3.11.10

JOSÉ DIRCEU - PELO RESTABELECIMENTO DA VERDADE

Na noite de segunda-feira, primeiro de novembro de 2010, o programa RODA VIVA entrevistou José Dirceu, um brasileiro máximo injustamente demonizado pela imprensa meia-boca brasileira e por uma legião gigantesca de brasileiros que simplesmente desconhecem a História do Brasil e insistem na inversão de papéis colocando como vilões grandes heróis.

Foi a primeira entrevista concedida por José Dirceu ao programa que se notabilizou por trazer à cena figuras de extrema relevância no cenário brasileiro, notadamente no cenário político. Foi também - e isso foi extremamente significativo - a primeira entrevista após a história eleição de Dilma Rousseff, na véspera. Vamos a algumas informações sobre Zé Dirceu retiradas de seu site.

José Dirceu de Oliveira e Silva é mineiro, de Passa Quatro, e nasceu em 16 de março de 1946. Em 1961, repetindo a história de vida de tantos brasileiros, mudou-se para São Paulo em 1961, para estudar e trabalhar. Em 65, já com a ditadura militar instalada no Brasil, deu início ao curso de Direito na PUC/SP e se tornou líder do movimento estudantil, chegando à presidência da União Estadual dos Estudantes, da qual é presidente de honra. Foi preso pela ditadura militar em 1968 ao participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (SP), organizado na clandestinidade.

Foi um dos 15 presos libertados por exigência dos seqüestradores do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, e banido do país. Durante o exílio, trabalhou e estudou em Cuba, tendo voltado clandestinamente ao país por duas vezes. Na primeira, permaneceu no Brasil entre 1971 e 1972. Voltou, em 1974, quando residiu em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, por cinco anos. Com a anistia, voltou à legalidade, em dezembro de 1979.

Participou ativamente da fundação do PT, em 1980, e do movimento pela anistia para os processados e condenados por atuação política. Também fez parte da coordenação da campanha pelas eleições diretas para presidente da República, em 1984.

De 1981 a 1983, foi secretário de Formação Política do PT; de 1983 a 1987, secretário-geral do Diretório Regional do PT de São Paulo; e de 1987 a 1993 foi secretário-geral do Diretório Nacional. Entre 1981 e 1986 foi assistente jurídico, auxiliar parlamentar e assessor técnico na Assembléia Legislativa de São Paulo. Formou-se em Direito, em 1983, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Em 1986 foi eleito deputado estadual em São Paulo. Em 1990 elegeu-se deputado federal e em 1994 candidatou-se ao governo de São Paulo, recebendo dois milhões de votos. Voltou a se eleger deputado federal em 1998 e 2002, quando foi o segundo mais votado do país, com 556.563 votos. Na Câmara dos Deputados, assinou, com Eduardo Suplicy, requerimento propondo a “CPI do PC” (Paulo César Farias), que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Também participou da elaboração dos projetos de reforma do Judiciário, da Segurança Pública e do sistema político.

Em 1995 assumiu a presidência do PT, sendo reeleito por três vezes. Na última, em 2001, foi escolhido diretamente pelos filiados da legenda em um processo inédito no Brasil de eleições diretas para todas direções de um partido político. Ocupou a função até 2002, quando se licenciou para participar do governo do presidente Lula. Integrante da coordenação das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 1989, 1994 e 1998, foi o coordenador-geral em 2002. Com a vitória de Lula, assumiu a função de coordenador político da equipe de transição.

Em janeiro de 2003, José Dirceu assumiu a cadeira de deputado federal, mas logo se licenciou para assumir a função de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, permanecendo no cargo até junho de 2005, quando retornou à Câmara dos Deputados. Seu mandato foi cassado em dezembro do mesmo ano e teve a inelegibilidade decretada por oito anos, num processo eminentemente político sem qualquer fundamentação calcada em provas, o que faz com que, desde então, José Dirceu trave uma batalha jurídica em busca da decretação de sua inocência. É ele mesmo que conta:

"Tenho andado muito pelo Brasil, reunindo-me com amigos e companheiros, fazendo palestras, participando de debates. Recebo, aonde vou, a solidariedade e o apoio dos que têm plena consciência de que a punição a mim imposta por 293 deputados foi injusta e política. Não cometi nenhum crime, não feri o decoro parlamentar, não me envolvi em negociatas. Meus adversários políticos, que pregaram a minha cassação para afastar-me da vida pública, não conseguiram uma só prova documental ou testemunhal para justificar a decisão tomada pela Câmara dos Deputados.

