30.11.10

SALVE O RIO DE JANEIRO!

Está no ar a entrevista que concedemos, eu e meu mano Luiz Antonio Simas, para o site oficial do Ministério do Turismo sobre a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O link para o vídeo (que tem também Arlindo Cruz e Joel Santana em sua melhor forma!) está aqui, com direito a um textaço do bardo tijucano, aqui.



Até.

29.11.10

EDUARDO PAES, UM JERICO

Li hoje, estarrecido, que "o prefeito Eduardo Paes anunciou que vai assinar um decreto municipal tornando o dia 28 de novembro como o de refundação da cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, a data é histórica para a capital fluminense, pois marca a tomada do Complexo do Alemão pelas forças do estado, bem como inaugura um novo momento para os cariocas.".

Só uma besta obtusa seria capaz de pensar num troço desses. Mais que uma boçalidade, é uma prova evidente de desequilíbrio mental e de alta concentração de vaidade. Estácio de Sá, cujos restos mortais encontram-se sob uma lápide na Igreja dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo, na Tijuca, onde moro, revira-se de ódio diante do troço e por isso, presumo, tremeu a terra enquanto eu bebia com meu amigo Felipe Quintans, ontem à tardinha, no RIO-BRASÍLIA.

É só mais um capítulo - de tristíssima inspiração - do espetáculo que a mídia está fazendo por conta da invasão do Complexo do Alemão pelas forças de segurança. Vamos a alguns detalhes, à moda DO DOSADOR:

* no sábado pela manhã, depois da invasão da Vila Cruzeiro, assisti à transmissão da invasão do Complexo do Alemão pela TV GLOBO. Transmissão mesmo, como se estivéssemos assistindo ao desfile das escolas de samba no Sambódromo. A mesma dupla de apresentadores deu no saco dos telespectadores: "Nesse momento o helicóptero da Polícia Civil sobrevoa a região", ou "Nesse momento os homens do BOPE se preparam para invadir o morro", ou "Nesse momento os tanques da Marinha estão sendo abastecidos", e foi impossível não lembrar do clima das entrevistas das concentrações, antes dos desfiles. Um nojo. Um nojo absoluto! Comentários, os mais babacas. Havia, inclusive, uma câmera com alguma espécie de efeito especial (não manjo nada disso, por isso me falta a palavra exata pra descrever o troço) dando um clima "guerra-do-iraque" à transmissão;

* não satisfeitos em "narrar" a operação policial, repórteres portando coletes à prova de balas estilizados (com o símbolo da emissora) tentavam entrevistar os comandantes da operação atrás de furos jornalísticos, perguntando sobre as estratégias etc. Gostei quando um dos repórteres tomou um safanão de um caboclo fardado, vingando a assistência que a tudo assistia irritadíssima com a papagaiada global;

* achei inacreditável a entrevista concedida ao vivo pelo Chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, pelo telefone. Depois de um bom número de minutos de entrevista, disse o repórter com aquela arrogância que só os repórteres globais têm: "Vá trabalhar, Delegado, obrigado por sua entrevista.";

* o jornal O GLOBO hoje publicou uma matéria patética sobre os cariocas que, depois de dois dias de terror - nas palavras do jornalão - retomaram suas rotinas. É inacreditável! Entrevistaram moradores da zona sul da cidade que, oh!, passaram dois dias encastelados em seus apartamentos para só então, no domingo, descerem para as ruas. Pro cacete, pô! Depois de tomar meu café da manhã no BAR DO MARRECO, às 6h, no sábado, na Tijuca, rumei pro CADEG, em Benfica, onde fiz compras. Às 8h30min já estava no ALMARA na companhia de queridos amigos que formaram uma roda de altíssima qualidade, de novo na Tijuca. Rasguei o bairro e subi o Alto da Boa Vista às 13h para almoçar no BAR DA PRACINHA com meus pais. Desci de volta pra Tijuca e encontrei os mesmos e outros amigos no GALETO REX, portento na rua do Matoso. Andei mais uns poucos quilômetros e encontrei com outros tantos no BOTECO DO AMÉRICA, na praça Afonso Pena. Depois ainda dei uma passada no RIO-BRASÍLIA para encontrar outros camaradas, e às 20h estava eu nas pedras do Arpoador fazendo pequenique, fechando o sábado, já quase domingo, num pé-sujo na esquina da Santa Clara com a Domingos Ferreira em Copacabana. O medo, o pânico, só existem na cabeça de quem se rende. É evidente que isso não inclui, nestes dias específicos, os moradores das áreas nas quais a cuíca roncava entre traficantes e policiais. Agora... ler que morador do Leblon, de Ipanema e adjacências se encagaçou e só relaxou ontem à tarde é demais pra minha (cada vez mais curta) paciência.

Até.   

26.11.10

MARACANÃ, MEU RIO, CORRE E ME SOCORRE

Em tempos de Rio de Janeiro massacrado por uma imprensa sensacionalista, minha humílima homenagem à minha aldeia - permanentemente em paz.



Até.

24.11.10

A SITUAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

Publiquei ontem o texto O GLOBO CONTRA O RIO (aqui), até o momento com 11 comentários, um deles de um rapaz que dá seu testemunho sobre as UPPs, ele que tem família morando na favela Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. É comovente e só uma besta-fera, incapaz de olhar para além de seu próprio umbigo, não reconhece que o Governo do Estado está, ao menos na questão da segurança pública, agindo com uma seriedade que não tínhamos há muitos anos.

Não sou, antes que me acusem de ser chapa-branca, exatamente um entusiasta do governo Sérgio Cabral, eis que carecemos da mão forte do Estado em inúmeras áreas, como na educação, na saúde, nos transportes públicos (estes em estado caótico). Mas os números que me foram fornecidos pelo Governo do Estado egressos da área da Segurança Pública são bastante evidentes no apontar para um acerto de mão quanto a tão tormentoso tema.

Vamos lá: há dois anos, o Governo do Estado do Rio de Janeiro iniciou o processo de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) - um novo modelo de Segurança Pública e de policiamento que promove a aproximação entre a população e a polícia, aliada ao fortalecimento de políticas sociais nas comunidades. As UPPs representam uma importante arma do Governo do Estado do Rio para recuperar territórios perdidos para o crime organizado e levar a inclusão social à parcela mais carente da população. Hoje, já são 12 UPPs, que beneficiam cerca de 200 mil pessoas em 36 comunidades das zonas Norte, Sul e Oeste da cidade e no seu entorno. Até o final de 2014, o Governo do Estado vai pacificar todas as comunidades onde houver o controle de bandidos armados.

Criadas em dezembro de 2008 pela Secretaria de Segurança Pública (e o Beltrame, Secretário de Segurança do Estado, me parece um homem muitíssimo bem intencionado), as UPPs trabalham com os princípios da Polícia Comunitária - um conceito e uma estratégia fundamentada na parceria entre a população e as instituições da área de segurança pública. O governo do Rio está investindo R$ 15 milhões na qualificação da Academia de Polícia para que, até 2016, sejam formados cerca de 60 mil policiais no Estado. Até o fim de 2010, 3,5 mil novos policiais serão destinados às Unidades Pacificadoras.

