21.9.10

REVISTA VEJA, MAIO DE 1979

Ontem, 20 de setembro, publiquei AS CAPAS DA REVISTA VEJA, fazendo um apanhado de diversas capas da revista mais conservadora (e golpista) da imprensa brasileira entre os anos de 1979 e o de 2006 (você pode ver e ler tudo aqui). Hoje cedo fui mais fundo. E encontrei verdadeiros tesouros que passo a dividir com vocês.

Essa, abaixo, já exibida ontem, é a capa da edição de 28 de março de 1979. A manchete anuncia enorme matéria sobre as greves do ABC e a intervenção do governo durante as tensas negociações que se arrastavam já há mais de 15 dias com paralisação dos trabalhadores, e que terminou por afastar o então presidente do sindicato dos metalúrgicos, o "Lula" - assim mesmo, entre aspas, forma que se verifica ao longo de vários anos como vocês verão com as futuras postagens aqui no blog. O post de hoje vai em homenagem a Enoch Batista, ferramenteiro do ABC, que concedeu entrevista à VEJA rigorosamente histórica por força de seu conteúdo, como vocês verão mais abaixo.

capa da edição da VEJA de 28 de março de 1979

A matéria exibe, como troféu (a VEJA nunca escondeu a quem serve), fotografias (imediatamente abaixo) do "Lula" no momento efetivo da intervenção, "rezando constrangido" e "momentos antes de deixar a sala da presidência".

fotografias publicadas na revista VEJA de 28 de março de 1979

A matéria traz, ainda, entrevista com "Lula" - que lida hoje, confesso, é profundamente emocionante. Na casa de parentes de sua mulher, a hoje primeira-dama Marisa, e diante do filho de 1 ano, em um "modesto sobrado em São Bernardo do Campo", Lula diz, no final da entrevista:

"Eu sei que hoje posso contar com o respeito dos oitenta mil trabalhadores de minha base que estiveram presentes às assembléias"

É emocionante também porque hoje, próximo do final de seu segundo mandato como presidente da República, Lula conta com o respeito de milhões de brasileiros que dão a ele a inédita marca de 80% de aprovação, com o respeito de dirigentes e da imprensa de todo o mundo - menos da VEJA, é claro.

entrevista de Lula na VEJA de 28 de março de 1979
entrevista de Lula na VEJA de 28 de março de 1979

Tão ou mais emocionante que a entrevista de Lula é a que concedeu à revista o ferramenteiro Enoch Batista. No primeiro trecho da entrevista, diz Enoch, sobre o movimento grevista daquele turbulento ano:

"Eu faço greve pelas minhas filhas, pelos meus netos, para que eles tenham um dia uma vida melhor que a minha"

Enoch - onde quer que esteja - seguramente está orgulhoso, não apenas de sua postura naquele longínquo 1979, mas também do seu companheiro de fábrica, Luiz Inácio Lula da Silva.

É muito comovente ler a última frase da entrevista, cujo trecho final encontra-se na imagem abaixo - devidamente destacada:

"O Lula continua sendo o meu presidente"

entrevista publicada na VEJA de 28 de março de 1979

Até.

7 comentários:

Unknown disse...

Lula sempre foi uma figura fascinante. Suas antigas entrevistas, lidas hoje com o distanciamento histórico, dão sentido à sua trajetória e a tornam ainda mais iluminada.

Quem diria, não é companheiro Luís Inácio? Quem diria que nós chegaríamos tão longe?

Quanto à Veja, nada a acrescentar. A revista não faz jornalismo, apenas defende os seus interesses de classe.

A Veja, ao menos, serve para me mostrar semanalmente o tipo de jornalista e homem que não quero e não posso ser na vida.

Um dia, a Veja fechará as portas e será esquecida. Lula será lembrado para sempre e viverá na memória do povo brasileiro.

Eduardo Carvalho disse...

Edu, permita-me, sem puxa-saquismo (que não sou disso nem precisamos): você, mais uma vez, está prestando um serviço ao país.

Lembrar como essa corja sempre tratou o Brasil e o povo brasileiro não tem preço, meu amigo.

O presidente Lula tem mais que a aprovação, ele tem a admiração e o respeito de milhões e milhões de brasileiros. Porque merece. Ao contrário do que pensam certas elites, a população não é burra. As pessoas pensam, têm seus valores, estão observando, e isso vai muito além de Rio ou São Paulo ou O Globo ou Folha ou (argh) Veja. O Brasil é outro hoje. O Lula e um projeto (eis o fundamental), um projeto (a continuidade e o desenvolvimento de um projeto, repito) vai eleger a Dilma! Olha o que representa em isso termos de maturidade política da população!

Eu tenho muita honra de ser governado pelo presidente Lula e por tudo o que ele representa. Muita. Me emociono porque penso na minha filha de quase 5 anos que já tem um país melhor. Melhor não por mim ou por ela, que temos o suficiente. Mas para quem nunca teve e sempre foi alijado de qualquer processo de cidadania.

O Brasil, no que mais importa, mudou para muito, mas muito melhor pelas mãos de 9 dedos do operário Luiz Inácio, o nosso presidente Lula.

É isso, Edu! O resto, é bobagem de cães raivosos da direita que SEMPRE estupraram o país em seu único e exclusivo benefício. E essa gente não tolera o Lula porque é preconceituosa, é míope e é - com todo o seu "saber formal" -burra.

Um grande e emocionado abraço.

Unknown disse...

