3.12.10

MAIS SOBRE LUCIANA FRÓES

Anteontem publiquei O ANTI-BRASIL, NO JORNAL O GLOBO. No texto, expus um filminho feito e exibido pela "gastromaníaca" Luciana Fróes - o adjetivo dado por ela mesmo - gravado no restaurante LAGUIOLE, aqui no Rio. A crítica gastronômica exibe, ali, orgulhosa e deslumbrada, uma "chámmelier" - vejam aqui. Vai ao delírio com ampulhetas, pinças, tesouras, acha aquilo tudo o máximo e ajuda, assim, o jornalão em sua missão perniciosa em busca da destruição das coisas mais simples. Volto hoje à dita senhora.

A horripilante revista RIOSHOW, que vem encartada às sextas-feiras no jornal, traz matéria de sua autoria intitulada É COISA NOSSA. Vocês leiam a matéria abaixo e me digam se esses troços exaltados pela anti-carioca são coisas nossas. Vamos à análise da coisa, eis que sou preciso do início ao fim - coisa que incomoda sobremaneira a meus detratores.

Primeiro equívoco? No primeiro parágrafo, na primeira frase:

"Embalada pelo clima de amor à cidade que toma conta dos cariocas (...)."

Só mesmo uma anti-carioca que não conhece a cidade em que vive pode dizer uma atrocidade dessas. Perguntem a Luiz Antonio Simas, carioca máximo, se ele está embalado pelo amor à cidade (e a lastimável colunista só pode estar fazendo referência à invasão, pela polícia, do Complexo do Alemão) ou se ele a ama desde antes de nascer. Façam a mesma pergunta a Felipe Quintans, a Leonardo Boechat, a Marcos Handofsky, a Fernando Szegeri, a Bruno Ribeiro, a Arthur Tirone, estes três últimos moradores do Estado de São Paulo e mais cariocas que 99,99% dos leitores da revista que não se presta nem para servir de privada pro meu vira-latas. Mas vamos em frente. Pode ser - vocês devem estar pensando - implicância minha.

O que vocês acham da exaltação aos "biscoitos de polvilho à la Globo, que magistralmente o chef carrioca Claude Troisgros costumizou (com curry) e transformou numa das atrações do couvert de seu Olympe"? Deixando de lado o erro grotesco da jornalista - o certo é customizar e não "costumizar" - qual é o carioca que deixa de comer o biscoito original, fabricado na Rua do Resende, e vendido a R$ 0,50 (cinqüenta centavos) em qualquer loja honesta da cidade (não nas praias, onde custa R$ 3,00) para comer esse biscoito com curry criado pelo "chef carrioca" e que deve custar os olhos da cara? Tem mais.

Que tal a dica do picadinho a R$ 70,00 (setenta reais) (!!!!!)????? Picadinho eu como em qualquer buteco honesto por não mais do que R$ 10,00 (dez reais) - e estou jogando o preço bem pra cima. E sem essa porra de "terroir"!!!!! - vão tomando nota das expressões internacionais usadas pela referida senhora.

E a indicação da capirinha de lima-da-pérsia, "invenção de Chico Mascarenhas, restaurateur (...)"? O GUIMAS ainda foi elevado à categoria de "bistrô franco-carioca". Ela pergunta:

"Conhece igual?"

Conheço, Luciana Fróes. Conheço muitos. E muito melhores! E pela metade do preço, diga-se.

Ocorre que o mais nojento, o mais revoltante, o mais abjeto da abjeta matéria, está por vir.

Demonstrando com isso o quanto O GLOBO não enxerga a cidade do Rio de Janeiro senão como uma ilhota chamada zona sul, o quanto o jornalão odeia (e não conhece) a cidade e seus habitantes de outras regiões que não as consideradas nobres pela autora da matéria, ela diz que "vale a viagem até Vicente de Carvalho" para comer o bolinho de bacalhau da ADEGA D´OURO que ela só deve conhecer por conta de expedições de vans organizadas por... ... ... isso-deixa-para-lá.

Isso mesmo. Ela recomenda uma VIAGEM até Vicente de Carvalho. Distante pouco mais de 15km de onde moro.

Um nojo. Um nojo absoluto!

A matéria está aí, na íntegra.    



Até.

16 comentários:

Marton Olympio disse...

Fala Edu.
Gente como a moça tem sempre um olhar antopologico sobre o suburbio.
Acha tudo muito engraçado e vai até lá como alguém que visita um zoológico.
Saudade de cronistas de verdade, que tinham pé no chão e conhecimento de vida. Qualquer vida.

Bem, de O Globo não padeço mais.
Grande abraço

Bigode disse...

Pagar pau pra um chammelier passa muitos quilômetros além do absurdo.
Saudades do Bob Cuspe mandando uma na cara do mané carregando a coleção de ampulhetas vindas de Paris...