Ao recuperar territórios ocupados há décadas por traficantes e, recentemente, por milicianos, as UPPs levam a paz às comunidades do Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste), Jardim Batam (Realengo – Zona Oeste); Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (Copacabana e Ipanema – Zona Sul); Tabajaras e Cabritos (Copacabana – Zona Sul); Providência, Pedra Lisa e Moreira Pinto (Centro); Borel, Indiana, Catrambi, Formiga, Morro da Cruz, Bananal, Casa Branca e Chácara do Céu (Tijuca – Zona Norte); Andaraí, Nova Divinéia, João Paulo II, Juscelino Kubitschek, Jamelão, Morro Santo Agostinho, Borda do Mato, Rodo e Arrelia (Andaraí – Zona Norte); Salgueiro (Tijuca); Turano, Chacrinha, Matinha, 117, Liberdade, Pedacinho do Céu, Paula Ramos, Rodo e Sumaré (Tijuca).

Agora vamos aos números, para que depois eu sente a borduna em quem merece.

Ações integradas de segurança - como a criação das Regiões Integradas de Segurança Pública (RISPs), das UPPs e do Sistema de Gerenciamento de Metas para Indicadores Estratégicos de Criminalidade - foram fundamentais para a queda dos principais índices de criminalidade do estado do Rio de Janeiro. Em agosto de 2010, o Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou o menor número de homicídios desde 1991: 344 casos no estado.

O objetivo do Governo é impor ao Rio taxas civilizadas de criminalidade, que no estado sempre estiveram em patamares elevados. E isso tem sido possível graças à metodologia de combate ao crime, que alia gestão e acompanhamento.

Ações como a criação das RISPs, a consolidação das Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisp) e outras medidas, com foco em indicadores estratégicos, como os de homicídios, roubos de rua, roubos de veículos e latrocínios, foram fundamentais para a melhoria dos números.

No primeiro semestre de 2010, em comparação com o mesmo período de 2009, o número de homicídios caiu 20,2% (menos 107 casos); o de latrocínio (roubo seguido de morte) teve uma redução de 33% (menos 38 casos) e o de mortes por auto de resistência (em confronto com a polícia) registrou uma queda de 10% (menos 56 casos).

Os casos de balas perdidas também registraram redução: menos 18,4% (menos 19 atingidos) que no semestre do ano passado. Assim como foi registrada redução de 68,8% (menos 11 casos) no número de policiais militares mortos em serviço, e de 57% (menos 4 casos) no número de policiais civis mortos também em serviço.

Já os índices de roubo de veículos caíram 23,1% (menos 3.266 casos); roubo a transeunte, 13,5% (menos 5.160 casos); e roubo em coletivo, 17,8% (menos 873 casos). Ao mesmo tempo em que houve aumento no número de prisões: 10,7% a mais (mais 948 prisões).

Os dados abaixo são do Instituto de Segurança Pública (ISP), e vocês não os verão nos jornalões:

• Homicídio Doloso: redução de 20,4% (menos 88 vítimas) - 344 casos em 2010, 432 casos em 2009.

• Mortes por Auto de Resistência: redução de 60% (menos 45 casos) - 30 casos em 2010, 75 casos em 2009.

• Roubo de Veículo: redução de 19,1% (menos 369 casos) - 1.559 casos em 2010, 1.928 casos em 2009.

• Roubo a Transeunte: redução de 7,0% (menos 390 casos) - 5.167 casos em 2010, 5.557 casos em 2009

• Roubo em Coletivo: redução de 6,7% (menos 50 casos) - 695 casos em 2010, 745 casos em 2009.

• Latrocínio (Roubo seguido de morte): sem alteração - 12 casos em 2010, 12 casos em 2009

Agora vamos ao que quero lhes dizer.

O GLOBO continua sua campanha sórdida denegrindo a imagem do Rio de Janeiro. A ele, o mais nojento jornal carioca, não interessam os números que apontam para um acerto do trajeto traçado pelo Governo do Estado no setor da Segurança Pública. A ele interessa fazer ecoar a voz abjeta da abjeta classe média e da elite preconceituosa que NUNCA (com a ênfase szegeriana) se preocuparam com os altíssimos índices de violência que tornavam um inferno a vida dos mais pobres, dos favelados, dos que vivem à margem da zona sul, o único Rio de Janeiro que interessa ao jornal O GLOBO.

"Cuidado com o que este jornal publica!", já nos alertava Leonel Brizola (vejam aqui) há exatos 21 anos. E hoje vemos, uma vez mais, gente com alguma expressão nos mais diversos segmentos da sociedade gemendo "ohs" e "ahs" a cada carro queimado no asfalto, nítida expressão da reação da bandidagem que vem perdendo terreno com a implementação da política do Governo do Estado.

Essa escória NUNCA reclamou da violência com a veemência de hoje porque a violência estava praticamente restrita aos morros, às favelas, e fodam-se os pobres, os pobres que fiquem lá, que morram lá, que nos deixem em paz - assim pensa essa parcela da sociedade.

Quantas crianças eram impedidas de freqüentar a escola por conta do aparelhamento do tráfico nas favelas? Quantos pais e quantas mães temiam pela vida de seus filhos, entregues à própria sorte nas mãos sedutoras do dinheiro fácil oferecido pelo tráfico organizado? Quantos trabalhadores e quantas trabalhadoras passavam noites em claro em meio a tiroteios nas favelas? Quantos cadáveres eram desovados bem longe da terra dessa gente - Baixada Fluminense, para ficar num só exemplo - sem causar um suspiro de indignação?

Pois quero lhes dizer uma coisa: o projeto de segurança ora implantado terá efeitos a longo prazo. E mais...

O projeto de EDUCAÇÃO que Leonel Brizola implantou no Rio em 1982 - com 500 CIEPs espalhados pelo Estado - estaria surtindo efeitos agora, mais de 20 anos depois, com uma massa impressionante de crianças bem formadas e aptas ao ingresso no mercado formal de trabalho.

Foi essa mesma escumalha, essa mesma escória, essa mesma célula podre da sociedade que bradou contra os CIEPs.

Hoje, 28 anos depois, a medida é mais radical, infinitamente mais radical, para combater a violência que grassava onde os olhos dessa gente escrota não enxergava. As conseqüências? Infinitamente mais duras.

Mas é preciso progredir, ir em frente, não ceder nem à pressão da bandidagem e nem à pressão dessa classe média egoísta e dessa elite podre que infecta o Rio de Janeiro. Tampouco ceder à pressão da imprensa golpista que, não satisfeita com o que fez no curso das eleições, continua a fazer das suas para desestablizar o status quo de uma cidade que teima em reinventar seus caminhos em prol de uma vida de paz.

Os que têm medo, que procurem os psicotrópicos ou o psiquiatra, que leiam O GLOBO e escrevam suas cartas-de-merda destilando ódio.

Eu, neste específico ponto, apóio integralmente a política de segurança pública do Rio de Janeiro. E quero mais é ver o circo pegar fogo. Depois, como Fênix, e como sempre, renasceremos das cinzas, infinitamente melhores.

Até.

23.11.10

O GLOBO CONTRA O RIO

Não é novidade para ninguém que o jornal O GLOBO não gosta de pobre, não gosta do povo, não gosta da idéia de ver a cidade do jeito que ela é, cercada de morros por todos os lados, os morros e suas favelas, os do asfalto e os de lá de cima convivendo em harmonia, nada disso agrada ao jornalão carioca e a seu público-alvo, a classe média mais abjeta e rancorosa e a elite que, na contramão do Brasil, deu seus votos, em enxurradas, para o candidato não eleito da oposição.

