* Fim de papo pro
Brasil na Copa do Mundo de 2010. Um fim melancólico se levarmos em conta que perdemos de virada pra
Holanda depois de nosso melhor primeiro tempo desde o início da competição. Inexplicavelmente, deixamos de atacar depois do primeiro gol, de
Robinho, feito poucos minutos depois de um gol, do próprio
Robinho, acertadamente anulado. O intervalo marcou uma espécie de apagão na seleção canarinho. Sofremos o gol de empate após a primeira (e fatal) falha de
Júlio César nesta Copa do Mundo e o gol de virada depois de um escanteio infantilmente cedido pelo também regular (e muito bem)
Juan. Depois, foi o que se viu. O inacreditavelmente convocado
Felipe Melo - chamado por
Aldir Blanc de
"arma de destruição em massa" pouco antes da estréia do
Brasil na Copa - que já havia participado da trapalhada que resultou no primeiro gol holandês, fez uma falta em
Robben, nas barbas do bandeira, e, não satisfeito, pisou ferozmente no adversário, o que resultou na sua merecida expulsão. Foi quando ficou mais evidente que nunca o equívoco da escalação do (já) ex-treinador
Dunga. Sem banco, trocamos seis por meia-dúzia e vimos escapar a chance do hexacampeonato;
* não custa tirar uma onda por aqui. No dia 29 de junho, escrevi
aqui:
"Alemanha e Argentina farão um jogaço, como jogaço será o Brasil e Holanda. No bolão - e dane-se o bolão! - pus a Holanda derrubando o Brasil. Não creio nisso, sinceramente. Faremos, tenho certeza, mais um jogo-teste-para-cardíaco. E aposto, de leve, na seleção alemã. Continuo achando uma teta a defesa argentina. E acho que a Alemanha, que vem de um portentoso 4 a 1 contra a Inglaterra, vai mamar nas tetas dos hermanos. A conferir;". Pois a defesa argentina mostrou-se, de fato, uma teta na boca dos alemães. O 4 a zero, inapelável, mostrou a fragilidade da defesa da seleção da
Argentina e o absurdo que foi a aposta de
Maradona apenas no talento individual de seus jogadores, prescindindo de qualquer esquema visivelmente compreensível;
* vejam vocês do que é capaz o equilíbrio e a inteligência emocional de um jogador de futebol.
Felipe Melo, uma tragédia nos dois quesitos, tomou um cartão vermelho por conta de sua irresponsabilidade e por conta de seu agudo desequilíbrio, reverberado por causa da mesma irresponsabilidade e desequilíbrio do treinador brasileiro. Em uma jogada boba, na lateral do campo, que não oferecia risco para a selação canarinho, fez o que fez e desfalcou o escrete num momento crucial da partida. O (bom) jogador
Suárez, do
Uruguai, optou por meter a mão na bola no último segundo do segundo tempo da prorrogação do jogo contra a seleção de
Gana. Em cima da linha, impedindo o que seria o gol da seleção africana e o selo de desclassificação uruguaia, recebeu o cartão vermelho como um troféu por sua ousadia, fruto de equilíbrio (o que fazer agora?!) e inteligência (impeço o gol, sou expulso e dou mais uma chance à minha seleção).
Suárez foi premiado pela sorte, e uma das imagens mais bacanas dessa Copa foi sua comemoração, já do lado de fora, após o pênalti perdido por
Gyan, artilheiro ganês, levando a peleja para os pênaltis. Foi quando o
Uruguai levou a melhor, fechando a tampa do caixão dos africanos após pênalti, à cavadinha, cobrado por
Loco Abreu. Uma brincadeira estúpida do uruguaio que poderia - poderia, eis uma das graças do futebol - ter custado muito caro;
* Espanha e
Paraguai também fizeram um jogo pelas quartas-de-final bastante interessante do ponto de vista da emoção, fundamental ingrediente dos grandes jogos e da epopéia que é uma Copa do Mundo. Com dois pênaltis perdidos, um pra cada lado, um logo após o outro, com trapalhadas do árbitro (que se valeu de critérios pouco compreensíveis, mandando repetir a primeira cobrança da
Espanha, convertida e depois desperdiçada, por conta de uma invasão de área que havia ocorrido também na cobrança a favor do
Paraguai, desperdiçada e não anulada) e um gol chorado da seleção espanhola a poucos minutos do fim, entrou pra galeria dos jogos de fazer sofrer do coração o mais frio dos espectadores;
* teremos agora, pelas semifinais,
Uruguai e
Holanda amanhã e
Alemanha e
Espanha na quarta-feira. As previsões têm sido difíceis nessa Copa de resultados tão inesperados. Mas até os mortos dão seus palpites. Aposto na raça dos uruguaios contra a frieza dos holandeses. Aposto no talento individual de
Forlán. Reconheço que fará falta o
Suárez. Mas é nos uruguaios que aposto minhas fichas.
Alemanha e
Espanha se enfrentarão novamente depois da decisão da Eurocopa 2008, quando os espanhóis levaram a melhor num apertado 1 a zero. Como a
Alemanha joga e deixa jogar, o jogo deverá ser franco e bonito de se ver. A
Espanha, que vem se destacando pelo volume de posse de bola e que mostra dificuldade quando enfrenta seleções com forte esquema defensivo, deve - digamos - gostar do jogo. O que é garantia de um partidaço;
* e pra terminar. É absolutamente incrível o fanatismo da torcida argentina. A recepção à seleção e os pedidos eufóricos pela permanência de
Maradona são, mesmo, quase-inacreditáveis. O que não justifica a também inacreditável torcida de alguns poucos brasileiros pelo êxito argentino na Copa do Mundo.
Luiz Antonio Simas, por exemplo, com quem assisti à partida entre
Brasil e
Holanda, chegou à minha casa brandindo o celular e gritando:
- Veja que absurdo intolerável!
E mostrava, incrédulo, a mensagem enviada minutos antes do começo do jogo por um dos nossos:
"Querido, ninguém tira a Argentina da final"Lastimável.
Até.