17.12.10

AINDA SOBRE O PAULO, O MAGNÍFICO DO RIO-BRASÍLIA

Conforme lhes contei aqui e aqui, o RIO-BRASÍLIA tem, em seu magnífico staff, um único garçom, o Paulo. Paulo para uns, Paulinho para outros, Chico Xavier - ou simplesmente "médium" - para os mais gozadores, o sujeito é um Nunes, o ex-camisa 9 da Gávea: absolutamente desastrado no trato com a bola mas capaz de fazer um caminhão de gols para delírio da assistência. O que quer dizer que cada ida ao fabuloso bar da Almirante Gavião (não confundir jamais com a lanchonete da mesma calçada) significa testemunhar atuações de antologia. Como a de ontem.

Ontem eu tive a honra e o prazer de conhecer pessoalmente Idelber Avelar. Depois de ler, no twitter, que o professor tinha vontade de vir ao Rio de Janeiro para conhecer outro mestre, Luiz Antonio Simas (o Idelber vive nos Estados Unidos), meti o bedelho e costurei, humildemente, o encontro. Na Tijuca, evidentemente. Eis que então às 16h ancorei no balcão do buteco ao lado de meu compadre Leo Boechat. Estávamos a caminho do bar quando estrilou meu celular. Era Álvaro Costa e Silva, o Marechal, que seguramente soubera do encontro pelo próprio twitter. Tentou disfarçar:

- Ô, meu Edu! Tudo bem? Estou querendo muito beber uma boa batida de gengibre, podes me dar uma dica?

Fui direto:

- Rio-Brasília, imediatamente.

Minutos depois, chega o Marechal (e comprovando minha desconfiança, o bom e velho lobo da imprensa não bebeu uma gota sequer de batidade de gengibre... o caboclo queria mesmo era estar entre nós). Um pouco mais e chega o Idelber, gentilíssimo, trazendo uma mala de presentes para mim e para o Simas, que chegou em seguida. Estrilou de novo meu celular: era Diego Moreira, convocado no ato. Com sua chegada formou-se a mesa de seis.

E lá estava, é evidente, o Paulo - o único garçom da casa. E o bom Paulo deu, de novo, um show (fico feliz com a presença dos demais à mesa que poderão servir como testemunhas do que vou contar).

Bebíamos, industrialmente, Antarctica. A certa altura o Idelber manifesta o desejo de uma cachaça. Eu convoco o Paulo à mesa:

- Velho, quais as cachaças que você tem aí?

Ele sorri.

Os doze olhos à mesa percorrem os rostos da assistência. Clima tenso, com exceção do Diego que não consegue manter a linha diante do garçom - o sujeito explode de rir ao primeiro sinal da presença do Paulo. Eu insisto:

- Quais, Paulo?

Ele pensa um pouco e diz:

- Não sei.

Sou paciente:

- Tem Seleta?

Ele sorri e responde dando pulinhos:

- Genebra? Tem!

- Não, Paulo! Seleta! Se-le-ta! - já gritando.

- Tem, tem, tem!

- Duas doses, por favor! - o Marechal queria também.

Vimos o Paulo tomar a direção do bar. Como um luminoso de neon, a garrafa de Seleta se destacava na prateleira. E vimos o magnífico (que é como papai se refere a qualquer garçom) completamente perdido diante da coleção de garrafas, e nesse momento já éramos seis guinchando de rir à mesa. Luiz Antonio Simas, sóbrio, ainda disse:

- Ele incorporou o personagem. Só pode ser de sacanagem!

Paulo foi à cozinha e chamou a preta. Foi ela que apontou a garrafa. E veio à mesa uma dose.

- São duas, Paulo! - disse o Marechal.

Rindo, como quem dá uma boa notícia, ele respondeu:

- Só tem essa.

Passado mais um tempo Idelber e Marechal manifestaram vontade de outra cachaça.

- Paulo, e aí? Quais cachaças ainda têm?

Ele sorriu de novo:

- Seleta! - e disse isso com ar de gênio.

- Tu não disse que tinha acabado?

- Disse.

- E então?

Ele sorriu.

Fui ao balcão. Voltei.

- Traga duas doses de Boazinha, por favor.

E vieram à mesa dois copos americanos até a boca de cachaça, doses inéditas.

- Mas que doses são essas, Paulo?! Enlouqueceu?! - eu disse.

E ele, novamente com ares de um gênio que tem sacadas incríveis ao longo do dia, disse piscando o olho:

- É uma boa dose. Dose boa. Dose de Boazinha! - e riu de si mesmo como um louco.

Por conta de compromissos, precisei partir às 19h.

Tão logo eu saiba mais sobre a atuação do Paulo até a saída dos cinco, lhes conto tudo por aqui.

Até.

5 comentários:

Nelson Borges disse...

Fala Edu,
Cada vez me sinto mais instigado à conhecer essa figuraça, que, como disse o Simas, deve ter incorporado o personagem de vez.
Abraços

Luiz Antonio Simas disse...

Eduardo Braga,

fechei a noite com o fidalgo Diego Moreira seis horas depois de vossa saída e garanto: Paulo estava impoluto, preservando a dignidade necessária e comportando-se como o gentleman que de fato é. Tem toda a pinta de ter feito um curso de bons modos e etiqueta à mesa na antiga Socila.

Unknown disse...

caro edu

sou ana bia namorada do henrique perazzi de aquino aqui de bauru (mafuadohpa@blogspot.com). estamos indo passar o natal na minha terrinha - rio de janeiro. sou subrurbana do grajaú e vim parar em bauru pra rimar. henrique quer porque quer conhecer o buteco que vc vem comentando e o garçom tbm. claro que sei hadock lobo, mas não sei almirante galvão. alguma dica da altura? estudei no cap e trabalhei anos na estácio. conheço capuchinhos, a apolo, o motel bariloche... fica mais fácil do que ficar procurando. aproveito pra te pedir outra dica: henrique quer conhecer saúde/gamboa. sugiro de cara o sentaí - atrás da central. estou enganada? tbm tem o sobrado de comida portuguesa. fui aos dois. mas faz tempo. se puder ajudar, agradeço. um beijo caipiroca (mistura de caipira com carioca) da ana bia andrade

Anônimo disse...

Edu, passei pra te desejar um ótimo Natal, que Jesus te abençoe e guarde. Saúde e paz.

mirtes disse...

Edu. Estou extasiado com , para mim, nova descoberta: Dona Jandira! Conhece? A primeira vez que ma vi foi no programa(último do ano)"Samba na Gamboa". Cantava ela "Na baixa do sapateiro" do Ari! Fiquei maravilhado! Depois cantou "Feitiço da Vila" do Noel". Chorar ante tanta beleza e competência foi pouco!! Escrevi para a TV Brasil e fiquei conhecendo sua história": Coisa linda"!!
Devemos ir ao Rio, Mirtes e eu,brevemente,fazendo com casal de amigos(que, maravilhosamente, mora no Centro!!!!) um passeio pelo Rio antigo!!! Centro, Tijuca, Vila Isabel...!Queremos conhecer o Rio-Brasilia(já pensou nos encontrarmos com voce, Felipinho Cereal, e, quem sabe, o Bruno! PÔ! O bruno não gostou do que eu disse do Felipinho Cereal(ídolo!!). Ao dizer que ele é jóvem, jamais quiz dizer que Bruno é velho!!! Se ele é mais jóvem que um jóvem, Maravilha!!!!
Edu, não devo, nem quero só elogiá-lo. Vou te cobrar: Mais receitas, maravilhosas e deliciosas!!!

Abraços

Jairo