Vamos por partes para que eu seja claro.

Não tenho, ainda, idéia 100% formada sobre as UPPs (unidades de polícia pacificadora) e seus efeitos, mas é inegável que para os moradores dos morros já atendidos pela política de segurança do Estado do Rio de Janeiro o troço é bilhete premiado. Com a chegada da polícia, e conseqüentemente do Estado, a vida dessa gente - como diz o samba do Guineto em parceria com Magalha - "aposto que está um colosso" (guardadas as devidas proporções, é claro, e se levarmos em conta como eram as coisas antes da chegada do Estado). Não convivem mais com o crime-organizado, com os traficantes, não transitam mais entre metralhadoras e fuzis. Isso é ponto pacífico.

Acontece que a cada ação, uma reação, embora especialistas em segurança pública, neste específico caso, ainda não afirmem que os últimos casos de violência na cidade estejam diretamente ligados à instalação das UPPs. É o que penso, mas não posso, por razões evidentes, dizer que se trata de uma verdade absoluta.

A bandidagem, posta pra correr das favelas, pode (eu disse pode) estar buscando alternativas, claro que pelo viés do crime (são bandidos, pô!) no asfalto. E que ninguém tenha, pelo amor de todos os deuses, a ilusão de que as UPPs (ou qualquer outra medida!) irão acabar com o tráfico (e nem é esse o objetivo de tal política). Se alguém me apontar um lugar no mundo onde não haja a possibilidade de se adquirir qualquer produto traficado, seja droga ou seja arma, eu repenso isso. Mas vamos em frente.

A que se deve, então - e por que tanta revolta esse troço me causa! - mais uma campanha sórdida do jornal O GLOBO contra o Rio de Janeiro? Volto ao primeiro parágrafo: ao ódio que têm de pobre, de favela, de povo na mais estrita acepção da palavra. Quem tem a idade que eu tenho bem lembra e sabe: Leonel de Moura Brizola tentou resolver o problema da educação no Estado com os CIEPs, passou a oferecer escola de qualidade para centenas de milhares de crianças pobres e deu-se o rebu. A classe média tinha nojo só de pensar que o filho de sua empregada doméstica estudava numa escola pública em tempo integral, com piscina, com dentistas, com alimentação adequada. O jornal O GLOBO foi a voz da escória e enquanto não viu fracassado o projeto educacional de Brizola - graças à ação criminosa de Carlos Alberto Direito, Secretário de Educação de Moreira Franco que fechou não-sei-quantas escolas - não sossegou (falei sobre isso, aqui).

A título de ilustração - não custa lembrar... - O GLOBO foi também contra a construção do Sambódromo, negando-se a transmitir o primeiro desfile da Passarela do Samba, outra monumental obra do velho caudilho, que precisou recorrer à Justiça para responder à altura no horário nobre do Jornal Nacional, reestabelecendo a verdade dos fatos, pois além da campanha sórdida contra o Sambódromo O GLOBO atribuiu a ele e às suas políticas um arrastão fabricado nas areias de Ipanema.

Pequena pausa: recomendo vivamente a leitura do trabalho ARRASTÃO MEDIÁTICO E RACISMO NO RIO DE JANEIRO, de autoria do Professor-Doutor Dalmir Francisco - aqui. Enfaticamente. Vamos em frente.

Daí O GLOBO recomeça sua campanha...    


As matérias que dão conta dos últimos casos de violência no Rio de Janeiro usam e abusam das mesmíssimas expressões de sempre, repetidas pelas estagiárias-de-redação (apud Nelson Rodrigues): "onda de violência", "ações terroristas", "arrastões em cadeia" e por aí. Os números que evidenciam, há muitos meses, queda nos números de crimes praticados no Estado não ganham nem nota de rodapé.

O faraó César Maia, rejeitado pela população do Estado para o cargo de Senador da República, traveste-se de Carlos Lacerda e, como um corvo, replica, todos os dias pela manhã, no twitter, as manchetes sensacionalistas do jornalão carioca.

A classe média e seus insuportáveis "pagadores de impostos" se descabelam, aumentam a dose dos psicotrópicos e os membros da elite, como aqueles primeiros, escrevem cartas indignadas para os jornais, pressionam os jornais dos quais são público-alvo e estamos aí diante de notícias mais-que-sensacionalistas a pespegar o medo na cabeça da população.

Essa gente quer o morro longe - o que é, evidentemente, impossível. Sendo impossível, quer o morro cercado, ainda que lá dentro exploda a violência e que a morte bata à porta de mães e pais trabalhadores, vítimas dos traficantes armados até os dentes. Querem, do morro, a empregada doméstica e o eletricista. O tocador da bateria que irá proporcionar-lhes o espetáculo do Carnaval, assistido dos camarotes regados a champagne e cocaína.

Essa gente tem pressa e não admite aguardar o médio e o longo prazo que medidas como as UPPs exige.

Essa gente é nojenta.

É asquerosa.

E jornais como O GLOBO, nojento e asqueroso, cumprem perfeitamente o papel de porta-voz dessa escória.

Risco de ser vítima de um ato de violência sofremos todos em todos os lugares do mundo: no Rio, em Nova Iorque, em Roma, em Paris, em Buenos Aires. O problema é que O GLOBO fica aqui. E O GLOBO odeia pobre. Odeia política em prol dos pobres. O que O GLOBO gosta é de incitar o ódio na população carioca, vide a nova empreitada do jornal, o canal de delação, o @ILEGALeDAI, no twitter.

Se você não é do Rio - e como recebi ligações de amigos de fora me perguntando sobre isso... - tenha uma certeza: o Rio de Janeiro está vivíssimo. E seguirá arrancando as flechas do peito do padroeiro, essas flechas cheias de veneno que insistem em cravar no peito da gente.

Até.

22.11.10

RAILÍDIA CARVALHO, UMA PEQUENA HOMENAGEM

Estive de novo, uma vez mais, em São Paulo no final da semana passada. Graças à ação conjunta de amigos que me presentearam com as passagens de ida e de volta - e eles sabem de minha gratidão por conta disso, citá-los tornaria a leitura modorrenta -, cheguei em São Paulo às 14h15min de sexta-feira e de lá voltei apenas no final do dia de ontem, depois de um almoço de antologia no fabuloso SINHÁ, do Julinho Bernardo.

Tudo foi incrivelmente perfeito e a enxurrada de emoções tornou a viagem simplesmente inesquecível. Fortaleço meus laços com São Paulo - a banda boa de São Paulo! - cada vez mais, onde tenho amigos incríveis e uma família, literalmente uma família cujo nascedouro é o homem da barba amazônica, meu irmão de fé, Fernando Szegeri. Foi ele, brasileiro máximo, que me apresentou a São Paulo que aprendi a amar. Foi ele que me apresentou pessoas incríveis, imprescindíveis para mim, foi ele que gerou três filhos lindos com duas mulheres lindas, ambas minhas comadres, eu que sou padrinho de duas de suas filhas. Mas o que quero lhes dizer hoje, em forma de homenagem, envolve minha comadre Railídia Carvalho, e me permitam um novo intróito.