Bacana o que disse o Eduardo Carvalho, logo acima. Uma das coisas que me causam mais engulhos é ler nos jornais e ouvir da boca de pessoas que se julgam donas da verdade, que o apoio estrondoso de Lula vem da "ignorância do povo" ou é fruto da "bolsa-esmola". No lugar onde moro, não conheço uma só pessoa que dependa do Bolsa Família e ainda assim o apoio ao governo é enorme.

A elite, ou seja lá que nome devemos dar ao grupo minoritário que nos considera "analfabetos funcionais", padece de miopia crônica e é incapaz de enxergar a realidade à sua frente. Só isso explica suas afirmações preconceituosas e ressentidas, como se fosse a sua classe a única capaz de determinar o que é bom ou ruim para o país, como se fosse a única capaz de analisar criticamente os fatos, como se fosse a única capaz de entender minimamente conceitos políticos e econômicos, como se fosse a única capaz de decidir para onde devemos seguir. Com Lula, essa ideia torta caiu por terra.

E, se querem saber a minha opinião sincera, direi que a ignorância não está com o povo, por apoiar o presidente Lula, mas com a elite, que não consegue pensar em termos de nação e continua presa aos seus valores arcaicos.

Érico Cordeiro disse...

Duas pequenas odes ao preconceito, ao elitismo não-helênico, ao golpismo, à distorção dos fatos, à manipulação, à desfaçatez e à covardia - enfim, à babaquice pura e simples:
EDITORIAL DO ESTADÃO DO DIA 21/09:
"sem o menor pudor Lula alimenta no eleitorado de baixa renda e pouca instrução – seu público-alvo prioritário – o sentimento difuso de que quem tem dinheiro e/ou estudo está do “outro lado”, nas hostes inimigas. Mas a verdade é que o paladino dos desvalidos nutre hoje uma genuína ojeriza por uma, e apenas uma, categoria especial de elite: a intelectual, formada por pessoas que perdem tempo com leituras e que por isso se julgam no direito de avaliar criticamente o desempenho dos governantes. Por extensão, uma enorme ojeriza à imprensa"
TEXTO DO ARNALDO JABOR (ONDE ESTÃO SEUS FILMES, MEU GENIAL CINEASTA? - QUERO LER A CRÍTICA DA ÓIA SOBRE A SUA ÚLTIMA SUPERPRODUÇÃO GODDARD-SPIELBERGUIANA):
"Lula não é um político – é um fenômeno religioso. De fé. Como as igrejas que caem, matam os fiéis e os que sobram continuam acreditando. Com um povo de analfabetos manipuláveis, Lula está criando uma igreja para o PT dirigir, emparedando instituições democráticas e poderes moderadores.(…)A única oposição que teremos é o da imprensa livre, que será o inimigo principal dos soviéticos ascendentes. O Brasil está evoluindo em marcha à ré! Só nos resta a praga: malditos sejais, ó mentirosos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas mentirosas se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, e vos devorem a alma. Os soviéticos que sobem já avisaram que revistas e jornais são o inimigo deles.Por isso, “si vis pacem, para bellum”, colegas jornalistas. Se quisermos a paz, preparemo-nos para a guerra".

É essa gente, que despreza o povo e lhe tem verdadeira ojeriza (para usar um termo tão caro ao estadinho) que vem falar em democracia e liberdade de imprensa!!!!
As vozes do golpe de 64 ainda ecoam, mas hoje, felizmente, bem pouca gente lhes dá atenção...

André disse...

Sobre o bolsa família, o ódio de classe da classe mérdia e a eleição da Dilma, vejam que ótimo artigo do Marcos Coimbra: http://osinimigosdejoseserra.blogspot.com/2010/09/e-uma-pena-que-imprensa-nunca-faca.html
Abraços,
André

AOS QUARENTA A MIL disse...

O Eduardo aqui do Buteco , fez um comentário que resume muito bem este sentimento hipócrita, "muita gente não gosta de dividir o aeroporto com pobre".

Para mim , não passam de cães raivosos e quanto a desqualificar o pobre e tratá-lo como analfabeto, idiota e inocente, faziam o mesmo com o Lula, hoje em dia bem sucedido o tratam como marginal.

“Na coluna do Augusto Nunes da Veja, o rapaz expõe o email do filho da Erenice com os seguintes comentários: ” Só Lula, promovido pela intelectuália COMPANHEIRA, pode produzir desfile tão obsceno de frases sem pé nem cabeça”. Se Israel Guerra é mesmo estudante universitário, a faculdade que freqüenta precisa ser lacrada antes que recrutem outro lote de ANALFABETO funcionais”.

É assim o tempo inteiro, quando não se tem argumentos, tentam te desqualificar.

O caso da Erenice , é passível sim de acontecer como em qualquer meio corporativo, onde um funcionário com cargo de confiança , trafica, viola ou rouba em baixo do nariz do seu gestor e é afastado para averiguação, até que se prove o contrário.
Não temos que ter dedos para tocar neste assunto, se fez e se foi pego, responderá por isso, como disse o Lula, tem coisas que não se pode errar, daí a acatar a jogatina que fazem alguns veículos de comunicação no intuito claro de manipular informações e pior, jogar fora oito anos de trabalho e de avanços comprovados , assim como, ignorar a opinião de oitenta e dois por cento de brasileiros só por que um segmento da sociedade não se conforma, ou melhor, não engole a ascensão de Lula, acho meio complicado.

Sergio disse...

E pra mim o que é ainda mais bonito nisso tudo é que no primeiro dia de 2011, quando a companheira Dilma Rousseff subir a rampa do Planalto pra receber a faixa de presidenta do Brasil, eu vou poder repetir o companheiro Enoch e dizer com o peito estufado de orgulho: "O Lula continua sendo o meu presidente".