Mesmo sem provas, o procurador-geral da União incluiu-me na denúncia que apresentou ao Supremo Tribunal Federal contra 40 pessoas que ele considera envolvidas no episódio que ficou conhecido como “mensalão”. Não apenas me incluiu, entendeu que eu era o chefe do que ele denominou “organização criminosa”. Até hoje essa denúncia não foi apreciada pelo STF, deixando-me na incômoda situação de réu sem julgamento.

Ao lado disso, meus adversários procuraram me envolver em vários outros episódios largamente explorados pela imprensa. Tentaram, a todo custo, acabar com minha vida pública, construída com muita luta desde a adolescência. Não tiveram sucesso.

Como disse no discurso em que fiz minha própria defesa, na sessão da Câmara em que a maioria decidiu pela cassação de meu mandato e decretação de minha inelegibilidade por oito anos, não abandonarei a vida pública e a luta política em nenhuma circunstância.

Continuo militante político, embora sem mandato e sem função de direção partidária. E continuarei lutando, sobretudo, pelo reconhecimento de minha inocência.

Esta publicação, preparada por amigos e companheiros que têm travado essa luta ao meu lado, tem o objetivo de apresentar meus argumentos e mostrar minhas razões de forma simples e direta. Agradeço a todos pela iniciativa, um instrumento a mais para que os que ainda têm alguma dúvida possam entender melhor a enorme injustiça cometida contra quem nada quer além de combater a injustiça e restabelecer a verdade."

O trecho mais bonito deste depoimento acima transcrito é: "Não abandonarei a vida pública e a luta política em nenhuma circustância.".

Eis que o RODA VIVA, depois de cinco anos, trouxe Zé Dirceu para, diante das câmeras, enfrentar entrevistadores que - vocês verão - sem nenhum preparo e munidos de um indisfarçado ódio - com destaque para o sabujo Augusto Nunes - apenas o ajudaram a mostrar para o Brasil a verdade que a mídia suja e golpista insiste em esconder.

Recomendo tempo e paciência. Ao longo de 4 blocos, abaixo, uma aula de História. Uma lição para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Eu, humílimo, que durante toda a campanha eleitoral vali-me de meu espaço nas redes sociais para exaltar seu nome (que considero imprescindível para a construção de um governo sólido e imune à sujeira que insiste, diuturnamente, em derrubá-lo) - o que me rendeu um bocado de antipatia - assisti, orgulhoso, à sua entrevista e orgulhosamente a exibo aqui.







Até.

9 comentários:

Unknown disse...

Edu.. É incrível como jornalista não tem mesmo nenhum conhecimento sobre história e como eles insisten em dizer que não existe divisão de classes nesse país !
É patético e da raiva.. A cara do José Dirceu de "Vcs devem estar de brincadeira comigo!" diz tudo pra mim!

Blog do Pian disse...

Edu,

Eu prometi pra mim mesmo que soh iria comentar nesse balcao depois de ter visto o programa por vc postado. E foi o que fiz.

Alias, muito boa a entrevista. Acredito que o Moreira Leite e o Augusto Nunes poderiam ter aproveitado melhor a ocasiao e o entrevistado, deixando de lado a visivel raiva que emanava deles a cada pergunta feita.

O tal de Sergio Lirio eh uma piada - deveria se preocupar em lustrar a olivetti do Mino e deixar a TV para alguem de mais talento. Fiuza e Gabriela, cada um a seu modo, tentavam disfarcar o encanto com o charme do entrevistado.

Pois bem, vamos ao entrevistado.

Trata-se, sem duvidas, de uma inteligencia politica das mais astutas da historia desse continente. Ze Dirceu enfrentou essa Roda Viva com muita sobriedade e respondeu a quase todas as perguntas com muita firmeza e clareza.

Porem, ele afasta questionamentos mais complexos com uma generalizacao simplista que muito me incomoda.