A Rai, como é carinhosamente chamada, é paraense e adotou São Paulo quando casou-se com o Fernando, lá se vão muitos anos. Um dia, corria o ano de de 2004, estava eu com o Fernando numa memorável roda de samba em Botafogo, aos pés do Pão de Açúcar e às margens da Baía de Guanabara. Quatro da manhã e ele me chama às falas. Comovido como o diabo, deu-me, naquela noite, sua filha Iara, filha também da Rai, como afilhada (o relato do troço está aqui).

De lá pra cá estreitaram-se meus laços com a Railídia, e é sobre ela - daqui pra frente - que quero falar.

A Rai é uma mulher amazônica, brasileira do mais alto fio de cabelo à sola dos pés ainda molhados pelas águas dos rios e igarapés que ajudaram a moldar sua alma sensível e gigantesca. Pois no sábado, meus poucos mas fiéis leitores, estava eu fumando meu cigarro do lado de fora do Ó DO BOROGODÓ quando minha comadre desceu do carro e aproximou-se de mim, majestosa e iluminada.

Estava pra começar a roda de samba dos Inimigos do Batente. Linda, vestida de flores e com uma flor vermelha nos cabelos, deu-me um abraço que foi a senha para o que estava por vir. A Rai estava - e o troço dá-se a cada sábado, mais forte nesse dia em que a roda louvava o Dia da Consciência Negra - possuída.

Cantou descalça, pôs a foto de seus ancestrais na mesa - seu avô João Valente presente! -, cantou e encantou como uma encantada, chamou quem devia com a autoridade que só quem detêm poder pode chamar, cantou sorrindo, cantou chorando, e derramou sobre nós um axé que só quem esteve lá sentiu.

Na manhã de domingo, de papo com uns amigos, veio à tona o assunto: a imprensa brasileira, meia-boca que só ela, vira-e-mexe adula umas cantoras dessalgadas que são, nas manchetes produzidas pelo jabá e pelos releases, "novas deusas da Lapa", "reivenções das raízes do samba", "repaginações das tradições" e outras besteiras do gênero. Há muito que eu não vejo uma cantora com a carga que a Railídia carrega dentro dela.

Há muito que eu não vejo uma cantora com o domínio de repertório que a Railídia tem. É samba, é coco, é toada, é congada, é partido-alto, é chula, é ponto de macumba, é maracatu, ijexá, afoxé, batuque, caxambu, bumba-meu-boi, forró, xaxado e xote, maculelê, carimbó, é Brasil em sua máxima expressão.

Eu tenho um orgulho danado, desmedido, de ser amigo dessa mulher. De ser compadre dessa mulher. De tê-la no coração e de me saber guardado ali, naquele coração imenso e denso como as florestas do seu Pará.



Até.

18.11.10

DO DOSADOR

* Recebi, nesses últimos dias, diversas chamadas de diversos leitores indignados (digamos...) com o que chamam de meu sumiço. Afinal de contas minha última publicação foi no dia 12 de novembro, há seis dias portanto, o que é, reconheço, um dos maiores hiatos desde que comecei a escrever por aqui. Nada de muito significativo aconteceu para que isso ocorresse, não ao menos comigo diretamente. O que há, apenas, é acúmulo de trabalho, problemas comuns a toda gente que tenho precisado enfrentar mais amiúde e nada além disso. Eis-me aqui de novo, então, para através de pequenas doses dizer-lhes algumas coisas;

* Estou indignado (mais uma vez) com mais uma iniciativa do jornal O GLOBO, esse jornalão carioca que se presta, desde sua fundação, a aniquilar com o que há de mais genuíno e caro ao cidadão brasileiro. Quem me lê sabe que bato há anos, e sem dó nem piedade, na publicação da família Marinho. Refiro-me ao perfil @ILEGALeDAI, criado pelo jornal, no twitter. Muito de meu afastamento deve-se a uma coisa: estou estudando, com afinco, aspectos constitucionais que defendem a privacidade do cidadão, que regulam as relações entre Estado e os cidadãos, uma série de aspectos que me parecem frontalmente desrespeitados por essa nojeira. E a que se deve (para quem não acompanha o twitter) esse perfil? Foi criado pelo jornal visando apenas receber denúncias feitas por leitores (geralmente umas bestas-quadradas) sobre toda e qualquer "irregularidade" na cidade do Rio de Janeiro. Notem, de cara, o absurdo da coisa (deixarei para mais à frente, nos próximos dias, um estudo mais profundo do caso): cidadãos munidos de todo tipo de parafernália (câmeras digitais, celulares com câmera etc) têm enviado para O GLOBO (que por sua vez replica a denúncia) fotografias de todo gênero com o que eles (as bestas-quadradas) chamam de denúncias. Carros estacionados em locais proibidos, bares com mesas e cadeiras nas calçadas e por aí vai. De cara, qualquer beócio pode imaginar uma quantidade incrível de iniquidades. E se os bares-alvos da escumalha tiverem licença da municipalidade para o uso da calçada? E se o carro está estacionado lá por conta de qualquer emergência e momentaneamente autorizado pela autoridade policial? São tantas as hipóteses e tão pouco o cuidado dos inábeis operadores do perfil @ILEGALeDAI que a coisa é, digo sem medo do erro, um risco tremendo para o bem-estar da socidade. Leitores mais babacas fazem questão, inclusive, de fotografar as placas dos veículos! E isso - tirem as crianças da sala! - por conta do incentivo irresponsável do jornal O GLOBO, já que o @ILEGALeDAI fica implorando (e hoje para 4.755 seguidores) por denúncias, imagens, dados que possibilitem a identificação do suposto violador das normas e das posturas oficiais. Este blog, que mantém perfil no twitter - @butecodoedu -, é claro, já foi bloqueado pelos canalhas. Não admitem críticas. Não admitem o confronto. E antes que me julguem daí, que fique claro: é evidente (por formação pessoal e profissional) que não sou a favor das ilegalidades lato sensu. Mas não me convencem os argumentos do jornal de que esse perfil foi criado para servir de ponte entre o cidadão e o Poder Público. Em primeiro lugar porque cabe ao Poder Público, através de suas ouvidorias e de seus órgãos fiscalizadores, receber as denúncias, apurá-las e eventualmente punir qualquer ilegalidade cometida por quem quer que seja, não ao jornal, que filtrará tudo o que receber conforme sua conveniência. Em segundo lugar porque esse tipo de iniciativa funciona como um fomento perigoso para que os ratos-cidadãos saiam do esgoto munidos de suas parafernálias a fim de resolverem, por viés inadequado, suas frustrações. Não por outra razão já vemos entre os 4.755 seguidores do @ILEGALeDAI centenas (ou milhares) de perfis criados exclusivamente com este fim. É a mesma escumalha que refere-se aos CDR´s de Cuba (os Comitês de Defesa da Revolução) com revolta, e aqui repetem (com uma finalidade infinitamente menos nobre), muito mal comparando, o mesmo modus operandi. É imperioso que o Ministério Público reaja a esta iniciativa do jornal. É triste ver que políticos-de-merda, investidos de cargos tanto no Município como no Estado, comemorem a criação do canal do jornal O GLOBO. Querem, é evidente, a vitrine, não o bem da cidade e da sociedade que representam. Fica este post como primeiro registro neste blog para uso futuro: a se manter a coisa do jeito que está viveremos tempos de intensa tensão social. Está feito, humildemente, meu alerta;