Abraço e siga vivendo como uma pessoa de verdade.

mari disse...

não sobra uma seção decente, uma editoria, uma porcaria lá que não seja globostejada. pra mim deu há tempos.

Luiz Antonio Simas disse...

Esse povo global se comporta como os antigos barões da borracha, que moravam em Manaus e costumavam mandar as roupas para lavar em Paris. A única referência que a posteridade fará a essa dona é ter sido citada por você. A relação dela com o Rio de Janeiro é a mesma que eu tenho com Plutão, o ex-planeta.

Eu parei de ler o jornalão desde o período eleitoral e posso te garantir: o jornalismo desse povo é questão de saúde pública. Não ler a "grande imprensa" hoje, por paradoxal que pareça, é uma ótima maneira de ficar bem informado.

Saravá sua banda, meu velho.

Blog do Pian disse...

Mas, se me permites, eu acho que tu das muito ibope pra esse povo.

Eu gosto quando tu publicas um videozaco daqueles cantando Aldir com Sao Sebastiao te ollhando, quando tu recordas a verdadeira perspectiva do Mario Filho, ou quando mostras receitas feitas com os Zamprone e o sorrisao da Sonia.

Foda-se esse povo que nao merece nossa atencao, Edu.

Eles sao, sim, cariocas como nos. Mas sao apenas diferentes. E a indiferenca, nesse caso, eh o melhor remedio.

Forte abraco,

R.Pian

Eduardo Goldenberg disse...

Concordo em parte, Pian. É preciso que haja alguém disposto a apontar o indicador no focinho da escumalha que produz o lixo que é o jornal O GLOBO. Até para que se faça o registro do contraponto. Da crítica. Comprovando por "a" mais "b" o quão nocivo é o que eles fazem. Um abraço.

jb disse...

edu,

tive o desprazer de ler o artigo da pseudo-jornalista, onde ela abusa de erros ortográficos e preconceito.

e fico feliz que tenha espaços como o seu que desmascaram esse tipo de desserviço.

graças a figuras como você, antigas autoridades se transformam em patéticos dinossauros.

parabéns pela coragem da denúncia e pela incrível precisão nas palavras!

abração!

mari disse...

O Eduardo tem razão, alguém precisa acompanhar esse trabalho sujo. Contanto que não seja eu! E olhe que acompanho até razoavelmente o online: embora vá pouquíssimo lá, toda vez que vou acho globostejada. Sinto asco. Por isso fiquei tão impressionada com a discrição do Extra no Twitter na crise do Alemão.

Radical disse...

Eu vou defender o segundo caderno de O Globo, tirando é claro os cronistas da última página dos quais só se salvam o Dapieve e o Arnaldo Bloch.

Há alguns meses, adentraram novos colunistas na página 2 (Francisco Bosco, Hermano Vianna, Wisnick etc), as matérias de artes plásticas estão ótimas, enfim, deu uma melhorada muito grande desde que o Xexéu saiu da editoria.

Mas realmente, o resto do jornal está cada vez mais difícil de ler. Da editoria de política, por exemplo, mantenho distância.

Pedro disse...

Colocou a senhora no bolso!
Detalhe para a "requintada" citação a Dori Caymmy, logo no início. Para não dizer irônica.

Unknown disse...

Mexeram no biscoito Globo? Meu Deus, que heresia! O biscoito é cláusula pétrea do patrimônio gastronômico da cidade.

Vade retro!!!!!!!!!

AOS QUARENTA A MIL disse...

Morro de rir com rico falando.

A minha falecida sogra Madalena, foi cozinheira por mais de trinta anos da da casa da Priscila Guimarães e Ricardo Guimarães donos do GUIMAS e na verdade eles comiam e se lambuzavam mesmo eram com os quitutes que minha velhinha peparava, o feijão carregado, a carne assada com cenoura dentro e outras coisitas básicas. Nada do restaurante vinha pra casa. Para de palhaçada gente , todo mundo se conhece no Rio de Janeiro.

AOS QUARENTA A MIL disse...

Ah! Denunciar estes devaneios é serviço público adorável vaselina, não queiras nos privar do único canal que temos para desmantelar essa papagaiada que se estabeleceu no nosso Rio de Janeiro, é militância amigo, totalmente a favor da nossa cidade.
Abração!

Rô Moreira disse...

Edu tu ainda compra Jonal O Globo?? Eu nem perco meu dinheirinho com ele, só leio Extra. Bjs!

Blog do Pian disse...

Sempre concordei que a patrulha eh importante, Monica.

Soh acho q devemos ser mais tolerantes. Senao acabamos iguais aos que nohs criticamos.

R.Pian

ione disse...

Aguardando um post caprichado para o Fluminense - com algumas frases antológicas de Nelson Rodrigues!!!
Uma coletânea sensacional aqui:
http://www.torcidatricolor.com.br/phorum/read.php?2,6138
Saudações TRICOLORES!!!