das matérias que vi nascer em mesas de bar - e depois estampadas na primeira página dos jornais. Outras que abriam o Jornal Nacional, ou ainda, as reportagens "do boa noite do JN. Vê lá, filhote, creditozinho do teu pai." E eu via, porque não sabia ainda que vaidade e orgulho eram coisas diferentes. O jornalista Tim Lopes era o meu pai? Não. O meu pai era o jornalista Tim Lopes. Como filho e também jornalista, não é fácil separar uma coisa da outra. Não que devamos desvencilhá-las, mas acho que sinto mais falta de um do que de outro. Não convivi com o jornalista Tim Lopes nas redações. Ouço as histórias, imagino os detalhes, como teria sido, como ele teria reagido em determinada situação, como conseguiu aquela entrevista. É como se percorresse um caminho de volta ao passado, sem nunca tê-lo vivido, mas que é trilhado pela saudade dos amigos e pela memória das matérias. Ler reportagens antigas, ou ainda ouvir "você é filho do Tim? Ô rapaz, teu pai certa vez...", me fazem ficar mais perto dele, do jornalista. Nunca vou saber como seria, mas posso ter uma ideia de como foi. Mas não em relação ao pai. Essa é a saudade que dilacera o homem. Todo dia o meu pai morre, porque acordo com ele vivo. Ouço suas palavras, me divirto com suas gargalhadas, me assusto com suas broncas em voz baixa, suas risadas desordenadas, seu olhar de criança. Mas no final do dia, acabo lembrando que ele não está mais aqui. Que não volta mais. Que nunca mais meu pai vai me dar um pito ou um abraço apertado, ou vai dizer: "meu filho, que orgulho! você agora é jornalista".

O que dá coragem de seguir em frente, é que todo dia meu pai, depois de morrer nasce mais forte, dentro de mim. E começo a entender: nunca me deixou. Sinto sua presença mesmo sem saber quando nem onde. Não saber, mas sentir. O amor de pai e filho não cabe em palavras nem lágrimas. Elas são apenas afluentes da saudade. O amor de filho aumenta a cada dia. E todo mês de junho, entre o dia de morte de meu pai e o dia do meu nascimento, separados por dez dias, me sinto mais próximo dele. Não porque vou ficando mais velho, mas porque vou me tornando mais homem, açoitado pela crueldade da morte, mas fortalecido pelo sofrimento da vida.

A primeira vez que andei sozinho na rua devia ter uns sete anos. Desci do antigo apartamento de meu pai, na Rua Jangadeiros, e fui à lanchonete da esquina comprar caldo de cana e pastel de queijo. Tudo era aventura: até apertar o botão do elevador. Atravessei a rua, estiquei a mão com o dinheiro e fiz o pedido. Lembro que comi em pé, só, olhando do balcão para a janela onde meu pai me fitava cuidadoso, mas desviava o olhar de quando em quando, para que eu tivesse a ligeira sensação de que estava sozinho no mundo. Aí, quando o flagrava me olhando de volta, ele acenava discretamente, esticando o polegar da mão direita e arriscava um assovio malandro, que só eu reconheceria. Ele sorria, sei porque enxergava seus dentes de longe. Talvez porque estivesse sorrindo com o coração. Estávamos felizes. E depois de limpar a boca com as costas da mão, me dirigi de volta pra casa, cheio de pose, aos sete anos, pensando: a rua é um palco onde tudo pode acontecer. Mal sabia eu que já era jornalista naquele tempo. Hoje sinto que estou andando pela primeira vez não na rua, mas na vida. E meu pai me olha de outro lugar e não da janela do apartamento. Ainda ouço o assovio malandro, lembrando feliz daquele tempo. Esse Tim Lopes não morreu.

E toda vez que volto pra casa, fecho os olhos, e consigo vê-lo esticando o polegar, sorriso malandro e penso: o coração é um palco onde tudo pode acontecer."


Até.