* amanhã cedo embarco para São Paulo para o que se anuncia um grande final de semana - o que significa que só retornarei ao balcão virtual do BUTECO na segunda-feira. E desde já deixo minha dica para o sábado em São Paulo (roteiro meu de todo o sempre), dessa vez especial por conta da coincidência das datas: no sábado, dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a grande dica é a roda de samba dos Inimigos do Batente no Ó DO BOROGODÓ. Imperdível;

* foi uma imensa surpresa receber a notícia através de um de meus poucos mas fiéis leitores, Marcelo Vendramel. A cervejaria CERPA está relançando, depois de muitos anos, a cerveja TIJUCA, criada no final da década de 60 (ou início de 70, não consegui apurar com precisão) apenas para exportação. O Marcelo não apenas me mandou a foto do tesouro (aqui) como me pôs em contato direto com a fábrica, em Belém. Pois lá fiquei sabendo que a cerveja, segundo o representante que me atendeu muito superior à clássica CERPA, está sendo relançada para venda no Brasil por conta da recente invasão das cervejas importadas no país. A antiga TIJUCA EXPORT (jamais vendida por aqui) tinha outro rótulo, hoje vendido como relíquia para colecionadores (vejam aqui). Já mexi meus pauzinhos e estou contando as horas para receber a primeira garrafa em minhas mãos. Sem qualquer modéstia eu lhes digo: ninguém, mais do que eu, merece dar o primeiro gole nessa preciosidade, eu que tenho pela Tijuca, meu bairro, meu berço, minha aldeia, um amor que não pode ser medido. E antevejo: beberei TIJUCA pelo resto da vida!

Até.

12.11.10

E PROSSEGUE O ENEM 2010

100 ANOS DE NOEL ROSA

Em 11 de dezembro de 1910 vinha ao mundo, justo no Brasil, justo no Rio de Janeiro, um gênio absoluto: Noel de Medeiros Rosa, mais conhecido como Noel Rosa. Cortou o céu, naquele longínquo 1910, o cometa Halley. E chegava à Terra o menino de classe média, branco, que numa passagem tão a jato quanto a do cometa foi capaz de escrever, para sempre, seu nome na História do Brasil - e não exagero.

Fui sempre, desde menino, um aficcionado pela obra de Noel. Mas confesso que mais recentemente, vendo e ouvindo o brasileiro máximo Luiz Antonio Simas, foi que tomei consciência absoluta da importância histórica de Noel. Simas e sua capacidade impressionante de contextualização foi o homem capaz de me fazer ver o quanto é fundamental rendermos homenagens, as mais variadas, as mais amplas, as mais completas!, para comemorar o centenário desse monstro sagrado que em pouco mais de 26 anos de vida produziu centenas de obras-primas que orgulham o povo da terra na qual viveu Noel Rosa.

Não me conformo - e o BUTECO será, de hoje em diante e até o dia 11 de dezembro uma trincheira na defesa dessa idéia - com a pasmaceira do Poder Público diante da importância da data. Não soube, até o momento, de nenhum movimento por parte da Prefeitura da Cidade ou mesmo do Governo do Estado com relação ao 11 de dezembro de 2010.

A data cai num sábado. E que seja feriado, o que simbolicamente seria bonito demais e sem causar maiores estragos ou discussões dos tecnocratas com relação a isso. E que a cidade pare para cantar e viver Noel Rosa. E que haja festa no Boulevard 28 de Setembro, e que os bares e botequins todos tenham autorização, neste dia, para colocarem mesas e cadeiras nas ruas, e que haja violões nos bares para que o povo cante aquele que soube, como ninguém, cantar o Rio de Janeiro e seu cotidiano depois de vivê-lo intensamente, sem amarras, sem divisas, sem compromisso com mais nada que não o conteúdo de sua obra.

Deixo vocês com esse filme bem bacana produzido pela Maria Helena Ferrari, mãe do Rodrigo Ferrari, dono da FOLHA SECA, a livraria do meu coração, ele um carioca fundamental que organizou, na última segunda-feira, uma noite antológica com Noel Rosa na rua, na voz de Pedro Paulo Malta e Alfredo Del Penho, Beto Cazes, Tiago Prata e Anderson Balbueno.

Se os políticos cariocas tivessem 1% do amor pelo Rio que tem o Digão estaríamos em melhores mãos.



Até.

9.11.10

ALDIR BLANC ENCERRA IMBRÓGLIO COM GUARABYRA

Quem me lê sabe: em 13 de outubro de 2010 escrevi o texto EM NOME DA VERDADE (aqui) explicando o imbróglio envolvendo a declaração de voto de Aldir Blanc publicada em primeira mão aqui no BUTECO e uma resposta a essa declaração dada pelo compositor Guarabyra no blog do jornalista (?!) Augusto Nunes, da VEJA. Ontem, às 19h43min, o GLOBO ON LINE publicou a resposta de Aldir Blanc - encerrando a questão - abaixo transcrita e que pode ser lida também aqui:

"Logo após o primeiro turno das eleições que apontou para um segundo turno, entre Dilma Rousseff e José Serra, o compositor Aldir Blanc fez uma declaração de apoio à candidata do PT. Pouco depois, uma contestação às opiniões de Aldir - feita pelo também compositor Guttenberg Guarabira e citando nominalmente o autor de "O bêbado e a equilibrista" - foi divulgada no blog do jornalista Augusto Nunes, na Veja On Line. A resposta de Aldir está neste artigo.

Que papelão, Margarida!

Por Aldir Blanc

O ex-amigo Guttenberg Guarabyra me esculhambou no site de um semanário pelo simples direito de declarar meu apoio a uma candidatura. Depois mandou um e-mail para meu advogado. Nele, disse que gosta muito de mim, e que não sabia como sua mensagem particular se tornara pública. Deixa eu ver se entendi: Guarabyra só ofende as pessoas de quem supostamente gosta em particular, não em público? É isso? No meio das sandices, me chama de covarde.

Trabalhamos anos e anos nas lutas autorais, sob o comando incansável e divertidíssimo do melhor de nós, Hermínio Bello de Carvalho. Guarabyra sabe que eu não sou covarde, mas, quando fui processado recentemente, pedi a ele uma declaração. Ele respondeu: claro, evidente, sem a menor dúvida... Na semana seguinte, quando telefonei atrás do papel, roeu a corda e disse que não mais o daria, "a conselho do advogado". Deixo aos leitores o julgamento de quem é covarde.

Numa pergunta de rara estupidez, Guarabyra me interroga: "Quem é você para falar de torturados e mortos?". Ô trouxa, eu cuidei, como médico, de dezenas deles: torturados, familiares de torturados, parentes que tiveram seus entes queridos entregues em caixão lacrado no velório pelos esbirros da ditadura. Os raros que burlaram as ordens de não abrir o caixão, encontraram os corpos mutilados e retorcidos, jogados como animais lá dentro. Mais uma: o jornalista Hugo Sukman nega categoricamente a versão atual de Guarabyra sobre a ordem dos entrevistados na matéria que gerou o processo contra mim. E agora? Você é covarde e mentiroso, ou está só confuso?

Esclareço que encerro aqui minha participação nessa idiotice, mas deixo uma sugestão: enfia a Margarida na bagagem e passa uns tempos em Bom Jesus da Lapa. Você era mais claro quando veio de lá. Até nunca mais."

