3.1.11

A POSSE DA COMANDANTE ROUSSEFF

No dia primeiro de janeiro desse 2011 que se inicia, a Mansão dos Zampronha abriu seus salões, em tarde de gala, para que assistíssemos, poucos e bons, à cerimônia da posse da presidenta eleita, Dilma Rousseff. E é sobre a cerimônia de posse que quero lhes dizer hoje, neste primeiro texto do ano.

Confirmando todas as previsões que apontavam para uma altíssima carga de emoção durante a cerimônia, a Mansão dos Zampronha foi praticamente alagada pelas lágrimas que correram de todos os olhos atentos à tela da TV.

O discurso de Dilma Rousseff, feito logo após a posse formal, foi - tenham absoluta certeza disso - absolutamente histórico. Não apenas por ter sido o primeiro discurso de uma mulher eleita presidente do Brasil. Não apenas por ter sido feito por uma mulher que, há cerca de quarenta anos, estava presa nos porões da ditadura militar que afligiu o Brasil por longos vinte e um anos, tendo sido barbaramente torturada pelo Exército durante vinte e dois dias. Mas principalmente porque ela, a Comandante Dilma Rousseff, já formalmente empossada - o que significa dizer que ali falava a Presidência da República Federativa do Brasil - rendeu homenagens (com a voz visivelmente embargada) a todas as vítimas do regime covarde que fez sangrar o Brasil durante mais de duas décadas.

"Queria dizer a vocês que eu dediquei minha toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, com muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas, infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco não tenho ressentimento ou rancor. (...). Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista e rendo-lhes minha homenagem."

Meus poucos mas fiéis leitores... Foi neste momento que a casa (a mansão) caiu. Foi impossível resistir ao choro que tomou de assalto as dezenas de olhos grudados na tela da televisão. Ver e ouvir Dilma Rousseff, orgulhosa, altiva e segura homenageando a todos os que lutaram contra a ditadura foi emocionante demais. Profundamente significativo. E histórico.

Seguiu-se o chororô durante a revista da tropa, quando os comandantes das Forças Armadas prestaram reverência a ela. Estava ali, diante de nós, sendo virada mais uma página da História do Brasil. A mesma mão que torturou e que matou, batia continência para a primeira mulher presidente do país.

Como me disse Aldir Blanc, segundos após o final da cerimônia, por telefone, "se o governo de Dilma for dez por cento do que foi seu discurso, estamos feitos!".

Até.    

2 comentários:

Diego Moreira disse...

Foi exatamente naquele mesmo momento, o da homenagem aos que tombaram no caminho, que a casa caiu por aqui também. Depois na revista e, por fim, vendo Lula abraçado com o povo. Foi demais.

ione disse...

Edu,

Não sei se você olhou a foto que pus no meu Facebook, mas foi exatamente a do momento em que ela passava em revista às tropas. Esse para mim foi o momento mais emocionante: uma nova geração de Militares reverencia a ex-guerrilheira; ela, por sua vez, com um singelo beijo na Bandeira Nacional (não protocolar, mas muito respeitoso), demonstra, ao mesmo tempo, seu respeito às instituições e seu amor pelo povo brasileiro. Eu chorei muito nessa hora!!!
E outra cena muito marcante para mim foi a de Hillary Clinton na fila para o "beija-mão" da sucessora de Lula (depois de DOIS MANDATOS DELE!!!). Quem seria capaz de imaginar tal cena, há cerca de dez anos, no governo fhc (como vc diz, em minúsculas mesmo)? Vitória da nossa diplomacia, que por sua ousadia muitas vezes foi criticada, mas sem ela não se chega a lugar nenhum!
E Hillary apertando a mão de Cháves dentro da "nossa casa", o que dizer? Alguém ainda duvida que o nosso Brasil seja outro?
Estou muito feliz com tudo isso, e tenho certeza que Dilma vai ultrapassar as nossas expectativas!

Beijão,
Ione