"Ah, isso eh outra coisa". "Nao, isso eh completamente diferente". Essas eram suas respostas para perguntas como "E o mensalao?" ou " E o caixa 2?"

Mas o pior eh quando ele dispara que o dinheiro dado aos deputados comprados nao era propina, era "dinheiro de campanha".

Ele fala muito bem de reforma politica, prega o financiamento publico de campanhas, mas nao sabe (ou nao quer) explicar como ele - assumidamente a maior lideranca articuladora de seu partido - agiu nesse processo. O delubio fez tudo sozinho? Ele nao sabia quem era Marcos Valerio? Eu nao caio nessa.

Eh nitida a falta de percepcao do que eh publico e privado. Ou do que eh publico e partidario. Tudo se mistura sem culpa.

Dirceu montou um esquema (ou aproveitou um ja montado, que seja) enorme de recursos publicos e privados para financiar sua maquina eleitoreira.

Isso sem falar no desconforto em ter que falar de suas consultorias para clientes que ele mesmo prefere esconder. Direito dele, eh verdade. Mas soh um militante acometido por uma passional cegueira nao desconfiaria das suas relacoes "de trabalho" .

Por que nao falou de pelo menos um desses projetos de consultoria? Unzinho sequer!!! Eu, mais uma vez, nao caio nessa.

Mas eu nao vou negar o valor de um cara que nem esse. Tem historia sim. Tem servicos prestados ao pais sim. Lutou sim. E foi muito digno em assumir o valor de Serra tambem, apesar de ser sempre mais facil falar bem do adversario depois de uma vitoria.

Porem, nao o tenho na conta de heroi nacional.

Nao sei se ele restabeleceu a verdade, como vc titula seu post. Mas eh importante sim discutirmos a demonizacao de seu nome.

Forte abraco,

R.Pian

DENIS DIAS disse...

Legal, sempre acreditei no Zé. Não conhecia esse Augusto Nunes. Então fui pesquisar. Que desgosto. É o quarto cavaleiro da Veja, devidamente batizado pelo RA. Esses caram não pensam, vomitam. Não escrevem, digitam. Olha o a caca que ele escreveu sobre a posse da Dilma: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/celso-arnaldo-traduz-o-primeiro-falatorio-de-dilma-rousseff-viveremos-os-quatro-anos-mais-mediocres-da-nossa-republica/
Engraçado é que o sabujo tenta desqualificar a Presidenta reproduzindo os "discurso de improviso, antes de ler o discurso escrito na véspera por assessores" de forma preconceituosa e lhe imputando erros de português assim como costuma fazer co, o presidente Lula.
Lamentável. Além da xenofobia "interna", da desqualificação e voto do pobre ainda vamos ter que continuar enfrentando esse tipo preconceito...

Mafuá do HPA disse...

caro Eduardo:

Vamos por partes,
Primeiro sobre o novo formato do programa. É claro que continuo preferido o Heródoto no comando, mais lúcido, perspicaz e contundente, principalmente nas saídas às saias justas. Gabriela é um outro estilo, mas gostei de vê-la na condução desse programa;

Segundo é a confirmação de que faltam programas assim instigadores e onde o entrevistado é colocado no paredão e sabe se sair relativamente bem. Aprovo colocar nos questionamentos gente que pense exatamente o contrário do entrevistado, mesmo que seja um sacana e malintencionado como o Augusto Nunes. E o Zé foi muito bem. Gostei, mesmo não aprovando suas atitudes no geral, como o fato de defender o banqueiro Daniel Dantas (fato infelizmente não tocado);

e por fim é com confrontos como esse que conheço mais as pessoas. Se já tinha asco por jornalistas com pocisionamentos do tipo do Augusto, isso aumenta. lembro dele no extinto Abertura, na TV Band, que assistia toda semana. Depois foi tendo uma trajetória vil, culminando no tempo que passou na Zero Hora, de péssima recordação. Virou um cara do mal, na defesa de um dos lados mais nefastos do jornalismo nacional. Asco por vê-lo
na defesa do indefensável e com as posições mais retrógradas no momento.

Henrique Perazzi de Aquino - Bauru SP
(www.mafuadohpa.blogspot.com)

Eduardo Carvalho disse...