Até. 

8.11.10

DECISÃO FINAL DO STF NO CASO FSP X STM

Às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, conforme lhes contei detalhadamente aqui, o jornalão FOLHA DE SÃO PAULO, membro emérito do PIG (Partido da Imprensa Golpista, apud Paulo Henrique Amorim), tentou desesperadamente e literalmente dar um golpe na nação brasileira, conseguindo (no que não obteve êxito) acesso aos autos da ação penal, de 1970, envolvendo a presidente eleita, Dilma Rousseff. Às 15h45min do dia 29 de outubro, portanto a dois dias das eleições, a Ministra Relatora, Carmen Lúcia, negou seguimento ao recurso do jornalão paulista. Pois foi publicada no Diário da Justiça de hoje, 08 de novembro, a decisão da Ministra. A decisão, na íntegra, está abaixo.  





Até.

5.11.10

TEMOS TODOS UM NOVO PAPEL A CUMPRIR

Sacramentado o resultado das urnas, eleita Dilma Rousseff para governar o Brasil pelos próximos quatro anos, derrotado o modelo neo-tucano-liberal, vitoriosa a verdade sobre a mentira e a calúnia, creio que temos todos uma certeza solidificada: a grande rede teve papel fundamental na vitória. Não se trata de supervalorizar nossa atuação (e refiro-me aos chamados "blogueiros sujos" e aos usuários do twitter que, incansavelmente, trocavam o dia pela noite em prol do bloqueio da onda de ódio e de inverdades propalada pelos oponentes). Mas simplesmente de afirmar o óbvio: cada blogueiro e cada blogueira teve papel importante na campanha, atuando, inclusive, como parte de uma espécie de conselho informal a orientar o comando da dita campanha eletrônica. Os responsáveis pela campanha do PT na grande rede dormiram muito no ponto, comeram muita mosca, e a militância foi fundamental para que as coisas tomassem o rumo certo na hora certa. Não por acaso sentimo-nos todos homenageados e representados no domingo quando o ator José de Abreu chorava no palco, atrás de Dilma Rousseff, comemorando a vitória depois de semanas estressantes, desgastantes e de muito trabalho. Não era apenas o Zé de Abreu que estava ali (o MarcosOvos, o ZéBigorna, alguns de seus condinomes no twitter), éramos todos nós.

E terminada a campanha temos de ter outra certeza: chegou a fim a campanha eleitoral e com ele incia-se outra tão grave e tão urgente quanto... Uma campanha para o pleno restabelecimento da democracia lato sensu. É preciso fazer baixar a poeira da campanha e suas imposições posturais, e dou exemplos: sabemos todos que candidato que não vai à Igreja fazer pose de cristão não se elege, saibamos disso; candidato que defende a discriminalização do aborto de forma incisiva não se elege, saibamos disso; candidato que isso, candidato que aquilo... enfim... há uma fórmula a ser seguida e que é preciso ser diluída após as eleições. O Brasil não precisa de uma boa-moça no comando, o Brasil precisa de uma pessoa firme, comprometida com o bem-estar dos brasileiros e estamos, nesse ponto, em boas mãos. Mas é preciso, em paralelo, exatamente como fizemos durante a campanha, comprar as brigas certas para evitar o mal maior - e passo a explicar.

Na terça-feira passada conversei com meu mano Luiz Antonio Simas. Brasileiro máximo, eleitor de Dilma Rousseff, meu irmão fechou os olhos (com extrema sabedoria) para os salamaleques marqueteiros que impuseram uma postura cristã na candidata eleita. Simas é preto, é africano, cultua os orixás, os encantados, e ele me dizia, comovido, que estava determinado a disparar uma campanha para defender aquilo que sempre é (e foi, é claro) omitido em época de campanha eleitoral: o candomblé, a umbanda, a encantaria, o Brasil mais profundo e mais caboclo, mais mestiço e mais bonito. Ou alguém acha que um candidato, posando ao lado de uma mãe-de-santo, dentro de um terreiro, se elege para algum cargo público?! Mas é preciso fazer correr o Brasil que há uma legião imensa de gente que se comove, mais por poesia do que por fé (como nos disse, certa feita, o próprio Simas), com esses troços tão presentes e arraigados na cultura brasileira. E por aí a fila tem que andar.

Tenho lido, pela grande rede, que todos têm esse mesmo desejo: o de unir forças, cada um com a sua fatia do bolo, em prol da disseminação da democracia, em prol da verdade, em prol da revisão da História, em prol de mais informação para mais gente a fim de que enterremos, aos poucos, a pretensão de quem pretende o poder pelo viés da mentira, do engodo e do sufocamento das (ditas) minorias.

O que me toca - eis o que quero lhes dizer desde o início - é o seguinte: tenho verdadeira ojeriza ao mau gosto. Mais que isso, preocupa-me demais um movimento que começa a pôr as mangas de fora e que tem nascedouro - eis o que é muito impressionante e preocupante! - numa juventude que está, aí, em sua grande maioria, na casa dos 15 aos 25 anos. Uma juventude que une-se, em pensamento e em ação, a uma parcela mais velha da população brasileira e que denota um vácuo gigantesco a exigir pulso firme do Ministério Público e de nós. O Ministério Público valendo-se de suas prerrogativas para exigir a punição dos excessos e nós exercendo o poder de fazer ecoar as nossas vozes capazes de tornarem públicas as barbaridades que estão correndo por aí. Vamos aos fatos.

O jornalista Paulo Henrique Amorim publicou, ontem, aqui, uma história arrepiante: estudantes paulistas lançaram mão do movimento SÃO PAULO (SÓ) PARA PAULISTAS. Pregam, os fascistas, o extermínio e a expulsão de imigrantes (nordestinos precipuamente) de São Paulo. Algo como fez a estudante de Direito, Mayara Petruso, que sugeriu aos paulistas o extermínio de nordestinos. Discordo frontalmente de um sociólogo da USP que diz que a jovem de idéias lastimáveis não pode ser transformada em bode expiatório, vejam aqui. Penso que pode e penso que deve. Somente com punições exemplares daremos um basta em movimentos como este. E tem mais...

Um sujeito que assina Mauro Freire, no twitter, disse o que disse como prova a imagem abaixo...       


O quê esperar disso? Quantas provas temos de que movimentos calcados no ódio se transformaram em movimentos que geraram as piores páginas da história da humanidade? O quê esperar de uma geração que desconhece por completo o que foi a ditadura militar no Brasil? O que esperar de uma pessoa (que não merece sequer ser chamado de "gente") que deseja o que deseja esse tal de Mauro Freire? O mesmo - guardadas as devidas proporções - que desejou Martistela Bairros Schmidt - vejam aqui. O mesmo que fez o Deputado Federal reeleito - por eleitores da mesma estirpe - Jair Bolsonaro, que continua por aí, solto, mesmo depois de dizer "o grande erro foi torturar e não matar" - vejam aqui.

Nada disso pode ficar impune, e somos todos capazes de exigir a punição dessa escória.

Quando Dilma Rousseff, ex-guerrilheira, subir a rampa do Planalto e for reverenciada pelos chefes das Forças Armadas, as mesmas que protagonizaram prisões e torturas - que a vitimaram - no Brasil, estaremos - é fato - virando uma importante página de nossa História. E começando a escrever outra.