1.6.10

AGÜENTA, CORAÇÃO FLAMENGO!

Só quem é Flamengo sabe o que significa essa volta de Zico à Gávea (e calem-se os detratores de plantão, os seca-pimenteira, os membros da torcida arco-íris, os que não têm nada a ver com o mais querido do Brasil). Podem, entretanto, ouvir calados a canção SAUDADES DO GALINHO gravada em 1983, no LP PINTANDO O OITO, de Moraes Moreira. Vai dedicada a todos os rubro-negros, vivos e mortos!

Até.

DO DOSADOR

* começa o mês de junho e, conseqüentemente, a contagem regressiva mais obsessiva para o início da Copa do Mundo de 2010. Estamos a pouco mais de 9 dias do início da Copa do Mundo, o que significa dizer que o futebol passa a ser, mais agudamente, o assunto reinante no balcão virtual do BUTECO. Sobre os jogos do Brasil, ainda não sei aonde irei vê-los, eis que compartilho da mesmíssima opinião de Luiz Antonio Simas, aqui manifestada. Quero evitar as grandes aglomerações e o bonde das descontroladas, de que nos fala o professor. É tudo o que sei, por enquanto;

* eu disse que "não sei aonde irei vê-los" mas preciso fazer a correção. O jogo do dia 25 de junho, Brasil e Portugal, às 11h, assistirei em São Paulo, na companhia de meu irmão Fernando Szegeri, que completa 40 anos na véspera. E eu, como faço há anos, estarei em São Paulo no dia do aniversário de meu irmão;

* eu disse que "estarei em São Paulo no dia do aniversário de meu irmão" e preciso fazer a emenda: estarei em Campinas no dia 23 de junho, cumprindo uma promessa que é dívida há muitos anos. Escoltado por meus caríssimos Bruno Ribeiro e Marcelo Coelho, pretendo conhecer seus bunkers na cidade em que vivem, repetindo o ritual que com eles vivi, diversas vezes, aqui no Rio de Janeiro. Lá assistirei, seguramente, Eslovênia e Inglaterra, às 11h, e Gana e Alemanha, às 15h30min, meus jogos preferidos do dia. Aonde, também não sei. Confio nos dois;

* de Campinas, aí sim!, sigo para São Paulo no próprio dia 23 à noite. À meia-noite acontece o réveillon do homem da barba amazônica. A agenda em São Paulo promete. No dia 24, todas as atenções estarão voltadas para os passos, os gestos e as palavras pronunciadas pelo então quarentão. No dia 25, pela manhã, o jogo contra os portugueses. À noite, Didu e Gisa Nogueira na sede do Anhangüera. O sábado é uma janela aberta para o infinito. E o domingo, dedicado ao aniversário de uma de minhas amadas afilhadas. Retorno ao Rio de Janeiro apenas na segunda-feira de manhã;

* seu Brasil, figura impoluta no BAR DO MARRECO, soube ontem do aumento de preços que elevou a Brahma para R$ 3,80. Com a autoridade de seus cabelos brancos, socou o balcão de vidro e bradou:

- Tu tá achando que é o Outback, né, Marreco?! Não pago um centavo a mais. Teu bar é um lixo!

E ele, que bate ponto lá todos os dias, não pagou mesmo;

* Celsinho, meu chapa, fez curiosa observação. Por que os pernósticos-do-vinho não falam a palavra "vinho" sem o "bom" antes? Diz ele que ninguém anuncia que vai beber uma "boa cerveja", que vai combinar "um bom chope", que, com sede, quer beber uma "boa água". Verdade absoluta;

* estamos há poucos dias do início da Copa do Mundo, repito. E a 11 dias do Arraiá dos Namorados, mais uma imprescindível iniciativa do vereador Eliomar Coelho, o homem que criou o Dia Municipal do Teatro de Bonecos (27 de abril) e o Dia Municipal da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha (25 de julho). E querem que eu leve o PSOL a sério.

Até.