Edu:

um grande brasileiro, o José Dirceu, como nunca duvidei que fosse; e uma grande merda, essa imprensa (e posso falar, e posso falar...).
Dá pra ver a direita raivosa - travestida, aqui, de "imprensa" (e posso falar, repito, porque sou jornalista, embora sem nenhum orgulho disso, e conheço esse meio bem de dentro) - raivosa, bélica e sem nem mesmo ter embasamento para fazer as perguntas que fez e faz.

Mais uma vergonha pro jornalismo, que nesse campanha até edição/montagem fez, revivendo no episódio da bolinha de papel o debate Lula x Collor de 89...

Cadê as provas contra o Dirceu? Cadê? Vamos deixar de bobagem. Ainda há lados a optar, em tudo na vida. Só os tolos não querem ver. E estou com Lula, com Dilma, com as forças de esquerda - ainda que tenhamos que engolir sapos fedorentos, eis que a "pureza" é pura idiotice.

Lamentável a imprensa.

O país, embora longe ainda do ideal, vai bem. Tem rumo. É mais justo socialmente. Com Lula, cresceu E distribuiu renda, AO MESMO TEMPO. Incluiu. Se mostrou ao mundo e hoje tem outra postura (aliás, patético eles quererem desqualificar a política externa do Lula - querem o que, o alinhamento com os EUA?!?!?!). O país tem cabeças e, totalmente ao contrário do que eles - espumando, repito - quiseram "provar", a maioria VOTOU, SIM, NA DILMA, nela, na figura dela. É claro que com a imagem e o aval do Lula, sim, por que não?
E que história é essa de o presidente "não poder" fazer campanha, nem ter um candidato????? Pode e deve ter. é óbvio (mas os burros não percebem nem o óbvio).

Obrigado por tornar disponível esse documento aqui no seu blog.

Grande beijo, Edu.

Blog do Pian disse...

Carvalho,

Nao eh questao do Presidente "nao poder" fazer campanha.

Concordo contigo que o atual mandatario tem todo o direito do mundo de ter um candidato e se posicionar ao lado dele.

Mas devemos sempre ter o cuidado em dividir o que eh publico e privado. O que eh partido e o que eh estado.

E isso nem sempre e tao obvio.

Forte abraco,

R.Pian

Marcelo disse...

Eu estou absolutamente estarrecido com a boçalidade e a abjeção dos entrevistadores, em especial desse sujeito Augusto Nunes. Independentemente da sua preferência política (pois é um direito que lhe cabe), fica notória a impolidez de sequer deixar o entevistado terminar as suas falas, o que ressalta sua impotência de articular as informações de maneira séria e sensata, desqualificando-o não só como profissional do jornalismo (aliás, pelo estilo de pergunta, ele deveria fazer cobertura de tosa de cães de socialite...) e, mais ainda, como um ser humano com um mínimo de dignidade.
Ora, gostando ou não, José Dirceu é uma figura de relevo na história da política no Brasil e merece ser ouvido. Há muito não via um entevistado ser tão desrespeitado. Lamentável.

Milu disse...

O Roda Viva parecia uma verdadeira tropa das elites, cheia de pit bulls prontos a estraçalhar o Zé Dirceu na primeira bobeada que ele desse. Mas ele se saiu super bem,já que uma tropa capitaneada pela "Gabi é nada perto do que ele passou na ditadura militar.Saiu do programa merecendo ainda mais o respeito não só do tele espectador, mas de toda a sociedade brasileira.

Kron disse...

Edu

O Zé Dirceu tem seu nome gravado na história do país, mas isso não muda em nada o que ele fez e continua fazendo. Se nos determos apenas em provas materiais, entâo Maluf, Quércia e mesmo o Collor são anjinhos, pois quase nada foi provado contra eles. Esses caras só chegam onde estão porque são muito bem informados. É por isso que não admito o Lula e o Zé Dirceu dizerem que não sabiam de nada. Eles sabem a importância de estarem bem informados em todas as situações. O Zé Dirceu participou ativamente do mensalão e hoje é lobista de grandes empresas. Ele aproveita os contatos que tem no governo para agir em benefício próprio. Esse pessoal nunca defendeu a democracia, e hoje sabe a importância que tem manter boas relações para permanecer no poder.