Nós, agentes da grande rede, temos de reescrevê-la também. Eu - isso eu garanto a vocês - estou fazendo a minha parte.

Até.

3.11.10

JOSÉ DIRCEU - PELO RESTABELECIMENTO DA VERDADE

Na noite de segunda-feira, primeiro de novembro de 2010, o programa RODA VIVA entrevistou José Dirceu, um brasileiro máximo injustamente demonizado pela imprensa meia-boca brasileira e por uma legião gigantesca de brasileiros que simplesmente desconhecem a História do Brasil e insistem na inversão de papéis colocando como vilões grandes heróis.

Foi a primeira entrevista concedida por José Dirceu ao programa que se notabilizou por trazer à cena figuras de extrema relevância no cenário brasileiro, notadamente no cenário político. Foi também - e isso foi extremamente significativo - a primeira entrevista após a história eleição de Dilma Rousseff, na véspera. Vamos a algumas informações sobre Zé Dirceu retiradas de seu site.

José Dirceu de Oliveira e Silva é mineiro, de Passa Quatro, e nasceu em 16 de março de 1946. Em 1961, repetindo a história de vida de tantos brasileiros, mudou-se para São Paulo em 1961, para estudar e trabalhar. Em 65, já com a ditadura militar instalada no Brasil, deu início ao curso de Direito na PUC/SP e se tornou líder do movimento estudantil, chegando à presidência da União Estadual dos Estudantes, da qual é presidente de honra. Foi preso pela ditadura militar em 1968 ao participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (SP), organizado na clandestinidade.

Foi um dos 15 presos libertados por exigência dos seqüestradores do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, e banido do país. Durante o exílio, trabalhou e estudou em Cuba, tendo voltado clandestinamente ao país por duas vezes. Na primeira, permaneceu no Brasil entre 1971 e 1972. Voltou, em 1974, quando residiu em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, por cinco anos. Com a anistia, voltou à legalidade, em dezembro de 1979.

Participou ativamente da fundação do PT, em 1980, e do movimento pela anistia para os processados e condenados por atuação política. Também fez parte da coordenação da campanha pelas eleições diretas para presidente da República, em 1984.

De 1981 a 1983, foi secretário de Formação Política do PT; de 1983 a 1987, secretário-geral do Diretório Regional do PT de São Paulo; e de 1987 a 1993 foi secretário-geral do Diretório Nacional. Entre 1981 e 1986 foi assistente jurídico, auxiliar parlamentar e assessor técnico na Assembléia Legislativa de São Paulo. Formou-se em Direito, em 1983, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Em 1986 foi eleito deputado estadual em São Paulo. Em 1990 elegeu-se deputado federal e em 1994 candidatou-se ao governo de São Paulo, recebendo dois milhões de votos. Voltou a se eleger deputado federal em 1998 e 2002, quando foi o segundo mais votado do país, com 556.563 votos. Na Câmara dos Deputados, assinou, com Eduardo Suplicy, requerimento propondo a “CPI do PC” (Paulo César Farias), que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Também participou da elaboração dos projetos de reforma do Judiciário, da Segurança Pública e do sistema político.

Em 1995 assumiu a presidência do PT, sendo reeleito por três vezes. Na última, em 2001, foi escolhido diretamente pelos filiados da legenda em um processo inédito no Brasil de eleições diretas para todas direções de um partido político. Ocupou a função até 2002, quando se licenciou para participar do governo do presidente Lula. Integrante da coordenação das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 1989, 1994 e 1998, foi o coordenador-geral em 2002. Com a vitória de Lula, assumiu a função de coordenador político da equipe de transição.

Em janeiro de 2003, José Dirceu assumiu a cadeira de deputado federal, mas logo se licenciou para assumir a função de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, permanecendo no cargo até junho de 2005, quando retornou à Câmara dos Deputados. Seu mandato foi cassado em dezembro do mesmo ano e teve a inelegibilidade decretada por oito anos, num processo eminentemente político sem qualquer fundamentação calcada em provas, o que faz com que, desde então, José Dirceu trave uma batalha jurídica em busca da decretação de sua inocência. É ele mesmo que conta:

"Tenho andado muito pelo Brasil, reunindo-me com amigos e companheiros, fazendo palestras, participando de debates. Recebo, aonde vou, a solidariedade e o apoio dos que têm plena consciência de que a punição a mim imposta por 293 deputados foi injusta e política. Não cometi nenhum crime, não feri o decoro parlamentar, não me envolvi em negociatas. Meus adversários políticos, que pregaram a minha cassação para afastar-me da vida pública, não conseguiram uma só prova documental ou testemunhal para justificar a decisão tomada pela Câmara dos Deputados.

Mesmo sem provas, o procurador-geral da União incluiu-me na denúncia que apresentou ao Supremo Tribunal Federal contra 40 pessoas que ele considera envolvidas no episódio que ficou conhecido como “mensalão”. Não apenas me incluiu, entendeu que eu era o chefe do que ele denominou “organização criminosa”. Até hoje essa denúncia não foi apreciada pelo STF, deixando-me na incômoda situação de réu sem julgamento.

Ao lado disso, meus adversários procuraram me envolver em vários outros episódios largamente explorados pela imprensa. Tentaram, a todo custo, acabar com minha vida pública, construída com muita luta desde a adolescência. Não tiveram sucesso.

Como disse no discurso em que fiz minha própria defesa, na sessão da Câmara em que a maioria decidiu pela cassação de meu mandato e decretação de minha inelegibilidade por oito anos, não abandonarei a vida pública e a luta política em nenhuma circunstância.

Continuo militante político, embora sem mandato e sem função de direção partidária. E continuarei lutando, sobretudo, pelo reconhecimento de minha inocência.

Esta publicação, preparada por amigos e companheiros que têm travado essa luta ao meu lado, tem o objetivo de apresentar meus argumentos e mostrar minhas razões de forma simples e direta. Agradeço a todos pela iniciativa, um instrumento a mais para que os que ainda têm alguma dúvida possam entender melhor a enorme injustiça cometida contra quem nada quer além de combater a injustiça e restabelecer a verdade."

O trecho mais bonito deste depoimento acima transcrito é: "Não abandonarei a vida pública e a luta política em nenhuma circustância.".

Eis que o RODA VIVA, depois de cinco anos, trouxe Zé Dirceu para, diante das câmeras, enfrentar entrevistadores que - vocês verão - sem nenhum preparo e munidos de um indisfarçado ódio - com destaque para o sabujo Augusto Nunes - apenas o ajudaram a mostrar para o Brasil a verdade que a mídia suja e golpista insiste em esconder.

Recomendo tempo e paciência. Ao longo de 4 blocos, abaixo, uma aula de História. Uma lição para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Eu, humílimo, que durante toda a campanha eleitoral vali-me de meu espaço nas redes sociais para exaltar seu nome (que considero imprescindível para a construção de um governo sólido e imune à sujeira que insiste, diuturnamente, em derrubá-lo) - o que me rendeu um bocado de antipatia - assisti, orgulhoso, à sua entrevista e orgulhosamente a exibo aqui.







Até.

