8.2.11

HOJE É DIA DE MARIANA BLANC

Hoje é dia de Mariana Blanc, minha comadre de fato e de direito, a quem carinhosamente chamo de Greta Garbo da Tijuca - nasceu pra ser estrela e guarda mistérios insondáveis por trás dos olhos ligeiramente estrábicos que ela, sempre muito elegante, prefere dizer que são como são por conta da presbiopia. Filha mais velha de um grande amigo, um ídolo, um de meus orixás vivos, é mãe da dona dos cílios mais lindos que meus olhos com ptose (também tenho minhas manias, pô!) jamais viram. Foi a ela - "Pra Mariana" - que Aldir dedicou seu "Rua dos Artistas e Arredores", de 1978. E a ela - "Pra Mariana, de novo" - também que dedicou "Porta de Tinturaria", de 1981, duas obras-primas das letras cariocas - como ela, de certo modo.

Devo à Mariana, mais que a Milena, minha afilhada mais velha, o suporte de minhas noites de terror entre março e junho (algo asssim) de 1999, quando o Capela me assistia perdido em busca do norte depois de uma turbulenta separação. O que não deixa de ser irônico. Ela, furiosa que só ela, piscando aqueles olhos estrábicos (são estrábicos, pô!) e me acalmando com sua doçura indizível que poucos vêem (porque ela, sábia, pouco mostra de sua doçura).

Teve Milena cedo, ainda moça, e a Milena é o retrato e o atestado da grandeza de minha comadre. Minha menina não se cansa de dizer - ontem mesmo disse! - o quanto é impressionante a doçura da moça dos cílios mais lindos - e é assim porque foi gerada, criada, mimada, educada e protegida pela minha comadre.

A Mariana é branca e samba feito preta. Mora na Tijuca e é uma vizinha de subúrbio. Adora, por diletantismo, uma grossa pancadaria - puro teatro. Prefere dizer que bebe "breja" - cerveja todo mundo bebe. Manda "bicos" em vez de "beijos" - comum demais. Emite sinais, permanentes, de seus dotes, de seus motes, e o que já apanhou da vida - como apanhamos todos nós - não é brinquedo. Escreve que é uma beleza - seu blog, aqui - e ler o que minha comadre escreve é como ler a bula do que lhe vai na alma.

Nesses mais de 20 anos de convívio já perdemos amigos a quem considerávamos irmãos. Dividimos as dores - Marco Aurélio e Fernando Toledo ainda doem - mas fomos sempre capazes de, seguindo a lição de seu pai, erguer nosso copo ao humor. Cantamos juntos, formamos uma dupla fadada ao fracasso, mas somos um sucesso nas mesas de botequim que, vez por outra, dividimos por aí.

Pois na manhã desse 08 de fevereiro, diante da xícara de café preto (como a alma de minha comadre, preta como a mais preta baiana do nosso Salgueiro), ergo bem alto o copo imaginário da "breja" mais gelada em sua homenagem. Mirando os olhos da menina nos ombros do pai, crava-se em mim uma certeza: são, até hoje, os mesmos olhos. Os mesmos olhos que, sombreados na fotografia, escondem o estrabismo (é estrabismo, pô!). Só não escondem - muito pelo contrário - a gaiatice da mulher que faz anos hoje. São os mesmos olhos. E o mesmo sorriso, diga-se.

Beijo, minha comadre. Amo você.   


Até.

6 comentários:

B. disse...

Amado,
Se vc não existisse, eu inventava vc. Foi um dos presentes mais lindos da minha vida. Obrigada! Espero poder retribuir como merecido. Amo vc.
Bicos! =]

B. disse...

A propósito: como vc é preciso do início ao fim, não é estrabismo. É nistagmo...

sarmento disse...

Conheci Mariana em meados do último ano e, ainda que considere o breve tempo de convívio, pude ler "Mariana" nas várias ideias expostas. Parabéns pela homenagem e é claro... parabéns para ela!

jb disse...

longa vida à diva tijucana!

Eugenia disse...

muitas felicidades a ela.
linda a foto.

Mafuá do HPA disse...

caro Eduardo:

Nutro os mesmos sentimentos em relação a Aldir, mesmo sem conhecê-lo com ti. Tive o prazer de estar no Rio na festa maravilhosa que fizeram a ele no Canecão quando dos seus 50 anos. Vi shows dele ou onde ele esteve presente. Deliciei-me com todos. Tenho quase tudo que sai dele escrito e cantado. Canto muitas de cor e salteado. Da Mariana, a filha, infelizmente pouco sei além de algumas coisinhas, mas cria de Aldir, deve com certeza ter seguido os passos do pai. Daqui da distante Bauru, um parabéns a ela e renovados a ele.

Agora outra coisa, uma busca de informação junto a ti. Como sabes sou do interior paulista, Bauru. Fiquei no Rio entre janeiro e fevereiro por algumas semanas, quando do passamento de meu sogro. Na mesa de café onde permaneci, diariamente folheava O Globo. Escolhia o que ler e meses atrás fiquei sabendo do retorno do Aldir naquelas páginas. Cheguei a ler alguns da nova safra, mas nada agora. O que teria acontecido: Não suportaram a verve do mestre? Ele já foi defenestrado das páginas do grandalhão? Pode me responder...

Um abraço bauruense a todos
Henrique Perazzi de Aquino (www.mafuadohpa.blogspot.com)