1.12.10

O ANTI-BRASIL, NO JORNAL O GLOBO

Eis-me de volta a uma de minhas atividades extraprofissionais preferidas, a defesa do Brasil, da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, dos hábitos simples dessa gente simples que vive numa cidade que nada tem a ver com a cidade retratada pelo jornal O GLOBO, a luta contra o que chamo de afrescalhamento agudo capaz de destruir a imagem da cidade e do país. Antes de mais nada, e para que eu possa desfiar meu novelo que dará coerência a tudo o que digo, desde 2004 neste humílimo blog, assistamos todos - com um saco de vômito nas mãos - ao vídeo abaixo, feito e publicado por uma senhora que atende pelo nome de Luciana Fróes, "uma gastromaníaca" - a definição é dela e a gargalhada que vocês ouvem é minha. A dita senhora ainda escreve, às sextas-feiras, na revista RIOSHOW que vem encartada no jornalão, críticas a restaurantes espalhados pela cidade. Não vou me ater a isso - às tais críticas - hoje, mas gostaria de lhes dizer uma meia-dúzia de palavras sobre o papel que esta senhora cumpre na imprensa meia-boca do jornalão.

Atenção ao vídeo.


Que tal, meus poucos mas fiéis leitores? Que tal o deslumbre de Luciana Fróes ao nos apresentar a "chámmelier" do restaurante LAGUIOLE? Palavrinha inventada pela criativa gastromaníaca - seguramente por conta de "sommelier", dos vinhos - "chammelier", pelo que pude apurar, é o sujeito que trata dos camelos durante a travessia do deserto, quando feita no lombo de um deles. Mas isso também não interessa, posto que o que dá prazer a essa gente da imprensa da Irineu Marinho é inventar moda, incutir hábitos supostamente refinados nos leitores, destruir, pisotear como uma espanhola louca sapateando os tacos dos palcos, cuspir na cidade e nos seus hábitos, na sua rotina, na sua gente. O tal filminho, não satisfeito em trazer pra cena mais uma "especialidade" - a dos tais "chámmeliers" - ensina que chá precisa de tempo certo para a infusão... e para isso - oh! - nada melhor do que uma ampulheta ("essa ampulhetazinha é o máximo", diz Luciana Fróes) "especializada" em chás, específica para o preparo dos chás, e daí vemos o proprietário do restaurante ("a ampulheta é o máximo, né?") deslumbrando a jornalista (pausa para uma golfada) com sua coleção de ampulhetas adquiridas ao redor do mundo.

Pro cacete, pô!

Chá pra mim - como ensina o samba cantado pelo saudoso João Nogueira - é pra curar os males que nos afetam. E chá eu aprendi a fazer foi com minha bisavó, com algumas rezadeiras que conheci, e o troço é infinitamente simples, a dispensar com veemência babaquices como essas - ampulheta, tesoura, pinça pra pegar as folhas do chá, xícara assim ou assado, pauzinho pra mexer e o escambau.

Falei "chá" e me lembrei de um troço: Ed Motta, outro que não cansa de esculhambar o Brasil e o Rio de Janeiro, disse o seguinte dia desses (leiam aqui):

"Para ficar perfeito, o chá tem de ser preparado com água mineral. Preferencialmente com spring water, ou água de montanha. A nossa água de Petrópolis também é boa."

E quando lhe dizem que a sua nova mania sai caro, ele concorda. E esnoba - segundo a matéria que publicou a tal entrevista:

"Não é para o povão, mas eu não consumo nada do povão. Felizmente! A não ser que seja o povão da Itália, o povão da França."

Ora, creio que assim fica mais fácil - mastigadíssimo - a vizualização da nojeira que é a atuação de grande parte da imprensa brasileira - e refiro-me aqui, sempre, por questões de ordem geográfica, à imprensa carioca. É uma atuação pensada, perniciosa, que luta como pode para destruir nossas mais caras tradições. Não demora muito e veremos pululando por aí um bando de néscios comprando ampulhetinha pra preparar chá diante de deus-e-o-mundo.
 
E por falar em "nossas mais caras tradições" - eu que defendo botequim como quem defende a própria casa - recomendo vivamente o texto publicado ontem por meu mano, Fernando Szegeri. BUTIQUIM QUE SE PREZA é um tratado e pode ser lido aqui.

Depois de lê-lo, os que tiverem olhos de ver bem saberão o quanto minha luta é justa. E o quanto o saldo dessa luta - com um acúmulo de detratores que só me orgulha - é extremamente positivo.

Até.      

7 comentários:

Nelson Fiod disse...

http://g1.globo.com/videos/v/merval-pereira-toma-posse-na-academia-brasileira-de-filosofia/1384874/#/G1/page/2

Ai erraram a mão...tão rendendo homenagem pra esse cidadão na A.B. de Filosofia???!
só faltava ele falar em "imprensa livre e imparcial"...

manuscrito disse...

é podre mesmo...

Amoral NAtto disse...

Prefiro dobradinha à Milanesa! Aqui em Petrópolis tem, e é melhor que a água!

Uncle Bob disse...

Fiquei mais surpreso/decepcionado com a declaração do Ed Motta. Logo ele.. sobrinho do saudoso Tim Maia, que nasceu na Tijuca!

Saudações!

Roberto Fraga Jr

mirtes disse...

É muita frescura mesmo.

Abração Edu.

mirtes

AOS QUARENTA A MIL disse...

O Ed Motta é um infeliz falando.

Como se o “povão” da França andasse muito satisfeito com o seu país!

Não existe coisa pior do que o sujeito que vive no Brasil, não estuda , faz faxina com o maior orgulho no exterior mas aqui no Brasil quer ser chefe "por que o país não dá oportunidade".

O cara é tão bobo que começou a criar frases no inicio da carreira fazendo o teatro de "fino" alimentado pela imprensa, e ele julgando que dava certo, perdeu a medida.

Se fosse um pouquinho mais "antenado" perceberia que está “fora de moda” , babar ovo de gringo e renegar suas raízes.

Ninguém hoje em dia precisa sair daqui para fazer faxina nos Estados Unidos, o nosso mercado de trabalho está remunerando , muito bem obrigada, com nossas terceirizadas de limpeza, com bons benefícios e a galera do “povão” do Brasil, já se ligou neste caminho e ta mandando ver.

Nossos pesquisadores na área da biomedicina são de ponta , nosso cinema está bom, nossos criadores de games são fantásticos, nosso processo de eleição se for comparar com o Estados Unidos então, é uma Ferrari contra uma carroça e um mundão de coisa boa, aí o cara vem com essa frase idiota de que o “povão” da França é melhor! Muda pra lá pô, não entendi até hoje o motivo desse bobão ainda estar por aqui.
Simas poderia contar um pouco da história do povo da França e sua relação com o governo, trabalhadores, sindicatos etc... Quem sabe não cai a ficha do menino.

Fabio disse...

Edu,

Sei que você não vai aceitar, mas é sincero...

Concordo com o que você escreve sobre "afrescalhamento" do que é para ser simples.

Melhor que ampulheta só a "cozinha molecular"!