2.11.10

UMA DIVISÃO NÍTIDA, SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER

Depois da festa de domingo por conta da vitória nas urnas, a noite de ontem me deu mais um motivo para comemorar: Dilma Rousseff concedeu ontem sua primeira entrevista como presidente eleita. Para a TV GLOBO? Não. Para a RECORD, e quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir bem sabe o significado disso. Rompendo com uma hegemonia arrogante (guardadas as devidas proporções foi o que Dunga fez com o conglomerado durante a Copa do Mundo), respondendo aos ataques sujos que sofreu ao longo da campanha, a presidente Rousseff (há uma mágica na redução de seu nome e espero estar sendo claro...) deu preferência à concorrente da GLOBO e com isso deu claros sinais de que agora o buraco é mais embaixo. E sobre a entrevista que concedeu, horas depois, ao Jornal Nacional, uma observação: por que ontem, somente ontem, a emissora carioca construiu, ao longo de três pequenas matérias exibidas no curso da entrevista conduzida por William Bonner, a imagem de Dilma Rousseff como a de uma mulher competente, sensível, corajosa e capaz de bem comandar o país? Ao longo da campanha Dilma Rousseff foi chamada pejorativamente de "durona", de "fria" e, criminosamente, de "terrorista". Pois ontem a TV GLOBO cuidou de "rever" seus conceitos: entrevistando ex-colegas de trabalho deixou claro que a "durona" é apenas (01) uma mulher inflexível no que diz respeito ao cumprimento estrito de seus deveres na condução de seus cargos, (02) uma mulher sensível que ajudou, com o envio de recursos para a Bulgária, seu irmão que vivia em condições precárias e (03) uma mulher que, na clandestinidade, atuava como estrategista sem jamais ter pegado em armas (o que, na minha humílima opinião, em nada mancharia sua biografia). Mas vamos ao que quero lhes dizer. Não sem antes recomendar a leitura do texto DILMA E A VITÓRIA DA MILITÂNCIA, de Renato Rovai, com o qual concordo inteiramente: nós, militantes que atuamos com denodo no combate à mentira propagada contra nossa candidata, fomos, sim, peças fundamentais na construção da vitória. E eu, sem modéstia, sinto-me como um mísero tijolo na estrutura gigantesca dessa construção. O texto pode ser lido aqui.

O jornal O GLOBO traz hoje o mapa com o resultado da eleição na cidade do Rio de Janeiro (imagem abaixo). Em vermelho, vitória de Dilma Rousseff. Em azul, vitória do tucano. E quero fazer pequenas digressões sobre os resultados...      


Acho - sempre achei - uma tremenda graça quando alguém começa com o blá-blá-blá: "Esse papo de luta de classes não existe mais", "Não existe mais divisão de classes, o mundo moderno não comporta mais isso", "Marx é uma besta" e outros bichos. Não terei a pretensão de discutir isso aqui. Mas quero trazer a discussão pro campo da observação do momento, que é nítido, claro, evidente, o que ajuda a pôr por terra esse papo que desconstrói uma verdade que jamais deixará de ser verdade.

Em que lugares do Rio de Janeiro venceu o tucano-conservador José Serra? Na zona norte, apenas em parte da Grande Tijuca (muito bem representada pelos fascistas do denominado Grupo Grande Tijuca do qual tanto já falei aqui neste balcão) e no Grajaú (encarnado na figura do general de pijama que hoje exerce o poder como síndico de seu edifício). Na região da Tijuca em que moro (Rio Comprido, Estácio, Catumbi e Turano) a surra que demos foi de 64,85% a 35,15%. Na zona sul, é claro, e na Barra da Tijuca, uma vitória acachapante de José Serra. Na região de Ipanema e da Lagoa, o tucano venceu de 72,84% a 27,16%! Na zona sul salvaram-se apenas os bairros do Flamengo, Cosme Velho, Santa Teresa, Catumbi e Bairro de Fátima. São Conrado e Gávea aparecem como dando a vitória a Dilma Rousseff mas é certo que a vitória nesta seção eleitoral deve-se à maciça presença de moradores do Vidigal e da Rocinha.

No subúrbio, na zona norte (em Mangueira a votação de Dilma Rousseff chegou a 77,36%!), na Baixada Fluminense, em diversos bairros a candidata superou a marca de 70% dos votos! Engenho Novo, Sampaio, Rocha, Cachambi, Ramos e Inhaúma (com mais de 80% dos válidos), Deodoro, Ricardo de Albuquerque, Guadalupe, Barros Filho, Olaria, Cascadura, Vicente de Carvalho, Tomás Coelho, Bonsucesso, Manguinhos, Vila do João, Parada de Lucas, Vigário Geral, Higienópolis, Del Castilho, Maria da Graça, Penha, Grotão, Pavuna, Acari, Coelho Neto, Vila Kennedy e Bangu!

Isso nada mais é do que a expressão da uma verdade incontestável: o povo sofrido que sentiu na pele e na mesa os resultados obtidos ao longo de oito anos de governo Lula não teve dúvidas na hora de votar. A elite e a parte podre da classe média que sentiu o aumento dos gastos com psicotrópicos a cada avanço em prol dos mais pobres, também não teve dúvidas. Mas somos mais e maiores. Por isso, a vitória!

Pra comemorar o resultado e a vitória do povo, Chico Buarque canta o subúrbio!


Até.

1.11.10

A LIÇÃO DAS URNAS: GENEBRA NA CABEÇA

Eis que elegemos a primeira mulher Presidente do Brasil! Tudo o que eu lhes disser sobre a emoção do dia de ontem será insuficiente para que tenham, vocês todos, a exata noção do que foi o dia 31 de outubro de 2010. Mal preguei o olho à noite. Às sete já estava no aeroporto Tom Jobim para buscar meu queridíssimo Edu Carvalho, como lhes contei aqui. Encontramos com o Delfim, tomamos café em Copacabana, para onde o levei para para votar e de lá, de volta, ao aeroporto (aqui, nós três na esquina da Barata Ribeiro com a Figueiredo de Magalhães). Depois fui tomar café da manhã na mansão dos Zampronha. Na presença da Sonia, do André, do Marcelo e da Marcela - com quem mais tarde encontraria de novo no RIO-BRASÍLIA - parti para o voto. Contei a vocês, também, aqui, sobre o marido da Sonia, o Zé Augusto, e cometi a maluquice poética de levá-lo para votar comigo (aqui, em 8 segundos, o exato instante de meu voto) depois de vê-la chorar, na sala, dizendo "estou com muita saudade do Zé... ele teria tanto orgulho de votar na Dilma...", e acho, mesmo, que ele votou! Encontrei-me depois com meu compadre Leo Boechat, e foi no RIO-BRASÍLIA que tomamos o porre cívico à espera da confirmação da eleição de Dilma Rousseff. Um bando de amigos comemorou, numa explosão de emoção, a vitória do povo brasileiro: eu, André, Candinha, Danilo Medeiros (que veio de SP pra votar em Teresópolis, na região serrana do Rio, Diego MoreiraFlavinha CaléLuiz Antonio Simas, Marcela, Marcelo, Serginho Comunista, até que pouco antes das 18h minha menina chegou de Volta Redonda com a certeza do dever cumprido! Mais tarde, já de casa, disparei telefonemas para amigos meus de todo o Brasil... e fui dormir com a alma aliviada e o coração tranqüilo.

Álvaro Costa e Silva, o bravo Marechal, publicou hoje, no JB, crônica sobre o pedaço. Abaixo. Basta clicar na imagem para ler.


Até.